O prefeito eleito, Sandro Mabel (UB) terá na saúde pública um de seus principais desafios logo ao assumir a gestão: as principais propostas da atual administração do Paço para a rede municipal de saúde no último ano não se concretizaram. A quitação das dívidas com as maternidades não foi bem sucedida, o que afetou os atendimentos eletivos por meses. Apenas um corujão – estratégia implementada pelo secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, quando atuava em São Paulo, para zerar filas de exames – foi realizado. A contratação de novas ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) só ocorreu após ação do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO).

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Wilson Pollara assumiu a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em 2 de outubro de 2023, substituindo Durval Pedroso. Logo após se tornar secretário, ele disse em entrevista ao POPULAR que o principal gargalo da pasta era o gasto de recursos públicos com atendimentos de média e alta complexidade em detrimento dos atendimentos de baixa complexidade – discurso que sustenta até hoje. Segundo Pollara, o foco da gestão seria melhorar a infraestrutura da rede municipal (leia mais ao lado) e deixar a atenção especializada para o governo estadual.

Entretanto, no momento atual, a crise na saúde municipal é generalizada e abrange desde dívidas com hospitais, laboratórios e organizações sociais até a falta de insumos nas unidades de saúde e o fechamento temporário de salas de vacinação. O cenário tem causado preocupação até mesmo à Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), diante do aumento de demanda nas unidades estaduais.

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Ao mesmo tempo em que a situação se agrava, reportagem do POPULAR publicada nesta terça-feira (22) mostrou que a Prefeitura de Goiânia tem gastado mais com a saúde. A gestão municipal gastou R$ 896,3 milhões com saúde até o quarto bimestre deste ano, valor que representa 24,26% da receita própria. O resultado é maior do que o registrado no mesmo período de 2023, quando os oito primeiros meses do ano acumularam despesa de R$ 703,5 milhões, com índice de 22,18% sobre a receita.

Ao longo de 2024, a saúde municipal enfrentou outros momentos de crise, como a superlotação de unidades de saúde no primeiro semestre por conta do aumento dos casos de dengue. Outro ponto de destaque foi a deterioração do Samu da capital, pelo volume de ambulâncias paradas. O episódio resultou até no afastamento do secretário de Saúde por um período.

Em 29 de junho, a pedido do Ministério Público de Contas (MPC-GO), o TCM-GO afastou Pollara do cargo. A movimentação foi fruto de um desgaste gerado após a SMS republicar um aviso de contratação emergencial para serviços do Samu. Em 14 de agosto, o tribunal revogou a medida cautelar que afastava o secretário do cargo. Depois do episódio, a SMS decidiu acatar a decisão do TCM-GO e contratou emergencialmente 22 ambulâncias, sendo que 11 já chegaram e estão em atendimento.

<h2>Maternidades</h2>

Um ponto central da crise da saúde municipal é a dívida milionária da SMS com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc), que administra as três maternidades públicas municipais (Dona Iris, Nascer Cidadão e Célia Câmara). Desde que assumiu a SMS, Pollara diz que os valores dos contratos para administração das três maternidades são altos para os padrões da Prefeitura, afirmação que voltou a repetir na última quarta-feira (30), durante prestação de contas da SMS na Câmara Municipal. O repasse mensal é na ordem de R$ 20 milhões.

As dívidas da Prefeitura com a Fundahc prejudicaram diretamente os usuários. Nas três maternidades, os atendimentos eletivos chegaram a ficar suspensos por mais de dois meses. Na última semana, a Fundahc informou que esses atendimentos serão retomados gradualmente a partir de 11 de novembro, o que só foi possível graças à liberação de recursos pela secretaria, mas destacou que “a continuidade plena dos serviços dependerá do cumprimento regular dos repasses pela SMS”.

Durante a prestação de contas, Pollara prometeu pagar R$ 22 milhões para a Fundahc. O intuito é reduzir a dívida de R$ 86,5 milhões da administração municipal com a fundação. Já foram repassados R$ 14 milhões. A promessa é de que mais R$ 12 milhões seguirão nesta semana e outros R$ 10 milhões, em dezembro, diminuindo a dívida para R$ 50 milhões. No começo de outubro, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) chegou a determinar o bloqueio de aplicação financeira ou depósito bancário nas contas vinculadas ao Fundo Municipal de Saúde da Prefeitura de Goiânia, para garantir o repasse referente ao mês de agosto de 2024 para as maternidades.

