Atualizada às 11h34Desde o dia 1º de junho, a Santa Casa da Misericórdia de Goiânia suspendeu as cirurgias cardíacas envolvendo a implantação de marca-passo e ainda não há previsão de retorno dos procedimentos. A justificativa é uma alteração no valor pago pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte do Ministério da Saúde (MS) que reduziu em até 64% o valor de repasse. Segundo a unidade de saúde, a mudança inviabiliza a compra de materiais.Superintendente Técnico da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, Cláudio Tavares explica que para um tipo de marca-passo, a alteração foi em torno de 64% e o outro, em torno de 46%. “Com essa redução, o fornecedor alegou inviabilidade de entrega do material. São equipamentos difíceis de serem localizados no mercado. Não há muitos fornecedores nacionais disponíveis. Geralmente, indústrias multinacionais. Neste momento, o que temos de informação é que está acontecendo uma negociação a nível federal. A gente está aguardando negociações”, completa.Tavares explica que já houve situação similar envolvendo válvulas cardíacas, mas neste caso a instituição que é filantrópica conseguiu identificar fornecedores que entregassem material com qualidade em preço comportado pela nova tabela. “As cirurgias com válvulas cardíacas estão sendo feitas normalmente. Não identificamos no mercado outra empresa que atenda à nova tabela do Ministério da Saúde quanto aos marca-passo. Infelizmente ficamos esperando uma solução.”Sem dados sobre fila de espera e retorno de cirurgiasQuestionada pela reportagem sobre quantos procedimentos deixaram de ser realizados desde o dia 1º ou se há fila de espera, a Santa Casa respondeu, por meio da assessoria, que não possui o número de pacientes na fila.A regulação do SUS para o local é feita pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), que também foi procurada pelo jornal e informou que não recebeu nenhuma devolução de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) da Santa Casa. O Ministério da Saúde também foi procurado, via e-mail da assessoria de comunicação, mas não respondeu aos questionamentos.Cirurgias travadas em 2021Em julho de 2021, reportagem do O Popular mostrou que pelo menos 250 pacientes aguardavam em fila na Santa Casa da Misericórdia de Goiânia à espera de procedimentos cardíacos. A situação tinha causas específicas, sendo a principal delas: a defasagem no valor pago por dispositivos descartáveis utilizados em cirurgias cardíacas. O valor não sofre reajuste há 18 anos e, com pandemia e alta do dólar, as indústrias ameaçaram deixar de fornecer os materiais.Na época, o Hospital da Criança era o único a operar pediatria em Goiás e apenas casos urgentes passaram a ser realizados.Leia também: Atraso na verba do SUS preocupa prestadores de serviços de GoiâniaSanta Casa de Goiânia suspende consultas e exames nesta terça-feira (19)Sem recursos, fila para cirurgia cardíaca cresce em GoiásOpinião: As Santas Casas pedem socorro