Numa iniciativa inédita, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia está utilizando uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para identificar na atenção primária pacientes com mais de 60% de chance de desenvolver acidente vascular cerebral (AVC) ou enfarte mesmo antes dos sintomas. A experiência está em andamento no Distrito Oeste e já identificou mais de 7 mil pessoas nesta condição, dos quais 546 pacientes são de altíssimo risco. Esse grupo passa a ter prioridade na rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Não é só mais um programa. A tecnologia está aí para beneficiar a população”, lembra Cynara Mathias, superintendente de Gestão de Rede da SMS de Goiânia. O processo é simples e envolve o agente comunitário de saúde, figura essencial na atenção primária. Esse servidor vai à residência no seu território de atuação e preenche, com a família, duas fichas, uma domiciliar e outra individual. Na primeira, há informações genéricas, como a condição estrutural da casa, número de pessoas que habitam, o responsável financeiro, etc..

“A saúde não pode ser tratada de forma pontual. É preciso analisar as determinantes sociais. Se uma residência é pequena e acomoda um grande número de pessoas, o risco de adoecimento é maior”, detalha Cynara. Na ficha individual constam informações sobre hábitos de vida, alimentação, comorbidades, doenças crônicas, entre outros. Cynara explica que todas essas informações vão para o e-SUS, sistema do Ministério da Saúde, mas em Goiânia o programa de IA faz o cruzamento dos dados possibilitando identificar a população de risco.

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“Detectamos o estilo de vida, os antecedentes familiares e vamos fazendo um score, o que manualmente seria muito difícil”. Os 546 indivíduos considerados de alto risco no Distrito Oeste foram convocados pelos agentes comunitários de saúde a fazer uma consulta com um clínico geral. No último mutirão da Prefeitura de Goiânia, 203 deles foram avaliados e as consultas continuam nas Unidades de Saúde da Família (USFs). O clínico geral define o encaminhamento seguinte. “O risco pode ser baixo, médio ou alto e o paciente pode precisar de atenção secundária ou terciária. Estamos construindo uma linha de cuidados, viabilizando exames prioritários e monitorando os pacientes”, diz Cynara.

A superintendente explica que a SMS está contratando mais cardiologistas para que o paciente de risco tenha acesso rápido ao profissional. Essas pessoas, identificadas pelo sistema, vão receber um cartão para comprovar a necessidade de atendimento prioritário. “Precisamos pensar na logística, levantar a demanda e dar resolutividade.” Segundo Cynara Mathias, após a experiência no Distrito Oeste, a rede está em fase de fortalecimento para que os demais distritos recebam o benefício.

Para facilitar esse atendimento prioritário aos pacientes de maior risco, a SMS vai inaugurar no início de junho o espaço Reabilita, no Jardim América. Conforme a superintendente, além de oferecer reabilitação física e intelectual, o local vai sediar também um ambulatório cardiovascular. Goiânia, de acordo com a superintendente, tem uma cobertura de quase 60% na atenção primária. Até o momento, o sistema identificou aproximadamente 40 mil pessoas, entre os munícipes cadastrados na rede SUS, que precisam de atenção maior para evitar eventos cardiovasculares.

<h3>Sistema preventivo gera custo menor e desafoga rede&nbsp;</h3>

A ideia de antecipar o atendimento aos pacientes de risco potencial para AVCs e enfartes foi do médico paulista Wilson Modesto Pollara que desde outubro de 2023 está à frente da SMS de Goiânia. “É algo inédito. Estamos buscando as pessoas antes que elas nos procurem”, afirma o secretário. Ele ressalta que tanto o AVC quanto o enfarte possuem a “hora de ouro”, ou seja, quando o paciente é tratado na primeira hora da manifestação, a recuperação é muito melhor.

Pollara lembra que os custos desse sistema preventivo são muito menores para os cofres públicos. “Se tratamos os pacientes com medidas clínicas antes de um enfarte, vamos evitar que ele seja submetido a um procedimento cirúrgico, com necessidade de ocupar um leito de UTI durante vários dias. O serviço que vamos prestar - consultas, orientações e medicações - fica muito mais barato.”

Superintendente de Gestão de Rede da SMS de Goiânia, Cynara Mathias reforça que é preciso contabilizar não somente o custo financeiro para o estado, mas também a qualidade de vida para o paciente e sua família.

O secretário de Saúde de Goiânia acredita ainda que haverá impacto no atendimento da rede, que será desafogada. “Os pacientes serão tratados de forma mais simples, nas unidades básicas onde há muito mais vagas, e não em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou Centros de Atenção Integrada à Saúde (Cais).”

