O processo de <a href="https://opopular.com.br/cidades/fios-poluem-paisagem-de-goiania-mas-soluc-o-ideal-e-pouco-viavel-1.3321906" target="_self">reordenamento da fiação nos postes de Goiânia</a> deve durar de dois a três anos. A ação prevê desde a retirada de cabos em desuso até a reestruturação e manutenção dos fios ativos, seguindo as normas de distância mínima entre os cabos de telecomunicações, o solo e a rede elétrica. O trabalho será conduzido pelas empresas responsáveis pelos fios e contará com a participação da Prefeitura de Goiânia, da Equatorial Goiás e do Ministério Público, sendo que as ações emergenciais terão início no dia 20 deste mês.

Nesta quinta-feira (9), uma reunião entre a Prefeitura, empresas de telecomunicações, Equatorial Goiás, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) marcou a retomada do programa Cidade Segura. A iniciativa tem como objetivo remover fiações caídas e sem uso, a fim de evitar riscos de acidentes e reduzir a poluição visual causada pelo excesso de cabos.

O trabalho de reordenado será realizado de forma descentralizada, com diferentes frentes atuando simultaneamente em várias regiões da cidade. “Cada grupo (de empresas de telecomunicações) vai entrar na região que atua. Estão mais próximos, conhecem os clientes, sabem onde tem problemas”, explicou Hudson Rodrigues Novais, presidente da Agência de Regulação de Goiânia (AR).

<ul style="padding-right: 0px; padding-left: 0px; margin: 0px 0px 5.5px 25px; color: rgb(0, 0, 0); font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 11px;">
	<li>Saiba mais sobre a medida na CBN Goiânia:&nbsp;<a href="https://www.cbngoiania.com.br/tarde-cbn/sandro-mabel-afirma-que-forca-tarefa-vai-retirar-fios-de-telecomunicac-o-n-o-identificados-1.3316887" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none;" target="_self">Sandro Mabel afirma que força tarefa vai retirar fios de telecomunicação não identificados</a></li>
</ul>

A estratégia atual difere da adotada em 2023, quando o trabalho era feito em um bairro por vez. Na ocasião, foram recolhidas 89 toneladas de cabos em cerca de um ano e meio. A expectativa era limpar mais de 170 mil postes na cidade, o que poderia resultar na retirada de pelo menos 300 toneladas de fiação. No entanto, a ação foi interrompida. Nesta semana, Anápolis já iniciou uma operação semelhante. Em setembro, tanto a capital quanto a cidade do interior registraram mortes relacionadas a <a href="https://opopular.com.br/cidades/fios-soltos-e-baixos-viram-armadilhas-em-goiania-1.3318419" target="_self">fios soltos eletrificados</a>.

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), esclareceu que no âmbito do Cidade Segura, a administração pública fará a coordenação e fiscalização. “Ajudar no que for possível. Ajudar quem for clandestino e queira ser regularizado (...) Vamos começar por uma ação emergencial nos setores onde temos mais cabos pendurados, caindo e tudo mais”, disse.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/fios-soltos-e-baixos-viram-armadilhas-em-goiania-1.3318419" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Fios soltos e baixos viram armadilhas em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mabel-diz-que-rua-87-ficara-fechada-sob-chuva-fios-soltos-ter-o-forca-tarefa-em-goiania-1.3317125" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Mabel diz que Rua 87 ficará fechada sob chuva; fios soltos terão força-tarefa em Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/apos-morte-de-garoto-em-anapolis-poluic-o-visual-e-negligencia-com-fiac-o-nas-cidades-volta-a-pauta-1.3315544" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Após morte de garoto em Anápolis, poluição visual e negligência com fiação nas cidades volta à pauta</a></div>

De forma emergencial, o foco será direcionado às áreas comerciais de Goiânia. A expectativa de Novais é que essa primeira etapa seja concluída até meados do próximo ano. “Estamos preocupados com a segurança da população e com a segurança viária”, ressaltou o presidente, que avalia que todo o trabalho de reordenamento pode levar até três anos.

