A dentista Jamilly Silva, responsável por colocar facetas dentárias no funcionário público Luiz Carlos das Dores, de 56 anos - que morreu no último dia 18 de agosto – será intimada para depor no 15º Distrito Policial. Um inquérito, que está sendo instaurado investiga se a morte está relacionada ao procedimento estético. A família do paciente acusa a dentista de negligência, mas a profissional afirma que seguiu o implante de forma adequada. Jamilly ainda não foi acionada pela Polícia Civil ou pelo Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO), que também deve abrir procedimento interno para analisar o caso.O caso veio à tona na última semana, quando o viúvo de Luiz, Benedito Antônio Júnior registrou a situação no 7º Distrito Policial. Laudos emitidos por outros profissionais à família afirmam que Luiz tinha “perda óssea horizontal generalizada e perda óssea vertical”, além de uma doença periodontal, fatores que, segundo estes profissionais, contraindicariam a implantação de facetas.Responsável pela investigação, o delegado-adjunto do 15º DP, Wellington Lemos afirma que os prontuários médicos foram solicitados assim como o laudo cadavérico. “É um caso complexo e é necessário termos provas documentais e oficiais. Iremos ouvir a dentista e apurar se há ‘nexo causal’ entre a implantação das facetas e a morte do paciente. Em caso afirmativo, se incorreu em culpa ou dolo. Ela deve ser intimada até amanhã (sexta-feira) e ouvida nos próximos dias”, explica Lemos."Ele não sabia dos riscos. A dentista pediu o exame no dia 12 de maio, foi feito e repassado para ela, porém ela não nos informou (sobre a perda óssea) e eu início ao tratamento de colocação de facetas. Após ele ter passado mal e vir a óbito outros profissionais da área analisaram o Raio-X e viram o que ele tinha. Não acusamos ela da morte, nós queremos esclarecimentos sobre ela ter feito os procedimentos sem antes ter cuidado de tudo que era necessário ou até mesmo informado para que o mesmo desse o consentimento. Isso não foi falado", diz o viúvo. DefesaEm nota, os advogados de defesa de Jamilly afirmaram que ela não foi notificada oficialmente de qualquer circunstância que envolva a situação apresentada na matéria, e que todo tratamento/protocolo foi realizado conforme determina o planejamento legal. Ela se solidarizou com a família pela perda, mas disse que as afirmações feitas pelo viúvo não possuem provas ou amparo legal.“Já estão sendo providenciados todos os meios legais para comprovar a difamação, calúnia, injúria e ameaça propagada pelo senhor Benedito Antônio, e consequentemente sua responsabilização pelos atos praticados, inclusive já foram tomadas as providências cabíveis junto à delegacia responsável”, completa a nota da defesa.O casoO tratamento estético teve início em maio deste ano, quando Luiz Carlos procurou a dentista Jamilly Silva incentivado pelo destaque da profissional nas redes sociais. Já na primeira consulta ela teria feito o desgaste de 24 dentes de Luiz, colocando as facetas provisórias logo depois. Segundo a família, o homem começou a se queixar de dores, mas teria ouvido da dentista que era normal.O viúvo de Luiz, Benedito Antônio Júnior, diz que o companheiro continuou reclamando de dor, que só piorava. “Chegávamos no consultório dela e era sempre o mesmo problema [alegado pela dentista]. ‘Excesso de cimentação no dente e ajuste de mordida’”.Luiz Carlos teria voltado ao consultório de Jamilly e feito a implantação das facetas definitivas, além da limpeza do apontado excesso de cimento usado no procedimento. No entanto, as queixas de dor permaneciam até que ele não teria mais conseguido comer ou fazer a higiene bucal.Com o passar dos dias, a situação de Luiz teria piorado e ele passou a apresentar muita dor e inchaço na boca. No início de agosto, Luiz teria acordado no meio da noite sentindo falta de ar, foi quando o companheiro e ele decidiram procurar um médico. O homem foi internado em um hospital da capital, sendo transferido para a UTI de outro logo em seguida. A unidade de saúde solicitou um dentista para analisar seu caso, que constatou que o homem já tinha um estado preocupante de infecção. “Paciente tinha um quadro de secreção purulenta entre o dente 35 e 36 - região do pré-molar e do molar do lado esquerdo, na arcada inferior. Pude reparar que ele tinha bastante excesso de cimento na região, provavelmente em decorrência da instalação das facetas”, afirmou a dentista Kamilla Malaquias, que avaliou os dentes de Luiz quando ele já estava internado.Com a piora de seu quadro, Luiz Carlos morreu no dia 18 de agosto. O atestado de óbito aponta que a morte foi causada por “choque cardiogênico, septicemia, pneumonia viral e insuficiência renal aguda.”Leia também: - Facetas dentárias: Associação Brasileira de Odontologia alerta para cuidados necessários- Polícia investiga caso de homem que morreu após implantação de facetas, em Goiânia