A primeira turma do curso de bacharelado em Inteligência Artificial (BIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), pioneira na implantação da graduação no Brasil, ainda em 2020, se forma no início deste ano. Alunos apontam diferenciais no formato do curso, com a possibilidade de contato com o mercado de trabalho através de projetos com empresas. A prática se tornou ainda uma fonte de renda durante os estudos. Juntos, os 15 alunos que irão colar grau em março receberam R$ 1,3 milhão em quatro anos.

Por ano, são abertas 40 vagas para a graduação em IA, por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSu). Do total que ingressaram no primeiro ano do curso, 15 estão se formando no tempo regular, de quatro anos. Outros 17 alunos irão finalizar os estudos fora do período. Hoje, o curso conta com 158 discentes ativos, contando com os formandos. A taxa de conclusão é considerada um sucesso pelo coordenador do BIA-UFG e do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) da UFG, o doutor em Engenharia Eletrônica e Computação Anderson Soares.

“Para um curso de exatas é um recorde. E é por um conjunto de fatores, um curso que causa interesse dos alunos, demanda de mercado boa, mudanças por ser um curso novo, integração com as empresas, o estímulo ao empreendedorismo”, pondera o docente. Os projetos realizados por estudantes e pesquisadores, através de contratos, são feitos no Ceia, que mantém parcerias com 62 empresas de pequeno a grande porte, desenvolvendo soluções para problemas de diversas áreas, como saúde e educação, por meio da inteligência artificial.

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Conforme Soares, a IA pode ser definida como a “automação de tarefas por meio das máquinas”. “Não é muito difícil visualizar como isso acontece. Por exemplo, até pouco tempo atrás a gente escrevia. Depois, passamos a utilizar um teclado para digitar e agora, com a inteligência artificial, você pode só falar e isso é automaticamente transcrito, sem que você digite. Na radiologia médica, hoje praticamente poucos profissionais usam teclado para digitar laudo. Eles ditam e a máquina transcreve, porque isso é muito mais rápido do que escrever. É a automação realizada pela máquina de uma determinada tarefa”, explica.

O coordenador do BIA-UFG explica que a demanda do mercado de trabalho impulsionou a criação do bacharelado. “As novas profissões nascem nas pós-graduações, vai criando especialistas. A inteligência artificial era especialização nas engenharias, computação. A capacidade já estava exaurida e, com a demanda do mercado, estava passando do tempo para abrir. Passados os quatro anos, percebemos que foi uma decisão muito assertiva, não só para a UFG e para Goiás, mas para o Brasil e para o mundo”, pondera.

Os projetos desenvolvidos pelos discentes do curso culminaram em três startups, que são modelos inovadores de negócios. Dentre elas, estão a Automode, voltada à automatização de processos dentro do marketing digital, a Utatsu, dedicada à consultoria de IA, e a VoiceVerse, que utiliza a inteligência artificial para a audiodescrição. O grupo também desenvolveu uma spin-off, que é um produto ou negócio criado dentro de uma empresa já existente, para automatizar e monitorar os atendimentos telefônicos em empresas de call center.

mercado Atrativo 

“Baseado em uma ligação, identifico o que o cliente deseja. (Isso ocorre) transcrevendo a fala para um texto, para processar e identificar o que ele quer de forma automática. Auxilia e acelera o atendimento, antes dele ser atendido pelo atendente”, explica Alex Echeverria, de 22 anos, discente no curso de inteligência artificial da UFG. Ele, que é um dos que irão colar grau em março deste ano, é o fundador do programa inovador. O jovem conta que, ao longo da graduação, já participou de sete projetos, em diferentes áreas. “Todos remunerados”, completa.

“É uma experiência profissional verdadeira. Não é só uma pesquisa científica ou algo neste sentido. Foge dos moldes padrões e entra mais para um viés de mercado. Proporciona a oportunidade de atuar em um cenário real”, acrescenta Alex. Ele comenta ainda que os eixos de ensino apresentam um diferencial no curso. “Tanto a grade, quanto a equipe de professores, a infraestrutura, mostra que não visa apenas formar técnicos, mas profissionais que saibam lidar com os softwares, com o emocional e ter senso de liderança. Todas essas capacidades refletiram ao longo do curso. Ao passar por esses quatro anos, fico mais preparado para lidar com o mercado de trabalho.”