A promotora de Justiça Alice Freire, responsável pela 8ª Promotoria de Justiça de Goiânia, especializada em Meio Ambiente e Urbanismo, explica que as ações do Cidade Segura levam em consideração a chegada do período chuvoso e as festividades de fim de ano, que aumentam a circulação das pessoas nas ruas. “A partir desse momento, o programa Cidade Segura foi admitido pela Prefeitura de Goiânia como uma política municipal de gerenciamento desses fios (mortos e inutilizados)”, destacou.

Na avaliação de Alice, em relação à retirada da fiação, todos os envolvidos são corresponsáveis pela situação. “É claro que quem coloca o fio, é aquele que deve retirar. Mas, temos um passivo em que todos estarão coordenados para participar das ações e das operações de retiradas desses fios”, reforçou.

<h2>Telecons</h2>

A Associação das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações da Região Centro-Oeste (Aspres), que representa principalmente os provedores de internet, participou do encontro desta quinta. O presidente da associação, Romenig Junio, afirmou que o problema é nacional e se comprometeu a informar às autoridades quais são as empresas provedoras de internet que operam de forma irregular.

Ele ressaltou que as empresas associadas que possuem fios soltos, irão proceder à retirada desses cabos, mas lembrou que, em 2023, não houve um apoio consistente por parte da Prefeitura, o que agora é uma promessa da agência reguladora do município.

Romenig também destacou a responsabilidade da Equatorial Goiás e das empresas de telefonia em relação aos fios soltos. Sobre a distribuidora, ele contou que cortes indiscriminados de fios para a troca de postes causam transtornos tanto para as empresas quanto para os clientes. Além disso, segundo ele, quando os fios não são cortados, acabam sendo amarrados, resultando em emaranhados.

Ele ainda argumentou que a maior parte dos fios em desuso são deixados por empresas de telefonia — como os utilizados em telefones fixos — e só podem ser removidos por essas próprias empresas. Nesse sentido, apresentou um estudo feito por uma empresa privada sobre o passivo de fios da Oi, empresa de telefonia que está em recuperação judicial. Segundo o documento, são 75,1 mil linhas telefônicas desativadas desde junho de 2007, o que representa cerca de 14,5 toneladas de cabos. O POPULAR entrou em contato com a Oi, mas não obteve retorno até a publicação desta edição.

<h3>Anatel</h3>

Segundo o gerente regional da Anatel, Paulo Aurélio Pereira da Silva, a retirada dos fios da Oi é um problema à parte. “Vamos propor uma outra reunião com o Ministério Público e a Prefeitura. A gente vai notificar essa empresa. Essa rede, praticamente, está morta. Vamos apresentar um projeto para que esses cabos sejam retirados. Um projeto separado do que está sendo proposto agora”, esclareceu.

Silva também destacou a importância de todas as empresas terem a outorga junto à agência. “As empresas que estão em funcionamento e não estão cadastradas, são clandestinas”, pontuou o gerente regional da Anatel, que enfatizou que, nesses casos, a Anatel pode interromper o serviço e apreender os equipamentos.

<h3>Equatorial Goiás </h3>

A Equatorial Goiás defende que cumpre sua responsabilidade de fiscalizar e notificar as empresas de telecomunicações. “No total de dois anos e meio que estamos aqui, foram feitas mais de 311 mil notificações”, frisou André Abrão, gerente de Relacionamento com o Cliente da distribuidora. Ele garantiu que a empresa dará suporte técnico ao programa Cidade Segura e promete estreitar os canais de comunicação com as operadoras de telecomunicações.

Abrão também esclareceu que a distribuidora não fica com os valores arrecadados pelo aluguel dos postes. “Quando falamos dos valores de uso mútuo que são arrecadados, 40% do valor é repassado via tributo e 60% é utilizado na amortização tarifária, ou seja, nenhum real do valor que é utilizado no aluguel dos postes fica efetivamente com a distribuidora”, disse o gerente.

