A transição da gestão do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) foi suspensa pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO). A unidade passaria da Organização Social (OS) Instituto Haver para a baiana Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS) na próxima terça-feira, dia 1º de outubro. Procurada pela reportagem, a pasta não informou o motivo da medida até o fechamento desta edição.Com a suspensão, o processo seletivo para cerca de 300 novos profissionais de saúde da INTS também está paralisado. Segundo a OS, a SES-GO suspendeu a transição e “reabriu prazo para recursos no processo de chamamento e desclassificação de OS que não havia alcançado nota mínima no certame”.Não é a primeira vez que ocorre impasses na transição do Hugo. O processo seletivo de escolha do INTS para gerir a unidade chegou a ser suspenso por uma decisão judicial liminar, mas uma nova decisão cancelou essa suspensão no dia 6 de setembro. A transição de uma gestão para a outra, que era prevista inicialmente para agosto, já havia sido adiada para 1º de outubro por questão de tempo hábil.Além disso, o edital de contratação de novos funcionários da INTS estava sendo questionado. O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) chegou a orientar que a categoria não aceite as vagas ofertadas. Enquanto isso, o destino de 1.300 funcionários da Saúde contratados pela atual OS da unidade, Instituto Haver, ainda é incerto.SaláriosEm vídeo publicado nas redes sociais, a presidente do Simego, Franscine Leão Rodrigues Acar Pereira, chama os salários oferecidos pelo INTS de “aviltantes” e “desrespeitosos”. “Orientamos vocês do nossos sindicato que não aceitem. Aguardem as nossas orientações e negociações sindicais”, orienta no comunicado. De acordo com ela, os salários de médicos oferecidos estão 50% abaixo do mercado.Segundo o site da INTS, o processo seletivo iria selecionar diversas categorias, como médicos, psicólogos e enfermeiros, para formar um cadastro reserva. No entanto, a OS não esclarecia se esses funcionários iriam substituir os atuais, nem quantos seriam no total. É informado apenas que seriam contratados cerca de 300.Reuniões entre representantes das duas OSs, do Ministério Público e da Secretaria Estadual de Saúde vinham tentando solucionar o impasse sobre o destino dos funcionários.“O impasse é quanto ao número de profissionais da saúde que serão dispensados, quantos terão sucessão trabalhista em seus contratos e quanto à contratação de médicos”, explica a procuradora do trabalho Milena Cristina Costa, que participa dos encontros.Segundo Milena, o Ministério Público do Trabalho (MPT) passou uma recomendação ao INTS para que o processo seletivo de contratação de médicos seja por pessoas físicas e não por pessoas jurídicas.Outra preocupação com a nova gestão do Hugo era em relação aos serviços de transfusão e tomografia. Segundo o “quadro de metas médicas” do INTS para o Hugo, são previstos serviços de tomografia e transfusão no período noturno somente “sobreaviso”. Atualmente, esses serviços são disponíveis integralmente a qualquer momento. Para a presidente do Simego, isso pode prejudicar a qualidade do serviço oferecido no Hugo. A reportagem questionou o INTS sobre essa mudança, antes do anúncio da suspensão da transição, mas não obteve resposta.Uma nota conjunta do Simego e do Sindicato dos Enfermeiros de Goiás (SIEG) feita após uma ronda no Hugo, diz que as incertezas administrativas estão fazendo com que os profissionais de Saúde da unidade trabalhem no limite de suas condições éticas e profissionais. A nota elogia o trabalho da equipe do hospital e aponta que o Hugo diminuiu sua mortalidade nos últimos anos, nas últimas duas gestões de OSs. O documento aponta ainda que a falta de diálogo do INTS com os trabalhadores estaria provocando angústia. Funev ganha direito de assumir Huana O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) deu decisão favorável para a Organização Social (OS) vencedora para assumir a gestão do Hospital de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Huana), a Fundação Universitária Evangélica (Funev). A entidade conseguiu se manter no processo seletivo com uma decisão judicial liminar e aguardava o julgamento definitivo para poder assumir a unidade. Durante o processo de seleção da OS que iria assumir o Huana, a Funev foi desclassificada por não possuir qualificação para a área de Saúde. A entidade chegou a ter uma qualificação geral como Organização Social em 2011, mas a nova legislação estadual prevê uma qualificação específica. Segundo a defesa da Funev, a entrada com a documentação para conseguir essa nova qualificação exigida foi feita no mês de abril deste ano, mas as inscrições para o chamamento do Huana eram em maio. Sem estar com a documentação garantida, a organização social acionou o judiciário para continuar no processo seletivo e ganhou uma decisão liminar. Como a Funev ganhou o processo, a transição da gestão do Huana estava parada, enquanto o caso não era julgado. Na argumentação da decisão favorável para a Funev é dito que é preciso evitar “exigências ou rigorismos inúteis” e que quanto mais entidades participarem processo é melhor. Além disso, segundo o argumento, como a OS foi vencedora do certame, deve-se “privilegiar a supremacia do interesse público sobre a lei editalícia”. “Não se mostra razoável e coerente, excluir do certame o concorrente que, a despeito de vício já sanado (decreto de habilitação em OS em saúde) ofereceu a melhor técnica, ainda mais se tratando de gestão de hospital estadual que notoriamente vem enfrentando crise financeira”, diz trecho do voto da decisão.