No fim de dezembro de 2023, em entrevista ao POPULAR, Pollara disse que estava articulando a transferência da Maternidade Dona Iris, na Vila Redenção, para o governo estadual, o que não se concretizou, apesar das tentativas do secretário. A ideia era passar os atendimentos da Dona Iris para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Paulo Garcia, na Chácara do Governador, região leste de Goiânia.

Em março deste ano, outra matéria do jornal mostrou que os moradores da região temiam que os serviços oferecidos no ambulatório do local fossem impactados pela transferência de parte dos atendimentos. Alguns dias depois, a SMS comunicou que as atividades da unidade de saúde seriam mantidas.

De acordo com a SMS, há dois componentes no custeio das maternidades: a assistência, que abrange fornecedores e pessoa jurídica e que já teve parte quitada; e a de encargos trabalhistas e fundo decisório, que está sendo equacionada. “Mesmo investindo cada vez mais na saúde – este ano já foram 24,26% da arrecadação municipal (R$ 896,3 milhões) –, o município encontra dificuldades em manter os altos custos das três maternidades públicas”, argumenta a pasta.

Conforme a secretaria, as maternidades passaram a pesar nos custos da saúde a partir do momento em que o Hospital Municipal e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) deixou de ser um hospital para tratar Covid-19, integralmente financiado pelo Ministério da Saúde (MS), e passou a depender 100% dos recursos do Tesouro Municipal. Mesmo com a ajuda de custeio do MS, iniciada em maio, a SMS diz que a situação ainda é desafiadora, já que a Prefeitura tem outras áreas para cuidar e ainda arca com a folha dos servidores.

“A situação é agravada pelo frequente aumento de pacientes de outros municípios que são atendidas na Dona Iris, que é uma maternidade de alto risco e alto custo. De janeiro a julho de 2023, 43% dos atendimentos eram de fora e agora em 2024, mesmo período, já são 52%”, destaca a SMS.

<h2>Dívidas</h2>

Ainda na seara das dívidas, Pollara prometeu dialogar com os hospitais da capital, mas sempre mostrou descontentamento com cobranças acima da Tabela SUS por parte dos prestadores de serviço. A situação já fez com que hospitais deixassem de oferecer leitos por não aceitarem o valor pago pelo poder público. A situação ainda não se resolveu.

Atualmente, a SMS segue com uma série de dívidas com prestadores. Apenas com o Hospital Araújo Jorge, o débito gira em torno de R$ 40 milhões. No início de outubro deste ano, o Hospital Jacob Facuri chegou a anunciar que não atenderia mais pelo SUS em razão de uma dívida de R$ 19,5 milhões. Os atendimentos foram suspensos, mas retomados dez dias depois, após acordo com a secretaria.

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<h2>Corujão</h2>

Pollara ganhou notoriedade nacional por conta do Corujão da Saúde, estratégia implantada por ele enquanto secretário municipal de Saúde de São Paulo (2017-2018) para zerar filas de exames. Quando assumiu a SMS, prometeu trazer a iniciativa para a capital goiana. Na ocasião, ele falou de corujões para ultrassonografias, raios-X, endoscopias, colonoscopias e ecocardiogramas.

Em 7 de novembro, foi lançado o programa Corujão de Ultrassonografia. O objetivo era reduzir a fila de 120 mil pacientes que aguardam para fazer os exames. A grande fila de espera foi formada a partir do início da pandemia da Covid-19, em 2020, quando os serviços de saúde foram suspensos em razão das medidas sanitárias de isolamento.

Questionada se a fila de espera por ultrassonografias na rede municipal foi zerada, a SMS não enviou resposta, mas explicou que durante o Corujão conseguiram fazer as ultrassonografias dentro do mês solicitado. Em dezembro de 2023, reportagem do POPULAR mostrou que milhares de goianienses aguardavam por exames na capital. Mesmo assim, nenhum outro Corujão para zerar as filas de espera por exames foi promovido pela Prefeitura no último ano.

