IcCidade

Cidades

Pais de autistas enfrentam dificuldades para matricular filhos em Goiás

A dificuldade para encontrar vagas apra os herdeiros com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em escolas regulares ainda é uma realidade quase oito anos depois da Lei de Inclusão

Robson Cândido com Bernardo, de 4 anos, denunciou na Polícia Civil entraves que enfrentou para matricular o filho

Robson Cândido com Bernardo, de 4 anos, denunciou na Polícia Civil entraves que enfrentou para matricular o filho (Diomício Gomes)

Todos os anos a história se repete. Pais de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam obstáculos para garantir aos filhos o direito de estudar em escolas regulares. Apesar do amparo legal, com punições previstas para os estabelecimentos que negarem receber alunos com necessidades especiais, as dificuldades continuam. Para os pais é muito difícil conseguir provas de que as escolas burlam a obrigatoriedade.

O contador Robson Cândido de Oliveira está indignado com o que viveu nos últimos dias. Pai de dois garotos, de 6 e 4 anos, ele buscou um colégio de maior porte e mais renomado para matricular os filhos. Segundo ele, na primeira escola, no Setor Marista, ao fazer a solicitação de matrícula, ele deixou claro que o filho caçula possui TEA em grau leve. "Eu cheguei a agendar a entrevista, mas depois me ligaram dizendo que não tinha vaga. Deixei passar."

Foi na segunda escola, no centro de Goiânia, que Robson percebeu que algo estava errado. "Fui pessoalmente, me disseram que as vagas existiam e me passaram os valores da mensalidade, mas antes de concluir o processo, me ligaram falando que houve um equívoco e que não tinha vaga para o Bernardo, meu filho com TEA." O contador estranhou porque a secretária da instituição nem mencionou o outro filho, embora o pedido de vagas tivesse sido feito para ambos.

Dois dias depois, Robson pediu à sua secretária para entrar em contato com a escola e fazer o mesmo procedimento. "Para ela falaram que havia vagas no período vespertino", contou. No dia marcado para a entrevista, acompanhado de um cunhado, o contador esteve na escola e ouviu que a informação recebida foi um erro. Robson decidiu manter os filhos na escola onde estavam matriculados e fazer um registro na Polícia Civil sobre os entraves que enfrentou.

Leia também:

**- Sob pressão, MEC segura trava a novos cursos **

**- Metade dos municípios de Goiás não vai receber complemento do Fundeb **

**- Sebrae abre inscrições para trainee com salário de R$ 4,5 mil **

A empresária Danielly Pedreira, mãe do Téo, com 6 anos, sabe bem o que é isso. "Na verdade, não há inclusão. É sempre uma luta." Este ano, ao precisar transferir o filho da escola de ensino básico onde estava matriculado para outra de educação fundamental, mais uma vez enfrentou a barreira. "A diretora me disse que a escola não estava preparada para recebê-lo. A minha resposta foi que ela poderia ter aberto uma ferragista ou uma loja de material de construção." A empresária contou que amigas disseram que enfrentaram problemas semelhantes em escolas tradicionais de Goiânia.

Danielly encontrou uma escola para Téo, mas lembra que em um ano anterior chegou a convidar os diretores das escolas onde ouviu negativas para tomar um café no Ministério Público. Nenhum deles aceitou", relata. O contador Robson Cândido foi além. Indignado denunciou a sua peregrinação na 39ª Promotoria de Justiça. "Vou me engajar nessa luta. Vou até o fim", disse ele ao POPULAR .

Prova

Presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados de Goiás (OAB-GO), Tatiana de Oliveira Takeda explica que Robson agiu corretamente. "É importante que os pais tenham prova da negativa antes de fazer a denúncia na delegacia. O escrivão normalmente pede testemunhas do caso". A advogada, mãe de um garoto com TEA grave, ressalta que em regra são sempre verdade os relatos dos pais, mas a prova é fundamental.

Os direitos das pessoas com TEA estão assegurados por lei. No dia 27 de dezembro de 2012 foi sancionada a Lei nº 12.764 que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Em 2015, o amparo foi ampliado com a Lei nº 13.146, que ficou conhecida como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Denúncia pode ser feita no CEE

Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe) e do Conselho Estadual de Educação (CEE) de Goiás, Flávio Roberto de Castro lembra que a escola, se tiver vagas, não pode se negar a matricular um aluno portador de deficiência, seja ela qual for, e muito menos dizer que não está preparada. "Se a instituição está autorizada a funcionar, ela precisa oferecer educação inclusiva. Inclusão não é somente acessibilidade."