Reordenamento de fios em Goiânia pode levar de 2 a 3 anos

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Urbanismo

A Equatorial Goiás, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica no estado, foi multada em R$ 15 milhões pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por compartilhamento indevido de informações do cadastro de consumidores com uma comercializadora que faz parte do mesmo grupo empresarial. A informação foi divulgada pela Aneel nesta quinta-feira (9).De acordo com a Aneel, a fiscalização foi motivada por uma denúncia sobre práticas contra a livre concorrência. A agência informou que o caso confere vantagem competitiva indevida no ambiente de contratação livre. Como previsto em resolução normativa de 2019, a conduta foi enquadrada como de natureza grave. No entanto, a Equatorial ainda pode apresentar defesa. A Aneel explicou que o processo pode subir para análise da Diretoria Colegiada, que será responsável por tomar decisão final sobre o tema.Em nota, a Equatorial Goiás afirmou que o processo junto à Aneel ainda está em andamento e destacou que ainda não se trata de decisão definitiva, cabendo recurso nas instâncias administrativas competentes. A distribuidora informou que acompanha continuamente o caso, “assegurando que todos os questionamentos e informações pertinentes sejam devidamente tratados junto à agência”.A companhia também ressaltou compromisso com o cumprimento da legislação brasileira, normas regulatórias do setor elétrico, incluindo a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A empresa também citou comprometimento em “operar com ética, responsabilidade e respeito à sociedade”. IndicadoresA Equatorial faz parte de um grupo brasileiro e atua em Goiás desde o final de 2022, após comprar a antiga Celg-D da italiana Enel. O POPULAR mostrou em abril que a Equatorial ficou em penúltimo lugar no ranking de desempenho de distribuidoras de grande porte do País, publicado pela Aneel. A lista tem 31 empresas e é referente ao serviço prestado em 2024.A posição é resultado de indicadores que demonstram que, no ano passado, o consumidor goiano ficou, em média, 15,91 horas sem energia, número maior do que o limite de 11,43 que havia sido estipulado pela Aneel. A frequência das quedas no estado foi de 7,61, resultado que ficou abaixo do limite de 7,73. Na época, a Equatorial apontou que o resultado ficou dentro do esperado e destacou que encontrou a empresa com rede defasada e com necessidade de investimentos.Em setembro, a empresa informou que, desde a sua chegada no estado, já investiu mais de R$ 5,3 bilhões na modernização e ampliação da rede. No início do mês passado, a companhia voltou a ser alvo de pressão do setor produtivo para acelerar investimentos. O argumento de representantes do Fórum das Entidades Empresariais de Goiás é que o cronograma de investimentos não está conseguindo acompanhar o desenvolvimento do estado, colocando barreiras para o crescimento do setor.Em reação ao movimento, a Equatorial argumentou que “as obras são planejadas e realizadas para atender todos os clientes da área de concessão, com investimentos reconhecidos na tarifa de energia conforme as normas da Aneel, evitando que a conta de luz sofra reajuste em razão de projetos voltados a um grupo específico”.

Aneel multa Equatorial em R$ 15 milhões por compartilhar dados

Economia

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Consumidor

Em reposicionamento político da Câmara Municipal de Goiânia diante de déficits da capital, 28 vereadores assinaram o requerimento de instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar os fios soltos em postes na cidade. A iniciativa é do vereador Coronel Urzêda (PL) e conta com a anuência inclusive do presidente da Casa, Romário Policarpo (PRD).&nbsp;

Segundo a Lei Orgânica do Município, a criação de CEI dos Fios Soltos depende de leitura pela mesa diretora e consequente aprovação, em plenário, com votos de pelo menos um terço dos vereadores. A expectativa é que isso ocorra já na semana que vem. O prazo inicial de funcionamento do colegiado é de 120 dias, prorrogável por igual período.

No despacho encaminhado à Presidência da Casa, Urzêda argumenta que a comissão deve apurar possíveis falhas das empresas de energia, internet e telefonia na gestão e fiscalização dos cabos instalados nos postes da cidade. Segundo ele, a falta de manutenção e o acúmulo de fiação inutilizada representam “risco à segurança da população, poluição visual e prejuízo à mobilidade urbana”.

