Em entrevista à jornalista Cileide Alves no Chega Pra Cá desta terça-feira (12), programa de entrevistas do jornal O POPULAR, o novo arcebispo de Goiânia, dom João Justino de Medeiros Silva, contou que já esteve pessoalmente com o padre Robson de Oliveira, pivô de uma crise que em 2020 abalou os alicerces da Igreja Católica em Goiás.O religioso explicou que, embora o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tenha dado ganho de causa ao ex-presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) por entender que não caberia intervenção do Ministério Público no caso, ainda tramita o processo canônico que irá definir o futuro dele dentro da instituição. “Não depende só de mim.”De acordo com o arcebispo, a conversa que manteve com padre Robson, acusado de um desvio milionário de recursos doados por fiéis à Afipe, foi tranquila. “Ele veio até a minha casa e foi bom escutá-lo. Tive reuniões também com o pessoal da Afipe, ouvi pessoas diferentes e li documentos para entender e formular um juízo do que ocorreu.”Clique aqui e confira a entrevista completa.DenúnciasDom João Justino liderava a missão episcopal em Montes Claros, norte de Minas Gerais, quando explodiu o escândalo que envolveu o padre que na época também era o reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, o principal centro religioso de Goiás. O arcebispo de Goiânia explicou que gostaria que houvesse uma definição sobre a situação do padre Robson dentro da Igreja o mais rápido possível, para que não gerasse tanta expectativa, mas isso não depende somente dele.“Ele é um religioso e tem de obedecer a sua ordem, os redentoristas. Não posso dizer para voltar, sem que a ordem se manifeste. É um diálogo e temos conversado sobre isso. Algumas coisas precisam ser esclarecidas.”O desfecho não deve ocorrer antes da festa em homenagem ao Divino Pai Eterno no final de junho, que será retomada na forma presencial em 2022 após dois anos. Dom João Justino disse que aguarda o evento, o primeiro do qual vai participar, com muita expectativa. Desafios Na conversa com Cileide Alves, dom João Justino falou sobre os desafios de assumir a missão evangelizadora numa região que mal conhecia. Desde que foi empossado, no dia 16 de fevereiro, ele tem visitado as unidades pastorais e se reunido com várias pessoas vinculadas à Igreja Católica para entender a realidade em que está inseridoDo que viu até agora, ele disse que pretende incrementar ações que promovam a dignidade humana, como a criação de uma Pastoral da Moradia. “É importante que a gente escute essas pessoas e perceba qual é a participação da arquidiocese. São situações humanas que nos desafiam. A Igreja tem interesse em participar para que a fraternidade aconteça. A Igreja sonha com uma cidade onde as pessoas possam viver com dignidade”, explicou, sobre a conversa que manteve com um grupo que atua junto às ocupações urbanas.Para o novo arcebispo, a Igreja servidora a que se propôs, seguindo os preceitos do papa Francisco, precisa estar atenta à realidade, ouvir as pessoas e perceber as suas necessidades. Dom João Justino, que preside a Sociedade Goiana de Cultura, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), falou também sobre o atual momento da instituição universitária que tem passado por um processo de reestruturação depois de perder muitos alunos com a pandemia da covid-19.“Estou me inteirando, vejo que tem projetos interessantes e gente competente. Embora a PUC tenha potencial para crescer, precisamos conversar muito. Os problemas são parecidos com de outras instituições, como o desafio de manter os cursos de licenciaturas, que despertam pouco interesse, mas que precisam ser mantidos porque necessitamos de professores.” Desde 2015 presidente da Comissão Episcopal para Cultura e Educação, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Justino, ao abordar o tema da campanha da Fraternidade de 2022, Fraternidade e Educação, lamentou a ausência de uma política de estado para a educação."Políticas públicas precisam ser feitas com objetividade e superar questões partidárias", disse. Para o arcebispo, o Brasil carece de uma política de estado. “Estamos patinando ao ter projetos ligados a mandatos e a ministros. Uma criança que vai passar por esse processo em 18 ou 20 anos, será submetida a diferentes visões ou modelos de educação.”Leia também:- STJ mantém arquivada investigação contra Padre Robson por supostos desvios de dinheiro da Afipe- Igreja prepara Festa do Divino presencial em Trindade