Os números de solicitações por internação em leitos críticos de perfil coronavírus na rede estadual de Goiás estão caindo desde a primeira semana de setembro. Um aparente aumento da média móvel de mortes nos últimos dias foi provocado por atrasos em notificações, a mas situação ainda é de queda nos índices da pandemia. No entanto, a Vigilância Epidemiológica alerta: assim como Goiás foi um dos últimos Estados a ter o pico de óbitos e casos, pode ser um dos últimos a ter o segundo aumento, que vem ocorrendo em outras unidades da federação.Para se ter uma noção da diminuição dos pedidos de internação, em meados de agosto, Goiás tinha uma média de cerca de cem pedidos de UTI por dia. No fim de outubro e duas primeiras semanas de novembro, esta média estava abaixo de 40 solicitações diárias. Os dados são do Complexo Regulador Estadual (CRE), órgão da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).Esses pedidos de internação em UTI perfil coronavírus estão caindo aos poucos, mas de forma constante, numa média de 12% a cada semana, entre setembro e a primeira semana de novembro. No entanto, na segunda semana de novembro houve um primeiro aumento desde agosto, de 11%. Os dados que a reportagem teve acesso vão de 1º de julho, momento de crescimento da pandemia no Estado, até 17 de novembro, quando houve 35 pedidos de leitos críticos.A queda nos números de solicitações de internações permitiu a desmobilização de leitos Covid em Goiás. No fim de outubro, o governo de Goiás devolveu o Hospital de Campanha (HCamp) de Águas Lindas para o governo federal. Leitos do Hospital de Urgências de Anápolis que haviam sido cedidos para pacientes com Covid-19 voltaram a ser oferecidos para outras doenças. O objetivo é que em 2021 só esteja em funcionamento o HCamp da capital.O alto número de internações de Covid-19 representava uma demanda alta no Sistema Único de Saúde (SUS) de Goiás. Em 1º de setembro, por exemplo, dos 257 pedidos de hospitalização em leitos de UTI, 106 eram para pacientes com coronavírus, 41% do total. No dia 1º de novembro, apenas 23 das 229 solicitações de leito crítico eram para pacientes com Covid-19.Superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, afirma que diversos índices demonstram a diminuição da pandemia em Goiás, mas ela pede cautela e diz que esses números podem se alterar. Flúvia lembra que Goiás foi um dos últimos Estados a ter aumento de casos e óbitos no Brasil, por isso, pode ser também um dos últimos a ter a chamada “segunda onda”, como vem ocorrendo em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e alguns estados do Nordeste. “Como fomos os últimos a ter pico, provavelmente seremos os últimos a ter aumento de casos novamente”, avalia a superintendente.Flúvia pondera que o termo “segunda onda” seria adequado se houvesse um aumento sustentado, por semanas consecutivas, que ainda não é o caso nesses Estados que vivenciam esse segundo aumento.Titular da SES-GO, Ismael Alexandrino, corrobora para a afirmação de Flúvia. “O Estado de Goiás tem delay de aproximadamente 35 dias em relação a outros Estados. Se alguns outros Estados começaram a subir agora, pode ser que na segunda quinzena de dezembro, também comecem a subir novamente os pedidos de internação em UTI aqui no Estado de Goiás. Nós estamos preparados para isso”, afirma.Alexandrino avalia que, se ocorrer, esse aumento nos números de internações será lento e gradual, diferente de como foi na primeira onda da pandemia em Goiás. Além disso, ele diz que como a rede de atenção à saúde está expandida, há condições de atender à população até a chegada da vacina, sem que tenha algum colapso do sistema de saúde.Para evitar a ocorrência deste segundo aumento, ou “segunda onda”, Flúvia diz que o Estado está aperfeiçoando o monitoramento e rastreamento de contatos, que é o isolamento de todo caso confirmado de Covid-19 e das pessoas que o doente teve contato, quebrando assim, a cadeia de transmissão da doença. “Agora, com menos casos, é a hora de fazer isso.”Além disso, a superintendente lembra que a adoção das medidas preventivas não pode ser esquecida pela população. “Cada vez mais, a gente tem visto aglomerações, pessoas não usando máscara, como se a pandemia tivesse acabado. Se isso aumentar ainda mais, podemos ter aumento de casos e uma onda pior que antes”, avalia. Secretaria associa aumento a dados represadosO aparente aumento da média móvel de óbitos por coronavírus em Goiás nos últimos dias se explica por conta da notificação de mortes represadas. É o que afirma a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, e é possível ser verificado pelos dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). A média móvel é a soma de óbitos por Covid-19 dos últimos sete dias, dividida por sete. É uma maneira utilizada por especialistas e por veículos de comunicação, como a TV Globo, para ter uma noção da pandemia em cada localidade. De acordo com Flúvia, no início do mês houve uma falha no Sivep-Gripe, sistema do Ministério da Saúde, onde são cadastrados os óbitos. “Teve instabilidade no sistema por mais de 10 dias. Como estão ficando acumulados, tem esse aumento da média móvel”, explica a superintendente. Segundo Flúvia, houve dias que nenhum óbito por Covid foi inserido no sistema, por conta dessa instabilidade. Reportagem do POPULAR já mostrou que, como a média móvel é calculada pelo dia de notificação do óbito, acabam ocorrendo algumas imprecisões tanto para mais, como para menos.Na última semana de junho, por exemplo, houve 403 mortes por coronavírus em Goiás. No entanto, na época, foram divulgados apenas 187 óbitos. O restante foi notificado nas semanas seguintes. Já no mês de setembro, havia uma diminuição na quantidade de mortes por semana, no entanto, a quantidade de casos notificados estava em alta, por causa de óbitos atrasados. Rede privadaNa semana passada, hospitais privados de São Paulo registraram aumento de internação de pacientes com coronavírus. Em reportagem do G1 do dia 18, pacientes e profissionais relataram impossibilidade de receber novos hospitalizados em três grandes hospitais privados do Estado, como o Sírio Libanês e o Albert Einstein. Em Goiás, a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade (Ahpaceg), encerrou a divulgação diária das taxas de ocupação de leitos no dia 31 de outubro. Desde março, a entidade divulgava um boletim com informações sobre o atendimento de pacientes com Covid-19.A motivação para encerrar a divulgação, segundo a associação, foi a redução do número de casos da doença. Segundo a Ahpaceg, as notificações aos órgãos de Saúde continuam e podem voltar a ser publicizadas a qualquer momento. -Imagem (1.2156359)