Gestores de instituições assistenciais ouvidos pelo POPULAR afirmam que a fome ainda é a maior carência. Há casos em que as organizações que atuam para colaborar com a alimentação se veem diante de uma realidade triste: a incapacidade de atender a todos os que precisam.Assistente social da Fraternidade a Menores Aprendizes, Magna Guimarães de Oliveira conta que a instituição atende crianças de 4 a 12 anos no contraturno escolar. Elas têm um acompanhamento multiprofissional para colaborar com o seu desenvolvimento. São 239 meninos e meninas de 216 famílias cadastradas. Além do apoio educacional, alimentação no local, a instituição se depara com a necessidade de dar suporte à alimentação dentro de casa, por meio da doação de cestas básicas.“Nós fazemos orientação profissional, acompanhamos a saúde bucal, temos atendimento de fonoaudiólogo e psicólogo, mas também fazemos a distribuição de cestas básicas periodicamente. Grande parte das famílias trabalha na informalidade e isto as deixa ainda mais vulnerável. Tem uma mãe que é lavadora de carros. No período chuvoso, ela não tem como atuar e precisa ainda mais de auxílio”, relata Magna.A instituição na qual Magna atua foi fundada em 28 de abril de 1949 e fica na Rua Amorgaste, nº 100, no Setor Crimeia Oeste. O contato telefônico para apoiar o trabalho pode ser feito por meio dos números 3946-2802, 3946 2802 e 3946-2800. O serviço é mantido pela Maçonaria, por meio da Loja Liberdade União e também com doações que chegam. A assistente social convida pessoas que possam conhecer o trabalho e fazer parte do projeto para ampliar os atendimentos. “É muito positivo e gratificante imaginar você fazer parte da história de uma pessoa e saber que diminuiu a necessidade dela”, afirma Magna.A necessidade de alimentação aumentou após o surgimento da pandemia da Covid-19. A paralisação econômica foi revertida, mas os efeitos da mesma ainda são severos com a população de menor renda.O Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer, ou seja, cerca de 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Ainda conforme o estudo, mais da metade da população brasileira (58,7%) enfrenta a insegurança alimentar, seja no grau leve, moderado ou grave.Neste ano, também se agravaram as necessidades de apoio educacional que é reflexo do distanciamento entre professores e alunos por causa da pandemia da Covid-19. A violência contra a mulher cresceu nos últimos anos e fez a carência por apoio para este público crescer também. No entanto, a diretora de ações sociais da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Jeane Abdala, percebe que a fome continua como a maior demanda.Leia também:- Veja o que abre e o que fecha durante o fim de ano na Grande Goiânia- Cirurgias na Santa Casa deixam de ser realizadas devido a baixo estoque de sangue; veja como doar“A questão da fome ficou mais agravada no pós-pandemia. O governo estadual distribuiu mais de um milhão de cestas básicas neste ano, temos o Restaurante do Bem, o Banco de Alimentos e uma das formas que a OVG atua é o apoio a instituições nos 246 municípios do estado”, informa Jeane.A instituição também desenvolveu um mix nutritivo que é distribuído para famílias cadastradas. A composição alimentícia leva arroz, verduras e outros itens. É um preparo que vai ao fogo para ser cozido.Com a ajuda da OVG, o jornal O POPULAR listou algumas instituições para que o leitor possa realizar doações (confira a lista completa em arquivo PDF ao final do texto).Pedidos vêm de várias regiõesO Grupo Espírita Paulo de Tarso, na região oeste de Goiânia, experimenta a sensação de não conseguir entregar tudo o que a comunidade necessita, mesmo com a distribuição de uma média de 200 cestas básicas de alimentos e 200 cestas de verduras por mês. No último mês foram mais de 300 de cada.Os assistidos são cadastrados e antes de ter acesso aos benefícios, recebem a visita da instituição. O alimento da instituição fundada há quase 30 anos que é distribuído tem a companhia de outros serviços como palestras, entrega de agasalhos, refeições em hospitais, etc.“Nós buscamos no Ceasa às sextas de manhã, a OVG nos auxilia de vez em quando, temos o apoio do programa Mesa Brasil, realizamos feijoadas e outros eventos para arrecadar recursos, além de doações”, lista as fontes para o trabalho o presidente da instituição, Wanderley Fernandes, de 73 anos.A ajuda pode ser entregue pessoalmente na Rua FP-20, qd.29, lts. 1e 2, no Setor Recreio dos Funcionários Públicos, em Goiânia ou é possível pedir o recolhimento. O contato pode ser feito 3246-3268, 99971- 0701 ou 99291- 7736. Roupas, móveis e utensílios domésticos podem ser entregues.Projeto tenta empregar beneficiadosNa região Noroeste de Goiânia, um trabalho surgido em 2002 leva comida a um grupo de 50 a 100 famílias. O serviço é realizado por meio do apoio da OVG, que cede, os kits. A Associação Projeto Social Anjo da Guarda está situada na Rua BM-6, nº 50, sala 3, qd. 11, lt. 29, no Residencial Brisas da Mata. Poucas doações chegam ao local, mas os interessados em contribuir podem fazê-lo pessoalmente ou por meio dos telefones: 3517-0174 ou 99646-8811.Uma das iniciativas da Anjos da Guarda é a tentativa de empregar pessoas da comunidade. “Nós pagamos a pessoa para trabalhar três dias. Ela recebe, o patrão não paga nada. Se ela servir, é contratada, se não, enviamos outro”, explica o presidente da instituição, Nilson Mendes de Lima. Segundo ele, participam comércios e outros estabelecimentos da região. “Nós pedimos que a pessoa tenha experiência, porque sem isto eles não contratam”, alerta.A procura por comida é grande. “Nós estamos com uma demanda tão grande que não conseguimos atender”, conta o presidente da instituição. Lima afirma que o trabalho vai muito além da distribuição das cestas básicas. “A gente faz palestra em escola alertando sobre drogas, alcoolismo, prevenção ao câncer, bem como atividades esportivas e culturais”, lista.Além disto, uma competição esportiva para crianças e adolescentes é realizada no meio do ano com o objetivo de conscientizar para evitar o crack.A preocupação com a questão das drogas por parte do presidente tem a ver com a própria história de vida. “Tudo que eu ganhei, inclusive com droga, a droga levou”, conta ele.A procura pelos alimento surge no bairro e setores vizinhos, mas também em localidades distantes dali, como Residencial Goiânia Viva e Conjunto Vera Cruz, na região oeste de Goiânia.