O ano começou com cenas bárbaras na Região Metropolitana de Goiânia (RMG). Em menos de dez dias, duas cabeças humanas e dois corpos decapitados foram encontrados em três cidades diferentes, em plena luz do dia. Uma das vítimas já foi identificada. O último caso foi na tarde desta terça-feira (22). Uma cabeça de um homem negro enrolada em um pano branco foi achada por um caminhoneiro no bairro Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia.A cabeça já estava em decomposição e havia um mal cheiro no local onde foi deixada, uma calçada com mato alto, em frente ao muro de uma empresa. Existe a suspeita de que essa cabeça pertença ao corpo encontrado um dia antes, na última segunda-feira, no bairro Grande Goiânia, em Hidrolândia, cerca de 30 km de distância.Nesse caso, o corpo estava mais à mostra. Ele foi abandonado de barriga para cima, no canto da rua, próximo ao meio fio, em frente a um terreno baldio e uma construção improvisada de madeirite. Vizinhos do local se assustaram com a situação e chamaram a Polícia Militar.O delegado de Hidrolândia, Diogo Rincón Gonçalves Santana, informou à reportagem que as investigações ainda estão em fase inicial e que o Instituto Médico Legal (IML) deve realizar exames para saber se a cabeça encontrada em Aparecida é do corpo achado em Hidrolândia. “Tudo está sendo feito a partir de agora. Nem se fosse CSI (seriado norte-americano) teria tempo hábil para confirmar esta investigação”, comentou.IdentificadoJá o corpo encontrado boiando no Rio Meia Ponte, no Setor Negrão de Lima, em Goiânia, na última quinta-feira (17), foi identificado como sendo de Erivaldo Ferreira da Rocha, de 32 anos. Cinco dias antes, o irmão dele havia reconhecido visualmente a cabeça de Erivaldo no Instituto Médico Legal (IML) da capital. Ela foi encontrada por um pedestre na calçada, próximo ao Shopping Passeio das Águas, Região Norte da capital, na madrugada do dia 13.A cabeça de Erivaldo estava com um corte na cabeça que formava a sigla “TD2”, que significa “tudo dois”, uma gíria que identifica a facção carioca Comando Vermelho. Essa sigla pode significar um cumprimento, como “está tudo de boa”. A paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) utiliza a abreviação TD3.Apesar da família ter identificado a cabeça, o reconhecimento formal ainda depende de exames do IML, segundo a delegada que investiga o caso, Myrian Vidal, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH). Já o corpo foi identificado com um exame necropapiloscópico, em que foram comparadas as digitais da vítima com as da identidade de Erivaldo.Segundo Myrian, as investigações continuam para descobrir o autor ou autores do crime, mas ela prefere não revelar detalhes. “As investigações vão correr bem sigilosas”, explica. Até o fechamento desta edição, o corpo de Erivaldo permanecia no IML. De acordo com a delegada, os familiares afirmaram que ele era usuário de drogas e estaria desaparecido há um dia.Em 2017, a Operação Descarrilamento da DIH investigou mais de 90 homicídios praticados pelo CV na Região Metropolitana de Goiânia (RMG), muitos ordenados de dentro da ala B da Penitenciária Odenir Guimarães (POG), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.No dia em que a primeira cabeça foi encontrada, Myrian afirmou que as facções querem que impere o temor e que as pessoas fiquem mais acuadas.-Imagem (1.1712583)