Flávio afirma que sempre orienta pais e escolas a formar um grupo multidisciplinar para estabelecer um projeto de estudo para os alunos em questão. "Não há uma fórmula, é preciso respeitar o tempo deles, mas a escola deve jogar aberto, montar uma equipe e trabalhar também com os demais alunos." Ele explica que pais que enfrentam barreiras para matricular os filhos podem denunciar a instituição junto ao CEE. "Um processo será aberto na Câmara de Legislação e Normas e a escola será chamada a se manifestar."

O presidente do CEE e do Sepe diz que atualmente não são muitos os pais que buscam o Conselho para fazer esse tipo de denúncia. "Às vezes a família vai a uma escola e não é bem recebida. Ao invés de buscar seus direitos, vai buscando outra até encontrar acolhimento." A empresária Danielly Pedreira salienta que foi o que ocorreu com ela. "É muito difícil conseguir provar a negativa da escola. Nenhuma vai me dar um documento por escrito. Tudo é feito de maneira verbal e sem testemunhas."

Falta de cuidados é preocupação

Presidente do Núcleo de Apoio e Inclusão do Autista (Naia), uma organização não-governamental criada na capital em 2016 por uma associação de pais, Marcelo Oliveira explica que sempre recebe pedidos de orientação sobre como proceder em casos de negativas para matrículas. "Hoje o número de escolas que recusam alunos autistas é mínimo, mas temos, sim, muitos problemas com a falta de suporte. Alunos que ficam andando no pátio, sem apoio de um profissional, e outros que chegam ao 9º ano sem saber ler e escrever."

Para Marcelo Oliveira os pais devem, sim, denunciar escolas que se negam a receber estudantes com TEA, mas partir para uma próxima. "Normalmente elas não recusam a matrícula, quando falamos de autismo a vaga termina no meio da entrevista. Como insistir e brigar pela vaga e depois gerar uma insegurança emocional? Será que haverá zelo e cuidado com nossos filhos?", questiona.

Em seus primeiros anos, o Naia tentou atuar mais enfaticamente na defesa dos direitos dos autistas, mas com o tempo, em razão da baixa adesão dos pais, decidiu focar na psicoterapia e na arte. Atualmente, cerca de cem crianças com TEA são atendidas na sede do Naia, dentro do Parque Areião, e fazem apresentações periódicas em espaços culturais da capital.

Você se interessou por essa matéria?

Acessar conta

É só colocar login e senha e acessar o melhor jornalismo de Goiás.

Criar conta gratuita

É só registrar seu e-mail para ter acesso a 3 matérias por mês, sem pagar nada por isso.

Assine O Popular digital

R$ 9,90 Mensais

Desconto para assinatura digital no primeiro mês

Newsletter

Escolha seus assuntos favoritos e receba em primeira mão as notícias do dia.

Notícias do Atlético

Notícias do Goiás E. C.

Notícias do Vila Nova

Destaques do Impresso

Podcast Giro 360

Economia Goiana

Edição de Domingo

Crônicas da Semana

IcCidade

Cidades

Mãe recebe alta e vai ao enterro das filhas que morreram em acidente de ônibus

Devido ao estado de saúde da professora e a complexidade do transporte dos corpos para Goiás, Laura e Lorena foram sepultadas em Araguari, Minas Gerais

Laura Costa de Negreiros, de 6 anos, e Lorena Costa de Negreiros, 2, estão entre os 11 mortos no acidente (Divulgação/PMR-MG e redes sociais)

Laura Costa de Negreiros, de 6 anos, e Lorena Costa de Negreiros, 2, estão entre os 11 mortos no acidente (Divulgação/PMR-MG e redes sociais)

A mãe das crianças que morreram em um acidente de ônibus , que saiu de Goiás e tombou em uma rodovia de Minas Gerais, recebeu alta e conseguiu acompanhar o enterro delas na manhã desta quinta-feira (10). A professora Luana Costa estava internada com o bebê de 6 meses, no Hospital Universitário Sagrada Família (Husf), em Araguari (MG). Ela e o filho estão entre os 36 feridos no acidente.

🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp

De acordo com a secretária de saúde de Minas Gerais, Thereza Cristina Griep, Luana e o filho estavam internados desde a terça-feira (8) no hospital universitário. Ela passou por uma cirurgia na clavícula nesta quarta e recebeu alta pouco antes do enterro das filhas, às 10h desta quinta. O bebê também foi liberado.

