“Hoje posso dizer que, mesmo com a lei (da Política Nacional do Ensino Médio), Goiás não foi impactado.” A fala, da secretária estadual da Educação, Fátima Gavioli, ocorreu durante o Encontro Anual Educação Já 2025, nesta quinta-feira (13), e faz referência à implantação da reforma na última etapa da educação básica – conhecida como o Novo Ensino Médio. Conforme ela, mesmo com as mudanças no antigo projeto, aprovadas em lei no fim do ano passado, o modelo já vinha sendo aplicado no Estado. O governador Ronaldo Caiado (UB) também participou do evento. Os convites se deveram ao Estado ser referência na adoção de políticas públicas em educação.

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As mudanças na reforma do ensino médio, aprovada em 2017 e que começou a entrar em vigor a partir de 2022, foram instituídas pela Lei 14.945/2024, em julho passado. Com isso, alguns pontos foram alterados. Contudo, se mantiveram as 3 mil horas mínimas para a conclusão da etapa educacional, nos três anos. Tais alterações resultaram de consulta pública ainda em 2023, no início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, o prazo para implantação foi suspenso.

Realizado pela organização Todos pela Educação, em São Paulo, o evento contou com políticos e especialistas em educação. Fátima Gavioli participou de um painel intitulado “A implementação da Política Nacional de Ensino Médio”, ao lado do diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do Ministério da Educação (MEC), Alexsandro Santos, e do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Zezinho Sobral, também secretário e vice-governador de Sergipe.

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Conforme a secretária, Goiás já vinha implantando a nova carga horária – 2,4 mil horas para formação básica e 600 horas para o itinerário formativo, além do inglês obrigatório. “Já as trilhas, sinceramente, não deram certo, não no Estado que dirijo. Causaram bastante dificuldade, talvez por causa da pandemia. Faltou tempo para gestão das trilhas. Os itinerários estão no caminho.” De acordo com a Seduc, as trilhas de aprofundamento são disciplinas que voltam à aprendizagem de uma ou duas áreas do conhecimento.

Ainda segundo Fátima, mesmo com tudo em andamento, ainda há desafios, como o aumento de recursos para transporte escolar e alimentação. O presidente do Consed também destaca o financiamento “Temos compromisso dos secretários e governadores. As redes já estão avançadas nos itinerários e cargas estabelecidas, outras terão de avançar mais. Mas entendemos que qualquer política requer investimento.”

Para o gestor do MEC, contudo, há ainda fatores para a implantação. “Não é só o currículo, precisamos da infraestrutura das escolas, formação dos professores e avaliar a aprendizagem impactada pela pandemia. O ensino médio é onde deságuam as defasagens de aprendizado. Também olhar para as desigualdades do País, com suas especificidades a levar em conta. Mas não pode ser visto só como ação do governo federal, precisa ter regime de união entre os entes federados.”

Presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz pondera que o convite aos gestores de Goiás decorreu do exemplo “de bons exemplos de políticas públicas que dão resultados”. “O Brasil precisa disso. Goiás teve essa participação muito importante para jogar luz naquilo que funciona e que deve ser um pouco na linha de que a gente não pode perder tempo. Então, Goiás tem muito a oferecer de conhecimento aos outros estados”, cita.

Pouco antes da discussão relacionada à Política Nacional do Ensino Médio, Caiado também esteve presente em um painel com os governadores Ratinho Jr. (PSD-PR), Eduardo Leite (PSDB-RS), Helder Barbalho (MDB-PA) e Renato Casagrande (PSB-ES) – todos no sétimo ano de mandato. Logo após, falaram os chefes do Executivo que estão no terceiro ano de gestão, Elmano de Freitas (PT-CE), Rafael Fonteles (PT-PI) e Raquel Lyra (PSDB-PE).

Os gestores estaduais convidados tiveram como critério estar à frente de entes federativos que estão entre os cinco melhores no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2023, ou entre os que mais evoluíram no Saeb nos últimos anos. Goiás obteve o 1º lugar no ensino médio, com média de 4,8 no Ideb daquele ano – calculado com base nos índices de aprovação escolar e notas de desempenho no Saeb.

