O promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) Sebastião Marcos Martins analisou como possível manobra o fato de o advogado de Maurício Sampaio - acusado de ser o mandante do homicídio do jornalista esportivo Valério Luiz - ter desistido do caso. O crime aconteceu em 2012 e foi adiado pela segunda vez na manhã desta segunda-feira (14). A nova data prevista para o julgamento dos cinco acusados do crime é 2 de maio."A gente já esperava algum tipo de manobra neste sentido, tentando adiar o julgamento, e infelizmente aconteceu. A ideia devia ser um desmembramento. Provavelmente eles pensavam em desmembrar, em julgar os outros réus e que Maurício Sampaio ficasse sem julgamento hoje", afirmou o promotor. Sebastião Marcos Martins analisou como prudente a decisão do juiz Lourival Machado, que atua como substituto eventual da 4ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra à Vida, do TJGO. Isso porque o magistrado decidiu por remarcar o julgamento.Ney Moura Teles advogava na defesa de Sampaio desde o início do processo e protocolizou um pedido de renúncia na sexta-feira (11), depois das 18 horas. “Foi até uma surpresa para todos nós e processualmente abri o prazo de 10 dias para que réu constitua novo defensor e se esse prazo não for observado, determinei que autos sejam enviados para a Defensoria Pública. Defensor que renunciou, ele atuava no processo desde 2012, ainda na fase do inquérito. Acompanhou toda a fase pré-processual e toda instrução foi ele quem fez a defesa. Ele interpôs os recursos e surpreendentemente ele renuncia faltando três dias para o júri. É uma coisa que não é conduta processual”, completa o juiz Lourival Machado.Representando o MPGO, o promotor Sebastião Marcos Martins diz que a situação de desistência de um advogado acontece de forma corriqueira e que enfrenta isso com tranquilidade, mas aponta problemas. “Houve uma preparação da defesa, do TJGO e do MP e por uma manobra de um réu, acabou gerando a não realização. Já tem uma nova data e providências devem ser tomadas para que não ocorra novo adiamento. O MP desde o início do processo defende a tese de condenação e hoje em plenário defenderíamos a condenação de todos os réus. Existem provas, polícia fez um trabalho espetacular e vamos trabalhar em cima do que a polícia fez, do trabalho da perícia e dos depoimentos que foram colhidos”, completa.Oficialmente, Maurício Sampaio ainda não possui um advogado de defesa, mas chegou à sede do TJGO acompanhado de Thales Jayme, vice-presidente da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO). Thales defende Ademá Figueiredo, um dos policiais militares que também é réu no caso. Logo após o comunicado do adiamento, o vice-presidente da OAB-GO falou com a imprensa em nome de Sampaio e disse que desistência de Ney Moura não foi uma manobra. “De forma alguma, temos todo o interesse em julgar o Maurício e os outros réus e principalmente dar uma satisfação à sociedade. Nós advogados também temos esse compromisso com a sociedade”. Questionado sobre a desistência do Ney, disse apenas que não sabe os motivos.Leia também: - Julgamento de acusados da morte do jornalista Valério Luiz é novamente adiado- "É um sentimento de alívio, mas Justiça não", diz filha de Valério Luiz sobre julgamento- Mais de 3,5 mil dias depois, caso Valério vai a julgamento- O que já se sabe do julgamento do Caso Valério Luiz