Quando ouviu pela primeira vez que o filho poderia “se formar” e deixar a escola, a dona de casa Cilamar Nunes de Oliveira Carneiro, de 50 anos, não entendeu o que aquilo significava. O filho dela, de 29 anos, é autista severo, não é alfabetizado e frequenta o Colégio Estadual Florescer, unidade da rede estadual voltada à educação especializada, para socialização e acompanhamento. “Ele não aprende conteúdo como uma criança típica. Ele não verbaliza. Ele está aqui para conviver, para ter rotina, para ter cuidado. Como assim formar?”, questiona. A dúvida de Cilamar é a mesma que passou a angustiar 63 famílias atendidas pela unidade, depois que alunos com deficiências chegaram à chamada “terminalidade”, ou seja, o fim da escolarização especial. Com o encerramento do ano letivo, parte desses estudantes não teve a matrícula renovada no sistema estadual de ensino, o que gerou insegurança sobre o que acontecerá a partir do próximo ano.