Caiado destacou, entre as políticas públicas, investimentos bilionários – em torno de R$ 8 bilhões – na educação, recurso que foca o combate à evasão, especialmente no Entorno do DF, bem como a aquisição de uniformes escolares e material didático. Além disso, na melhoria da infraestrutura, reforçou “laboratórios de física, química”. Citou ainda o Programa Bolsa Estudo, que garante auxílio a estudantes do ensino médio. “O nosso desafio é aumentar cada vez mais esse processo de disputa (pelo 1º lugar no Ideb). Cada governador busca isso, e eu sempre falo com a Fátima que temos de avançar mais.”

<h2>Políticas precisam de articulação</h2>

A abertura do Encontro Anual Educação Já, organizado pelo Todos pela Educação e promovido na manhã desta quinta-feira (13), em São Paulo, contou com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana. Durante a apresentação, ele mostrou um balanço sobre os dois primeiros anos de gestão, citando as políticas implantadas pelo Ministério da Educação (MEC) e apresentadas no evento. Entre elas, os programas Pé-de-Meia, Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, Escola em Tempo Integral, Escolas Conectadas e Escola das Adolescências.

Há ainda aquelas voltadas à melhoria da infraestrutura física das redes de ensino, como o Pacto Nacional pela Retomada de Obras. Medidas para o ensino superior também foram elencadas, como a expansão dos institutos e universidades federais – Cidade Ocidental, inclusive, terá um novo campi da Universidade Federal de Goiás (UFG). Além disso, o programa Mais Professores para estimular egressos do ensino médio a buscarem cursos de licenciatura, garantindo bolsa para os estudantes, bem como a valorização da profissão docente.

Santana enfatiza, contudo, que as políticas do MEC precisam ser executadas nos Estados e municípios. “É um movimento que precisa ser articulado com os entes federativos. Se não houver compromisso dos governadores, prefeitos e secretários (municipais e estaduais), dificilmente vai melhorar. E tem de ser política continuada, porque o resultado na educação é de médio e longo prazo. É um processo contínuo e tem de garantir recursos para isso”, defende.

Ainda pela manhã, o evento foi seguido pelo painel com os governadores e outro voltado à “primeira infância e governo digital”, que contou com a presença da ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, o prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB), e o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT). Pela tarde, foram realizados painéis simultâneos sobre a implantação da Política Nacional do Ensino Médio, a Prova Nacional Docente e sobre crise climática e educação.

Outras discussões voltadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a implantação do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, além da inteligência artificial associada à educação. Próximo ao encerramento do evento, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), presidente da Frente Parlamentar Mista de Educação, abordaram a agenda legislativa do Congresso Nacional par os anos de 2025 e 2026. Para encerrar, foi realizado o painel sobre “ciência da implementação na educação”.

Reforma do ensino médio já vigora em Goiás, diz secretária da Educação durante evento em SP

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Encontro nacional

WebStories: Professora é demitida após queixa em live de secretária

A professora que perguntou em uma live, ocorrida na última quinta-feira (24), para a secretária estadual de Educação, Fátima Gavioli, se os professores que possuem contrato não poderiam acompanhar os filhos em consultas médicas e foi respondida com a frase “você não é obrigada a trabalhar, não”, afirma que foi demitida nesta segunda-feira (28). A Secretaria de Estado de Educação de Goiás (Seduc) comunicou que repudia qualquer alegação de perseguição aos servidores contratados temporariamente e que, conforme legislação estadual, o contrato tem validade de até cinco anos, ao final dos quais o servidor deve ser desligado.

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Roberta da Silva Batista, de 28 anos, é professora de Geografia no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Santa Bárbara, em Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal. Ela entrou na rede estadual como professora contratada em agosto de 2018 e afirma que teve o contrato aditivado posteriormente.