A família, que viajava para São Paula onde visitariam os pais de Laura, é moradora de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, mas segundo a tia das meninas, Nataly Negreiros, o sepultamento aconteceu em Minas Gerais, devido ao estado de saúde de Luana e a dificuldade no traslado dos corpos de Laura e Lorena Costa de Negreiros, de 6 e 2 anos, para Goiás.

Luana acabou de receber alta e não teria como ir se fosse em Trindade. Além de a locomoção dos corpos ser muito delicada por conta do estado em que estavam. Então, a família foi para lá [MG]", detalhou a tia.

Comoção

Luana era professora de uma escola particular de Trindade, que divulgou uma nota de pesar e informou que Laura foi aluna da unidade.

Que o sorriso delas seja lembrado como um raio de sol que aqueceu os corações de quem teve o privilégio de conviver com elas", escreveu a direção (veja íntegra da nota ao final desta reportagem).

A Prefeitura de Trindade também publicou e enviou para a reportagem um comunicado de pesar. "Uma perda irreparável que atinge de forma dolorosa toda a nossa cidade" (veja íntegra da nota ao final deste texto).

Tragédia

Imagens do ônibus tombado na rodovia (Divulgação/Polícia Militar Rodoviária)

Imagens do ônibus tombado na rodovia (Divulgação/Polícia Militar Rodoviária)

Laura e Lorena estão entre os 11 mortos na tragédia. Todas as vítimas viajavam em um ônibus da empresa Real Expresso, aconteceu por volta das 3h30 de terça-feira (7), a cerca de 25 quilômetros de Araguari na região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais.

Segundo a polícia, o veículo havia partido de Anápolis (GO) às 20h30 da última segunda-feira (6), com destino a São Paulo. Antes fez paradas em Goiânia e Caldas Novas. Uma outra parada estava programada para Araguari, cidade mineira, às 2h20.

A Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais (PMR-MG) relatou que o motorista afirmou ter passado por um radar na MG-413 dentro da velocidade permitida, cerca de 150 metros antes do trevo onde ocorreu o tombamento. Em seguida, ele disse ter visto um vulto no retrovisor e, ao tentar evitar um possível choque, freou bruscamente, fazendo o ônibus colidir com o canteiro e capotar.

O local, segundo o tenente do pelotão da PMRv, Marcelo Sousa, responsável pela área onde o veículo tomou a PMRv, o local não possui histórico de acidentes por estar equipado com radares. O motorista foi ouvido pela Polícia Civil de Minas Gerais (PC-MG) e liberado.

A PC-MG informou nesta quarta que as investigações seguem em andamento "para esclarecer as causas do grave acidente envolvendo um ônibus de viagem, registrado na madrugada desta terça-feira (8/4), na rodovia AGR-0747, trecho da MG-223, em Araguari, no Triângulo Mineiro".

Vítimas

Segundo testemunhas, várias pessoas foram arremessadas para fora do veículo. Os feridos foram encaminhados a diversos hospitais da região, mas os nomes e estados de saúde não foram divulgados pelas autoridades. Segundo a secretaria de saúde da cidade, quase todos receberam alta, inclusive uma gestante que precisou de uma cirurgia de emergência. Apenas uma mulher segue em internada em estado grave.

Sobrevivente

O acidente aconteceu por volta das 3h15 desta terça-feira (8) na rodovia MG-223, no Km 134, em Minas Gerais. Thiago Rocha minutos antes de entrar no ônibus, em Goiânia (Divulgação/PMRv e Arquivo pessoal/Thiago Rocha)

O acidente aconteceu por volta das 3h15 desta terça-feira (8) na rodovia MG-223, no Km 134, em Minas Gerais. Thiago Rocha minutos antes de entrar no ônibus, em Goiânia (Divulgação/PMRv e Arquivo pessoal/Thiago Rocha)

Thiago Rocha, de 41 anos, foi um dos sobreviventes do acidente com o ônibus da viação Real Expresso que tombou na MG-223, em Minas Gerais, segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Thiago relatou que o ônibus entrou no trevo em alta velocidade e que, em poucos segundos, ele foi lançado da poltrona onde estava, mesmo usando cinto de segurança. Após recuperar os sentidos, ouviu gritos de socorro e, junto com outros passageiros, ajudou a quebrar os vidros de janelas para resgatar feridos.

Eu travei. Comecei a chorar porque eu vi realmente como estava as pessoas. Pessoas em cima de pessoas, pedaço de braço, pedaço de perna. Então foi muito difícil. Foi uma cena bem forte, impactante. Eu já perdi a conta de quantas vezes caí em lágrimas daquela hora até agora", relatou ao POPULAR .