A discente Heloisy Rodrigues, de 24 anos, também pondera que o “curso é realmente inovador, em toda sua forma.” Conforme ela, a graduação mantém “a tríade programação, matemática e empreendedorismo do início ao fim.” Formanda da primeira turma do BIA-UFG, a jovem conta que optou pelo curso pelo mercado de trabalho atrativo. Ao longo dos quatro anos, também participou de projetos voltados à educação e saúde, e atua hoje na spin-off para o mercado de call center.

“Os projetos me ajudaram a reconhecer a área em que eu gostaria de atuar, ajudaram também a pesquisar coisas novas, adaptando soluções e propondo inovação. A possibilidade de trabalhar em projetos com empresas desde o começo do curso é algo que agrega muito, tanto como pessoa quanto como profissional”, complementa Heloisy.

Um dos fundadores da Utastu, o graduando Heinz Felipe Rahmig, de 22 anos, diz que se sente preparado para o mercado de trabalho, após os quatro anos de graduação. No intuito de auxiliar o desenvolvimento de outras startups de IA, o jovem ajudou a fundar um hub (espaço) de empreendedorismo e inovação dentro do Instituto de Informática (INF) da UFG. Hoje, após um ano e meio de atuação, o projeto conta com 30 membros, contribuindo com a “inserção no mercado, questões administrativas e tecnológicas” de, atualmente, 13 startups.

Primeira turma de Inteligência Artificial se forma na UFG

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Matéria - Cidades

Educação

As condições de saúde e agravos sanitários da população do Território Kalunga na região Nordeste do Estado serão avaliadas pela Faculdade de Enfermagem (FEN) da Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio de convênio firmado com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), que destinou R$ 2,5 milhões para a investigação científica. A iniciativa é comemorada dentro do rol de ações que celebram o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, data que em 2024, pela primeira vez, será lembrada com um feriado em Goiás.

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À frente dos trabalhos estão as professoras Sheila Araújo Teles e Karlla Caetano, que integram o Núcleo de Estudos Epidemiológicos em Cuidados com Agravos Infecciosos com ênfase em Hepatites Virais (Necaih), da FEN. As atividades serão executadas em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (SES-GO) e com as pesquisadoras Megmar Carneiro e Regina Bringel, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG. O estudo conta ainda com a colaboração de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade da Flórida (EUA). Os resultados completos da pesquisa serão conhecidos em cinco anos e subsidiarão políticas públicas para a região.

Segundo a Associação Quilombola Kalunga (AQK), as 39 comunidades do território quilombola que abrange os municípios de Cavalcante, Teresina e Monte Alegre de Goiás abrigam 8,4 mil pessoas. O último Censo apontou uma população de 3,6 mil pessoas, indicador que será utilizado pelos pesquisadores. “Nossa pesquisa já foi aprovada pela AQK e o levantamento populacional feito pela associação será avaliado, mas nosso estudo será feito de forma probabilística, com 1,8 mil pessoas. O objetivo é trazer dados precisos da população como um todo. A maioria dos estudos sobre essa população, por conta das dificuldades geográficas, abrange localidades mais próximas aos centros urbanos”, afirma Sheila Teles.

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A coleta de dados nas comunidades se iniciará no fim de março, após o período chuvoso. Sheila Teles explica que o estudo envolve várias doenças, como hepatites virais (A, B, C, D e E); infecções sexualmente transmissíveis (sífilis, herpes, HPV, HIV etc.); doenças negligenciáveis (Chagas, hanseníase e leishmaniose); além da avaliação do consumo de álcool e cobertura vacinal das crianças. Há 20 anos, o Necaih fez um estudo na região quando foi observada uma alta prevalência de hepatite B e muita gente infectada com o vírus da hepatite A. “Com as mudanças, como a implementação das vacinas contra as hepatites A e B e a entrada do turismo na região, o que mudou? Qual foi o impacto em relação à hepatite C, que em 2004 não estava presente?”