Saúde de Goiânia adota IA para prever enfarte e AVC

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Ciência

Pastora

<div attr-cid="policy:1.3215194" attr-version="policy:1.3215194:1735595876" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3215194" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3215194', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3215194">Pastora (1.3215194)</a></div>

Morreu nesta segunda-feira (30) a pastora da igreja&nbsp;O Brasil Para Cristo (OBPC) de Anápolis Márcia do Vale, aos 54 anos, após um acidente vascular cerebral (AVC), informou a congregação nas redes sociais. Em uma publicação, a igreja lamentou o falecimento da missionária, que está sendo velada na igreja, localizada no setor Alto da Bela Vista, nessa noite.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

<cite>É com muita tristeza que nos despedimos hoje da pastora Márcia do Vale, uma mulher guerreira que inspirou e ajudou tantas almas. Agradecemos a Deus pela honra de tê-la como parte essencial da nossa obra”, disse um trecho da publicação, que complementou dizendo: “Que possamos ser fortes como ela foi e carregar o seu legado com amor e dedicação. Pedimos que orem por nossa igreja e por nossa família. Confiamos que o verdadeiro conforto vem de Deus”.&nbsp;</cite>

<img attr-cid="policy:1.3215185" attr-version="policy:1.3215185:1735594165" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3215185/WhatsApp Image 2024-12-30 at 18.27.11.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Pastora da igreja OBPC Márcia do Vale (Reprodução/Redes sociais)

Nos comentários, amigos e fiéis lamentaram a sua partida. “Seu legado permanecerá por gerações!”, disse um dos comentários. “Fui privilegiada em poder te conhecer, de tê-la sentada na minha mesa trazendo ensinamentos tão ricos”, disse outro.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/morre-pai-da-prefeita-eleita-de-ipora-1.3214040" target="_blank">Morre pai da prefeita eleita de Iporá</a> 
<a href="https://opopular.com.br/magazine/morre-ney-latorraca-aos-80-anos-1.3213939" target="_blank">Morre Ney Latorraca aos 80 anos</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/morre-ex-diretor-e-conselheiro-fiscal-da-faeg-jose-veras-de-araujo-1.3209581" target="_blank">Morre ex-diretor e conselheiro fiscal da Faeg José Veras de Araújo</a></div>

No dia 17 de dezembro, o perfil da igreja fez uma publicação para pedir orações para a pastora, que estava hospitalizada.&nbsp;

No domingo (29), a igreja atualizou sobre o seu estado de saúde, informando que após a sua transferência para o Hospital de Urgência de Goiás (Hugo)&nbsp;foram realizados vários exames que constataram que ela teve um acidente vascular cerebral (AVC), com “um vazamento de sangue muito grande dentro da sua cabeça e o quadro dela é irreversível”.&nbsp;

Conforme a igreja, o sepultamento da pastora Márcia do Vale&nbsp;será realizado em Anápolis. A&nbsp;data e horário ainda não foram divulgados.&nbsp;

<img attr-cid="policy:1.3215190" attr-version="policy:1.3215190:1735595505" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3215190/WhatsApp Image 2024-12-30 at 18.50.29.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Pastora Márcia do Vale em uma palestra para mulheres (Reprodução/Redes sociais)

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Pastora Márcia do Vale morre aos 54 anos após AVC

Luto 

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)&nbsp;de suspender o pagamento de emendas de comissão que somam R$ 4,2 bilhões obrigou o governo Lula a fazer contas e avaliar alternativas para o cumprimento do piso constitucional da saúde.

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Segundo colaboradores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Executivo contava com parte dessas emendas para atingir o gasto mínimo que é exigido para a saúde.

Na segunda-feira (23), o ministro Flávio Dino, do STF, determinou a suspensão do pagamento das emendas e a instauração de um inquérito para investigar o processo de liberação desses recursos, incluindo o depoimento de deputados que haviam denunciado irregularidades sobre sua indicação. A apuração foi aberta no dia seguinte pela Polícia Federal.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/goiania-acusa-bloqueio-de-r-18-7-milh-es-na-saude-1.3214556" target="_blank">Goiânia acusa bloqueio de R$ 18,7 milhões na Saúde</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/decis-o-de-dino-suspende-r-93-4-milh-es-destinados-a-goias-1.3214554" target="_blank">Decisão de Dino suspende R$ 93,4 milhões destinados a Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/governo-de-goias-reforca-estrutura-de-analise-e-discute-regras-sobre-emendas-parlamentares-1.3214242" target="_blank">Governo de Goiás reforça estrutura de análise e discute regras sobre emendas parlamentares</a></div>

Além disso, a três dias do fim do ano, o Ministério da Saúde estaria enfrentando dificuldades para execução de emendas autorizadas. Isso porque o STF determinou a destinação de recursos para a saúde em contas bancárias específicas e individualizadas para cada emenda. Nesse caso, o empenho é contabilizado para cumprimento do piso.