O acidente aconteceu por volta das 3h15 desta terça-feira (8) na rodovia MG-223, no Km 134, em Minas Gerais. Thiago Rocha minutos antes de entrar no ônibus, em Goiânia (Divulgação/PMRv e Arquivo pessoal/Thiago Rocha)

O acidente aconteceu por volta das 3h15 desta terça-feira (8) na rodovia MG-223, no Km 134, em Minas Gerais. Thiago Rocha minutos antes de entrar no ônibus, em Goiânia (Divulgação/PMRv e Arquivo pessoal/Thiago Rocha)

Atrasos e excesso de velocidade

undefined / Reprodução

O sargente da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-GO), Amador Júnior disse ao POPULAR que sobreviventes relataram que o motorista dirigia o ônibus em alta velocidade .

Nesta quarta-feira (9), a empresa foi procurada pelo jornal O POPULAR para comentar sobre as denúncias de excesso de velocidade, mas não respondeu até a última atualização da reportagem.

Por nota divulgada na terça-feira, a Real Expresso afirmou que o atraso na partida ocorreu dentro da normalidade, devido a paradas programadas. A empresa acrescentou que o ônibus havia passado por manutenção preventiva e corretiva, e o motorista estava descansado. A troca de condutor estava prevista apenas em Uberaba, a cerca de 170 km do local do acidente. A viação declarou não operar com motoristas em dupla, mas sim com substituições ao longo do percurso, para garantir a segurança dos profissionais.

A empresa também informou que os discos do tacógrafo e as imagens das câmeras internas do veículo foram entregues às autoridades. Conforme a Real Expresso, o sistema de telemetria não identificou condutas fora dos padrões de segurança. Ainda assim, afirmou que tomará medidas cabíveis caso alguma irregularidade seja constatada. Desde o acidente, equipes especializadas foram mobilizadas para apoiar vítimas e familiares, com um canal de atendimento 24 horas disponível pelo número 0800 728 1992.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), também por nota, lamentou o ocorrido e confirmou que o ônibus estava com toda a documentação e registros em dia para o transporte interestadual de passageiros. O veículo possuía seguro de Responsabilidade Civil (RC), Certificado de Segurança Veicular (CSV) válidos e cronotacógrafo aferido. A ANTT informou ainda que acompanha o caso junto a outros órgãos e instaurou um processo administrativo para monitoramento e apoio às investigações.

Íntegra da nota da escola

É com imenso pesar que comunicamos o falecimento das pequenas Laura e Lorena, filhas da nossa querida professora Luana, vítimas do trágico acidente com ônibus com destino a São Paulo, ocorrido na madrugada de hoje.

Laura foi nossa aluna, o que torna essa perda ainda mais profunda e dolorosa para nós.

"Que o sorriso delas seja lembrado como um raio de sol que aqueceu os corações de quem teve o privilégio de conviver com elas."

Estejam orando pela família da nossa professora Luana, ela segue internada e vai passar por uma cirurgia, seu bebê Dante está bem!

Íntegra da nota da Prefeitura de Trindade

A Prefeitura de Trindade manifesta, com profundo pesar, sua solidariedade às vítimas do grave acidente ocorrido na madrugada desta terça-feira (08/04), na rodovia MG-223, entre Araguari e Tupaciguara, no Triângulo Mineiro. A tragédia, que envolveu um ônibus da viação Real Expresso, deixou 11 mortos e dezenas de feridos, causando grande comoção em todo o país.

Entre as vítimas fatais, infelizmente, estão duas crianças trindadenses, de apenas 2 e 6 anos de idade. Uma perda irreparável que atinge de forma dolorosa toda a nossa cidade.

O prefeito de Trindade Marden se solidariza com os familiares neste momento de imensa dor e tristeza, e reforça o compromisso da gestão municipal em prestar todo o apoio necessário às famílias enlutadas. Que Deus conforte os corações de todos os que sofrem com esta tragédia.

Prefeitura Municipal de Trindade

Você se interessou por essa matéria?

Acessar conta

É só colocar login e senha e acessar o melhor jornalismo de Goiás.

Criar conta gratuita

É só registrar seu e-mail para ter acesso a 3 matérias por mês, sem pagar nada por isso.

Assine O Popular digital

R$ 9,90 Mensais

Desconto para assinatura digital no primeiro mês

Newsletter

Escolha seus assuntos favoritos e receba em primeira mão as notícias do dia.

