A Justiça absolveu os policiais militares investigados pela morte do ex-soldado da PM de Goiás, Jarson de Jesus Pinto Cerqueira, de 44 anos, durante uma abordagem na casa deste, no dia 18 de janeiro, no Residencial Arco Verde, em Goiânia. O juiz Lourival Machado da Costa acatou a manifestação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) de que os policiais agiram em legítima defesa.Jarson foi condenado em 2011 junto com outro PM goiano pela morte do empresário Leonel Evaristo da Rocha, dono da rede de restaurantes Bargaço, de Brasília. O crime foi em abril de 2008 e teria sido encomendado por um funcionário da rede que tentava encobrir desfalques feitos nas receitas do estabelecimento. Jarson também foi alvo de um procedimento administrativo disciplinar (PAD) interno na PM de Goiás que culminou em sua exclusão da corporação, e com isso foi decidido pela retirada de seus direitos enquanto policial militar, entre eles o porte de arma.Uma equipe do serviço reservado da PM, a PM-2, foi destacada para ir até a residência de Jarson recolher sua carteira de identidade funcional da corporação, uma vez que ele fora reformado e perdera as prerrogativas militares. Os dois policiais estavam sem farda e em uma viatura descaracterizada.O ex-policial teria aberto o portão e ao ser informado sobre o motivo da visita, disse que ia até a casa para pegar o documento, mas antes, no quintal, teria parado atrás de uma árvore e começado a atirar contra os policiais.Não foi feita perícia no local da suposta troca de tiros e no inquérito não consta quantos disparos teriam sido feitos por Jarson. A arma que supostamente estaria com ele, uma pistola calibre 380, chegou a ser periciada, mas em nenhum momento do relatório feito pela Polícia Civil ou nos outros documentos é dito quantos tiros o ex-soldado teria dado. Já os policiais que foram recolher sua identidade funcional, um sargento e um cabo, ambos de 30 anos, atiraram cinco vezes. Um dos tiros do sargento acertou Jarson, que foi levado ainda com vida ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e morreu durante o socorro na unidade médica. A residência fica no extremo do bairro, em um local ermo, com apenas cinco residências na quadra e um grande matagal em frente. Não foram encontradas testemunhas nem câmeras de segurança pelos investigadores. A mulher e o irmão do ex-soldado chegaram a prestar depoimento, mas disseram apenas que estavam em outro bairro e não viram nada.O inquérito policial foi remetido para o Judiciário no dia 8 de março, menos de dois meses após a ocorrência, mesmo antes da conclusão do laudo cadavérico, que foi remetido à Justiça no dia 17 do mesmo mês.O magistrado também determinou a devolução das armas aos policiais e a destruição do armamento e munição encontrados com Jarson.A reportagem não conseguiu falar com o delegado Carlos André Alfama, responsável pelas investigações. ()