WEBSTORIES: Feminicídio

Goiás registrou pelo menos um feminicídio a cada seis dias em dezembro de 2025. A maioria das vítimas tinha menos de 35 anos e <a href="https://opopular.com.br/cidades/homem-e-condenado-a-67-anos-de-pris-o-apos-queimar-mulher-trans-viva-em-mineiros-1.3319967" target="_self">os assassinos usaram métodos cruéis e variados</a>, como facadas, pancadas com barras de ferro, estrangulamento e atropelamento com caminhão. A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) argumenta que o enfrentamento à violência contra a mulher tem sido uma das prioridades do governo estadual.

O levantamento foi realizado pela reportagem com base nas notícias publicadas pelo POPULAR ao longo de dezembro. Além disso, foram identificados outros três casos de tentativa de feminicídio no mesmo período. Nos últimos anos, os episódios de feminicídio cresceram em Goiás. Ao todo, em 2024, foram registrados 56 casos de feminicídio, 55,56% a mais que os 36 casos contabilizados em 2018, ano mais antigo disponível na série histórica apresentada nas estatísticas da SSP-GO. Em 2025, foram registrados 23 casos no primeiro semestre. Esse número é 9,52% maior que os 21 casos registrados no mesmo período do ano passado e 53,33% superior aos 15 registros dos seis primeiros meses de 2018.

O assassinato mais recente ocorreu no domingo (28), quando Nayara Eloá Rocha Gomes, de 34 anos, foi atropelada pelo ex-companheiro com um caminhão em Orizona, no Sudeste de Goiás. Após o crime, o suspeito abandonou o veículo em uma estrada rural e fugiu a pé para uma plantação, onde preso em flagrante. Nayara foi encontrada caída no chão e a equipe de resgate confirmou o óbito.

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Larissa Conceição foi estuprada e estrangulada (Reprodução / Instagram Larissa)

Os outros casos recentes incluem a morte de uma mulher de 48 anos, em Caldas Novas, que foi atingida com golpes de barra de ferro e estrangulada pelo companheiro; <a href="https://opopular.com.br/cidades/atendente-encontrada-morta-dentro-de-casa-foi-estuprada-e-estrangulada-pelo-companheiro-da-tia-diz-delegado-1.3352595" target="_self">Larissa Conceição Amaral, de 29</a>, estuprada e morta por estrangulamento em Águas Lindas de Goiás; Magna Fernandes de Souza Teodoro, de 31, assassinada a facadas pelo ex-marido, em Morrinhos, após crise de ciúmes; e Natali Vieira Batista, de 33 anos, morta a facadas pelo companheiro nesta sexta-feira (26), em Goiânia. Em quatro desses casos, os suspeitos foram presos em flagrante e, em alguns, chegaram a confessar os crimes. As investigações continuam sendo conduzidas pelas autoridades locais.

No dia 7 deste mês, a sequência de notícias sobre casos de feminicídio gerou uma mobilização na capital. Atos semelhantes ocorreram em outros locais do Brasil. As manifestações foram convocadas após uma sequência de crimes que ganharam repercussão nacional, incluindo assassinatos no Rio de Janeiro e em São Paulo e Santa Catarina.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/familia-de-mulher-morta-a-facadas-pelo-companheiro-esta-em-pedacos-e-cobra-por-justica-n-o-consigo-acreditar-1.3354854" target="_self">Família de mulher morta a facadas pelo companheiro está em pedaços e cobra por Justiça: 'Não consigo acreditar'</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mulher-assassinada-a-facadas-no-bosque-dos-buritis-teve-a-morte-planejada-pelo-ex-companheiro-diz-policia-1.3339008" target="_self">Mulher assassinada a facadas no Bosque dos Buritis teve a morte planejada pelo ex-companheiro, diz polícia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/esporte/goias-faz-homenagem-para-jovem-morta-em-condominio-de-goiania-quando-uma-mulher-e-assassinada-todas-somos-1.3327444" target="_self">Goiás faz homenagem para jovem morta em condomínio de Goiânia: 'Quando uma mulher é assassinada, todas somos'&nbsp;</a></div>

Doutoranda em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (UFG) e integrante da coordenação regional da mobilização nacional Mulheres Vivas, Priscila Marília Martins avalia que o cenário atual é reflexo de uma explosão da misoginia diante da movimentação e da organização das mulheres.

Ela ainda aponta para a existência de uma rede de proteção que não funciona de forma integral. “Faltam estrutura e formação”, pontua. O POPULAR já mostrou anteriormente que Goiás conta com apenas uma Deam funcionando 24 horas, a unidade estadual, localizada em Goiânia. Uma legislação federal de abril de 2023 dispõe sobre a criação e o funcionamento ininterrupto de Deams. Nesse sentido, Priscila se lembra de quando morava na região da Chapada dos Veadeiros e a delegacia regional mais próxima ficava em Formosa, a mais de 200 quilômetros de distância. “Vexatório”, critica.