Nesse sentido, a pasta comunicou que ”apesar das dificuldades, a rede de saúde do município está em funcionamento; somente nas urgências são uma média de 4 mil atendimentos/dia, sendo 3,5 mil atendimentos adultos e 500 infantis. Não faltam médicos nas unidades de saúde e nem na atenção primária; somente nos últimos meses, mais de 400 médicos foram contratados”.

<h2>Infraestrutura avançou pouco</h2>

O Goiânia Adiante, programa anunciado pelo prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) no final de 2022, prometia R$ 144,2 milhões de investimento na saúde. No início de 2023, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lançou as obras de construção de 12 unidades modulares. Argumentou-se que o uso de peças pré-moldadas iria proporcionar maior agilidade para as obras, com promessa de qualidade e durabilidade das estruturas. Para focar na atenção primária, Wilson Pollara, secretário municipal de Saúde, havia dito que iria investir em aprimorar a infraestrutura da rede – muitas das obras estão ligadas ao Goiânia Adiante.

No final do ano passado, O POPULAR mostrou que a demora na construção das edificações modulares fez com que a Prefeitura desistisse do projeto. Na época, a SMS disse que, a partir daquele momento, a intenção era licitar as obras para que as edificações fossem feitas de alvenaria. Em dezembro, Pollara afirmou que o edital de licitação deveria ser publicado em janeiro de 2024. Já em maio deste ano, a promessa era de que o edital para construção de oito unidades seria publicado ainda naquele mês, o que também não se concretizou. Conforme a SMS, os processos das obras ficaram suspensos aguardando recurso do empréstimo feito pela Prefeitura e, após liberação de metade do valor, eles foram retomados para que sejam licitados.

A finalização das obras das três unidades de unidades de saúde da família (USFs) modulares –Santa Terezinha de Jesus, Santa Fé e Vale dos Sonhos – que já estavam em andamento pelo Goiânia Adiante ainda não ocorreu. A reportagem visitou a obra da USF Santa Terezinha de Jesus, no Setor Lorena Park. A construção, que deveria ser a mais adiantada, parece estar parada. Moradores da região relataram à reportagem que há meses não aparece ninguém para trabalhar na edificação. Lixo e entulho se acumulam em frente à obra.

Outro local, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Novo Mundo, está em reforma. Além dela, outras quatro reformas ainda estão em andamento, duas já tiveram as ordens de serviço assinadas e outra sequer saiu do papel (Cais Campinas). A reportagem visitou a obra da futura UPA Raul Rodrigues da Silva, no Jardim Guanabara 3 e a construção está adiantada, mas ainda sem mobiliário. Apenas uma das 20 intervenções prometidas pela Prefeitura por meio do Goiânia Adiante para a Saúde foi entregue. O Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) Bairro Goiá, que inicialmente seria reconstruído, foi reformado em 2023. O Centro de Zoonoses teve a reforma da parte administrativa concluída, mas as obras dos currais e canis ainda serão licitadas.

<h2>Pollara demonstra frustração com o que se tornou seu período na gestão</h2>

Em declarações na semana passada, o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, demonstrou descontentamento com o rumo que sua administração tomou. Ele apontou o peso da folha de pagamento no orçamento da pasta, os altos gastos com alta e média complexidade, o custo elevado dos contratos para a administração das maternidades e a cobrança acima da Tabela SUS por parte dos prestadores de serviço como desafios que não conseguiu superar.

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Secretário Wilson Pollara, da Saúde, desabafa aos vereadores: “Gestão da pasta não é coisa para amador” (Fábio Lima / O Popular)

Na última quarta-feira (30), durante prestação de contas na Câmara de Goiânia, ele chegou a dizer que não deveria ter aceitado o convite para ser secretário. Em tom de desabafo, contou como tem sido gerir a secretaria. “Eu vim para cá com ânimo muito grande, mas não imaginava as dificuldades que iria encontrar. São muitas dificuldades, em todos os sentidos. Realmente, não é fácil. Não é coisa para amador”, afirmou.

