A partir de 2022, os usuários do sistema metropolitano de transportes coletivos de Goiânia poderão pagar meia tarifa para usar o serviço no caso de deslocamentos curtos, de até cinco quilômetros (km). Esta é a primeira ideia que vem sendo discutida na Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) com relação ao fim da tarifa única no sistema, em que o passageiro paga atualmente R$ 4,30 a cada trajeto realizado. A medida será aplicada para toda a região metropolitana, mas ainda está em fase de testes para verificar a sua aplicação e se não vai incorrer em prejuízo operacional e financeiro.Ainda não se sabe, por exemplo, se o serviço seria aplicado apenas se o passageiro estiver em um mesmo veículo ou se poderá fazer integração, desde que mantenha a distância definida. Já se sabe, no entanto, que o benefício não seria acumulativo em um mesmo trajeto, ou seja, seria metade da tarifa, o que hoje ficaria em R$ 2,15, nos primeiros cinco km e a partir de então cobraria mais uma tarifa cheia para o complemento. A ideia é com base na criação de anéis tarifários, mas não seria em um ponto fixo, justamente para beneficiar todos os usuários. Assim, o anel é criado a partir da entrada do usuário no sistema e, caso ande apenas cinco km, o custo seria de meia tarifa.O presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, falou sobre a medida na manhã desta quinta-feira (9), durante o início da operação com as novas opções de pagamento das tarifas, em que os usuários poderão utilizar cartões de crédito e de débito dentro dos veículos e terminais, com a tecnologia de aproximação. Ao POPULAR, Abreu confirmou que a ideia de tarifa flexível que está em discussão é o projeto da meia tarifa para curtas distâncias. “É um usuário que o sistema perdeu nos últimos anos, esses que andam pouco, em curtas distâncias, de até cinco quilômetros. Queremos incentivar esse tipo de deslocamento, ainda mais com a tecnologia facilitando a entrada no sistema, com os pagamentos por cartões”, diz.A proposta ainda precisa ser fechada tecnicamente e há questões a serem resolvidas. Uma delas é com relação aos usuários das cidades metropolitanas ou mesmo das periferias da capital. Em uma simulação feita pelo POPULAR, os estudantes, professores e demais servidores do Câmpus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG) só pagariam a meia tarifa se fossem até o Setor Santa Genoveva. Por outro lado, quem sai da Praça Cívica, no Centro da capital, poderia chegar até o final do Setor Bueno, via Avenida 85/S-1, pagando a metade da tarifa atualmente. Do mesmo ponto de partida, também se chegaria aos setores Jardim América, Jardim Goiás e Campinas, por exemplo.Ou seja, há uma discussão do quanto o usuário da periferia seria beneficiado com o novo serviço, visto que haveria poucos polos atrativos a partir dos bairros mais distantes, como Jardins do Cerrado ou Orlando de Moraes. Mas há o argumento de que não haveria prejuízo a esses usuários de longas distâncias, visto que a tarifa se manteria em R$ 4,30 por três anos consecutivos, mesmo com alta de inflação e de combustíveis e aumento de salário dos motoristas. O novo serviço, portanto, seria mais um atrativo ao sistema, até mesmo na tentativa de angariar novos usuários.IntegraçãoJá para os passageiros que utilizam longas distâncias, o projeto que deve ser implantado a partir do ano que vem é o bilhete único, que permitirá a integração do sistema em qualquer veículo ou terminal. Atualmente, para o passageiro fazer a baldeação sem pagar uma nova tarifa é necessário ir até os terminais, o que muitas vezes gera um maior trajeto e tempo gasto na viagem. Com o novo serviço, será possível fazer isso em qualquer ponto de embarque. A proposta é semelhante ao Ganha Tempo, que operou na região metropolitana entre o fim de 2013 e o início de 2014.Na ocasião, por um período de até 2h30, o usuário poderia usar até três ônibus com uma mesma passagem. O bilhete único consta no projeto de governo do então candidato Maguito Vilela (MDB) à Prefeitura de Goiânia, falecido em janeiro deste ano, quando assumiu de vez o cargo o então vice-prefeito, Rogério Cruz (Republicanos). A proposta continuou no radar da política de mobilidade de Cruz e deve ser implantada no próximo ano.O prefeito também, desde janeiro, já falava da necessidade de implantar um serviço para os usuários de curtas distâncias, o que deve ocorrer com a implantação da meia tarifa para deslocamento até cinco km. À época ele dizia ser injusto o morador de Goiânia pagar o mesmo valor para se locomover dentro da cidade, como da Praça Cívica à Praça da Bíblia, enquanto que o usuário de outras cidades, como Nerópolis e Bela Vista, andava mais pelo mesmo preço. Sistema espera aprovação de lei para mudançasO presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Tarcísio Abreu, ressalta que todas as mudanças no sistema de transportes da região metropolitana de Goiânia só serão possíveis com a aprovação do projeto de lei do Estado de Goiás que tramita na Assembleia Legislativa sobre a reorganização do serviço. A proposta ainda está na Comissão Mista da Casa, onde chegou no dia 1º deste mês. A expectativa é que ele possa andar a partir da próxima semana e seja aprovado ainda neste ano, para que as mudanças ocorram em 2022.O projeto propõe alterações na governança do sistema, desde o método de aprovação do valor das tarifas, cujo cálculo passaria a ser feito pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) e não necessitaria de homologação, até a composição da CMTC e da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), que hoje é quem necessita aprovar os reajustes tarifários. Além disso, haveria a instituição do subsídio ao sistema, em que Estado, Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo arcaria com parte da operação do serviço.Neste caso, seria criada uma tarifa técnica, que teria o preço necessário para operar todo o serviço, como a meia tarifa para curtas distâncias e o bilhete único, e uma tarifa pública, que seria a contrapartida a ser paga pelo usuário. A ideia é que, para 2022, essa parte dos passageiros seja mantida em R$ 4,30, e o restante seja de responsabilidade do poder público. Para Abreu, o foco da CMTC agora é trabalhar para a aprovação da lei. “Estamos juntos com o Estado e com a Prefeitura de Goiânia para aprovar ainda neste ano.”-Imagem (1.2369001)