Em 2023, ela engravidou e tirou licença-maternidade. Retornou às atividades em 2024. O filho dela, Eduardo, de apenas 11 meses, precisou de consulta médica em agosto. “Peguei o atestado e o entreguei na escola. Quando recebi o contracheque, veio a falta. Na live, assim como qualquer outra pessoa, fiz a pergunta. Aí, ela se exaltou”, conta. A live, que aconteceu na última quinta, com toda a rede de ensino estadual, serviu para tratar sobre a reestruturação do plano de carreira dos professores.

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Segundo Roberta, ela estava trabalhando normalmente nesta segunda-feira quando foi chamada pela direção do Cepi e informada de que o contrato dela fora rescindido porque estava vencido. A professora procurou a Coordenação Regional de Educação (CRE) de Águas Lindas de Goiás para obter mais esclarecimentos e a explicação recebida foi a mesma. “É estranho, porque conheço outros que trabalham com contrato vencido também”, relata. A professora se preocupa com o futuro, já que o salário dela era a principal fonte de renda da família. “Dependemos disso”, enfatiza.

A fala de Fátima direcionada a Roberta aconteceu nos últimos minutos da live, que teve quase 50 minutos de duração. “Estou vendo uma pessoa aqui dizendo ‘contrato não pode nem acompanhar o filho no médico’. Você não é obrigada a trabalhar, não. Se você for um contrato e você acha que você tem de ter um emprego que libera para ir ao médico, você precisa sair, porque a lei é federal (...) Contrato que está aqui dentro trabalhando, não fez concurso, está dentro da rede, mas quer trabalhar em um lugar que você possa ter liberdade de ir e vir, mas a lei federal te proíbe, eu acho que você deveria pedir exoneração”, disse Fátima.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que é federal, garante que se possa acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica uma vez por ano. A Lei Estadual nº 20.918, de 21 de dezembro de 2020, dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender necessidade temporária de excepcional interesse público.

O texto aponta que se aplicam, no que couber, as disposições estatutárias que forem pertinentes a cada caso, relativamente aos seguintes institutos: diárias, ajuda de custo, férias, adicional de férias, auxílio-alimentação, licença-maternidade, licença-paternidade, casamento, luto e vale-transporte. O texto não trata sobre a ausência do trabalhador para acompanhamento de familiares em consultas médicas. Na prática, isso significa que, neste quesito, esses trabalhadores não estão protegidos pela CLT.

Entretanto, a advogada trabalhista Juliana Mendonça aponta que é possível argumentar que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) impõe a obrigatoriedade de cuidado dos pais. O artigo 22 do ECA descreve que “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e cumprir as determinações judiciais.”

Em nota, a Seduc informou que a Lei Estadual nº 20.918 define o período máximo de contratação temporária na rede estadual e que “conforme a legislação, o contrato tem validade de até cinco anos, ao final dos quais o servidor deve ser desligado”, sendo que “as rescisões ocorrem mensalmente, seguindo o que determina a lei. Além disso, a entrada de professores aprovados em concurso público implica na substituição de servidores temporários, em consonância com as normas legais.”

A pasta ainda repudiou “qualquer alegação de perseguição a servidores contratados temporariamente” e reforçou que “desde o início desta gestão, todas as ações têm sido conduzidas com respeito e transparência”.

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<h2>Live</h2>

Pessoas que acompanham as lives da secretária e preferiram não se identificar afirmam que episódios de excessos por parte da secretária não são incomuns e são reportados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). A deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e presidente do sindicato, Bia de Lima, explica que os advogados do Sintego estão trabalhando para acionar Fátima judicialmente por conta dos comportamentos recentes da secretária.

Na live, Fátima tratou de diversos assuntos relacionados à reestruturação da carreira dos professores, principalmente sobre os reajustes dos vencimentos e gratificações. Depois de explicar uma série de pontos, ela passou a ler comentários dos participantes das lives. Em resposta a um comentário que dizia “não é sobre o aumento, é sobre passar fome”, Fátima afirmou: “Aí tem que deixar o serviço. Tá passando fome, tem que achar um trabalho que ganha mais, porque a Educação você já entrou sabendo quanto seria seu salário.”

