O terceiro sargento Cláudio Henrique da Silva, de 39 anos, não responde a processo por deserção na Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) e nunca esteve foragido da Justiça. Por falha na identificação, O POPULAR publicou indevidamente em novembro de 2023 a fotografia de Cláudio como se ele estivesse foragido após a condenação pela morte do estudante Roberto Campos da Silva, o Robertinho, de 16 anos. Na verdade, a notícia se referia ao ex-sargento da PM Paulo Antônio de Souza Júnior, que acabou sendo expulso da corporação em setembro de 2024. Ambos foram condenados, junto com outro policial, pela morte do estudante Robertinho, em 2017. Cláudio Henrique tem cumprido todas as determinações judiciais envolvendo o processo.A Justiça considerou procedente ação de indenização por danos morais cumulada com pedido de retratação pública protocolada pelo advogado de Cláudio e condenou o Grupo Jaime Câmara (GJC) a pagar uma indenização de R$ 5 mil ao policial com correção monetária a partir da sentença e juros moratórios mensais a partir do evento danoso.Também determinou a exclusão de qualquer material que vincule a imagem do autor da ação à fuga, à condição de foragido e a algum processo de deserção da PM-GO.Na sentença em que determina a indenização e a retratação, a juíza leiga Ana Luiza Quaresma Gomes, da 1ª UPJ Juizados Especiais Cíveis: 1º, 2º, 3º, 4º e 5º da comarca de Goiânia, afirma que a publicação equivocada da imagem causou abalo da honra subjetiva e que isso, somado ao bom conceito que goza o indivíduo perante a sociedade local aonde convive, “proporciona o direito ao ressarcimento”. “Tais elementos são fontes de infelicidade, tristeza, ansiedade e angústia, sentimentos esses que, embora de índole psicológica, são abrangidos pela reparação civil.”Danos A juíza também destaca que foi correta a atitude do grupo empresarial em retirar de forma unilateral a imagem equivocada, mas não elimina os dados já causados, o que leva a uma retratação formal como medida “necessária e proporcional para restabelecer a verdade”. “A retratação não representa afronta à liberdade de imprensa, mas, ao contrário, reforça o compromisso com a verdade e a responsabilidade na veiculação de informações”, escreveu.AbordagemCláudio Henrique e Paulo Antônio foram condenados juntamente com o terceiro sargento Rogério Rangel Araújo Silva pela morte de Robertinho e por tentativa de homicídio contra o pai dele, o mecânico Roberto Lourenço, crime ocorrido em abril de 2017, quando os três policiais, que atuavam no serviço reservado da PM, foram até a casa do mecânico à paisana e desligaram o relógio de energia da residência. Assustado, o pai pegou uma arma e deu um tiro para cima. Em seguida, foram efetuados diversos disparos de fora para dentro da casa, sendo que mais de dez atingiram o menino. Na casa de Robertinho, estavam o pai, a madrasta e dois irmãos mais novos. A justificativa dada pelos policiais para a abordagem era a suspeita de posse ilegal de arma e tráfico de drogas no local.O julgamento do caso foi em junho de 2023. Paulo Antônio foi condenado a uma pena maior, por homicídio consumado triplamente qualificado, homicídio tentado simples e fraude processual. Já Cláudio e Rogério pegaram uma pena menor, por duplo homicídio tentado simples e fraude processual. FugaPaulo Antônio foi deportado dos Estados Unidos para o Brasil em novembro do ano passado. Ele foi para o exterior após ter fugido do presídio militar em Goiânia em outubro de 2023. Localizado em julho, se encontra detido desde então. Em setembro, foi expulso da corporação após processo aberto a partir do crime cometido em 2017 e da fuga para não cumprir a pena.