A iniciativa surge em meio a recentes tragédias e reclamações recorrentes sobre o emaranhado de fios soltos e cabos caídos em vias pública, problema que se agravou após chuvas e quedas de energia em diferentes regiões da capital. O exemplo mais recente ocorreu no último dia 23 de setembro, quando uma adolescente morreu depois de levar um choque em fio de alta tensão próximo da Rua 20 do Setor Central. Um fio energizado teria caído no chão na hora do temporal que atingiu a capital à tarde, quando a jovem atravessava a rua. O Corpo de Bombeiros informou na ocasião que quando a equipe chegou ao local a vítima já estava inconsciente.&nbsp;

Questionado pelo POPULAR se a CEI será utilizada como um instrumento de ofensiva à Prefeitura, Urzêda negou a possibilidade e reforçou que a comissão parte de um fato determinado, sendo que o maior foco deverá ser as empresas responsáveis pelos cabeamentos.&nbsp;

“Ela (a CEI) inclusive vai ser interessante para o Paço porque o próprio prefeito queria. Pode inclusive acontecer de, amanhã, sentarmos com a CEI, o Paço, as empresas, o MP, para a gente poder resolver. Isso aqui vai ser pedagógico. Não queremos criminalizar o empresário. A Equatorial é nossa concessionária de energia, ela gera empregos e essas empresas como a TIM, Vivo, Claro também geram empregos, mas não há identificação desses cabos. Não é direcionado contra ninguém, é para resolver, que seja daqui um ano, dez meses”, disse Urzêda.

Policarpo destacou que os fios soltos são “problema grave” em Goiânia e disse que o problema pode unir Câmara e Prefeitura. “Eu mesmo assinei essa CEI, e entendo que ela tem o dever de entregar um resultado à sociedade em relação ao que está visível hoje para todos. Entendo, inclusive, que a Prefeitura será parceira da Câmara para que essas empresas que abandonam esses cabeamentos aí sejam punidas devidamente, inclusive sejam multadas, porque a falta de segurança em relação a isso é enorme”, afirmou.

Vereadores de Goiânia querem CEI para apurar fiação solta

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Investigação

Um total de 342.146 pessoas que moram em Goiás ficam pelo menos duas horas por dia no trânsito para ir e voltar do serviço, o que soma 12,41% do total de trabalhadores, de acordo com os dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (9). Os dados foram colhidos a partir das respostas dadas pela população em 2022, o que indica a percepção do tempo gasto no deslocamento casa – trabalho. Porém, apenas 36.947 pessoas no Estado responderam que gastaram mais de duas horas para chegar ao local de atuação profissional, o que representa 1,34% das pessoas que estavam ocupadas na semana da entrevista para o Censo 2022.&nbsp;

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Em contrapartida, a maioria dos moradores do Estado (56%) gastam entre 6 e 30 minutos para ir ao trabalho, o que corresponde ao mesmo tempo para o retorno, sendo assim o período diário gasto no trânsito. Do total de pessoas que gastam mais tempo no deslocamento ao trabalho, 56,51% estão em Goiânia (193.358), porém, proporcionalmente há um menor número de residentes na capital que gastam mais de duas horas por dia no trânsito, de 10,50%.&nbsp;

A cozinheira Luciana de Jesus Ferreira, de 56 anos, mora em Nerópolis e trabalha no Hospital Araújo Jorge, no Setor Universitário. Leva cerca de 40 minutos de casa ao trabalho. Sai às 4h40 e, na Praça da Bíblia, pega outro ônibus que leva mais 15 minutos até o destino. Na volta, está no terminal por volta de 17h45, para chega em casa perto das 20 horas, completando o trajeto de carro com o marido. Segundo Luciana, as maiores dificuldades enfrentadas no transporte público são a demora dos ônibus e a superlotação. Ela relata que, no primeiro ônibus do dia, raramente encontra um lugar para sentar. “E precisa tirar esses ônibus velhos, que estragam no caminho, e colocar novos, com ar-condicionado.”