Em 22 de outubro, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou, em definitivo, a reestruturação da carreira do magistério estadual, com reajustes dos vencimentos dos professores PIII e PIV, em percentuais de 9,59% e 10,45% respectivamente. O conjunto de medidas inclui o reajuste nos valores das gratificações de regência e de coordenação pedagógica. Os atuais R$ 1,1 mil pagos aos professores regentes de classe passarão para R$ 2 mil e os coordenadores pedagógicos, que hoje recebem R$ 700 por sua função, passarão a receber R$ 1,2 mil.

O projeto de reestruturação, de autoria do governo de Goiás, foi anunciado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) em 14 de outubro. Uma das principais reclamações dos professores em relação ao projeto gira em torno do fato de os reajustes concedidos aos professores PIII e PIV terem sido menores do que o acumulado pelos professores PI e PII nos últimos seis anos (68%). A outra reclamação diz respeito à concessão da gratificação ter ficado atrelada às licenças dos professores e coordenadores pedagógicos. Pelo texto aprovado na Alego, caso eles tenham três ou mais dias de licença por mês deixam de receber a gratificação.

<h3>Polícia </h3>

Ao POPULAR, Fátima disse que os comentários durante a live foram fruto de provocações. “Geraram uma reação em mim que poderia ter sido gerada em qualquer outra pessoa”, afirma. Ela diz não se arrepender das colocações feitas, mas avalia que poderia ter respondido de outra forma. “Podem ter sido falas deselegantes, mas não são mentirosas. Quem se sentiu ofendido com isso, peço desculpas.”

Fátima acredita que os comentários feitos na live tenham vindo de um grupo organizado e possam ter motivações políticas. Ela acredita que o sentimento de insatisfação dos servidores que participaram do episódio não representa a maioria dos professores da rede em relação ao plano de reestruturação da carreira.

A secretária relata que tem sofrido ataques machistas e misóginos desde que os vídeos começaram a circular. “Se fosse um homem a dar essas respostas, talvez estivesse tudo bem”, enfatizou. Ela ainda conta que os ataques estão sendo direcionados até a seus filhos. Por causa dos ataques, ela procurou a Polícia Civil de Goiás e fez um boletim de ocorrência. Em nota, a polícia informou que as investigações estão em andamento, sob sigilo.

Professora é demitida após queixa em live de secretária

Polêmica na Educação

Jackson Abrão entrevista Fátima Gavioli

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O Jackson Abrão entrevista desta segunda-feira (26), recebe a Secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli. Em pauta está o ensino no estado que conquistou o 1º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede qualidade da educação no Brasil.

Acompanhe a transmissão ao vivo a partir das 10h.

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A Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) não vê maiores dificuldades para a implementação da revisão do Novo Ensino Médio (NEM), aprovada semana passada na Câmara dos Deputados, nas unidades de ensino da rede estadual. A pasta alega que já tem atuado “em consonância com o projeto de lei” que trata sobre as alterações na legislação que fez uma reforma na modalidade de ensino, aprovada em 2017. Entretanto, deve ser um processo gradativo, iniciando ainda em 2025 e com previsão de ser finalizado em 2027.

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A reforma do ensino médio foi aprovada ainda na gestão do então presidente Michel Temer (MDB), mas começou a ser implementada apenas em 2022. A expectativa era de que as mudanças fossem iniciadas gradativamente, sendo a 1ª série ainda naquele ano, e de forma subsequente até 2024. Entretanto, no início do ano passado, o governo Lula (PT) suspendeu a medida até que uma revisão fosse feita. A decisão seguiu uma reivindicação de professores, alunos e também pesquisadores da área.

Com o novo projeto de lei, que aguarda apenas a sanção presidencial, a carga horária total deve ser de 1 mil ao ano, totalizando 3 mil ao final do ensino médio. Já a formação geral básica – que inclui disciplinas obrigatórias, como português e matemática – deverá ser ampliada para 2,4 mil horas. No caso do ensino técnico, será de 2,1 mil. A nova definição é diferente da lei aprovada em 2017, que previa apenas 1,8 mil horas para as obrigatórias. Já as demais 600 horas serão para os itinerários formativos, que são aqueles escolhidos pelos próprios alunos.

