Em novembro de 2010, câmeras de televisão gravaram, do alto do helicóptero, a fuga de traficantes armados com fuzis na Serra da Misericórdia, região de mata da Vila Cruzeiro, uma das favelas do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A imagem rodou o mundo e se transformou em um dos retratos do projeto das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), que despontou naquela década. Quinze anos depois, a Serra da Misericórdia é um dos locais com o maior número de corpos encontrados depois da megaoperação desta terça-feira (28). O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que o deslocamento do confronto com traficantes para áreas de mata foi uma estratégia. “Foi pensado para que a população sentisse o mínimo possível”, afirmou, em entrevista coletiva na terça. Segundo o secretário da PM, coronel Marcelo Menezes, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) fez uma espécie de muro: policiais caminharam até a serra e cercaram os suspeitos para a mata, onde havia outro grupo do Bope aguardando. “O que a gente fez de diferente nessa operação foi a incursão de homens do Bope na área mais alta da montanha, (...) criando o que a gente chamou de muro do Bope, ou seja, policiais incursionados nessa área, fazendo com que os marginais fossem empurrados”, disse.