Notícias do Atlético

Notícias do Goiás E. C.

Notícias do Vila Nova

Destaques do Impresso

Podcast Giro 360

Economia Goiana

Edição de Domingo

Crônicas da Semana

IcCidade

Cidades

Ex-aluno é condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de professora

Ele também responde por lesão corporal grave e ameaça contra o filho da professora, com pena total de 21 anos e 9 meses de prisão

Professora atuava na educação há quase 40 anos.

Professora atuava na educação há quase 40 anos. (Reprodução/Redes Sociais)

O ex-aluno Henrique Marcos Rodrigues de Oliveira foi condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato da professora Cleide Aparecida dos Santos . Por ter esfaqueado o filho dela, Anício Nonato da Silva Júnior, Henrique vai responder por mais um ano e nove meses de reclusão. Somadas as penas, o ex-aluno foi condenado a 21 anos e nove meses de prisão e um mês e 15 dias de detenção - que pode ser cumprido em regime semiaberto ou aberto.

🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp

Henrique foi levado a júri popular nesta quarta-feira (9) , no Fórum de Inhumas, município que fica na Região Metropolitana de Goiânia. De acordo com a sentença, o ex-aluno responde por homicídio qualificado - crime cometido contra Cleide - lesão corporal grave e ameaça - contra Anício.

O POPULAR tentou contato com a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), que representa o acusado, por e-mail, para saber se a defesa vai recorrer da sentença e qual o posicionamento inicial, mas não obteve retorno. Antes do julgamento, a defensoria informou que não comentaria o caso.

Sobre o crime:

Professora atuava na educação há quase 40 anos. (Reprodução/Redes Sociais)

Professora atuava na educação há quase 40 anos. (Reprodução/Redes Sociais)

Cleide foi assassinada na madrugada do dia 24 de agosto de 2022 , após ter a casa invadida por Henrique, que fica no Bairro Anhanguera, em Inhumas. Conforme a investigação, o rapaz confessou ter matado a professora como forma de vingança por ela o repreendê-lo por mau comportamento, incluindo a venda de drogas, enquanto estudava na escola em que ela era gestora.

As desavenças teriam começado anos após Henrique deixar o Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, em Inhumas, unidade de ensino fundamental gerida por Cleide. Conforme apurou o POPULAR , o homem foi aluno do local em 2014, quando conviveu com a educadora. Mesmo após a saída, no entanto, a convivência indireta foi mantida, já que a casa de Henrique Marcos fica a duas quadras do colégio.

No entanto, na época do crime, a professora já não estava trabalhando na unidade próxima à residência de Henrique Marcos. Conforme registro da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Cleide estava atuando como professora assistente no Centro de Ensino em Período Integral Horácio Antônio de Paula, que fica a mais de três quilômetros da casa do homem acusado pelo assassinato e da escola em que o desafeto teria surgido.

Segundo a denúncia do Ministério Público, Henrique Marcos confessou à Polícia Militar (PM) que consumia e vendia drogas perto e até dentro da escola, situação que fazia com que Cleide o advertisse frequentemente. Isso teria feito com que ele criasse um ressentimento por ela e o desejo de vingança . Além disso, no dia anterior ao homicídio, Henrique tentou invadir a casa de Cleide, mas foi interrompido pelo filho dela, que acionou a polícia. Porém, na madrugada do dia 24, Henrique voltou, quebrou a porta e invadiu a casa.

De acordo com a polícia, ele esfaqueou Cleide com aproximadamente 17 golpes enquanto ela tentava fugir, e também esfaqueou o filho dela, que tentou protegê-la. Cleide chegou a ser levada a uma Unidade de Pronto Atendimento, mas não resistiu. Um vídeo mostra o ex-aluno fugindo da casa da professora após matá-la (assista abaixo).

Você se interessou por essa matéria?

Acessar conta

É só colocar login e senha e acessar o melhor jornalismo de Goiás.

Criar conta gratuita

É só registrar seu e-mail para ter acesso a 3 matérias por mês, sem pagar nada por isso.

Assine O Popular digital

R$ 9,90 Mensais

Desconto para assinatura digital no primeiro mês

Newsletter

Escolha seus assuntos favoritos e receba em primeira mão as notícias do dia.

Notícias do Atlético

Notícias do Goiás E. C.