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Ao POPULAR, a diretora pedagógica da Seduc, Alessandra Oliveira de Almeida, pondera que “Goiás já trabalha hoje em um formato muito próximo ao que o projeto de lei sugere” aprovado em 9 de julho no Legislativo. Entre as semelhanças, ela cita a oferta de disciplinas equivalentes aos itinerários formativos, além da de todas as 12 disciplinas obrigatórias. “Teve Estado que remanejou, tirou disciplina. Não foi nosso caso. Não tiramos nenhuma da formação geral básica.” Ela informa que o Estado já oferta o ensino profissional integrado ao ensino médio.

Já a gerente de Ensino Médio da pasta, Ábia Vargas de Almeida Felício, explica que componentes curriculares semelhantes aos itinerários formativos são trabalhados em todas as unidades da rede estadual, seja parcial ou integral, ou mesmo os colégios da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO). “Todas as escolas ofertam o estudo orientado, que é trabalhado no formato de itinerário, contemplando as áreas do conhecimento. E temos também as eletivas, que permitem ao estudante o direito de escolha sobre o que ele vai cursar. Já temos isso na transição que estamos fazendo desde 2019. De modo que, quando o projeto de lei (da revisão) chega para nós, nossos ajustes podemos considerar como mínimos”, comenta.

A avaliação da pasta é de que as novas mudanças são positivas ao ensino médio. A diretora da Seduc aponta que mesmo que as dificuldades sejam mínimas para a implementação das medidas previstas na revisão do NEM, a secretaria vai seguir o que está descrito no projeto de lei. Dessa forma, o currículo da 1º série em Goiás deve ser alterado ainda em 2025. O texto do projeto, entretanto, prevê que as diretrizes curriculares sejam atualizadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) até dezembro, dois meses antes do início do próximo ano letivo.

Na última quarta-feira (10), um dia após a aprovação no Congresso, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que secretários de Educação de alguns Estados, além de especialistas, já apontavam dificuldades para implementar a nova revisão do ensino médio até o próximo ano. Para os titulares das pastas, falta tempo hábil para colocar o modelo em prática de forma satisfatória.

Com a transição gradativa, as regras devem se iniciar em 2025 para alunos da 1ª série; em 2026 para a 2ª série; e em 2027, para a 3ª. As alterações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entretanto, ficam para o último ano, quando já terão turmas formadas totalmente dentro do Novo Ensino Médio já revisado. Ainda não foram apontadas as mudanças que serão feitas na prova utilizada como porta de entrada para instituições públicas de ensino superior.

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Seduc não vê dificuldade em aderir a Novo Ensino Médio

Educação

As diretrizes do novíssimo ensino médio devem sair até o fim do ano, como prevê o governo federal. É pouco tempo para que as secretarias estaduais — principal porta de entrada para essa etapa na rede pública — se adaptem, o que pode colocar o projeto em risco. Foi nos estados que o modelo adotado a partir de 2022 fracassou, mesmo que ele já viesse com graves problemas de concepção, ainda no governo Michel Temer. Com estrutura insuficiente e falta de investimento na qualificação profissional, as secretarias estaduais de educação transformaram os itinerários de formação, o coração do novo ensino médio, em uma sopa de letras sem nexo. O texto aprovado na semana passada corrige algumas distorções, com a fixação da base curricular para disciplinas tradicionais e maior carga horária para elas, assim como a instituição de normas mais claras para as disciplinas optativas. O ensino médio é o principal gargalo da educação nacional. É nele que se registram os maiores índices de evasão, assim como os piores indicadores em avaliações internacionais. Governo federal e estados devem atuar juntos para diminuir o atraso do País em relação às nações mais desenvolvidas. Essa é uma nova chance.

Novíssimo ensino médio

Editorial

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