A jornalista Angelita Pereira de Lima já é reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG). A posse não teve solenidade presencial por conta do teste positivo da nova reitora para Covid-19 e foi feito via publicação no Diário Oficial nesta sexta-feira (14). Apesar de estar em isolamento, ela segue em pleno exercício das funções. Afirmou que o projeto de gestão será apresentado nos próximos dias para o Conselho Universitário, mas que ele deverá seguir o que foi definido em consulta interna. Disse ainda que Sandramara Matias, primeira colocada na lista tríplice encaminhada para o governo federal para nomeação do novo reitor, deverá fazer parte da administração e que ainda deverá convidar o ex-reitor, Edward Madureira a participar.Angelita admite que lidar com a pandemia ainda deve ser um desafio. Parte das aulas presenciais foi adiada para 31 de janeiro. Ela disse que as definições sobre este retorno 100% presencial são discutidas frequentemente em reuniões com os comitês de enfrentamento das secretarias de saúde de Goiânia e do Estado. Mas, além disso, ela cita outros problemas que deverão ser enfrentados na sua gestão. Ela reforça que nenhum deles é novo, mas que se empenhará para buscar solução. Sobre sua nomeação, ela voltou a repetir que foi um episódio lamentável e que deverá ficar marcado na história da universidade. Ela ainda se disse entristecida pela não nomeação do primeiro nome da lista e que este momento não pode ser normalizado. “Até então, os presidentes sempre respeitaram a escolha que a comunidade universitária faz para si mesma.”Durante conversa com jornalistas na tarde de sexta (14) ela fez questão de deixar claro que a lista tríplice encaminhada para definição do novo reitor não foi formada para facilitar a escolha de Sandramara. Ela explicou que em todas as eleições em universidades federais, os projetos mais votados são cadastrados em edital público. A lista é formada com os professores que se comprometem com seus respectivos projetos e que ressalta que o processo foi realizado de maneira democrática. “Não foi uma lista deliberadamente formada. Não houve estratégia na apresentação dos nomes.” Ela ainda disse que o nome de Sandramara representa o projeto que foi referendado na consulta universitária e que ela representaria a ideia de reitoria que a universidade deseja.Questionada sobre o motivo do nome dela ter sido escolhido e não o primeiro nome da lista, a nova reitora disse não saber. Ela afirma que esta resposta não foi apresentada, mas que nem espera por ela porque não resolveria a situação e acrescentou que muitas respostas não serão respondidas neste governo. “A universidade sofreu um acinte em sua autonomia e as causas que conseguimos elencar não nos tiram desse problema.” Angelita detalha que não houve tempo para movimentação contrária à nomeação do terceiro nome e que negar o cargo colocaria a universidade em uma situação de instabilidade.“O governo federal ficou com lista seis meses e nomeou terceira da lista com o prazo já vencido. Não havia espaço e tempo para movimentação. O MEC (Ministério da Educação) controlou até último minuto e não permitiu que cogitássemos não cumprir a nomeação. Nos tirou todas as possibilidades, até a de negar.Se o fizéssemos, (a universidade) estaria em absoluta instabilidade.” Ela ainda disse que aceitar a nomeação foi uma decisão política, administrativa e corajosa. “Decisão que carrega em si muitos conflitos, inclusive com minha trajetória e meus próprios posicionamentos, não podemos negar isso. Mas a forma de ação do governo, de certa maneira, não permitiu que titubeássemos. Não sou eu individualmente porque esta é uma ação coletiva.”Sobre a possibilidade de participação do ex-reitor Edward Madureira na gestão, Angelita e Jesiel afirmam não saber se ele vai aceitar, apesar disso a nova reitora diz que fará um convite. Os dois novos gestores da universidade rasgaram elogios ao ex-reitor, que continua como professor na UFG e são unânimes em dizer que, independente do cargo que possa vir a ocupar seria de grande importância, já que ele tem conhecimento adquirido nos anos à frente da UFG, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), além