Nesta sexta (27), a advocacia da Câmara dos Deputados solicitou o desbloqueio da verba, sob o argumento de que as comissões responsáveis pelas emendas foram suspensas para dar prioridade à pauta de votações e que não houve ilegalidade na indicação dos recursos.

Em resposta, Dino deu um prazo até 20h desta sexta para que a Câmara aponte os beneficiários das emendas, cuja autoria foi assumida por um grupo de 17 líderes de partidos na Câmara dos Deputados.

Segundo sua decisão, o Parlamento insiste "em interpretações incompatíveis com os princípios constitucionais da transparência e da rastreabilidade".

A Câmara enviou nova manifestação ao ministro do STF, reforçando os argumentos da manifestação anterior e afirmando que o ofício assinado por líderes partidários com indicações de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão seguiu orientação do governo Lula.

Integrantes do governo admitem que não haverá como liberar esses recursos, à exceção de uma fatia da saúde, caso Dino mantenha a suspensão do pagamento.

Nesse caso, o governo faz contas para saber se terá de buscar meios para o cumprimento do piso constitucional sem ferir as exigências do STF.

Uma alternativa em análise na Secretaria de Orçamento Federal, do Ministério do Planejamento, era a edição de uma portaria remanejando recursos de outros ministérios para a pasta da Saúde. Outra hipótese seria uma medida provisória de crédito extraordinário.

Apesar desses percalços, integrantes do governo têm trabalhado para evitar o acirramento da crise entre os três Poderes. A orientação é para que nenhuma decisão seja tomada antes do fim do ano, no calor do debate.

A esperança é que se construa a pacificação, com adoção de respostas técnicas às demandas do Judiciário e em diálogo com parlamentares.

No Congresso, persiste a desconfiança sobre a participação do governo no imbróglio, uma vez que a suspensão de emendas devolveria ao Executivo um naco de poder sobre o destino dos recursos públicos, hoje sob o comando dos parlamentares.

Governo Lula avalia alternativas para cumprir piso da saúde após decisão de Dino sobre emendas

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SAÚDE

No comando do quarteto goianiense do Campeonato Goiano de 2025, dois técnicos são estreantes no Estadual, um é o atual campeão, mas agora está em outro clube, e outro tem a maior experiência entre eles, só que por um time do interior. Atlético-GO, Goiânia, Goiás e Vila Nova entram na disputa com técnicos contratados neste final de ano e que farão suas estreias justamente na 1ª rodada.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); font-size: 12px; text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

(No fim do texto, confira perfil de todos os técnicos do Goianão 2025)

Luan Carlos, do Goiânia, é o mais experiente de todos os participantes da próxima edição quando o assunto é o Goianão. O treinador vai para a sua 4ª disputa da elite estadual, após liderar o Goianésia em 2020, 2021 e 2024. Em 2020, foi finalista da competição, quando o Azulão do Vale perdeu, nos pênaltis, o título para o Atlético-GO.

Aos 32 anos, Luan Carlos é o mais jovem dos técnicos do Goianão de 2025, apesar de já ter dez anos de carreira na função - seu primeiro trabalho como técnico foi aos 23 anos. Ele começou no futebol profissional aos 15, como auxiliar de rouparia do Novo Horizonte, time de sua cidade natal, Ipameri.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/esporte/tecnicos-do-goian-o-2025-estadual-vai-comecar-com-quatro-treinadores-gauchos-1.3214667">Técnicos do Goianão 2025: Estadual vai começar com quatro treinadores gaúchos</a></div>

Luan Carlos é um dos únicos treinadores goianos do Estadual do ano que vem, ao lado de Ângelo Luiz, do Anápolis. Com uma ideologia de jogo ofensivo, com valorização da posse de bola e muita autonomia para os jogadores, ele afirma que seu intuito como treinador é estimular a criatividade dos atletas.

“Estamos com um elenco forte, mesclando experiência e juventude. Acredito que, na montagem de um elenco, a principal palavra é complementaridade. Ou seja, atletas que consigam se complementar em suas características uns com os outros. Sabemos que o Campeonato Goiano é bem disputado e rápido. Estamos focados nesta pré-temporada. Nosso objetivo é alcançar a vaga na Copa do Brasil”, projetou Luan Carlos.

Jair Ventura, que voltou ao Goiás e assumir a equipe nesta sexta-feira (27), vai para a sua 2ª participação no Goianão. É o atual campeão do torneio, após faturar o título de 2024 com o Atlético-GO. Agora, o treinador comandará o alviverde em 2025. O técnico também esteve no futebol goiano em 2022, pelo Goiás, e em 2023, pelo Atlético-GO, mas nesses anos chegou depois da disputa do Estadual.