Notícias do Vila Nova

Destaques do Impresso

Podcast Giro 360

Economia Goiana

Edição de Domingo

Crônicas da Semana

IcEsporte

Esporte

Presidente do Goianésia chegou a receber proposta de até R$ 500 mil de comissão para interferir em resultados do time

Segundo ele, investigado ofereceu pagamentos também por indicações de outros clubes. Pelo menos seis pessoas foram presas durante cumprimentos de mandados em seis estados

Delegado Marco Antônio Maia disse que foi procurado por aliciador de esquema criminoso (Divulgação/PC-GO e redes sociais)

Delegado Marco Antônio Maia disse que foi procurado por aliciador de esquema criminoso (Divulgação/PC-GO e redes sociais)

O presidente do Goianésia Esporte Clube e delegado de polícia Marco Antônio Maia contou que chegou a receber uma proposta de quase R$ 500 mil para interferir nos resultados do time. Ele foi autor da denúncia que deu início à Operação Jogada Marcada , da Polícia Civil de Goiás (PC-GO). Marco Antônio, que dirigiu o time de 2018 a 2024, lembra que os valores ofertados pelo suspeito variavam bastante e eram "altos".

Foram tantos valores... que variavam bastantes as ofertas. Tinham época que era R$ 300 mil, R$ 400 mil, R$ 500 mil...", recorda o delegado.

O POPULAR não conseguiu contato das defesas dos suspeitos até a última atualização desta reportagem.

🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp

A operação policial foi deflagrada na quarta-feira (9) e investiga uma suposta organização criminosa que seria especializada na manipulação de resultados em partidas de futebol. De acordo com a polícia, a apuração aponta para fraudes que podem ter movimentado cerca de R$ 11 milhões, inclusive por meio de plataformas de apostas digitais.

O delegado, que coordena a operação, Eduardo Gomes, indicou que o suposto investigado ao procurar o time goiano tinha a intenção de aliciar primeiramente os clubes da Série D do Campeonato Brasileiro e depois avançar para as demais divisões dos campeonatos, por meio de indicações de dirigentes.

Por coincidência, o telefone do presidente consta como se fosse a secretaria. Então, provavelmente, esse aliciador acessou o site do Goianésia, pegou o telefone do presidente sem saber se ele seria um delegado de polícia", suspeita o delegado.

Nesse esquema, a polícia investiga o envolvimento de jogadores, treinadores e dirigentes de times. Ao todo, foram cumpridos 16 medidas judiciais, entre as quais mandados de prisão e de busca e apreensão em seis estados brasileiros: Goiás, Paraíba, Ceará, Espírito Santo, Maranhão e Pernambuco.

Delegado Eduardo Gomes, responsável pela Operação Jogada Marcada, em Goiás (Diomício Gomes/O Popular)

Delegado Eduardo Gomes, responsável pela Operação Jogada Marcada, em Goiás (Diomício Gomes/O Popular)

A polícia relatou que desses presos: dois são suspeitos de serem aliciadores; um ex-jogador; um árbitro (D'Guerro Xavier, da Paraíba); um ex-presidente de clube (Ivan Barros, do Crato-CE) e um financiador.

Conforme Marco Antônio, a investigação PC de que uma organização manipulava resultados no futebol começou em 2023, embora ele tenha sido procurado pelo suspeito em 2021, quando ele revelou que registrou uma denúncia ao Ministério Público de Goiás (MP-GO). Contudo, ele acredita que devido ao período da pandemia de Covid-19, a denúncia não teve andamento dentro do órgão.

O POPULAR entrou em contato com o MP-GO, por e-mail, às 7h45, para obter informações sobre essa primeira denúncia feita pelo dirigente, mas apenas recebeu um aviso automático de que a demanda será respondida no horário de expediente: entre 12h e 19h. Na quarta-feira (9), órgão chegou a responder que nesta atual operação "não tem nenhuma relação" (veja íntegra da nota ao final deste texto).

Em Goiás

Ao POPULAR , o dirigente e policial revelou que as manipulações que lhe foram sugeridas poderiam alcançar até R$ 1 milhão e envolviam desde a quantidade de cartões aplicados a jogadores até os resultados das partidas --- como vitória, empate ou derrota --- além do número de gols marcados.

Esses valores dependiam muito do tanto que eles conseguiriam arrecadar", pontuou Marco Antônio.

Além das "comissões" por resultados dos jogos, o delegado relatou que o investigado prometia ainda pagamentos extras por indicações de outros times, que aceitassem entrar no esquema. O delegado disse que uma vez que o dirigente topasse fazer parte da organização receberia também valores financeiros. "Só que acabou que não indiquei ninguém", frisa Marco Antônio.

