A Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), realizou uma vistoria no galpão onde funcionava o antigo Hospital Santa Genoveva, fechado desde 2016 e com falência declarada em 2019.De acordo com o delegado à frente do caso, Luziano Carvalho, a situação é muito grave. “Vamos instaurar inquérito, já que no local eram armazenadas substâncias tóxicas, perigosas, nocivas e possivelmente radioativas”, afirmou o delegado.Ele explica que a delegacia atendeu a uma requisição do Ministério Público de Goiás (MP-GO), que por sua vez recebeu denúncias de moradores sobre as condições do local.“Solicitamos a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para averiguar se havia produtos radioativos e fomos informados de que esse material já havia sido retirado. Durante a verificação, encontramos três fontes de padrão radioativos, mas que não apresentavam mais risco. Mas, e no passado? Vamos apurar isso”, relatou ao POPULAR.Ele questiona quando esse material radioativo foi retirado pela Cnen do galpão e se chegou a ficar abandonado durante algum tempo no prédio oferecendo riscos à população. Segundo Luziano, isso será investigado e adicionado ao inquérito.De acordo com delegado, apesar de os materiais já estarem com os níveis de radioatividade baixa, de modo a não apresentar mais riscos, no galpão foram encontradas outras substâncias tóxicas, infectantes, hospitalares e contaminantes. Até mesmo ampolas com amostras de sangue ainda eram mantidas no local.PrecariedadeAlém disso, o delegado também chama atenção para o risco de desabamento, já que o telhado está prestes a romper. “Até mesmo realizar a vistoria foi arriscado”, conta.Em meio aos destroços do que era o antigo hospital, foram encontradas marmitas e sobras de comida, indicando a passagem de pessoas pelo local. A polícia apura se pessoas em situação de rua moram ou transitam pelo galpão.De acordo com Carvalho, há muitos materiais inflamáveis abandonados no local, como móveis, uma grande quantidade de papéis, madeiras e outros objetos. "Tanto na parte interna quanto externa do galpão", disse.“O abandono do local está gerando problemas de ordem ecológica, estética, sanitária e de segurança. Os materiais deixados lá são potenciais vetores de doenças, riscos à saúde da população e ao meio ambiente”, reforça o delegado que ainda lembra da proximidade do prédio ao Rio Meia Ponte.Conforme o artigo 56 da Lei 9.605/1998, citado pelo delegado, armazenar, guardar ou ter em depósito substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente em desunião com as exigências da lei ou de seus regulamentos constitui crime, com pena de reclusão de um a quatro anos e multa.Após concluído, o inquérito será enviado ao Poder Judiciário, que decidirá quem e como responsabilizar.Jogo do empurra-empurraCom uma dívida de R$ 40 milhões, o Grupo Santa Genoveva teve falência decretada pelo juiz da 21ª Vara Cível de Goiânia, Átila Naves do Amaral, em 2019.As partes chegaram a entrar com recurso contra a decisão, mas o processo não chegou a ser completamente transitado em julgado. No entanto, de acordo com o advogado Ricardo Gonçalez, que representa Maíra Ludovico, uma das partes do grupo, ela desistiu de seu recurso, restando apenas a do sócio, o médico Euclides Abrão. "Por decisão judicial foi declarada a falência, sendo nomeado um síndico que, atualmente, responde pelo referido hospital", afirmou à reportagem. "Ressalta-se que a preclara decisão judicial gera efeito imediato, não tendo os recursos interpostos de efeito suspensivo. Portanto, a senhora Maíra não é mais a administradora do Hospital Santa Genoveva, não respondendo pelo mesmo nem podendo falar em seu nome", disse.Ainda de acordo com o advogado, o síndico nomeado seria o advogado Dyogo Crossara. Ao POPULAR, Crossara afirmou que Maíra Ludovico ainda é a responsável administrativa, porque a decisão ainda não foi transitada em julgado.O edifício do hospital chegou a ser disponibilizado pelo juiz Átila Naves Amaral para uso do Estado, em 2020, durante a pandemia da Covid-19, mas nunca chegou a ser utilizado.A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) para saber se em algum momento o galpão ficou sob responsabilidade administrativa do Governo Estadual e os motivos da não utilização.Em resposta, a SES-GO enviou nota afirmando que "para utilizar o Hospital Santa Genoveva para atendimento com pacientes Covid-19, teriam sido necessárias reformas, em um tempo incompatível com a urgência na oferta de serviços para atender as vítimas da pandemia" e que, atualmente, o prédio está sob gestão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).Também afirmou que a SES-GO "organizou a assistência hospitalar para o enfrentamento à pandemia, com a implantação de hospitais exclusivos para esta finalidade, os quais foram denominados como Hospitais de Campanha com leitos de enfermaria e Unidade Terapia Intensiva (UTI) exclusivos Covid-19 na rede de assistência SUS, de forma regionalizada no Estado, estruturas permanentes, de acordo com a necessidade da população".A reportagem entrou em contato com a SMS para saber se a gestão do prédio está sob responsabilidade do município e aguarda resposta. -Imagem (1.2521989)-Imagem (1.2521988)-Imagem (1.2521987)-Imagem (1.2521986)-Imagem (1.2521982)