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/metade-da-populac-o-de-goiania-usa-carro-no-dia-a-dia-diz-estudo-1.3320599" target="_self">Metade da população de Goiânia usa carro no dia a dia, diz estudo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/transporte-coletivo-tem-potencial-de-expans-o-de-mais-de-300-na-grande-goiania-1.3290483" target="_self">Transporte coletivo tem potencial de expansão de mais de 300% na Grande Goiânia</a> 
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Há casos em que o veículo quebra sem substituição imediata, o que a obriga a esperar por longos períodos. A cuidadora e diarista Luciene Rosa de Jesus Bispo, de 50 anos, passa por situação semelhante. Ela mora em Caldazinha e trabalha em Goiânia, para onde vai pelo sistema de transporte coletivo metropolitano. Segundo conta, a demora chega a até 3 horas por dia apenas para começar a trabalhar. A jornada se inicia às 5h40, mas ela só chega à capital entre 8h20 e 8h40.

O uso do transporte coletivo em Goiás ocorre por apenas 18,62%. A maioria da população utiliza o automóvel (36,45%) ou a motocicleta (20,29%) para o deslocamento diário ao trabalho. Em Goiânia, a proporção é ainda menor, com 17% das pessoas se dizendo usuárias do sistema, enquanto que 66% dos moradores apontam que utilizam veículos automotores, entre carros, motocicletas e caminhonetes. O engenheiro e professor de Engenharia de Trânsito da Universidade Federal de Goiás (UFG) Ronny Aliaga Medrano, que também é membro do Mova-Se Fórum de Mobilidade, ressalta que os dados são a partir da percepção das pessoas.&nbsp;

“Temos de levar em consideração que são dados de 2022, em um pós-pandemia, ainda com restrições, voltando os veículos a circular, o que pode ter dado esse menor tempo de deslocamento para a maioria”, diz Medrano. Ele ressalta que a pesquisa fala de tempo de deslocamento, mas não tem a relação de quilômetros de distância entre o domicílio e o trabalho, de modo que um trajeto de 15 ou 30 minutos, embora pareça pouco, pode ser muito a depender do trajeto a ser realizado. “O ideal seria uma pesquisa mais atualizada, pois ainda temos uma quantidade alta de congestionamento.”

O professor ressalta, porém, que o principal ponto é que, em tese, se os tempos são curtos e o trajeto também, não seria sustentável o uso dos automóveis particulares, o que não ocorre nas cidades com sistemas coletivos, como Goiânia. “Para trajetos curtos, o sustentável seria o uso do coletivo, porque evitaria os congestionamentos. Mesmo que seja uma ida ao supermercado, à padaria, à escola, que seja rápido, de vez em quando, mas é <a href="https://opopular.com.br/cidades/metade-da-populac-o-de-goiania-usa-carro-no-dia-a-dia-diz-estudo-1.3320599" target="_self">um carro a mais na rua</a> e em locais que já estão com muitos carros na rua. Algumas medidas foram positivas, mas ainda há congestionamentos”, diz.

(Laysa Milograma é estagiária do GJC em convênio com a UniAlfa)

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342 mil goianos levam 2 horas ou mais por dia no trajeto entre casa e trabalho

Mobilidade urbana

As telas nas quais Antônio Poteiro trabalhou em suas derradeiras pinceladas aludem aos seus trabalhos anteriores, com a mesma expressividade, as cores fortes e as formas pitorescas que permitiram gravar seu estilo no imaginário de quem admirava sua obra. Os quatro quadros estão no Instituto Antônio Poteiro, na residência de seu filho Américo Souza, em Goiânia, onde ele viveu os últimos anos. “Claro que dá para ver que são Poteiros, mas o Velho aqui já não tinha mais a força para pintar como antes”, reconhece o herdeiro. Numa delas, vai um casal sobre um burrinho, com outro animal atrás trazendo alguma carga, num cenário vermelho e verde, cheio de pássaros. Outra traz uma árvore florida, uma terceira tem uma figura que parece divina e exala paz. A última é feita de flores num fundo azul.