Imediatamente, eu procurei a direção da PC-GO. Como eu era presidente de um clube e delegado, para dar total transparência às investigações e imparcialidade, optei por não dar continuidade às investigações e repassar para a delegacia. Fui ouvido como testemunha, fiz a ocorrência e juntei todo o material que tinha", apontou Marco Antônio.

Entenda a investigação

Presidente executivo do Goianésia entre 2018 e 2024, Marco Antônio Maia disse que não atuou diretamente na investigação, mas acompanhou o caso de perto por conta da sua gestão do clube.

Eu tenho capacidade técnica e jurídica para fazer a investigação, mas sempre pautando pela transparência... eu nunca fiz uma investigação contra esse pessoal", explicou o delegado sobre ser testemunha no caso.

A situação do delegado é semelhante com as denúncias feitas pelo presidente do Vila Nova e major da Polícia Militar de Goiás (PM-GO), Hugo Jorge Bravo, que resultaram na Operação Penalidade Máxima, iniciada em fevereiro de 2023.

Por coincidência, tem vários dirigentes esportivos brasileiros que são policiais, mas aqui em Goiás eles deram azar que era logo eu no Goianésia e o Hugo no Vila, o que repercutiu. O Hugo é meu amigo pessoal. Ele já sabia dessa operação, eu contei para ele, trocamos informações", revelou Marco Antônio.

Print com o nome de um dos grupos usados pelos investigados suspeitos de manipulação de jogos. Mandados foram cumpridos em seis estados (Divulgação/Polícia Civil)

Print com o nome de um dos grupos usados pelos investigados suspeitos de manipulação de jogos. Mandados foram cumpridos em seis estados (Divulgação/Polícia Civil)

No entanto, para o delegado, muitos dirigentes não registram as denúncias por medo de represálias ou por não saberem lidar com a complexidade do problema. Entre 2023 e 2024, a Operação Penalidade Máxima chegou a investigar e indicar fraudes em jogos de diversos Estaduais e das séries A e B do Campeonato Brasileiro. Conforme a polícia, o esquema era aliciar jogadores para cometer pênaltis, receber cartões ou manipular resultado para favorecer apostas esportivas.

São esses dois pontos. Primeiro, o Vila Nova e o Goianésia são dois times sérios, e a segurança jurídica que temos de poder fazer uma denúncia dessa, pois estamos acostumados a mexer com crime organizado. Isso é um crime organizado, com ramificações não só no Brasil, mas no mundo inteiro. É uma máfia", declarou o delegado.

Ele ressaltou que clubes menores, como o Goianésia, são mais vulneráveis a esse tipo de abordagem por conta da limitação de recursos.

Nesse caso aí, R$ 500 mil para o Goianésia é muito mais dinheiro do que chegar no Flamengo e oferecer R$ 500 mil. Na Copa do Brasil, só a premiação (do Flamengo) já é R$ 3 milhões. Aqui fica mais fácil porque, em tese, cairia em uma tentação mais fácil, mas não foi o que aconteceu com o Goianésia", afirmou o delegado.

Para ele, essa investigação é a "ponta do iceberg ".

(Coloborou Felipe Mateus Costa, do g1; e Luiz Felipe Mendes)

Íntegra da nota do Goianésia Esporte Clube

O Goianésia Esporte Clube vem a público manifestar seu total repúdio a qualquer tentativa de manipulação de resultados no futebol brasileiro.

Em 2023, o presidente do Conselho do Goianésia, Marco Antônio Maia, recebeu uma proposta de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para que o clube participasse de um esquema de manipulação de partidas do Campeonato Goiano. Diante da gravidade do fato e do compromisso ético que temos com o esporte, ele imediatamente comunicou as autoridades competentes, contribuindo diretamente para o desencadeamento da Operação Carta Marcada, deflagrada nesta quarta-feira, 9 de abril, pela Polícia Civil.

É importante ressaltar que, sendo também delegado de polícia, por questões de transparência e imparcialidade, Marco Antônio Maia optou por não conduzir pessoalmente a investigação, garantindo assim a integridade do processo.

O Goianésia Esporte Clube reafirma seu compromisso com a ética, a honestidade e o respeito ao futebol brasileiro. O clube não compactua com nenhuma prática que prejudique a integridade das competições e continuará colaborando com as investigações para que todos os responsáveis sejam devidamente identificados e punidos.

Seguimos firmes na defesa de um futebol limpo, competitivo e digno de sua torcida.

Goianésia Esporte Clube

Íntegra da nota do MP-GO

O MPGO não tem nenhuma relação com a referida operação nem está acompanhando seus desdobramento. Portanto, não há nenhuma colocação a ser feito sobre o assunto.