Na intenção de defender o próprio título do Goianão e conquistá-lo por outro time, que não é campeão estadual desde 2018, Jair Ventura chega como o nome mais conhecido do Campeonato Goiano de 2025. Em sua carreira, já comandou Botafogo, Santos, Corinthians, Sport, Chapecoense e Juventude.

O atual tricampeão do Campeonato Goiano é o Atlético-GO, que busca o tetra inédito no ano que vem, mas com novo treinador. Após o fim melancólico de temporada na Série A, em que o time fez campanha ruim e terminou rebaixado para a Série B, o Dragão acertou a contratação de Rafael Guanaes para comandar a equipe no próximo ano. Rafael Guanaes, que, como Jair Ventura, foi apresentado nesta sexta-feira (27), entrará como estreante no Goianão.

O profissional iniciou a carreira de treinador em 2010 e, pela primeira vez, comandará um clube goiano. Em seu currículo, soma passagens por Joseense (SP), União São João (SP), São Carlos (SP), Monte Azul (SP), Votuporanguense (SP), Athletico-PR, Sampaio Corrêa, Tombense e Novorizontino, além de ter sido auxiliar no Cruzeiro. Desde 2023, Rafael Guanaes estava no Operário (PR).

Outro estreante no Goianão é o técnico do Vila Nova, que anunciou Rafael Lacerda após o desfecho da Série B. O treinador possui uma curta carreira até aqui, que teve início em 2019. Passou por Caxias (RS), Aimoré (RS), Amazonas, ABC e Barra (SC). Pelo Amazonas, o treinador conquistou o acesso inédito para a Série C, em 2022.

No ano passado, novamente marcou seu nome na história do Amazonas ao conquistar o título da Série C e garantir mais um acesso inédito, desta vez para a Série B. Após deixar a equipe no início da temporada, Rafael Lacerda retornou e manteve o clube de Manaus na 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro. O objetivo agora é levar o Tigre ao título estadual, o que ocorreu pela última vez no clube em 2005.

<h2>Fora da capital, quase todos são estreantes</h2>

Entre as oito equipes de fora da capital que disputarão o Campeonato Goiano de 2025, apenas uma tem um técnico natural do estado de Goiás, e a maioria tem treinadores que participarão do Goianão pela primeira vez na função. O POPULAR conversou com todos eles, que projetaram seus respectivos objetivos no torneio.

Sete desses oito treinadores não nasceram em Goiás. A única exceção é Ângelo Luiz, natural de Anápolis e que treinará o time de sua cidade natal.

O técnico começou sua carreira profissional como jogador no próprio Galo da Comarca e, em 1991, disputou o Campeonato Goiano pela equipe. “Quando parei de jogar, queria continuar no meio do futebol. É uma coisa que estava no meu sangue, fui incentivado pelos meus pais desde criança”, comentou.

Identificado com o Anápolis, Ângelo Luiz chega para sua segunda oportunidade como treinador principal. A primeira foi em 2010, pelo Sinop (MT). Após essa experiência, ele sentiu que ainda não estava preparado para o desafio. Depois de 15 anos como preparador físico e quatro como auxiliar, ajudou a levar o Anápolis ao acesso para a Série C, nesta temporada, e se sente motivado para classificar sua equipe ao mata-mata do Goianão.

“Sou um profissional de personalidade equilibrada. A minha ideologia é de ter personalidade forte, insinuante, uma equipe que propõe o jogo e seja proativa e resiliente nos momentos mais difíceis da partida”, descreveu.

Outra exceção entre os técnicos do interior no Goianão de 2025 é Augusto Fassina, do Goianésia. Ele é o único que não disputará o torneio como estreante neste Estadual - em 2023, comandou o Inhumas nos últimos cinco jogos.

Depois de conseguir títulos de base, como a Copa Goiás Sub-20 de 2022 pelo Atlético-GO, e acessos com o Inhumas, para a elite do Campeonato Goiano, e com o Tupy de Jussara, para a Divisão de Acesso, ambos em 2024, Augusto Fassina assumiu o desafio de liderar o Goianésia em 2025.

“Dentro do perfil de trabalho, gosto muito que meu time jogue, que seja organizado e com muita disposição. Podem esperar um time muito competitivo e que vai lutar até o fim pela vitória”, declarou o treinador.

Felipe Moreira e Gian Rodrigues, do Goiatuba e da Jataiense, respectivamente, compartilham algumas coisas em comum: ambos nasceram no estado de São Paulo e possuem uma longa história com o futebol.

Felipe Moreira começou como atleta na Ponte Preta, mas sofreu uma lesão séria no joelho e não pôde continuar no mesmo nível. Filho de Marco Aurélio Moreira, ex-meia campeão do Brasileirão de 1985 com o Coritiba, Felipe começou a carreira como auxiliar em 2004 e convive com o esporte desde que nasceu.