Essas e outras respostas relativas a doenças nunca estudadas na comunidade Kalunga são o que Necaih espera obter de forma absoluta em 2029. Em 2004, quando os pesquisadores estiveram no território, apenas a comunidade do Engenho contava com eletricidade. “Nos últimos 20 anos houve melhorias. O acesso à energia se expandiu, há oferta de vacinas, além da presença do Programa de Saúde da Família (PSF). Acreditamos que, em princípio, tudo isso tenha impactado positivamente”, afirma a coordenadora da pesquisa. Ela lembra, entretanto, que ainda há muitas carências, como a ausência de água tratada e de saneamento. “Várias das doenças que são alvos do nosso estudo são marcadores indiretos das condições de vida das pessoas.”

As primeiras coletas serão feitas em pontos de acesso mais fácil, mas com a entrada da estiagem o trabalho será estendido às comunidades distantes. Algumas delas exigem até quatro horas de viagem, dada as condições geográficas. Após essa ação, o Necaih realiza, com a SES-GO, o projeto de extensão Saúde para Quilombolas: Cuidar para Resistir, com serviços de promoção à saúde, oficinas, imunização, abordagens sobre violência sexual e saúde mental e testagens rápida. Em casos positivos, o paciente é encaminhado para tratamento nas unidades do Sistema Único de Saúde.

<h2>Fapeg tem R$ 100 milhões para pesquisas em 2025</h2>

Presidente da Fapeg, Marcos Fernando Arriel comemora a assinatura do convênio. “É um projeto amplo e atende uma diretriz governamental de que o fomento à pesquisa deve ter um impacto no desenvolvimento humano. O Necaih tem grande histórico e enxergamos nesse trabalho a possibilidade de colaboração com a agenda do governo.” Para o economista, além desse aspecto e do mérito do projeto, a proposta engloba ainda a extensão, os serviços de saúde que são levados à população estudada e a formação de novos pesquisadores.&nbsp;

Até 2025, a Fapeg deve investir cerca de R$ 100 milhões em pesquisa, inovação e geração de novas tecnologias, pelos cálculos de Marcos Arriel. Somente este ano, até o momento, foram liberados 29 editais, englobando bolsas de formação, pesquisas básicas e aplicadas e internacionalização de pesquisadores. “É um volume três vezes superior à média de anos anteriores e a partir do aumento do investimento atraímos novas colaborações, com agências governamentais e o setor privado”, explica.

De acordo com Marcos Arriel, os editais da Fapeg possuem um valor médio entre R$ 20 mil e R$ 200 mil, mas com o incremento do investimento é possível fomentar projetos que ele chama de disruptivos, como esse voltado para a saúde da comunidade Kalunga.

<h2>Farofa sustentável&nbsp;</h2>

Ainda fortalecendo a cultura negra, o projeto Farofa do Cerrado: Produto da Sociobiodiversidade, selecionado em uma chamada pública da Fapeg em 2022 em parceria com a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGB), começa a dar os primeiros frutos. Desenvolvido por profissionais do Instituto Federal de Goiás (IFG) com comunidades quilombolas que vivem em áreas de preservação no Nordeste goiano, o produto foi pré-lançado no último final de semana em feiras livres de Alto Paraíso e Cavalcante. Em dezembro, o grupo fará o lançamento oficial na fábrica do Sítio Boca do Mato, parceira do projeto.&nbsp;

Coordenador do projeto, o professor de Agroecologia Diogo Souza Pinto, do IFG Câmpus Cidade de Goiás explica que a farofa, produto alimentício desenvolvido com as comunidades, reúne inovação, conservação ambiental e empreendedorismo social. O objetivo é proporcionar autonomia produtiva e comercial dessas pessoas em uma dimensão emancipadora e educativa para a sustentabilidade financeira.

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Estudo fará raio-X da saúde dos kalungas

Consciência negra

O tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais” domina a 21ª edição do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conpeex) da Universidade Federal de Goiás (UFG), que será aberto oficialmente na manhã desta quarta-feira (6) e prossegue até a sexta-feira (8), no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia. Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader fará a palestra de abertura a partir das 16 horas, sobre Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social e Sustentável.