Você se interessou por essa matéria?

Acessar conta

É só colocar login e senha e acessar o melhor jornalismo de Goiás.

Criar conta gratuita

É só registrar seu e-mail para ter acesso a 3 matérias por mês, sem pagar nada por isso.

Assine O Popular digital

R$ 9,90 Mensais

Desconto para assinatura digital no primeiro mês

Newsletter

Escolha seus assuntos favoritos e receba em primeira mão as notícias do dia.

Notícias do Atlético

Notícias do Goiás E. C.

Notícias do Vila Nova

Destaques do Impresso

Podcast Giro 360

Economia Goiana

Edição de Domingo

Crônicas da Semana

IcCidade

Cidades

Idosa que viralizou após dançar com bombeiro para se acalmar em ocorrência morre em casa

Segundo o soldado Stenio, como é conhecido no Corpo de Bombeiros, a idosa, carinhosamente chamada de ‘Dona Nazaré’, teve uma infecção nos rins

Dia em que o soldado Stenio retornou à casa da idosa para entregar presentes para ela e visitá-la (Arquivo pessoal/Marco Stenio)

Dia em que o soldado Stenio retornou à casa da idosa para entregar presentes para ela e visitá-la (Arquivo pessoal/Marco Stenio)

A idosa que foi filmada dançando forró com o bombeiro militar Marco Stenio, de 24 anos, morreu em sua casa na cidade de Itaberaí, na região noroeste de Goiás. Segundo o soldado Stenio, como é conhecido no Corpo de Bombeiros, a idosa, carinhosamente chamada de 'Dona Nazaré', teve uma infecção nos rins.

🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp

Maria Nazaré Laurino, de 84 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (9) e foi velada durante a tarde. Ao POPULAR, a sobrinha da idosa, Maria Amélia, contou que o sepultamento de Dona Nazaré será às 12h desta quinta-feira (10).

Ela recebeu alta da UTI no dia 8. Eu cheguei com ela a noite em casa, aí no dia 9 ela faleceu. Ela faleceu comigo trocando a fralda dela", contou.

O soldado contou ao POPULAR que estava em serviço ontem (9) na cidade e foi até o velório da idosa.

Relembre o caso

undefined / Reprodução

No dia 28 de dezembro de 2024, a equipe do Corpo de Bombeiros de Itaberaí foi acionada pois a idosa estava muito nervosa e se recusava a conversar com qualquer pessoa. AO POPULAR , o soldado Stenio relatou que ao chegar na casa de Dona Nazaré ela se escondeu, mas o bombeiro tentou se aproximar dela, pediu licença e disse que gostaria de ouvi-la para entender o que estava acontecendo.

Durante essa tentativa de abordagem eu percebi que tinha uma caixinha de som perto dela e eu perguntei: 'a senhora gosta de música? Qual estilo a senhora gosta?' Então ela falou que gostava de forró", disse.

Naquele momento, Stenio contou que conseguiu convencê-la a dançar e que agiu com o coração para conduzir a situação de maneira sensível.

Eu disse pra ela: 'vamos dançar um forró, eu quero ver a senhora sorrir'. Eu consegui chegar mais próximo dela e ela começou a sorrir. Naquele momento eu ganhei meu dia. Pra mim, ser o sorriso de alguém é o meu maior presente", disse o bombeiro.

O vídeo dos dois dançando forró viralizou nas redes sociais (assista acima) . Dias após o ocorrido, o soldado esteve na casa da idosa visitando-a para saber como Dona Nazaré estava e entregar flores que havia ganhado de um casal que pediu a ele que levasse até a idosa.

Vídeo mostra momento em que bombeiro dança com uma idosa, em Itaberaí (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Vídeo mostra momento em que bombeiro dança com uma idosa, em Itaberaí (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Você se interessou por essa matéria?

Acessar conta

É só colocar login e senha e acessar o melhor jornalismo de Goiás.

Criar conta gratuita

É só registrar seu e-mail para ter acesso a 3 matérias por mês, sem pagar nada por isso.

Assine O Popular digital

R$ 9,90 Mensais

Desconto para assinatura digital no primeiro mês

Newsletter

Escolha seus assuntos favoritos e receba em primeira mão as notícias do dia.

Notícias do Atlético

Notícias do Goiás E. C.

Notícias do Vila Nova

Destaques do Impresso

Podcast Giro 360

Economia Goiana

Edição de Domingo

Crônicas da Semana