O número de mortes por Covid-19 de não vacinados ou sem receber as duas doses é 13,5 vezes maior do que de pessoas que foram imunizadas completamente. Dados da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) entre 18 de janeiro (data do início da vacinação em Goiás) e 12 de setembro ainda mostram que o total de pessoas hospitalizadas por conta da doença é bem menor entre quem recebeu a proteção completa (veja quadro).Considerando os dados de pessoas hospitalizadas pela doença, o total de vacinados é 16,5 vezes menor do que entre os que não completaram a imunização. As notificações de pessoas com casos leves também é consideravelmente menor entre quem já foi imunizado. Dos mais de 2 milhões de imunizados com as duas doses, cerca de 14 mil tiveram sintomas leves, que é 2% do total de casos entre quem não se vacinou ou quem tomou apenas uma dose de imunizante.A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, diz que o cenário, apesar de apresentar tendência positiva, não significa que o Estado esteja em uma posição confortável com relação à doença. “O cenário atual ainda não nos coloca em uma situação de tranquilidade. A porcentagem de pessoas completamente imunizadas ainda precisaria chegar a 70%, 80%.” Os dados do painel da Covid-19 em Goiás mostram que o Estado tem 32,79% da população com as duas doses ou com a dose única.Flúvia reforça que a vacina tem respondido bem, mesmo com novas variantes. “Mas, sozinha, a vacina não consegue controlar a doença. Neste momento, ainda precisamos manter a vacinação associada aos protocolos.” Os dados da SES-GO mostram que desde o início da vacinação foram registradas 1.419 mortes entre pessoas que já tinham sido imunizadas e 18.714 entre quem havia recebido apenas a primeira dose ou nenhuma.O infectologista Boaventura Braz de Queiroz entende que os casos da doença tendem a reduzir mais a partir de novembro, quando o Estado deverá se aproximar dos 80% de imunizados por completo. Ele ressalta que nos próximos meses chegará a vez de uma parcela grande da população receber a segunda dose, já que o intervalo entre as doses para os imunizantes Pfizer e AstraZeneca é de três meses.Segunda doseA partir de junho e julho o Estado iniciou a vacinação de pessoas na faixa dos 40 anos, que representam uma parcela grande da população e quem tomou a primeira dose neste período, deve procurar os postos para o reforço entre setembro o outubro. Os dados da SES-GO mostram que mais da metade da população entre 40 e 49 anos ainda não recebeu a dose dois. Entre os homens, mais de 184 mil já receberam a primeira e a segunda dose e mais de 318 mil deverão procurar os postos nos próximos dias para a segunda. Entre as mulheres, mais de 220 mil já foram vacinadas e faltam mais de 292 mil para completar a vacinação.De acordo com a redução das idades, esse número aumenta e o infectologista Boaventura Braz de Queiroz reforça a importância de cumprir o calendário vacinal. “Estamos assistindo no mundo inteiro que o número de vacinados que estão internando e com boa evolução é muito superior ao de pacientes que não são vacinados e, obviamente, tem um risco maior de vir a falecer. E estamos percebendo isso não só no Brasil, no nosso dia a dia, mas também nas estatísticas de outros países.”O governo estadual tem informado diariamente a chegada de doses para aplicação e a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, destaca que a prioridade de vacina são os adultos, mas que nas cidades em que for possível, os adolescentes devem ser imunizados, iniciando pelos que possuem comorbidades. “A ampliação da cobertura vacinal é o que mais nos interessa neste momento. Se o município já conseguiu atender ao público adulto com a primeira etapa ou com a dose única, não faz sentido não avançar na vacina.”Ao todo, 82 municípios já possuem mais de 40% da população completamente imunizada com as duas doses ou com a dose única. Municípios menores, como Itapirapuã, por exemplo, já vacinou 86,4% da população com a dose um e 43,6% com a dose dois. Mas existem outros 55 municípios com menos de 30% de pessoas com as duas doses. Pandemia ainda está longe de acabarAinda não é possível definir quando a pandemia terá um fim e quando, de fato, a população poderá excluir as regras e protocolos, como uso de máscaras de distanciamento. A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim afirma que a circulação de variantes é um dos fatores principais. Há cerca de um mês, pesquisadores goianos identificaram a variante gama plus do coronavírus em pessoas com Covid-19 em Goiás.Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e Instituto Federal de Goiás identificaram esta variante em cerca de 30% de um dos grupos analisados. As amostras foram encaminhadas por vários municípios. Esta variante é mais contagiosa que o coronavírus inicial. Flúvia diz que as variantes continuarão ocorrendo se as pessoas se expuserem e, a cada mutação, o vírus tende a ficar mais resistente.A infectologista Christiane Kobal destaca que para que tenhamos, de fato, uma queda sustentada de casos da Covid-19 em Goiás é necessário que a vacinação se mantenha, especialmente com a participação de todos que já receberam a primeira dose no retorno aos postos para a segunda etapa da proteção. “A doença só será controlada com a vacinação de quase a totalidade da população mundial e (a doença) se tornará uma virose banal quando tivermos um antiviral oral, altamente eficaz e de baixo custo, disponível amplamente no mundo.”Além da variante gama plus, já foram identificadas outras mutações como a alfa, que foi detectada inicialmente no Reino Unido; a variante beta, encontrada primeiro na África do Sul; a gama, que foi descoberta a princípio no Brasil e a variante delta, que teria começado na Índia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já anunciou outras seis que são acompanhadas, mas que ainda não têm status de alarmantes. -Imagem (1.2322159)