“O que me motiva é dar sequência ao trabalho que meu pai fez no mundo em que eu vivo desde que nasci, praticamente”, comentou Felipe Moreira. Entre suas conquistas até aqui como técnico, conseguiu classificações com Inter de Limeira e Santo André ao mata-mata do Paulistão e esteve à frente da Ponte Preta nas melhores campanhas da história do clube nos pontos corridos da Série A, em 2015 e 2016.

Gian Rodrigues é filho de dirigente conhecido do interior de São Paulo, entre as décadas de 1970 e 1980. O seu pai, Joaquim Rodrigues, foi presidente do Aparecida (SP) e diretor de futebol do Esportiva (SP), dois clubes que já foram extintos.

O treinador, que já foi mascote e atuou nas categorias de base, fez estágios com Vanderlei Luxemburgo e Dorival Júnior e iniciou a carreira na base do Guaratinguetá, quando foi vice-campeão paulista sub-20.

“Muito feliz por estar abrindo um mercado em Goiás. Queremos fazer um campeonato de nível de excelência alto, muito focado em transferir isso para o campo. É fazer uma pré-temporada bem feita para entrar na competição no nível que a gente deseja. Fiquei muito feliz pelo encontrei aqui (na Jataiense)”, descreveu.

No Crac, único time do interior com dois títulos do Goianão, em 1967 e 2004, Alexandre Lopes será o responsável por tentar recolocar a equipe nos holofotes. Ele já disputou o Goianão como jogador em 2001, pelo Goiás, mas fará sua estreia como treinador na competição.

No clube de Catalão desde 2024, o técnico declarou que sempre prepara o time com a maior intensidade possível e que tem em mente, inicialmente, fazer uma boa fase classificatória pelo Leão do Sul para chegar ao mata-mata.

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Técnicos do Goianão 2025: quarteto da capital reúne experiente, estreantes e atual campeão

Esporte

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Estadual

Correção de textos, formatação de documentos, pesquisa em bancos de dados, dispositivos de busca, ordens rotineiras no ambiente doméstico. Essas e tantas outras funções do dia a dia não são mais novidade e muitas delas são possíveis graças a tecnologias que utilizam Inteligência Artificial, otimizando processos, economizando tempo e dinheiro em tarefas repetitivas. Mas a IA avança de forma exponencial e em 2024 o debate em torno dela firmou-se num outro patamar, o da criação de conteúdos ditos originais, uma vez que suas versões mais atuais, com aprendizado de máquinas e a chamada Inteligência Artificial Generativa, abriram novas perspectivas para seu emprego, por exemplo, no campo das artes. Essa é uma fronteira sensível, que suscita diversos debates éticos e legais.

Com a capacidade, a partir de prompts – instruções que o usuário dá aos modelos de IA para a execução de uma tarefa específica –, de criação de roteiros de cinema, obras de ficção, vídeos, desenhos, partituras musicais, mixagens de som e outros produtos antes exclusivos da criatividade humana, temores ficaram mais intensos sobre até onde a IA poderá impactar, quando não transformar completamente, a arte tal qual a conhecemos. Há reações diferentes de artistas em relação a essa nova realidade. Alguns não veem riscos tão graves assim, considerando a IA uma tecnologia inovadora que pode contribuir em muitos aspectos. Outros temem consequências funestas na criação humana, chegando a discussões de cunho existencial. Todos concordam, porém, que é um processo irreversível.

“Eu diria que 2024 marcou um momento significativo para a Inteligência Artificial, onde pudemos observar consideráveis avanços em modelos de IA generativa, como GPT-4, Gemini e Claude 3, alcançando uma capacidade de resolução de tarefas e problemas que alavancou a produtividade e a ciência”, avalia Douglas Cordeiro, professor e pesquisador da UFG, com doutorado em Ciência da Computação e Matemática Computacional na USP e que investiga IA no campo da comunicação. “Além disso, este ano também pode ser considerado um divisor de águas no contexto do volume de investimentos, principalmente em infraestrutura que suporte o crescimento exponencial de dados e a execução de algoritmos complexos, e estamos falando de cifras na casa dos bilhões de dólares.”

Meta, Google, Microsoft e outras big techs já desenvolvem suas IAs há algum tempo, mas agora a popularização da tecnologia levou opções de Inteligência Artificial não só para dispositivos eletrônicos, como smartphones, TVs e eletrodomésticos, como também para carros, edifícios e até brinquedos. “Eu, particularmente, não considero que o ano de 2024 foi um ano de ouro, mas que é parte de uma (r)evolução tecnológica que temos presenciado ao longo das últimas décadas. Tudo isso está conectado a avanços que tornaram as tecnologias em um diferencial estratégico e, em muitos setores do mercado, uma questão de sobrevivência”, considera Douglas. “Se 2023 foi o ano em que o mundo descobriu o poder da IA generativa, 2024 é o ano em que se passou a gerar valor a partir de seu uso.”