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O Conpeex é o maior evento anual da UFG. É quando a mais importante instituição pública de ensino superior de Goiás reúne, num único ambiente, seus alunos de graduação e pós-graduação para discutir ciência, apresentar trabalhos de pesquisa e interagir com a comunidade externa. “Nossa expectativa é a mais positiva possível”, afirma a titular da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da UFG, Luana Ribeiro, à frente da organização. Cerca de 9 mil pessoas deverão passar pelo Centro de Eventos até sexta-feira para conferir uma programação diversa que começa às 8h30 e prossegue até às 20 horas. O horário noturno é novidade nesta edição.

Durante o Conpeex serão apresentados 2.777 trabalhos em 11 modalidades, englobando a educação básica, a graduação, a pesquisa e os projetos de extensão. “É um evento aberto. Vamos receber desde crianças do ensino básico e fundamental até grandes pesquisadores compartilhando o conhecimento científico numa linguagem multidisciplinar. A ideia é que os mais jovens fiquem sensibilizados e tenham desejo de estudar, de realizar pesquisas e que continuem conosco”, afirma a pró-reitora. Luana Ribeiro ressalta que o Conpeex é a oportunidade de demonstrar o que é produzido pela UFG e a relação que a instituição mantém com a comunidade externa.

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A gama de atividades é grande. Para participar dos eventos científicos há a exigência da inscrição prévia, mas a comunidade em geral pode ter acesso a uma série de ações. Dentro do Conpeex, será realizada a 10ª Mostra de Divulgação Científica e de Popularização da Ciência para a Educação Básica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCB) no pátio entre o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e o Instituto de Química (IQ) com atividades lúdicas, experimentos, oficinas, exposições, teatro científico e mostra indígena. Na fase pré-congresso foi realizada a ação UFG nos Parques, com destaque para o herbário da instituição.

Apresentações culturais, lançamentos de livros, estandes com trabalhos diversos, planetário móvel, plantão de dúvidas, feira de troca de livros, laboratório de tecnologias com demonstração de produtos assistivos (que melhoram a funcionalidade e a independência das pessoas) e oficina de turbantes são apenas algumas das ações previstas para os quatro dias do Conpeex. Toda a programação pode ser conferida no site da UFG (<a href="http://ufg.br">https://ufg.br</a>).

Luana Ribeiro lembra que no espaço dedicado à saúde a população poderá se vacinar, doar sangue no caminhão móvel do Hemocentro, fazer acupuntura etc. Também há estandes para comercialização de produtos artesanais e comidas típicas.

Na sexta-feira (8), último dia do Conpeex, serão premiados os melhores trabalhos por área de conhecimento, nas modalidades que envolvem as pró-reitorias de Inovação e Pesquisa (PRPI) e de Pós-Graduação (PRPG), e dos primeiros três colocados nas modalidades referentes às pró-reitorias de Graduação (Prograd) e de Extensão e Cultura (Proec).

<h2>Desenvolvimento sustentável e Cerrado em palestras&nbsp;</h2>

Os palestrantes convidados farão suas explanações sempre no período da tarde com tradução para Libras. Primeira mulher eleita para presidir a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a biomédica e pesquisadora Helena Bonciani Nader faz a primeira palestra do Conpeex 2024 – Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social e Sustentável, nesta quarta-feira (6), a partir das 16 horas, no palco do Centro de Eventos. Em 2022, quando assumiu a presidência da ABC, ela disse que “sem educação não tem ciência, sem ciência não tem tecnologia, sem tecnologia não tem inovação”. Helena é presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), instituição que já conduziu.

Na quinta-feira (7), também no palco do Centro de Eventos, às 15h30, será a vez do coordenador de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Guilherme Franco Netto, que vai abordar o tema "Institutos de Ciência e Tecnologia em Tempos de Mudança do Clima: Desafios e Oportunidade". Médico sanitarista, ecoterapeuta e pensador da saúde, Guilherme é uma voz importante na defesa do meio ambiente.

No último dia, sexta-feira (8), Mário Barroso Ramos Neto, da The Nature Conservancy Brasil, também a partir das 15h30, fará a palestra "Para Onde Vai o Cerrado: O Que Podemos Esperar e Quem Decide o Que Irá Acontecer". Em 2020, o biólogo defendeu na Universidade de São Paulo a tese de doutorado O Parque Nacional das Emas e o Fogo: Implicações para a Conservação.

