Prevista inicialmente para ser concluída nesta semana, a revitalização da Avenida Castelo Branco, em Goiânia, recebeu mais um aditivo, que prorrogou a entrega para abril de 2023 e encareceu a obra em cerca de 10%. O aditivo foi publicado no Diário Oficial do Município na semana passada, com acréscimo de R$ 406,2 mil no orçamento - que chega a R$3,9 milhões.A obra recebeu reajuste de R$ 406.206,83. Um total de 11% do orçamento estabelecido em dezembro de 2021, para realizar as requalificações estabelecidas pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). Agora, a verba para conclusão das mudanças na via é de R$3.926.131,80. As decisões foram divulgadas na semana passada, pelo Diário Oficial da Prefeitura.Até agora, a obra concentra-se no trecho entre a Avenida Bandeirantes e a Avenida Pireneus. Os serviços já executados envolvem a demolição de meios-fios, extirpação de árvores, assentamento de piso drenante, plantio de novas árvores para compensação ambiental, e instalação de novos meio-fios.O projeto completo, que pretende transformar a avenida numa agrovia de 6 quilômetros, compreende o trecho do viaduto Engenheiro João Hissassi Yano, na GO-080, até a Praça Ciro Lisita, no Setor Coimbra.Mudanças no local já foram concluídas entre a Avenida Pirineus e a Avenida Leste-Oeste (veja quadro), mas comerciantes e trabalhadores da região reclamam do ritmo dos serviços. “Antes da festa de Trindade eram 24 horas trabalhando, depois deu uma diminuída”, afirma o frentista João Vitor Batista, de 20 anos.Leia também:- Rua 44 terá mão única e perderá ilha, em Goiânia- Centro de Goiânia sofre com transtornos e atraso da obra do BRT- Entorno de parques atrai construção de prédios mais altos em GoiâniaTrês quadras abaixo, em outro posto de gasolina, João Eterno França, frentista de 42 anos, acredita que a obra deveria ser realizada com mais segurança, e não considera as alterações relevantes.“A sinalização de segurança deles é muito fraca, ficou totalmente sem arborização e acho que não vai trazer benefício nem malefício, não precisava, é um transtorno para população desnecessário”, comenta.Comerciantes também questionam a duração da obra, lançada no dia 23 de fevereiro com previsão de estar pronta em 180 dias. Milena Winter, de 30 anos, mora e trabalha na Castelo Branco. A residência dela fica na altura que possui trechos já concluídos, e a panificadora em que trabalha está localizada na esquina com a praça Dom Prudêncio. Dessa maneira, ela observa todo o andamento da obra.“Goiânia não possui estrutura para realizar obra de dia, em horários de pico, deveriam organizar para ser feita à noite, seria mais rápido e menos perigoso”, afirma. Ela relaciona o modo que as alterações estão sendo feitas com o atraso da entrega. “Tem meses que estão aí e fizeram um trecho apenas, isso aqui vai levar tempo ainda”, critica.O Sindilojas de Goiás colaborou com a Prefeitura de Goiânia dando sugestões sobre os moldes da agrovia. “Toda obra causa transtornos temporários, e, apesar de reconhecermos os benefícios do retrofit desta avenida tão importante para o comércio varejista em Goiânia, solicitamos que as obras sejam concluídas o mais breve possível para atenuar esses transtornos”, afirma o Sindicato, em nota.TrânsitoApós o trecho com a Avenida Pirineus, em um comércio ao lado direito, a 470 metros da ponte do córrego que cruza a via, a vendedora Paula Gisela Garcia, de 38 anos, entende que as alterações trarão mais relevância à Castelo Branco, porém, critica a maneira que o tráfego de veículos tem sido manejado.“Os transtornos vieram. Acidentes, tráfego bem mais lento, não tem mais retorno pra nós do lado direito”, diz. Outra queixa feita sobre o trânsito, em um armazém localizado a 325 metros à frente do córrego, é em relação a alguns condutores que aproveitam a falta dos meios-fios em trechos específicos para atravessar a via contrária.“É muita gente que passa de um lado para o outro no canteiro agora, tem muita moto, carro de um lado para o outro”, afirma.Em nota, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), responsável pela requalificação da Castelo Branco, diz que o contrato sofreu duas prorrogações: uma em virtude do aguardo da autorização de retirada de vegetação e outra em virtude da exigência de que essa supressão fosse feita por etapas. Ambas pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma).A Seplahn alega, ainda, que a revisão dos valores obedece previsão contratual. Segundo a pasta, o reajuste obedece a lei de licitações (8.666/93), que prevê a correção pelo “Índice Nacional da Construção Civil (INCC), de obras e serviços rodoviários, fornecido pela Fundação Getúlio Vargas IBRE”.Também em nota, a Amma alega que indicou a retirada de árvores e vegetação por trechos para reduzir o impacto ambiental. “À medida em que o trecho anterior recebe o plantio de mudas, autoriza-se a extirpação do trecho seguinte, respeitando o Termo de Compromisso Ambiental”, diz a agência, em nota. “Para cada espécie retirada, são plantadas outras 10 na via e nas localidades próximas. No total, são 3.610 novas árvores com tamanho superior a dois metros”, diz.A Secretaria Municipal de Mobilidade afirma, em nota, que a Fiscalização de Trânsito do órgão será orientada a ampliar a presença na região. “A determinação é no sentido de que os condutores busquem rotas alternativas enquanto o trecho na da Avenida Castelo Branco permanece em obras”, diz o texto.Entenda a obraO projeto de repaginação da Avenida Castelo Branco foi produzido pela comunidade da região e doado para a prefeitura por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese), em parceria com a Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg). Aprovado há dois anos, com o aval do Ministério Público. (Manoella Bittencourt é estagiária do OJC em convênio com a PUC-Goiás, sob supervisão do editor Rodrigo Hirose).-Imagem (1.2515629)