O pesquisador cita as redes sociais como espaços em que tal expansão mais ocorreu. “Nas redes sociais vemos isso sendo reverberado por meio do gerenciamento de mídia, análise de comportamento de público, identificação de influenciadores, análise de tendências, entre tantas outras ferramentas e possibilidades”, enfatiza. “Além disso, a personalização da experiência recebeu ainda mais impulso, por intermédio de sistemas de recomendação mais robustos, o que, por um lado é vantajoso no sentido de entregar conteúdos mais alinhados às necessidades de um usuário específico, mas que, por outro lado, pode se afunilar em uma espiral que converge para uma bolha informacional limitada”, alerta. Esses prós e contras têm agitado o mundo da criação artística, no qual a IA chegou como um tsunami.

“A discussão ética sobre o uso de IA na arte é profunda e multifacetada. Por um lado, é inegável que a IA pode ser vista como uma ferramenta que amplia os horizontes da criação, permitindo novas formas de expressar ideias e reimaginar o passado. Por outro lado, o risco de uma ‘desumanização’ da arte, como alguns críticos sugerem, é real”, argumenta Rafael Almeida, professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e também cineasta, fotógrafo e artista plástico. “No entanto, acredito que a questão não seja se a IA substitui ou não o humano na arte, mas como ela pode ser utilizada de forma crítica para refletir sobre as dinâmicas de poder que já existem na produção cultural”, complementa. O próprio Rafael tem feito experimentações com IA em seu trabalho.

<img attr-cid="policy:1.3214439" attr-version="policy:1.3214439:1735331880" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3214439/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
"A discussão ética sobre o uso de IA na arte é profunda e multifacetada", ressalta Rafael Almeida&nbsp;&nbsp;(Divulgação)

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“O uso da IA em minha prática artística é parte de um processo crítico de reconfiguração da memória e da história, especialmente no contexto do Brasil Central. A visualidade do meu trabalho é fortemente marcada pelas paisagens rurais, pelos trabalhadores do campo e pelos bois, símbolos das camadas sociais periféricas do Cerrado e do sertão”, explica. “Esse processo de criação com IA é inspirado nas ideias de Juan Martín Prada sobre ‘promptografia’, onde o prompt (a solicitação inicial para a IA) se torna uma operação crítica sobre a memória e a ausência de imagens originais. A partir dessa solicitação, a IA não é apenas uma ferramenta técnica, mas um campo expandido de significação, permitindo que eu reimagine o passado e questione a veracidade do arquivo tradicional.”

Usos inovadores para construir sentidos. Com essa função, a IA trilha caminhos diferentes para objetivos que a arte sempre almejou. “Ao gerar imagens com IA, busco criar ‘falsos arquivos’ que preenchem lacunas da memória histórica, especialmente em relação a grupos periféricos”, descreve Rafael. “Essas imagens são trabalhadas artesanalmente com técnicas como a cianotipia, criando uma fusão de tempos: o presente da criação e a evocação do passado. A cianotipia adiciona uma camada de antiguidade, uma sensação de autenticidade histórica a essas imagens, ao mesmo tempo em que as distancia da ideia de um arquivo oficial ou verdadeiro. Esse processo não só cria um impacto visual, mas nos provoca a refletir sobre o que é lembrado, esquecido e o que pode ser reimaginado na arte.”

Rafael afirma que a IA está lhe permitindo “investigar e questionar o papel dos arquivos, da verdade histórica e na construção da memória, especialmente nas regiões mais periféricas do Brasil, como o Cerrado e o sertão”. Já para o escritor Flávio Carneiro, a IA tem realizado na literatura algo que, por outros meios, sempre foi uma tradição com certos autores consagrados. “Ainda no século 19, você tinha equipes que auxiliavam escritores. O Alexandre Dumas, na França, tinha três ou quatro funcionários que escreviam três ou quatro romances ao mesmo tempo. O autor tinha a ideia, um plano, começava a escrita e muitas vezes encarregava um funcionário de fazer aquele romance. Isso é histórico. Muitos folhetins foram escritos dessa forma. Mas quem que dava carga autoral final era o escritor.”