Maior evento da UFG, Conpeex movimenta ciência e pesquisa

Edição 2024

O advento das novas tecnologias tem sido, sem lugar para dúvida, o aspecto mais impactante no campo das atividades econômicas, não apenas para o universo das finanças, mas também para o setor produtivo. Esse avanço acelerado tem gerado novas oportunidades, mas também traz grandes desafios.

No que diz respeito mais especificamente às atividades das Juntas Comerciais, essas ferramentas – e, sobretudo, a Inteligência Artificial – revelam-se como um recurso cada vez mais estimável em um processo que se tornou a âncora do trabalho diligente nesse setor: o auxílio em processos de dinamização na abertura de negócios e a desburocratização no registro de novas empresas.

Nesse sentido, a Juceg se prepara para dar, no início de 2025, mais um passo para a viabilização desse maior dinamismo, tão importante para o aumento da competitividade de uma economia em escala regional. Isso porque a autarquia encampou a criação de ferramentas de IA capazes de identificar, em uma única varredura, inconsistências nos processos com base no contrato social da nova empresa, na Ficha Cadastral (FC) e do Documento Básico de Entrada na Receita (DBE).

Atualmente, em que pese todo o empenho da Junta goiana na adoção de meios que facilitem registros mercantis e tramitação de processos, a análise é feita de forma predominantemente “humana”, ou seja, após a criação da empresa, cujo tempo de abertura já é um das mais rápidos do Brasil, os processos são submetidos ao crivo de um analista.

Esse profissional, na medida em que procede à verificação técnica dos documentos apresentados, aponta eventuais inconsistências. E assim o processo se desenrola: o analista identifica a incongruência, comunicava-a para o empreendedor para que este, então, proceda a correção necessária.

O problema é, como não podia deixar de ser, a quantidade de tempo demandado para vencer essa etapa burocrática pós-abertura, que pode levar semanas para ser concluída, com os documentos finalmente prontos e sem qualquer tipo de vício que comprometa seu andamento mais adiante.

Com a adoção das novas ferramentas, a IA utilizará uma massiva base de dados para identificar padrões e possíveis irregularidades. Ao receber os documentos digitalizados, o sistema os submete de imediato à análise segundo tais padrões. Os eventuais erros são identificados, apresentados em conjunto e de uma só vez para que possam ser solucionados de forma célere e eficiente.

Assim, um procedimento que durava horas passa a levar apenas alguns segundos. Surpreende a quantidade de recursos – monetários, humanos e, obviamente, de tempo demandado – poupados pelo empreendedor ao iniciar suas atividades.

Dessa forma, a Juceg, já reconhecida nacionalmente pela celeridade do serviço prestado, avança mais uma etapa no sentido de aumentar a competitividade da economia goiana lá onde mais importa: na ponta da cadeia produtiva, no momento em que novas iniciativas no campo da produtividade e da prosperidade estão em sua fase inicial.

Euclides Barbo Siqueira, presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg)

IA: avanço na desburocratização

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Euclides Barbo Siqueira

Recursos para inovar

A startup goiana Biotech Tecnologia Genômica, encubada no Centro de Empreendedorismo e Incubação (CEI) da UFG, que criou um kit de diagnóstico molecular pela tecnologia LAMP para testes rápidos e baratos, foi uma das contempladas com o Prêmio Fieg. A diretora e cofundadora da Biotech, Elisângela de Paula, lembra que a nova técnica concorre com os atuais testes PCR, que é o teste ouro, “mas com execução simples, rápida e de baixo custo”, explica. A estimativa é de que ele custe três vezes menos que o PCR, que exige laboratório e pessoal especializado.&nbsp;

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“É uma técnica inovadora que está saindo do campo da pesquisa para aplicação prática clínica, em testes para doenças como dengue, zica, chikungunya e outras”, informa. O teste conta com maleta pocket, que facilita a execução em qualquer local, sem a necessidade de ambientes laboratoriais sofisticados e pessoal muito capacitado, possibilitando que unidades de saúde recebam os resultados em tempo real.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/gestores-precisam-se-abrir-mais-para-a-inovac-o-1.3191690" target="_blank">Gestores precisam se abrir mais para a inovação</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/industria-que-e-referencia-em-inovac-o-1.3191683" target="_blank">Indústria que é referência em inovação</a></div>

A empresa, que está entre as 100 startups to Watch 2024, melhores para se investir, está a procura de investidores para alavancar o projeto. 
 
