A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) informa que os pagamentos em atraso para os consórcios responsáveis pela construção e pela supervisão da obra do BRT Norte-Sul em Goiânia devem ser realizados no começo desta semana. A ideia é conseguir quitar todos os débitos, que estão acumulados desde outubro de 2021.O secretário Everton Schmaltz, no entanto, explica que apesar do tempo ser de cinco meses, não são cinco medições mensais em atraso, visto que o contrato permite o pagamento até 30 dias após a finalização do serviço. Com isso, o entendimento é que o trabalho feito em janeiro e em fevereiro ainda não estão vencidos.No momento, o único serviço parado é o de arqueologia, que é obrigatório de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois a construção do corredor precede de escavações em áreas consideradas tombadas e históricas da cidade.Para a realização das escavações necessárias para as estações de parada dos ônibus na Avenida Goiás e na Praça Cívica, ambas no Setor Central, é preciso que se faça uma análise arqueológica para verificar se há achados, além de realizar a preservação dos bens dispostos no local.A ArqLogus é a empresa que presta este serviço para o Consórcio Supervisão BRT Norte-Sul e anunciou a suspensão do trabalho no dia 1º deste mês pela falta de pagamento decorrente pelo não aporte de recursos do Paço Municipal. O dinheiro a ser pago é do financiamento feito junto à Caixa Econômica Federal e já está em Goiânia, faltando a realização dos trâmites burocráticos para efetuar o pagamento.Ao mesmo tempo, o Consórcio BRT Norte-Sul, responsável pela construção em si, também está sem receber, o que gerou atraso no pagamento dos trabalhadores. Nesta semana, O POPULAR revelou que o serviço já estava sem combustível para os veículos e sem energia no alojamento dos funcionários.O secretário da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Everton Schmaltz, conta que ao assumir a pasta no final do ano passado soube que havia parcelas atrasadas.“O recurso que havíamos recebido já estava pago e no dia 20 de dezembro fecha o orçamento e só abre no dia 20 de janeiro. Tivemos esses dois contratempos ao mesmo tempo e por isso temos esse problema. Ficamos engessados, mas depois disso houve o aporte dos recursos e fizemos toda a documentação no começo de fevereiro para gerar o pagamento.”Ele afirma que o recurso não foi pago ainda devido o volume de trabalho na Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) neste período. Schmaltz acredita que o problema já vai ser resolvido nesta semana e será possível manter o prazo estimado de entrega do trecho 2 da obra, que vai do Terminal Recanto do Bosque ao Terminal Isidória.O problema é que a previsão de início da construção das estações na Avenida Goiás era para este mês, sendo entregues no final de julho. O serviço só pode ser feito com a presença de um arqueólogo para a garantia de que as escavações da estrutura das estações não prejudique possíveis achados arqueológicos. “É preciso desse serviço, que é qualificado e tem sido muito bem feito. Vamos resolver isso.”Trecho 1 ainda segue indefinidoNo final do ano passado, o Consórcio Corredor Norte-Sul, formado pelas empresas GAE, Sobrado e JM, desistiu do contrato de construção do trecho 1 do corredor exclusivo de transporte coletivo BRT Norte-Sul. O serviço corresponde ao espaço entre o Terminal Isidória e o Terminal Cruzeiro.A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), à época, informou que um novo processo licitatório já seria realizado no começo deste ano, depois que o distrato fosse firmado entre o Paço e o consórcio. No entanto, até agora, ainda há pendências neste acordo entre as partes.“Houve a desistência da empresa por negociação e estamos negociando com o reajuste do preço dos serviços que foram feitos. Precisa ainda de resolver dois pontos para a empresa abrir mão do contrato sem nenhuma pendência, até mesmo judicial, e então podemos abrir uma nova licitação”, afirma o secretário da Seinfra, Everton Schmaltz.Ele estima que as pendências deverão ser resolvidas em até dois meses, quando poderá ser publicado o edital da licitação. A expectativa é que o resultado da concorrência seja divulgado até o final de julho e as obras devem começar no final deste ano.“Seria o ideal que já começassem em agosto, com a entrega do trecho 2, mas acredito que não vai ser possível e vamos ter um atraso aí de três ou quatro meses. Mas as obras devem começar ainda neste ano”, diz Schmaltz. Para a realização do edital de licitação, no entanto, não haverá problema, segundo o secretário. “A licitação é praticamente a mesma que foi feita anteriormente, já a temos pronta, é uma questão de atualizar apenas.”Ainda assim, neste período será necessário fazer algumas adequações, como o projeto do novo Terminal Correios, que deverá ser na rotatória de cruzamento das avenidas Rio Verde, 4ª Radial e Transbrasiliana, e da estação de embarque do Buriti Shopping, que será mudada de local para não reduzir o tamanho da via em frente ao centro de compras.O abandono do acordo se deu após apenas 8% de conclusão e a previsão era que somente no final de 2023 o trecho fosse concluído, caso as obras se iniciassem até meados deste ano. Esse trecho tem orçamento de R$ 87,4 milhões, sendo R$ 70 milhões do governo federal, por meio do Orçamento Geral da União, e o restante de financiamento a ser pago pela Prefeitura.No processo anterior, realizado entre fevereiro e maio de 2020, o consórcio arrematou as obras com um orçamento de R$ 67,6 milhões, ou seja, cerca de 22% a menos do que a estimativa da licitação.Porém, a elevação dos preços dos insumos da construção civil após a pandemia da Covid-19 fez com que não houvesse interesse na continuidade, conforme alegou a Seinfra no final de 2021. No entanto, o rompimento se dá também porque o Paço não cumpriu com parte de suas obrigações, como a desapropriação dos imóveis no trecho.