A Metrobus, empresa cujo maior acionista é o Estado de Goiás e que detém a concessão para operar as linhas do Eixo Anhanguera e suas concessões no sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia, lançou edital para contratação de 114 ônibus elétricos via locação. Por mês, a empresa está prevendo pagar R$ 69.594,84 por ônibus, o que vai gerar um custo global do contrato, ao longo de 16 anos, de R$ 1.460.726.096,76. As propostas serão abertas no próximo 4 de maio e a estimativa é que as primeiras unidades comecem a rodar em setembro deste ano, chegando a um total de 15 veículos até o final deste ano.De acordo com o edital de licitação, a frota de 114 ônibus estará completa em 2024. Serão os primeiros veículos que não utilizam o diesel como combustível a operar no sistema metropolitano. O documento também traz a justificativa para que a Metrobus tenha optado pela locação dos veículos ao invés da aquisição, o que sempre ocorreu na troca de frota no sistema de transporte coletivo. Afirma-se que a opção é uma tendência mundial, “principalmente devido à rapidez no que tange ao processo de manutenção e reposição dos veículos”.“Por se tratar de tecnologia inovadora, sem precedente no Brasil, com assistência técnica (peças e serviços), mão de obra especializada, e fornecedores limitados, entende-se que a melhor alternativa seja transferência de toda a manutenção da frota, equipamentos de recarga para o detentor da tecnologia, possibilitando inclusive, incorporação de inovações tecnológicas futuras”, informa o edital de licitação. Pelo valor mensal a ser pago, a contratada fica responsável pela manutenção integral dos veículos, implantação e instalação da infraestrutura de recarga e suporte e adaptação da estrutura da oficina e garagem da Metrobus.EscolhaO edital considera ainda que o modelo de locação “permite maior agilidade quando da manutenção dos veículos, e na substituição de insumos para mantê-los operacionais” e faz com que a Metrobus se torne “mais atrativa por concentrar exclusivamente em sua atividade fim, a operação”. A escolha tem sob argumento também o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) no qual o Estado de Goiás é participante, “não podendo captar recursos através de financiamento para investimentos que gerem ativos a serem imobilizados”, de modo que a locação adquire o direito de uso por determinado tempo. Para se ter uma ideia, o custo de um ônibus elétrico no mercado é orçado em cerca de R$ 3,4 milhões.Além do custo da locação, o Estado também vai arcar com a energia elétrica para abastecer os veículos, o que vai aumentar em cerca de R$ 3 mil mensais por ônibus. Secretário-geral da Governadoria e presidente da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos, Adriano da Rocha Lima conta que atualmente a Metrobus paga uma média de R$ 15 mil mensais por ônibus de combustível, o que demonstra a economia com a troca dos veículos. “Além disso, a manutenção dos veículos a diesel é mais cara, então vai ser uma economia para o Estado.” Desde janeiro, um ônibus elétrico está rodando no Eixo Anhanguera e em suas extensões (Trindade, Goianira e Senador Canedo) de forma experimental.Válido ressaltar que a divulgação do edital só se deu após deliberação aprovada pela Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) na terça-feira (29) em que o colegiado autoriza o uso de veículos elétricos e também a possibilidade de alugar a frota para operar no sistema metropolitano. Até então, a concessão obrigava o uso de ônibus a diesel e uma frota própria das concessionárias. A aprovação se dá especificamente para a Metrobus. Também há cláusula que obriga a empresa que suceder a concessionária a manter o contrato, como forma de deixar o processo mais atrativo.FrotaO governador Ronaldo Caiado (União Brasil) afirma que existe a necessidade de reformular a frota da Metrobus, que hoje opera com 86 veículos a diesel e possui um total de 92 ônibus. Ao ser questionado se existe ainda o interesse da administração em desfazer da empresa, Caiado reforçou que primeiro é necessário sanear as contas dela. “Se não estaríamos fazendo como foi feito com a Celg, que venderam por nada e deixou dívida para o Estado”, disse, com crítica ao governo anterior, responsável pela desestatização da companhia de distribuição de energia em Goiás.Porém, o governador afirmou que a intenção de leiloar a Metrobus ainda existe no governo quando as contas estiverem saneadas. “Função do Estado não é cuidar de ônibus, é cuidar do transporte coletivo como estamos fazendo, com subsídio para a tarifa, com o Bilhete Único, com melhoria da infraestrutura e no sistema”, afirmou, ao lembrar da reformulação do sistema metropolitano que ocorre neste ano, em parceria com as prefeituras das cidades que recebem o serviço.Caiado ressaltou que a parceria com Goiânia também vai ocorrer no Eixo Anhanguera, já que a capital será responsável pela revitalização da avenida. Isso se dá após decisão judicial que obriga a Prefeitura de Goiânia a reformar o asfalto da via. O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) afirmou que o projeto já está em andamento e deve ser finalizado em até seis meses.