A Justiça mandou soltar o primeiro sargento da PM Tiago Borges Dwornik, de 45 anos, três meses após ele ter sido preso em flagrante com drogas e balanças de precisão em sua residência durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão relacionado a um inquérito em que ele e outro policial são investigados pela morte de um casal em junho de 2019. Tiago foi liberado após a audiência de instrução e julgamento no processo ligado ao material apreendido.Na casa do sargento, a Polícia Civil havia encontrado 2,1 quilos de maconha, 400 gramas de cocaína e uma pílula de ecstasy, além de oito balanças de precisão, notas falsas de R$ 50, um simulacro de arma de fogo e munições de diversos calibres. Ao ser interrogado durante a audiência, Tiago afirmou que a droga era para consumo próprio, pois devido a peculiaridades específicas do trabalho realizado no serviço de inteligência no batalhão em que estava lotado acabou se tornando usuário de entorpecentes. O sargento argumentou que está há 25 anos na corporação, sendo que 19 destes dedicados ao serviço de inteligência da PM-GO, que é uma área muito pressionada, com muitas cobranças, que às vezes tinha de ficar infiltrado e que acabou fazendo uso de drogas e se tornando dependente químico. Já sobre as balanças de precisão, Tiago disse que era um material apreendido durante ações policiais que estava recolhido na sala da equipe de inteligência no batalhão em que atuava e que uma vez um comandante mandou retirar tudo de lá e então ele decidiu levar para casa.A prisão de Tiago, em 15 de maio, foi por acaso, pois a Polícia Civil não esperava encontrar as drogas e as balanças em sua residência. Em junho, O POPULAR mostrou com exclusividade que o sargento estava sendo investigado junto com o terceiro sargento Paulo Henrique Aires Campos, de 36 anos, pela morte de Yuri Heymbeeck Coelho de Paula e Silva, o Japinha, de 20 anos, e Laryssa Eduarda dos Santos Moreira, de 17. Os corpos do casal de namorados foram encontrados carbonizados em um carro em uma estrada vicinal na saída de Goiânia para Abadia de Goiás.Ao pedir a busca e apreensão na casa dos policiais, o delegado Ernane de Oliveira Cazer, adjunto da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), afirmou que Yuri era informante de Tiago e Paulo Henrique em um esquema no qual o jovem entregava outros criminosos e os policiais dividiram com ele o material apreendido. A morte do casal teria sido motivada por uma desavença entre Yuri e os policiais, após estes dois terem ficado com R$ 400 mil recolhidos em uma abordagem feita a partir de uma informação repassada pelo jovem. Laryssa não tinha relação com o esquema.A juíza Sylvia Amado Pinto Monteiro, da 1ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, aceitou o pedido da defesa de Tiago para soltá-lo por entender que neste momento do processo não há mais motivo para mantê-lo preso e que o sargento não representa risco à ordem pública. Ela determinou apenas que o policial se apresente à Justiça a cada dois meses. “Não consta que queira atentar contra a ordem pública ou dificultar a instrução ou aplicação da lei penal”, afirmou a magistrada.Além de Tiago, foram ouvidas outras seis pessoas, entre elas uma familiar, uma vizinha, um colega da PM e policiais civis envolvidos na prisão. A defesa afirmou ao POPULAR que não está autorizada a repassar informações sobre o processo.