Foi negado nesta terça-feira (12) o pedido de liberdade provisória para Ronaldo do Nascimento, de 47 anos, homem trans preso preventivamente suspeito de matar por asfixia uma idosa dentro do Hospital de Urgências do Estado de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) na última quinta-feira (7). Neuza Cândida, de 75 anos, estava internada em um leito de enfermaria e respirava por traqueostomia.A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) pediu liminarmente ontem (11) a liberdade provisória ou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares em favor do homem em situação de rua, que passou por audiência de custódia na sexta-feira (8) e teve a prisão convertida em preventiva. Os familiares de Ronaldo procuraram a Justiça e, temendo pela integridade física, informaram que ele é um homem trans. Por isso, segundo decisão da juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, ele foi encaminhado para uma “Unidade Prisional destinada ao Público LGBTQIA+, nos termos da Resolução nº 348/2020 do Conselho Nacional de Justiça”.Para o defensor público Luiz Henrique Silva Almeida, responsável pela impetração do Habeas Corpus, há ilegalidade na prisão preventiva. “Importa destacar que o acusado é primário, não havendo nenhum indício, portanto, que caso seja colocado em liberdade haverá reiteração criminosa”, ressaltou o defensor público. “Ademais, não existe nos autos qualquer indício de que o acusado, em liberdade, poderá aliciar testemunhas ou, de qualquer modo, influir maliciosamente na instrução criminal, ou se furtar a aplicação da lei penal”.No processo o defensor acrescentou uma reportagem do POPULAR que mostra que os exames realizados até agora no corpo da idosa afastam a possibilidade de morte por asfixia. De acordo o delegado de homicídios Rhaniel Almeida, os médicos legistas que atuam no caso informaram que não houve aperto, esganadura ou outra ação contundente que pudesse matar a mulher, que já estava internada em situação grave recebendo cuidados paliativos.Esses exames ainda não são de conhecimento da Justiça. Por isso a DPE-GO solicitou à Polícia Técnico-Científica acesso ao laudo da morte da idosa. “Demos um prazo de 48 horas para termos acesso e, como o mérito ainda não foi julgado pelo colegiado, acreditamos que podemos reverter a situação com o acréscimo dos exames”.Leia também:Exames em idosa morta em hospital mostram que não houve asfixiaPreso por matar paciente é morador de rua, ficou 4h no Hugo e chegou a tomar banho no localO casoEm depoimento na Central de Flagrantes, o policial militar que atendeu a ocorrência disse que uma paciente que estava na enfermaria e presenciou o fato contou a ele que o homem se dirigiu imediatamente à Neuza Cândida logo após entrar no quarto.Segundo o policial, que não teve a identidade revelada, o suspeito dizia que queria ajudar a paciente, que recusou. Em seguida, o homem em situação de rua foi para o banheiro tomar banho. Ao retornar para o quarto, Ronaldo voltou ao leito de Neuza e subiu em cima da vítima, momento em que a paciente faleceu, de acordo com o depoimento. Logo depois o suspeito foi preso em flagrante, passou por audiência de custódia na sexta-feira (8) e teve a prisão convertida em preventiva. Já Ronaldo disse que ouviu a vítima pedindo ajuda e resolveu limpar a traqueostomia, quando ela mexeu com a boca como se estivesse recusando ajuda. O suspeito disse que decidiu limpar a boca da paciente e, com o buraco da traqueostomia tapado com o dedo, provocou a morte de Neuza, sem intenção.