Se os traços já não eram firmes, sua assinatura continuava ali. Uma assinatura única, que o próprio artista soube condensar em uma frase, dita para um documentário produzido no ano 2000 para a TV Câmara, do Congresso Nacional: “Isso tudo que você vê é fantasia e se acabar a fantasia, acaba o Poteiro também”. A fantasia que, 15 anos após sua morte, continua a encantar. “Ao pintar festas, ritos e o cotidiano, ele criou uma conexão direta com o povo e com a memória coletiva do Brasil. Isso deu à sua obra uma identidade própria, facilmente reconhecível e marcante. Alguns podem achar que essa fidelidade o limitou, mas, na verdade, foi essa consistência que fez dele um artista sólido, respeitado e lembrado. Foi a sua marca registrada”, destaca a produtora em artes Malu Cunha.

Em 10 de junho de 2010, após uma internação, Poteiro, que padecia de problemas renais, teve uma parada cardíaca. Tinha quase 85 anos de uma existência na qual não faltaram atribulações, mudanças radicais de rota, sofrimentos, dores e alegrias. Tudo isso, por outro lado, adubou um imaginário que não foi só fértil, mas surpreendente. As peças de cerâmica, as cores vibrantes das telas, as figuras pouco delineadas que habitam seus trabalhos, tudo isso compõe um quadro singular nas artes brasileiras. Do barro, ele criou um mundo próprio. Das cirandas e rezas, do sacro e do pagão, das histórias contadas e cantadas em ladainhas, Poteiro erigiu um universo que convida a mergulhos no coração da cultura, dos festejos, do viver. Poteiro morreu, mas deixou essa pulsação de vida como herança.

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Uma das últimas obras produzidas por Antônio Poteiro (Renato Conde)

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“Toda essa riqueza, esse legado que ele deixou permitem que a gente entenda melhor o Brasil, o período em que ele viveu, isso de uma maneira às vezes irônica, sarcástica, mas de uma maneira natural. Ele é popular e é culto na tradução desse país”, resume o biógrafo e pesquisador da obra de Antônio Poteiro, PX Silveira. “Poteiro nos ajudou a ver melhor nossa própria identidade. Ele não trabalhava para satisfazer expectativas. Ele tinha suas próprias verdades. Não era um artista estático”, ressalta. “Poteiro não teve mestres formais, mas seguiu uma produção livre, inspirada na tradição familiar. Aprendeu a lidar com o barro desde pequeno, observando seus tios e pai”, salienta o pesquisador José Reinaldo Martins, da PUC Goiás. “Anos mais tarde, resgatou essa produção anterior, transfigurando-a.”

“Antônio Poteiro é uma referência marcante: em Goiás, é símbolo de identidade cultural; no Brasil, é reconhecido como o artista que levou a força da arte popular ao patamar da grande arte. Sua importância está em ter criado uma linguagem única, ao mesmo tempo acessível e significativa”, assegura Malu Cunha. “Ao transformar a cerâmica em uma narrativa visual rica e multifacetada, Poteiro construiu um universo onde o sagrado e o profano dançam em harmonia, onde a tradição encontra a liberdade criativa e onde o passado se reinventa no presente”, assinala José Reinaldo. “Ao deixar um legado duradouro tanto em Portugal quanto no Brasil, e ao continuar a inspirar novos artistas e pesquisadores, Antônio Poteiro reafirma o poder transformador da arte”, conclui o pesquisador.

Para realização de seu livro Antônio Poteiro: Um Místico Luso-Brasileiro, o professor José Reinaldo constatou, entretanto, que em Portugal, o artista plástico radicado em Goiás poderia ter seu nome mais difundido. “Em Barcelos, há um museu interessante sobre a cerâmica produzida na região. Numa primeira consulta ao espaço, disseram que não havia uma obra de Poteiro no acervo. Mas quando encontramos uma pessoa mais antiga, que conhecia melhor o que o museu possui, ela nos indicou peças de Poteiro, mas que não estavam em exposição porque estavam danificadas. Depois disso, houve até um compromisso de restaurar esses trabalhos”, relata José Reinaldo. O primo de Poteiro, o também artista plástico João do Monte tem uma inserção melhor no mercado lusitano.