de ser grande defensor da universidade e da pesquisa.Recursos em ano eleitoralA nova reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Angelita Pereira de Lima, comentou durante conversa com a imprensa na última sexta-feira (14) que mudou a reitora, mas que os problemas permanecem os mesmos e a falta de recursos segue como um dos principais. Ela afirma que este é um problema crônico, mas que existem caminhos para suplementação. Mas ela ainda acrescenta que, para isso, será preciso muita interlocução e diálogo. Jesiel Carvalho, vice-reitor da universidade, comentou que a univeridade é o ambiente do desafio e que são eles que movem a estrutura da pesquisa e do conhecimento. Mas lamenta que toda gestão tenha de gastar a maior parte do tempo para solução de problemas como o de encontrar recursos para custear despesas básicas da universidade. “Esse ano não será diferente. Ao lado dessa grave crise sanitária, temos esse desafio de encontrar recursos para tentar recompor o orçamento e manter o funcionamento da universidade.”Por ser ano eleitoral, essa busca por recursos pode ser ainda mais prejudicada. Angelita diz que as limitações legais impostas, como prazos para contratações e realização de concursos, por exemplo, devem complicar ainda mais. “Temos cinco meses para trabalhar com afinco para garantir (recursos). O que foi feito ano passado já tem impacto, positivo ou negativo. Mas como orçamento foi aprovado final do ano, só agora temos a visão real para traçar estratégias para este ano. Não sei dizer sobre impacto disso, não temos ainda a dimensão, mas ano eleitoral é um limitador.”Angelita diz não querer conflitos Angelita diz que não pensa em formas de mandar recados de insatisfação para o governo federal. Ela afirma que, uma vez empossados, o papel do reitor e do vice é estabelecer condições para interlocução e diálogo. Não é dar recado, é ser voz ativa para nos posicionar de forma adequada. Ela diz, no entanto, que não sabe como deverá ser essa forma, dia ou maneira. “É no andamento da gestão, no processo de interlocução.” Ela acrescenta que nada pode ser feito para interromper esse diálogo e que vem trabalhando para que não haja ruptura interna e vai trabalhar para manter diálogo com o governo federal para defesa da universidade. Disse que o empenho será para que, no tempo político certo, possam garantir as pautas adequadas. Sobre a composição da equipe que fará a gestão Angelita disse que durante os seis meses em que a lista ficou nas mãos do MEC, foi iniciado processo de transição com Sandramara Matias à frente. “Não é uma equipe definida. Há um processo de transição em andamento que não está terminado.” Ela diz que entra neste processo como reitora e que os outros nomes serão adicionados. Ela diz que o processo que estava em andamento será respeitado, mas que deverá haver mudanças. “Semana que vem já devemos fazer nomeações necessárias e urgentes.” Jesiel Carvalho será empossado como vice-reitor da UFG. Ele afirmou que os nomes serão apresentados aos poucos, mas que a construção dos novos diretores será feita com as pessoas que já vinham envolvidas no processo. Ele ainda disse que as nomeações não devem causar qualquer paralisia na universidade. Angelita aproveitou para tranquilizar a comunidade universitária dizendo que os mandatos dos pró-reitores ainda não terminaram. A nova reitora e o vice-reitor também se comprometeram a manter os compromissos firmados com os sindicatos. Por conta da Covid-19, a reitora se mantém isolada em casa, mas na próxima semana já deverá ser liberada para ter agendas presenciais. Angelita afirma que está comprometida com o que foi discutido. Jesiel ainda acrescentou que a gestão continuará com o compromisso do diálogo permanente e que as soluções encontradas serão sempre discutidas.Angelita Lima reforçou que a universidade disse que está aberta ao debate e que a comunidade externa à universidade precisa enxergar a importância do seu trabalho para o desenvolvimento local, além de técnico e científico. Jesiel Carvalho reforçou que a universidade não é doutrinária, mas ambiente livre e aberto e que assim deverá continuar.