A reformulação do sistema de transporte coletivo metropolitano de Goiânia, prometida desde janeiro pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), deve ficar para 2022. O modelo ainda está em estudo pelos técnicos da Prefeitura, Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e Estado de Goiás. A previsão é que ele seja finalizado ainda neste mês, em que será divulgado o projeto e também as mudanças legais que necessitam ser feitas para a sua implantação. De acordo com os técnicos, a alteração no sistema vai impedir um reajuste tarifário, que deveria ser efetuado a partir de janeiro, de acordo com o contrato de concessão.A tarifa do sistema, atualmente em R$ 4,30, não é reajustada desde 2019 e o presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, garante que a companhia sequer iniciou o cálculo para verificar qual seria o novo valor. “Hoje não existe estudo tarifário, porque nem cogitamos esse aumento. O déficit existe, mas aqui não temos conversado sobre. A pauta hoje é a reestruturação do modelo”, garante. Em 2020, ainda antes da deflagração da pandemia de Covid-19, o cálculo apontava um novo valor tarifário para R$ 4,50. Duas reuniões da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) chegaram a ser marcadas e canceladas para ampliar a discussão, quando veio a pandemia.Um estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) divulgado na semana passada aponta que, em média no Brasil, as tarifas do transporte coletivo urbano teriam um aumento de 50% no próximo ano se não houver intervenção do poder público. Neste caso, o sistema metropolitano de Goiânia ficaria até mesmo acima de R$ 7, devido ao não reajuste em 2020 e 2021. O presidente da CMTC afirma que ainda não há definição técnica sobre o novo valor para 2022, “mas todos estão empenhados em não aumentar”, garante. Até então, segundo conta Tarcísio Abreu, existe a necessidade de definir o novo modelo para a implantação no ano que vem justamente para garantir a operação. Desde o segundo semestre de 2020 e especialmente neste ano, o usuário é atendido em razão do Plano Emergencial, diz o presidente. No caso, por definição judicial, os entes metropolitanos (prefeituras e Estado) tiveram de arcar com o déficit operacional das concessionárias, ou seja, ha subvenção pública para manter o sistema em funcionamento. Ao todo, mensalmente, o valor destinado é de R$ 7 milhões.O sistema tem recebido, no entanto, cerca de R$ 6,4 milhões mensais, já que existe discordância da prefeitura de Aparecida de Goiânia em arcar com o valor. Existe ação judicial em curso para definir se há ou não a obrigação de pagar. Até mesmo a aceitação de Goiânia no Plano se deu após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no início deste ano. Abreu conta que a situação está pacificada entre a Prefeitura e o Estado e o projeto de reformulação do sistema deve até mesmo manter a mesma divisão porcentual para o pagamento previsto para 2022.“O que está definido mesmo é a repartição dos custos, como está sendo com o Plano Emergencial que vai acabar no final do ano. Agora estamos fazendo contas e vendo quanto vai custar as nossas propostas, o que vai manter ou não”, fala o presidente. Existe um pedido da Prefeitura de Goiânia em implantar tarifas flexíveis por distância, como modo de atrair os usuários que se locomovem por poucos quilômetros. A questão é saber qual o custo disto, visto que não há o interesse de onerar o usuário de longas distâncias.Outra mudança deve ser a implantação do bilhete único, que foi promessa de campanha da chapa Maguito Vilela e Rogério Cruz, em que o usuário poderia fazer baldeações sem pagar uma nova tarifa. “Temos pensado que o passageiro pode parar no meio do caminho, comprar algo e pegar outro ônibus sem precisar pagar de novo”, diz Abreu. Também deve ser implementada a integração com outros modais, criando de fato uma rede metropolitana de transportes além dos ônibus. Nesse caso entrariam os CityBus, que seriam chamados de 3.0, em que funcionariam a partir de demanda via aplicativo, mas integrado ao sistema convencional. Há opção também de integrar com as bicicletas ou patinetes compartilhados.Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano e Passageiros da Região Metropolitana de Goiânia (SET), Adriano Oliveira, também aguarda as mudanças no sistema como opção ao reajuste tarifário. “O aumento de tarifa não traz solução. Aumentar a tarifa hoje seria a segunda pior opção para o sistema, a primeira pior é não fazer nada”, diz. Ele afirma que as empresas não projetaram o valor real da tarifa para 2022 na expectativa da transformação do sistema.Tecnicamente, explica Oliveira, o novo modelo deverá ter duas tarifas. Uma seria a técnica, baseada nos custos do sistema divididos pelo usuário, e a outra seria a comercial, que é o valor a ser pago por cada passageiro, que seria menor do que a primeira. Essa diferença seria paga pelo poder público, por meio de subsídio. “Precisamos ter essa solução ainda neste ano, para que possamos começar a implantar já em janeiro. É uma necessidade da cidade e do usuário”, diz Oliveira.-Imagem (1.2354976)