Há 14 anos, o Senai começou a ajudar a indústria na área de tecnologia e informação, quando percebeu o avanço da desindustrialização, que ainda está acima de 10% ao ano. Contra isso, a palavra de ordem é inovação. O gerente de Tecnologia e Inovação do Senai Goiás, Rolando Vargas Vallejos, lembra que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) desenvolve projetos para ajudar a indústria a ser mais competitiva e criou os Institutos do Senai, um modelo alemão que ajuda a indústria com maior velocidade.&nbsp; 
 
Os institutos de tecnologia e inovação se tornaram o braço forte do Senai, que antes era conhecido só pela profissionalização. São mais de 80 no Brasil, resultado de mais de US$ 4 bilhões em investimentos. Em Goiás são dois: de Alimentos e Bebidas e de Automação, certificados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), que fazem avaliação de qualidade de produtos.&nbsp; 
 
“Nossos institutos não devem nada aos de outros países. Somos o único laboratório do Norte e Centro-Oeste com esta certificação para produtos de origem animal, que antes eram mandados para laboratórios credenciados no Sudeste do País”, lembra Vargas. Agora, equipes de consultores vão às indústrias para ajudá-las a melhorarem seus produtos. “Também ajudamos a desenvolver novos produtos e processos”, ressalta. 
 
Para isso, o Senai busca editais de inovação em instituições como Finep, CNPQ, Sebrae, BNDES e Fapeg. Muitas indústrias tiveram seus produtos premiados nacionalmente. Ele lembra que inovação tem custos porque exige pesquisas especializadas, com mestres e doutores capacitados, laboratórios e equipamentos. “Não é simples inovar, mas no Senai temos equipamentos para apoiar a indústria”, garante. Ele informa que, em breve, será lançado um novo edital de inovação para ajudar micro e pequenas empresas em seus projetos. No primeiro ciclo, cada uma recebeu R$ 150 mil. Agora, até seis indústrias serão contempladas. 
 
O Ceia (Centro de Excelência em Inteligência Artificial) da UFG começou a fazer projetos de inovação personalizados para empresas há 12 anos. Anderson Soares, coordenador científico do Ceia, lembra que mais empresas foram procurando a instituição. “Quando ocorreu este boom da IA no mundo já estávamos bem posicionados.”&nbsp; 
 
Em 2019, a Fapeg patrocinou um crescimento desta iniciativa. “Fazíamos dois ou três projetos por ano e, hoje, já são 30. Captávamos R$ 5 milhões da iniciativa privada e, hoje, são R$ 70 milhões. A Fapeg investiu R$ 12 milhões em 2019 e os investimentos trazidos já pagaram esta conta”, relata.&nbsp; 
 
Neste período, a universidade investiu em novas competências e criou o primeiro bacharelado em IA do País. Hoje, as empresas levam demandas ao Ceia que resultam em processos inovadores. “Hoje, são mais de 60 milhões de pessoas no País usando algum produto que ajudamos a construir. Em estratégias em IA, Goiás já deu três voltas no circuito, enquanto ainda estão na largada em nível nacional”, compara o professor. 
 
As empresas procuram a instituição, que avalia a viabilidade do projeto, mas a demanda é muito maior do que é possível executar. No início do ano, 26 esperavam uma vaga. O estado entra com o apoio na infraestrutura, que é cara. “Estamos investindo mais de R$ 40 milhões em supercomputadores, com recursos do governo Goiás e do Ministério de Ciência e Tecnologia. Pela primeira vez no Hemisfério Sul, alguém está comprando um supercomputador de IA atualizado no lançamento”, ressalta. O custo dos projetos é elevado: um projeto de IA não sai por menos de R$ 300 mil.

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