A grande quantidade de livros escritos a partir de prompts fornecidos a IAs tem aumentado. Já há guias publicados que ensinam a fazer isso. A gigante Amazon removeu centenas de títulos que foram redigidos por Inteligência Artificial sem que essa informação estivesse clara aos consumidores. Mesmo assim, o volume de obras feitas com IA já está tão significativo que a empresa limitou três livros por dia para cada autor. Exatamente isso. Três livros por dia! “Eu acho que não é uma ameaça para a literatura”, pondera Flávio. “A pessoa que estuda pode saber como o Machado de Assis ou o Guimarães Rosa escreviam e pedir a uma máquina para fazer algo parecido, mas sempre vai faltar alguma coisa. Nada vai substituir o talento individual, a marca autoral”, acredita.

“Embora a geração de conteúdo por IA esteja relacionada com o que já foi produzido, ela também impulsiona a produtividade e reduz lacunas de habilidades”, observa Douglas Cordeiro. “A crítica de que a IA desestimula a criatividade humana pode ser válida em contextos onde as pessoas optam por soluções rápidas, mas como ferramenta, a IA tem potencial para ser um catalisador para novas ideias. O ponto central é entender a tecnologia e o seu funcionamento e tirar proveito. Muitas vezes ficamos presos no senso comum e não percebemos as transformações. Esse é um momento em que a IA nos dá uma oportunidade de romper limitações e explorar outros horizontes, seguindo uma abordagem consciente, ética e crítica, não de forma passiva, mas dando significado e novas facetas à criatividade.”

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Entre receios e otimismo

“Acredito que, no contexto atual, os artistas terão de aprender a lidar com a IA, assim como aprenderam a dominar outras tecnologias no passado. A IA é uma ferramenta poderosa que abre novas possibilidades criativas, mas também exige uma compreensão crítica de seus impactos.” A opinião do professor e artista Rafael Almeida é um dos elementos dos debates que têm movimentado os mais diferentes espaços artísticos ao redor do planeta. Há um temor disseminado de que a IA vai extinguir funções específicas ou mesmo profissões inteiras. Em 2023 e 2024, atores e roteiristas de Hollywood entraram em greve e uma das reivindicações era a limitação do uso de IA nos filmes por parte dos estúdios, da criação dos roteiros à inserção de imagens de atores já mortos nas produções.

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Uma das obras de Rafael Almeida criada por Inteligência Artificial (Divulgação)

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Há movimentos entre outras categorias que pedem que o uso da IA seja disciplinado para evitar o desemprego em massa. É o caso dos dubladores, uma vez que a tecnologia permite que as vozes originais dos atores de filmes e séries sejam transpostas para diferentes idiomas, descartando assim as versões realizadas por estúdios de dublagem. Há também temores nas áreas dos design e dos desenhos, já que ferramentas acessíveis a todos, como o Bing e o Copilot, da Meta, e o Gemini, do Google, já criam imagens a partir de instruções em prompts. Na edição de 2023 do Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, um concorrente da categoria capa foi eliminado após a constatação de que a ilustração havia sido produzida por IA. Em fóruns literários, esse debate está quente.

“Acredito que a questão não é uma rejeição da IA, mas uma adaptação das normas e práticas do direito autoral. O processo de criação com IA deve ser reconhecido como um ato criativo e autêntico, especialmente quando o artista exerce um controle sobre a operação da IA, seja pela escolha dos prompts, pela curadoria do conteúdo ou pela transformação manual das imagens”, defende Rafael. “O artista precisa entender como a IA pode ser usada para reforçar ou desafiar as estruturas de poder que moldam as narrativas culturais. Portanto, sim, os artistas terão de aprender a lidar com a IA, não apenas como uma técnica, mas como uma prática de pensamento crítico que pode transformar a maneira como entendemos a arte, a memória e a história”, acrescenta.

“Isso já existe há bastante tempo. Há pessoas que escrevem sob encomenda”, sublinha o escritor Flávio Carneiro, que também é roteirista e professor de literatura na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), lidando assim com outro tipo de produção impactado pela IA: a acadêmica. “Há aqueles que oferecem: ‘Você quer escrever uma tese, uma dissertação, me diz qual é o assunto que eu escrevo para você’. E isso passa perfeitamente como um texto de qualidade. Mas isso é cópia, é crime. Por isso acho que todo texto criado por Inteligência Artificial deveria trazer alguma coisa que fosse facilmente identificável, uma espécie de marca d’água. Assim, por mais que pareça que aquele texto é original e da autoria de um humano, ficaríamos sabendo que foi criado por uma máquina”, sugere.

A respeito de uma possível desumanização desse conteúdo, Flávio tem uma visão menos maniqueísta sobre o tema. “Acho que o elemento humano nunca vai deixar de existir. Acho que algumas ações humanas estão sendo substituídas, mas o problema não é a máquina. Vivemos numa época em que o elemento humano tem pouco prestígio, com toda essa mentalidade da simplificação, mas não por conta dessa questão da IA”, destaca. “A complexidade é um mistério e quando você tenta eliminar o mistério, sendo a favor ou contra algo, de direita ou de esquerda, como se só houvesse duas opções para tudo, isso é desprestigiar o humano”, critica. “Acho que o problema não é a máquina e sim a tentativa de eliminar aquilo que marca a humanidade, que é a diferença.”