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Ex-marido matou Magna Teodoro durante crise de ciúmes (Reprodução / Instagram Loja Naci)

Priscila também destaca a importância da educação no combate à violência contra a mulher e aponta que o conservadorismo no Congresso Nacional dificulta discussões relacionadas ao gênero. Um exemplo é a importância da inclusão do tema no projeto de lei que estabelece o novo Plano Nacional de Educação (PNE). “Uma piada pode virar feminicídio. Por quê? Porque não ensinamos os homens a encararem o problema que é fazer piada a respeito das mulheres”, discorre.

A especialista ainda tece uma crítica à forma como a imprensa noticia casos de feminicídio. Para ela, há uma invisibilização do crime quando as manchetes colocam a mulher como sujeito da ação, e não como vítima. “O certo é ‘homem mata mulher’ e não ‘mulher morre’. Aquilo que não é nomeado não existe”, frisa.

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<h2>SSP relata ações contra o crime</h2>

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) informou que o tema tem sido tratado de forma permanente, integrada e transversal, com ações preventivas, repressivas e de acolhimento às vítimas em todo o território estadual. Um dos exemplos apresentados pela pasta é a nova sede do Batalhão Maria da Penha, em Goiânia, além da ampliação da estrutura especializada com a implantação de três novas unidades no interior: Goiás, Rio Verde e Águas Lindas.

Conforme a SSP-GO, essa expansão fortalece a rede de proteção à mulher, garantindo atendimento especializado, humanizado e mais próximo das vítimas. No primeiro semestre de 2025, informa a pasta, foram realizadas mais de 150 mil visitas de acompanhamento, beneficiando cerca de 23 mil mulheres com medidas protetivas.

A pasta também destacou a existência do aplicativo Mulher Segura, lançado em 2023. A ferramenta permite que a mulher acione a Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) em situações de emergência, registre ocorrências, localize delegacias e batalhões próximos e acesse serviços &lt;QA0&gt; 
de proteção.

Nesse contexto, a SSP-GO ressaltou ainda o protocolo Todos por Elas, iniciativa que orienta bares, restaurantes, casas noturnas e similares sobre como agir para prevenir, identificar e acolher mulheres em situação de violência em ambientes de lazer.

A secretaria reforçou que as 26 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), além da Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem), na capital, fortalecem a investigação e o atendimento às vítimas em todo o Estado.

No âmbito das operações, a SSP-GO destacou as operações Atria e Shamar, ações conjuntas entre as forças de segurança pública com foco no combate e prevenção à violência doméstica e familiar contra a mulher, coordenadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

Pelo menos 5 mulheres foram vítimas de feminicídio em Goiás só em dezembro

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Covardia

Dias atrás deparei-me com notícias que remeteram a lembranças de situações vividas e que me conectaram as tragédias sociais, que estamos vivenciando de forma assustadora nos dias de hoje. A notícia da morte do cantor Lindomar Castilho, me fez voltar para o final da década de 1980, quando trabalhava no Posto da Polícia Civil do Hospital das Clínicas (HC).

Era comum o pronto socorro atender presos do Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás). Tenho a lembrança de uma manhã de fim de ano. O chefe do Pronto Socorro (PS), eufórico, recebendo presidiários para realizarem consultas e exames. Fazia parte do grupo, o cantor Lindomar Castilho, cumpria pena pelo crime de homicídio. Havia matado sua ex-mulher, Eliana de Gramont, a tiros, em março de 1981.

Sua presença no PS do HC, era parte do seu trabalho como reeducando do Cepaigo. Era uma espécie de enfermeiro e causou um grande alvoroço, a medida que as pessoas presentes se davam conta de que se tratava de um preso famoso! Eu, uma jovem policial sem entender a situação, diante do assassino de uma mulher e ao mesmo tempo, do rei do bolero!

Neste tempo, os crimes de violência doméstica e feminicídio eram julgados com leis brandas, como a de menor potencial ofensivo e de apelo moral e machista, com o argumento de: “matou em legítima defesa da honra”.

Trinta e nove anos depois, me deparo com a notícia da morte do cantor e o depoimento de sua filha Liliane: “ Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira …”.

Ao longo destes anos avançamos! Leis como a lei Maria da Penha e a que pune o feminicídio foram efetivadas, no entanto, não foram suficientes para mudar a realidade de violência e insegurança que nos rodeiam. Continuamos sendo mortas! O depoimento de Liliane nos coloca em um lugar que poucos acessam. A realidade dos órfãos, das famílias e do próprio assassino, impactadas pela tragédia.

Como conviver com a dor de perder aquela que te trouxe à vida? Como conviver com a dor de saber que quem tirou a vida desta pessoa, é seu pai? As primeiras referências da vida de uma pessoa; os primeiros vínculos afetivos; aqueles que deveriam ser suporte; estrutura… de repente, não mais existem!

