Testagem ampliada, rastreamento e isolamento de infectados pela Covid-19, assim como disponibilidade de dados sobre mortes e infecções pela doença. Estes são, segundo especialistas ouvidos pelo O Popular, os principais pontos para evitar que uma segunda onda chegue com intensidade em 2021. Para a população, as orientações permanecem: continuar utilizando máscaras, evitar aglomerações e não dispensar o álcool em gel. Na torcida para que os números de casos e óbitos pela doença não aumentem, mas de olho no cenário da Europa, Estados Unidos e que já muda em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, Goiás não descarta uma situação crítica logo à frente.Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília, Claudio Maierovitch diz que os pesquisadores que acompanham as taxas de transmissão em todo o mundo estão compartilhando preocupações. “A gente nem fala em primeira ou segunda onda porque ondas vêm e passam. A nossa subiu e desceu um pouco. Já estávamos com números muito altos quando voltamos a crescer. No geral a testagem diminuiu e as medidas para reduzir a transmissão do vírus foram relaxadas. A espera era mesmo que a transmissão aumentasse. Não estávamos em um nível bom nem na testagem, nem na incidência e agora piorou. Com isso, só enxergamos a ponta do iceberg.” Imunização não trará normalidade imediataDiretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Grécia Carolina Pessoni afirma que, apesar de a vacina estar sendo muito esperada, as medidas de proteção já conhecidas devem continuar por pelo menos seis meses. Isso porque, ainda não há garantias de que a vacina terá uma ação duradoura. Para exemplificar ela cita os casos de reinfecção. “Até mesmo em relação a outras doenças, às vezes a carga viral recebida pela doença é maior que pela vacina e mesmo assim a pessoa fica protegida por pouco tempo”Pessoni pontua que desde o início da pandemia, nenhuma vacina teve ainda um estudo com durabilidade porque estamos em um processo que ainda é novo. Apesar de mostrar esperança pelas imunizações, explica que uma tentativa de normalidade só será possível após a aplicação em larga escala. “Uma coisa é um estudo pequeno, outra é a imunização de uma população”, acrescenta. Infectologista do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) e da Santa Casa de Misericórdia, também de Anápolis, Marcelo Daher diz que a população não pode achar que a doença acabou enquanto a vacina não chegar e for aplicada em larga escala. Além disso, teme que o discurso político sobre a eficácia das vacinas diminua a adesão. “Se a vacina chega ao Brasil e as pessoas sentem dúvida sobre a eficácia, a adesão pode diminuir. De uma forma geral, pelo cenário que temos, é possível que a doença seja controlada na Europa e Estados Unidos e o Brasil fique distante disso.” Grécia e a secretária de saúde do Munícípio, Fátima Mrué, pontuam que os leitos que foram desativados podem ser reativados novamente e que alguns cenários também podem mudar, como atendimentos eletivos voltarem a ser cancelados. “Não vamos esperar uma situação crítica antes de fechar tudo de novo. Estamos preocupados e nos preparando e, enquanto a vacina não for aplicada, tudo pode fechar novamente”, diz Grécia Pessoni. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) afirmou apenas que está se preparando para receber as vacinas contra Covid-19, previstas para serem liberadas no início de 2021. Disse também que a escolha do imunizante e o planejamento da campanha estão a cargo do Ministério da Saúde, que coordena o Programa Nacional de Imunizações (PNI). O documento afirma também que a pasta possui um sistema de Rede de Frio, para armazenamento e encaminhamento das vacinas, com armazéns instalados nas 18 Regionais de Saúde. “As vacinas contra Covid-19, distribuídas pelo Ministério da Saúde, ficarão armazenadas na central da Rede de Frio, instaladas em Goiânia, e então direcionadas às Regionais. Em relação a insumos para aplicação da vacina, A SES-GO antecipou a compra de 2,5 milhões de seringas e agulhas, em reforço ao material repassado pelo Ministério da Saúde”. Infectologista do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) e da Santa Casa de Misericórdia, também de Anápolis, Marcelo Daher afirma que é preciso olhar para o cenário do exterior e também para os outros estados porque acabamos sendo espelhos. Pontuando que Goiás passou por um achatamento da curva, explica que não tivemos um fim da chamada primeira onda. “A gente não passou nem pela primeira onda. Goiás passou muito bem por este primeiro momento e tivemos casos mais pontuais de falta de atendimento hospitalar, comparado a outros locais, mas é preciso lembrar que houve desativação de hospitais de campanha e algumas desativações de leitos. Se os números começam a aumentar, temos possibilidade de reativação de todos os leitos?”, indaga.Daher diz que em Anápolis a testagem diminuiu. Nesta semana, foi possível perceber um aumento da ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Na semana passada tínhamos apenas dois ou três pacientes na UTI do Huana. Agora, estamos com sete e começamos a ter pedidos de leitos pelo Estado. Esta mudança começa 15 dias após o 1º turno das eleições. Sabemos que, de uma forma geral, a população está cansada, mas, infelizmente, não há outro jeito. Ainda estamos na pandemia”, alerta.Secretária de Saúde de Goiânia, Fátima Mrué afirma que a capital continua com testagem ampliada e guiada por bairros com maior concentração de casos. No total, diz que o município já testou 16,7% e que apesar de o número não ser alto, é representativo. Ela acredita que o monitoramento efetivo pode auxiliar em caso de uma segunda onda. Com a troca de gestão da Prefeitura, afirma também que alguns contratos de teste passaram por aditivo a fim de que não haja interrupção dos trabalhos. Como frear um novo aumento? 1 Realização de testagem ampliada A testagem possibilita identificação de casos positivos mesmo que assintomáticos possibilitando rastreamento e isolamento 2 Disponibilidade de dados sobre infectados e mortos Atraso em notificações podem impedir cenário real e dificulta tomada de decisões. Site do Ministério, por exemplo, têm apresentado problemas 3 Isolamento é necessário Goiás apresenta neste momento índices de isolamento de 32,5% e pedido é que cuidado seja retomado na medida do possível4 Máscaras e alcool em gel devem permanecerMesmo após as primeiras aplicações de vacina contra Covid-19, hábitos de higiene e uso de máscara precisam ser mantidos para garantir redução de contaminação SES fala em descuido Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) afirmou que deverá divulgar, na próxima semana, uma Nota Informativa sobre orientações para as festas de final de ano. A publicação ocorre após os ajustes apontados na reunião do Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás da última quarta-feira (2). O documento diz que “um futuro aumento de casos de Covid-19 estará diretamente relacionado com o comportamento das pessoas, que estão descuidando das medidas de segurança”. Para Natal e Réveillon, para todo o Estado, a SES-GO orienta para que as festas sejam realizadas unicamente em família, entre pessoas que já têm um convívio regular. “E reforça para que todos mantenham as medidas de segurança, como o distanciamento social e uso de máscara e álcool gel”