“A IA, como ferramenta, não é neutra. Ela carrega consigo os dados e os padrões que a alimentam, muitos dos quais são oriundos de uma história colonial, hegemônica e muitas vezes excludente”, adverte Rafael. “No meu trabalho, que se concentra nas camadas sociais periféricas do Cerrado e sertão do Brasil Central, a IA permite criar imagens que evocam a relação entre o homem e a terra. Ao utilizá-la, o artista não pode ignorar essas implicações. O que a IA oferece não é um substituto para a criatividade humana, mas uma nova forma de tensionar as ideias sobre o passado, a memória e a autenticidade. O elemento humano, ao contrário do que alguns críticos temem, é insubstituível. Nossa visão crítica e capacidade de questionar são o que torna a arte significativa.”

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Questões legais

Em várias partes do mundo há debates quanto a legislações que venham regular o uso da IA. No Brasil, uma proposta nesse sentido foi aprovada pelo Senado neste mês de dezembro. Um dos principais pontos é dar resguardo legal a criadores de conteúdos originais, garantindo que recebam direitos autorais de dados usados no treinamento de máquinas ou na produção de outros materiais por Inteligência Artificial que utilizem essas informações. Os processos de “mineração de textos” para desenvolver sistemas de IA terão regras mais rígidas, havendo flexibilidade quando usados por pesquisadores, jornalistas, bibliotecários e professores, desde que não sejam empregados apenas para reprodução.

A IA também tem sido desafiadora no que se refere à disseminação de fake news e criação de deep fakes, manipulando imagens e áudios de pessoas para finalidades políticas e até para criação de conteúdos pornográficos. Nesse ponto, o projeto do Senado entrou num impasse entre membros governistas e da oposição, já que determinadas práticas muito eficientes em campanhas eleitorais, como propagação indiscriminada de desinformação, seriam puníveis. Já determinados campos de uso da IA foram classificados como “de alto risco”, com regras mais duras, como diagnósticos médicos, controle de fronteiras, estudo analítico de crimes (como a polêmica identificação facial em locais públicos), recrutamento e demissão de funcionários, gestão de trânsito e classificação em concursos e vestibulares.

“Apesar de esforços regulatórios que temos observado, como o AI Act na União Europeia ou o marco regulatório da Inteligência Artificial no Brasil (Projeto de Lei nº 2.338/2023), ainda existe uma falta de padronização nas avaliações sobre uso e responsabilidade da IA”, analisa o pesquisador Douglas Cordeiro. “Pode-se dizer que há simultaneamente um otimismo exagerado e um pânico subestimado em relação aos impactos reais da tecnologia. O surgimento de novas tecnologias sempre está acompanhado de olhares que versam sobre a curiosidade e o medo”, contextualiza. “É necessário desenvolver uma estrutura legal que leve em conta essas novas formas de autoria, sem perder de vista os direitos dos artistas que criam o material utilizado pela IA”, opina o professor Rafael Almeida.

As legislações a respeito tentam acompanhar as inovações que o uso de IAs apresentam a cada dia. Mais de 70% das empresas já usam algum tipo de ferramenta de Inteligência Artificial ao redor do mundo, de acordo com uma pesquisa do Instituto McKinsey, publicada em junho de 2024. Isso não quer dizer, entretanto, que esse emprego esteja observando regras de direitos autorais e patentes, por exemplo. Dois dos maiores jornais do mundo, o The New York Times e o The Wall Street Journal, estão movendo processos milionários contra empresas de IA por uso indevido de materiais produzidos por suas redações no treinamento das máquinas. Se eles ganharem as ações, essas empresas terão de rever as formas como suas IAs varrem bancos de dados e sistemas em busca de informações.

Em artigo publicado na revista Direito, Inovação, Propriedade Intelectual e Concorrência, o advogado Victor Habib, autor do livro IA e Direito, explica que as discussões jurídicas em torno do tema concentram-se no que se chama de “doutrina do fair use”, ou “uso justo”, quando informações são coletadas para objetivos legítimos, como uma pesquisa acadêmica ou uma reportagem jornalística. Essa coleta para aprendizado de máquinas entraria na mesma concepção? “No Brasil, não existe a doutrina do fair use. Contudo, a legislação brasileira prevê situações em que o uso de obras protegidas não constitui violação de direitos autorais”, escreve. Há muitas opiniões divergentes sobre a questão, mas várias concordam que as empresas de IA devem ter papel central na proteção de direitos autorais.