A Prefeitura de Goiânia deve apresentar à Câmara Municipal um projeto de lei que busca dar fim ao período de crise do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas). Após reunião com membros do conselho de fiscalização do instituto, a gestão municipal sinalizou que irá criar um fundo próprio para a autarquia, o que, na avaliação de conselheiros, é a pauta mais urgente.O plano de saúde criado por lei há 14 anos para atender os servidores municipais sofre com a recorrência de crises administrativas. A mais recente foi iniciada após hospitais conveniados suspenderem os atendimentos pelo plano no início deste mês, mas que, como mostrado pelo POPULAR, afeta pacientes há quase três meses. As suspensões se deram por atrasos de pagamentos de até oito meses do Imas para as unidades particulares.Após as suspensões de atendimentos, a Prefeitura decidiu exonerar o presidente que administrava o instituto havia dez meses. Uma semana após a nomeação da nova gestão, membros do secretariado do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) realizaram reunião com o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO). O encontro marcou o que o Paço vem chamando de "reformulação completa no instituto. O principal problema constatado é a falta de sustentabilidade financeira da autarquia. O anúncio de mudanças foi feito sem detalhamentos, mas com o destaque de que a possibilidade de privatização não estaria entre as opções. Na sexta-feira (18), após reunião com os membros do Conselho de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais (Conas), entidade que fiscaliza o Imas, a Prefeitura sinalizou quais deverão ser as mudanças a curto, médio e longo prazo. A conselheira Ludmylla Morais diz que saiu da reunião com o prefeito com esperanças. A servidora do município detalha que o Conas entregou um documento para o prefeito em que pediu sete pontos avaliados como prioritários para o plano de reestruturação. Entre eles está o pedido de transparência no processo de novo credenciamento de hospitais conveniados e a publicação de regulamentação já editada e aprovada.Além disso, os conselheiros pediram dois itens focados na saúde financeira do Imas. O primeiro consiste na efetivação da autonomia da gestão dos recursos. Atualmente a autarquia não conta com fundo próprio e mesmo os valores arrecadados com as mensalidades dos associados vão para o Tesouro Municipal. A Prefeitura prometeu acatar o pedido e deve propor a criação do fundo via projeto de lei. Ainda em diálogo com os conselheiros, o prefeito disse que deve regularizar o repasse de contrapartidas devidas referentes aos servidores aposentados, dívida que hoje ultrapassa R$ 60 milhões. “Só aí já aumenta a receita do Imas em R$ 2 milhões aproximadamente”, diz Ludmylla. A efetivação do repasse não teve data estimada na reunião, mas mesmo assim agradou aos conselheiros.“Ficou de fazermos uma proposta junto com a Prefeitura para ir para a Câmara na semana que vem. Vai ter um fundo financeiro específico e isso é o que a gente luta há muito tempo”, detalha a conselheira Ludmylla. De acordo com a assessoria de imprensa do Paço, não há prazo definido para apresentação do projeto de lei.Medidas emergenciaisComo medidas emergenciais, os membros do Conas solicitaram à Prefeitura a regularização dos pagamentos de quatro hospitais em “pontas” da capital. A medida deve servir para reduzir as reclamações de usuários que seguem sofrendo com recusas de hospitais conveniados a atender pelo plano.Os hospitais oncológicos, especializados em tratamento de pacientes com câncer, também serão prioridade. Conforme mostrou o POPULAR em reportagem publicada na versão impressa do dia 18, em apenas um dos hospitais conveniados especialistas em oncologia, ao menos oito pacientes tiveram quimioterapia negada neste mês.