O Rodeio Show do município de Vianópolis, na região central de Goiás, que até então está sendo anunciado com entrada franca, poderá ter que cobrar ingresso dos espectadores, após recomendação do Ministério Público de Goiás (MPGO). Segundo o promotor de Justiça Lucas César Costa Ferreira, a administração deve usar a verba pública para realizar melhorias nos serviços de saúde para a população e não para contratar atrações.Segundo o Ministério Público, o promotor de Justiça tomou conhecimento de que o Rodeio Show teria entrada franca, com gasto previsto de R$ 482 mil, descontado o valor previsto de arrecadação máxima com a venda de camarotes, patrocínio e publicidade. Assim, pelo fato de o evento ser gratuito, o município que arcaria com todas as despesas, como fornecimento de palco, iluminação e camarim, além de taxas e encargos de direitos autorais que possam ser cobrados, independentemente de arrecadação.Lucas César observou que o valor investido pelo poder público municipal no evento seria suficiente para custear três meses de serviço de saúde em Vianópolis. Ele pontua que há na promotoria um procedimento de acompanhamento das tratativas para melhoria do serviço de saúde à população, “em especial do Hospital e Maternidade São Sebastião, que possui várias irregularidades e presta serviço ineficiente”.No documento, a promotoria aponta que outras áreas do município também carecem de investimento público, como o meio ambiente - considerando a sentença judicial que obriga a implantação de aterro sanitário - segurança pública e prestação de serviços básicos.Além disso, após consulta ao Tribunal de Contas dos Municípios, o promotor de Justiça demonstrou que Vianópolis arrecadou R$ 22.143.006,66 do início do ano até agora e empenhou R$ 38.252,67, o que significa um déficit não consolidado de mais de R$ 16 milhões.O Popular entrou em contato com o prefeito de Vianópolis, Samuel Cotrim, e aguarda retorno.Leia também:Ministério Público vai apurar contratos ambientais que somam R$ 41 milhões em GoiásMP vai investigar prefeitura de Mundo Novo por show sertanejo quatro vezes mais caroJustiça proíbe mais uma prefeitura de repassar verba para show em GoiásMP-GO apura gastos de R$ 1,15 milhão em shows para Cachoeira AltaCPI do sertanejoRecentemente uma polêmica tem repercutido no mundo sertanejo em relação a shows contratados por prefeituras de cidades pequenas. Os pedidos na internet pela 'CPI do Sertanejo' começaram depois que o cantor Zé Neto, que faz dupla com Cristiano, disse em um show que não precisava da Lei Rouanet, que é uma verba pública, e tecer críticas destinadas à cantora Anitta. Os fãs da cantora passaram então a pesquisar os valores pagos pelos munícipios e as formas de pagamento. Desde então, shows estão sendo cancelados em várias cidades.Até o momento, quatro prefeituras em Goiás foram proibidas de usar recursos públicos para shows artísticos, todas a partir de intervenção do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). O caso mais recente é de São Miguel do Araguaia (SMA), quando a Justiça proibiu que o executivo municipal repasse verbas para a realização de dois eventos com apresentações musicais. Além desta cidade, também estão na lista Caldas Novas, Cachoeira Alta e Cachoeira de Goiás.Ainda sobre a polêmica da retirada de investimentos em áreas essenciais nos municípios para realização de eventos, o cantor Leonardo disse que jamais toparia subir no palco sabendo que o dinheiro foi tirado de verba destinada à saúde da população. Segundo o artista, a lei tem que ser para todos. "O artista vai onde o povo está. Quem contrata que tem que saber se tem verba para cultura ou não. Isso tudo só está prejudicando o meio artístico. Não tem que ter briga nem de um lado nem de outro tem que apurar as irregularidades, ressaltou”.