Liliane veio a público falar da morte do pai de forma corajosa e honesta. Forte, ela deixou claro, o quão difícil foi e é conviver com esta história. Se pensarmos nos números de feminicídios atuais, mais de 1100 casos no Brasil, só este ano, é assustador perceber a dimensão da tragédia social, com centenas órfãos e órfãs, muitos sem as mínimas condições de ressignificarem suas vidas! Uma epidemia que precisa ser tratada por todos os segmentos institucionais com a seriedade necessária, com planejamento e ações para uma mudança de cultura efetiva!

Geralda Cunha é comunicadora popular, mestra em educação e ativista pelos Direitos Humanos.

Os artigos publicados não refletem a opinião de O POPULAR. Sua publicação obedece ao propósito de estimular e fomentar a diversidade e o debate de temas locais, nacionais ou mundiais.

Morre um pai, nasce um assassino!

Artigos

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Geralda Cunha

No dia 7 de dezembro, centenas de pessoas percorreram o trajeto entre a Praça Universitária e a Praça Cívica, em Goiânia, durante um ato contra a violência contra a mulher. O movimento Mulheres Vivas também ocorreu em várias capitais do País.Menos de um mês depois, O POPULAR mostra, na edição desta terça-feira (30), que essas vozes não foram ouvidas. Apenas em dezembro, houve pelo menos cinco feminicídios e três tentativas em Goiás, conforme levantamento da reportagem — os dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública (SSP) têm quase seis meses.Dois dos casos revelam o grau de barbárie que costuma marcar esses crimes. Um dia após o Natal, Natali Vieira, de 33 anos, foi morta a facadas. Ela deixa três filhos órfãos. No domingo (28), Nayara Rocha, de 34, foi atropelada e morta intencionalmente, em Orizona.Em ambos os episódios, os suspeitos eram ex-companheiros das vítimas, fato que confirma o que apontam os estudos: no Brasil, na imensa maioria das vezes, as mulheres assassinadas conheciam seus algozes.Em Goiás, os números de mortes violentas intencionais caíram nos últimos anos. Mas o Estado é ineficaz quando as vítimas da violência são mulheres.

Mulheres desprotegidas

Editorial

Matéria - Opinião - Editorial

O alerta de grande perigo pela onda de calor que assola o Brasil acabaria no fim da tarde desta segunda-feira (29), mas foi prolongado em seis estados.

Aviso de perigo segue em vigor até as 18h desta terça-feira (30) e vale para todo o estado do Rio de Janeiro e para a maior parte de São Paulo. O alerta do Instituto Nacional de Meteorologia também abrange o sul do Espírito Santo, sul e sudoeste de Minas Gerais, sul de Goiás e leste de Mato Grosso do Sul.

Santa Catarina e Paraná, que estavam no aviso anterior, foram retirados da área de risco por calor extremo, mas estão sob alerta para tempestades. Segundo o Inmet, há até as 23h59 de amanhã um alerta laranja por risco de ventos de até 100 km/h e acumulado de chuva de até 100 milímetros em 24 horas para os estados sulistas.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/capsula-do-tempo-enterrada-ha-mais-de-70-anos-e-encontrada-em-escola-de-bela-vista-de-goias-1.3355010" target="_self">Cápsula do tempo enterrada há mais de 70 anos é encontrada em escola de Bela Vista de Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/13-creches-e-escolas-municipais-de-goiania-sofrem-alterac-es-1.3355048" target="_self">13 creches e escolas municipais de Goiânia sofrem alterações</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/zeramos-a-fila-de-espera-na-rede-municipal-diz-secretaria-de-educac-o-de-goiania-1.3355052" target="_self">"Zeramos a fila de espera na rede municipal", diz secretária de Educação de Goiânia</a></div>

O alerta vermelho foi prolongado porque as projeções meteorológicas seguiram mostrando temperaturas 5°C acima da média nas regiões em questão. Há risco à saúde e moradores precisam se manter hidratados, usar roupas leves e evitar fazer exercícios ao ar livre em horários de maior incidência solar.

Apesar do prolongamento no alerta, a expectativa é de que o clima fique mais ameno nos últimos dois dias do ano. Pancadas de chuva são previstas para o começo de 2026 e a Defesa Civil de São Paulo instaurou hoje um gabinete de crise para lidar com possíveis riscos causados pelas tempestades no estado.

Na cidade de São Paulo, as máximas ficarão abaixo dos 30°C a partir da quarta-feira (31), segundo o Climatempo. Os termômetros devem ficar com máximas em 29°C até a sexta-feira (2), quando o tempo fica ainda mais ameno, com uma semana de máximas entre 22°C e 25°C.

No Rio de Janeiro, o calor intenso vai persistir até a primeira semana de 2026, segundo a MetSul. As máximas ficarão em torno de 35°C até o dia 1º de janeiro, com a "virada" do tempo vindo em seguida, segundo o órgão. Ainda na primeira semana do ano, a nebulosidade e chuva frequente devem amenizar o tempo.

Alerta de perigo por calor extremo é prolongado em seis estados brasileiros

Alerta de perigo por calor extremo é prolongado para Goiás e mais cinco estados

CUIDADO