No Brasil há um déficit em relação à visibilidade da obra de Poteiro. Apesar de ele ter participado da Bienal de Arte de São Paulo de 1981, principal evento da área no Brasil, não há informações de que alguma obra sua integre, por exemplo, o acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o mais prestigiado do País. Já o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) tem o registro de duas esculturas de Poteiro – A Mãe, de 1994, e Anjos, de 1997 –, ambas oriundas da Coleção Gilberto Chateaubriand, doada à instituição. Em Inhotim, Minas Gerais, maior museu a céu aberto do mundo, Poteiro não está contemplado. Já o Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, recebeu obras do artista em 2015, trabalhos que foram apreendidos na posse de investigados no âmbito da Operação Lava Jato.

Os desafios de um amplo legado

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Obras no Instituto Antônio Poteiro (Wesley Costa)

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Para onde se olhe no Instituto Antônio Poteiro, vemos a força da imaginação. Telas de diferentes tamanhos ocupam todas as paredes da sala principal e de outros cômodos. Américo Souza calcula em quase 150 trabalhos do pai ali expostos. No quarto principal fica, geralmente, a série da Via Crúcis, agora emprestada para uma exposição itinerante sobre o artista produzida pela Caixa Econômica Federal, que está rodando o Brasil. Ela já esteve em São Paulo e agora passa por Fortaleza. Também ali está, em lugar de destaque, a leitura de Poteiro para a Criação do Mundo, cheia de motivos da nossa cultura e do nosso bioma, com figuras reais e imaginadas povoando a imensa tela com mais de 5m². Nas partes interna e externa da casa há várias peças em barro esculpidas por Poteiro.

Esse legado está, sobretudo, nas mãos de Américo, filho de Poteiro, que seguiu a carreira do pai. Ele também é ceramista e mantém um ateliê em Aparecida de Goiânia, onde expõe suas obras e promove visitas guiadas com grupos escolares. Américo e seu irmão Valdir, entretanto, não têm uma relação boa exatamente em razão da administração desse conjunto. “Já bem idoso, Poteiro me pediu para ser seu testamenteiro, exatamente para evitar que os filhos se desentendessem ainda mais diante das obras que deixaria”, relata PX Silveira, que passou a ter uma relação próxima com ele no processo de escrita do livro Poteiro em Primeira Pessoa, principal biografia do artista. Os irmãos mantêm distância, mas Américo salienta que o Instituto que comanda é o único autorizado a certificar as obras.

Este é um ponto delicado quando se fala da obra de Antônio Poteiro após sua morte. Ele produziu muito – calcula-se em mais de 5 mil peças ao longo da vida –, mas saber onde todas estão é um desafio quase impossível de superar. Poteiro era generoso e não é difícil encontrar pessoas de sua convivência que foram presenteados por ele com quadros ou esculturas. Ele também deixou matrizes, que hoje podem ser usadas para a confecção de reproduções que, não raramente, são ofertadas como pinturas originais. E ainda há o pior de tudo: as falsificações. Em 2020, por exemplo, a revista Veja publicou uma nota informando que os trabalhos de Poteiro estavam entre os principais alvos de falsários. “Tem muito disso, realmente”, lamenta PX. “Isso deprecia o valor de mercado das obras.”

“Muitas vezes as pessoas me ligam perguntando se um quadro específico foi feito pelo Velho ou não. Há casos que é fácil saber que é falso. Em outros, eu peço para que a pessoa traga o trabalho para eu analisar”, afirma o filho Américo. “Muita gente vem com obras sem certificação. Daí eu falo para a pessoa que a opção de comprar é dela. Existe uma tabela e se a pessoa encontra uma obra vendida a um preço muito abaixo, ela tem que desconfiar sobre a autenticidade”, pondera. “Isso diminuiria se houvesse um catálogo do Poteiro. Assim poderíamos ter segurança sobre o que é dele e o que não é”, sugere o professor a artista plástico Divino Sobral. Com a autoridade de quem já foi curador de uma exposição de Poteiro, ele tem olho clínico para reconhecer uma obra verdadeira.

