Um vídeo publicado nas redes sociais do prefeito Sandro Mabel (UB) nesta terça-feira (23) reacendeu um embate entre o Paço Municipal e a Saneago, empresa de economia mista cujo principal acionista é o Estado de Goiás, responsável pela distribuição de água em Goiânia. Mabel reclamou de uma obra da companhia na Avenida Vera Cruz, no Setor Jardim Guanabara, região norte de Goiânia, próxima à rotatória de acesso à BR-153. A obra é para consertar um vazamento em adutora da rua e, para tal, foi necessário abrir um buraco na via. O problema apontado é que a avenida foi recém-revitalizada pela Prefeitura, com recapeamento asfáltico, e agora teve um buraco aberto.No vídeo, Mabel argumenta que é muito difícil cuidar da cidade, já que tinha revitalizado a avenida e, em pouco tempo, ela já estaria com um buraco. Ele complementa que, por ser um vazamento, tudo bem a Saneago ter cortado a via, mas espera que a companhia fizesse a revitalização do asfalto da mesma qualidade contratada pela Prefeitura. A publicação do prefeito relembra uma cobrança feita por ele em janeiro, no início do mandato. Na época, ele cobrou que a Saneago fechasse os buracos que realizaria nas ruas com maior agilidade e também ameaçou multar a empresa no caso de demora e de uso de uma menor qualidade no asfalto em relação ao que estava na via.A situação, no entanto, já existe de outras gestões municipais, em que havia a reclamação das gestões do Paço Municipal quanto à demora e método utilizado pela Saneago no tapa-buracos em relação às obras de manutenção e conserto de adutoras ou bueiros. Segundo a empresa, os técnicos executam manutenção emergencial para recuperar a adutora que rompeu na Avenida Vera Cruz. “O asfalto será recomposto logo após a conclusão do serviço”, informa. Em Goiânia, “a Saneago conta com empresas contratadas para executar a recuperação do asfalto em locais onde foi necessário abrir a via para reparos na rede”. A companhia explica que o serviço segue quatro etapas e consistem no conserto da tubulação, fechamento temporário, compactação da base e asfaltamento definitivo. “Vale ressaltar que a recuperação asfáltica depende das condições climáticas, pois a massa asfáltica não pode ser aplicada em terreno úmido”, reforça a Saneago. Já a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) informou que as solicitações de tapa-buracos recebidas pelo aplicativo Prefeitura 24H são pertinentes aos defeitos surgidos na malha asfáltica em decorrência do desgaste da via. “O pedido para fechamento de buracos abertos para reparos na rede da Saneago deve ser feito diretamente à concessionária de água e esgoto, uma vez que é de responsabilidade da empresa a recuperação do asfalto que ela danificou durante a manutenção de sua rede.”A responsabilidade da Saneago no fechamento dos buracos realizados por ela remonta a agosto de 2021, quando foi finalizado um acordo que a empresa mantinha com a Seinfra no qual ela avisava a gestão municipal sobre os ocorridos para que a pasta fizesse o serviço de tapa-buraco e depois era paga pelo serviço. No entanto, havia um desacerto de contas entre as duas gestões e a decisão foi pelo rompimento do acordo. Válido ressaltar que o acordo entre Seinfra e Saneago, na época, tinha duas regras. O tapa-buraco só era feito pela Seinfra no caso de obras realizadas por vazamentos ou reparos da rede de água ou esgoto, em que a companhia tinha de fazer um serviço inicial e depois avisava a secretaria municipal em até cinco dias. Já se o buraco no asfalto era decorrente de uma implantação do sistema de água ou esgoto, ou seja, da expansão da rede, o serviço de asfaltamento também era feito pela Saneago, sem a participação da gestão municipal, já que esse tipo de serviço é realizado por empresas terceirizadas e, logo, o recapeamento já está no contrato. Desde meados de 2021, porém, a Saneago passou a ser responsável pelo recapeamento nas duas situações e se utiliza de contratações de empresas terceirizadas para o serviço. O asfaltamento pode demorar até 72 horas para ser iniciado. A reportagem do POPULAR acompanha um defeito no asfaltamento da Rua C-165, no Jardim América, que está desde a tarde de domingo (21) sem a capa asfáltica. O defeito possui cortes regulares (retangular), o que demonstra ter a característica de ter sido realizado pela Saneago para a manutenção de algum defeito na rede. Normalmente, os buracos decorrentes de uso intensivo ou provocado por chuvas têm contornos irregulares. Ressalta-se ainda que a companhia não é obrigada a avisar a Prefeitura sobre a realização de qualquer obra na cidade em suas tubulações, mesmo que gere problemas nas vias e até mesmo impedimento de tráfego temporário, seja de manutenção ou reparo ou de expansão da rede.Vera CruzA obra de revitalização asfáltica na Avenida Vera Cruz, no Setor Jardim Guanabara foi iniciada em junho, com a previsão de ser finalizada em 60 dias. O término dos trabalhos se deu no fim de agosto. Na época do lançamento das obras, o Paço divulgou um custo de R$ 8,2 milhões. Porém, no vídeo publicado pelo prefeito Sandro Mabel nesta terça-feira (23), ele menciona que a obra teria custado R$ 12 milhões. Como o trabalho faz parte do programa Asfalta Goiânia, que é a atualização do programa 500 km iniciado na gestão Rogério Cruz (SD), não há no contrato o valor específico de cada ordem de serviço assinada. Ao todo, foi realizada a revitalização de 2,5 quilômetros de asfalto entre a BR-153, no Jardim Guanabara, e a Praça dos Expedicionários, já no Setor Santa Genoveva. A gestão de Rogério Cruz já havia feito a revitalização entre a Praça dos Expedicionários e a Avenida Perimetral Norte. No projeto, consta que foram colocados 8 centímetros de capa asfáltica no local, além da fresagem e do trabalho de base. O vídeo publicado pelo prefeito pedia que a Saneago realizasse o serviço nessas mesmas condições. Normalmente, a contratação feita pela companhia não segue o mesmo padrão do Paço, o que gera diferenças no asfaltamento das vias, facilmente notado pelos motoristas.Em julho, em razão das obras de revitalização da Avenida Vera Cruz, moradores e motoristas que passavam pela região, especialmente na Rua Belo Horizonte, reclamaram de mudanças no tráfego, visto que o fluxo de veículos era realizado na mão inglesa, com inversão de sentido em alguns pontos para garantir a circulação.