“Certa vez, em São Paulo, entrei numa pequena loja da região central e lá no fundo, numa prateleira escondida, cheia de poeira, havia duas peças originais de Poteiro. E o mais impressionante: comprei as duas por R$ 45,00”, conta Sobral. “Isso revela o quanto a obra de Poteiro ainda não é conhecida como deveria em outras partes do País.” Essa falta de informação é terreno fértil para que seus trabalhos sejam imitados ou falsificados, com pouca chance de punição para os responsáveis. “Quem conhece um Poteiro sabe distinguir a falsificação exatamente porque ela tenta ser muito metódica, com as linhas bem feitas, bonitinhas. Poteiro não era assim. Pelo contrário, ele era mais rústico mesmo. Há também diferenças na assinatura. Se estiver muito certinha, pode não ser dele”, ensina PX Silveira.

“O fato de Poteiro ter seguidores e artistas que se inspiram nele mostra a força de sua linguagem”, considera a produtora artística Malu Cunha. “Claro que isso exige atenção no mercado, já que falsificações acabam trazendo certa desconfiança. Nesse sentido, o Instituto Antônio Poteiro desempenha um papel importante ao certificar suas obras, fortalecendo a confiança de museus e colecionadores e contribuindo para que seu legado siga valorizado e reconhecido”, opina. “Na minha opinião, para aquisição de obras do Poteiro, tem que haver uma avaliação de especialistas para não deixar dúvidas sobre o seu legado”, argumenta o diretor do Museu de Arte de Goiânia, Antônio DaMatta. “Quanto mais fama, mais responsabilidade a gente tem”, dizia o próprio Poteiro.

 
Mostra de celebração será aberta em 2026

Uma grande mostra em homenagem a Antônio Poteiro está sendo preparada pelo Sesc de Goiás e será realizada no Museu de Arte Contemporânea (MAC), mas ela só será aberta em janeiro de 2026, devendo durar três meses. Antes dela, a última grande exposição de Poteiro em Goiás ocorreu em 2022, no Museu Octo Marques, no Centro. Em âmbito nacional, a Caixa Econômica Federal produziu uma mostra itinerante, chamada A Luz Inaudita do Cerrado, que esteve em cartaz em São Paulo, no primeiro semestre, e que agora pode ser visitada em Fortaleza. Já a exposição 100 anos de Antônio Poteiro, cujos organizadores preveem que seja vista por 30 mil pessoas, terá elementos interativos e imersivos, que vão levar o público para dentro das cores vivas do artista plástico.

Segundo Leopoldo Veiga Jardim, diretor regional do Sesc/Senac, o evento terá diversas linguagens. “A exposição exibirá pinturas, cerâmicas, bem como fotos e documentários sobre a vida e a obra do artista”, anuncia. O projeto prevê obras interativas, cenários dinâmicos, que reagem em tempo real aos movimentos do público, com sensores de movimento, som direcional e projeção mapeada. Entre esses cenários, haverá uma ciranda com as figuras típicas do imaginário de Poteiro, dançando em imagens ao lado dos visitantes. Telas que abordam as festas juninas ganharão o mesmo efeito, assim como será possível ouvir Poteiro falando de sua obra, em áudios de antigas entrevistas. Durante o evento, o livro Poteiro: Pessoa Pública, do seu biógrafo PX Silveira, será lançado.

“Nós estamos realizando uma série de ações na cidade para celebrar o centenário de Poteiro. A exposição em si só será realizada entre janeiro e março do ano que vem porque neste final de ano, o Centro Cultural Oscar Niemeyer já estará muito demandado pelos festejos natalinos do governo”, explica Leopoldo Veiga Jardim. “Enquanto isso, em vários lugares há exposições que estamos apoiando. Uma delas é uma mostra que será feita na Galeria ID+D, em Goiânia”, informa o diretor regional do Sesc/Senac. São iniciativas muito bem-vindas, mesmo que isoladas. A data de nascimento de Poteiro em outubro chegou sem que nos nove meses anteriores suas obras ocupassem, com vigor, um dos tantos espaços culturais públicos que existem na capital. Que o início de 2026 redima essa lacuna de 2025.