A declaração foi ao encontro do que foi dito por ele na reunião do Conselho Municipal de Saúde (CMS), que ocorreu no mesmo dia, no período da manhã. “Quando eu vim para cá, eu pensei: isso aqui vai ser um sucesso, vou sair daqui como um salvador da pátria (...) Não imaginava as dificuldades que eu iria encontrar aqui. Eu sinto muito por vocês. Vocês não estão em uma situação boa”, disse.

Pollara assumiu a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) há um ano e um mês. Apesar de ter dito que não considera que o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) o traiu, na última quarta Pollara reclamou de intervenções vindas de superiores, como a demissão de superintendentes, e também teceu comentários sobre o orçamento da pasta, afirmando que foi prometido para ele o repasse de um valor maior do que o recebido de fato.

Em nota, o prefeito informou que a expectativa do secretário quanto ao incremento de recursos é legítima e “demonstra a preocupação da gestão em proporcionar assistência médica eficiente e condizente com as necessidades dos goianienses, já que o número de atendimentos saltou de 4,1 milhões para 8,1 milhões na atual gestão” e que esse crescimento “é fruto da ampliação dos investimentos, que representam cerca de R$ 1 bilhão por ano, possível graças à otimização do orçamento, que obedece às realidades orçamentárias e às limitações próprias da máquina pública”.

Acerca da demissão de servidores, Cruz reiterou que “toma decisões alinhadas com os auxiliares e que sua autoridade é exercida sempre visando o interesse público”. Por fim, destacou que “conduzir a gestão de uma cidade como Goiânia exige experiência e resiliência, atributos que o secretário carrega ao longo de sua carreira. De nossa parte, continuaremos focados em aprimorar o sistema de saúde pública para entregarmos o melhor aos cidadãos goianienses”.

<h2>Laboratórios podem suspender atendimento se não receberem</h2>

Além dos hospitais, os laboratórios também reclamam de débitos por parte da Prefeitura e podem bloquear as agendas e suspender atendimentos caso não haja a regularização dos pagamentos em atraso até a próxima sexta-feira (8). Segundo o Sindicato dos Laboratórios de Análises e Bancos de Sangue no Estado de Goiás (Sindilabs-GO), a dívida caminha para o terceiro mês de atraso, no valor de R$ 3 milhões por mês.

Na capital, são 20 laboratórios e 4 bancos de sangue filiados ao sindicato. Conforme o Sindilabs-GO, alguns já reduziram os atendimentos em 40% e outros, em 70%. Na última quarta-feira (30), durante prestação de contas da SMS na Câmara de Goiânia, a presidente do sindicato, Christiane do Valle, expressou indignação com os atrasos nos pagamentos aos prestadores de serviços de saúde.

Ela destacou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), sob a gestão de Wilson Pollara, tem falhado em garantir o repasse de verbas federais destinadas aos laboratórios e clínicas que atendem o sistema público. “Enfrentamos um caos dentro das nossas empresas. A verba vem, emitimos nota fiscal, prestamos o serviço e eles decidem não cumprir dentro do mês o que eles devem, o que é contratual”, disse. Na ocasião, Pollara se comprometeu a zerar os débitos com os laboratórios até dezembro deste ano.

Saúde de Goiânia patinou no último ano, revelam dados

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Pacientes morrem à espera de UTI em Goiânia

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Cúpula da Saúde é presa após agravamento da crise

Goiânia viveu um verdadeiro <a href="http://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-goiania-e-preso-em-operac-o-contra-pagamentos-irregulares-na-secretaria-diz-mp-1.3203904" target="_blank">caos na </a><a href="https://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-goiania-e-preso-em-operac-o-contra-pagamentos-irregulares-na-secretaria-diz-mp-1.3203904" target="_blank">Saúde municipal </a>em 2024. Em meio ao colapso, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) tomou uma atitude drástica e entrou com um <a href="http://opopular.com.br/cidades/mp-go-pede-intervenc-o-do-estado-na-area-da-saude-de-goiania-1.3207484" target="_blank">pedido de </a><a href="https://opopular.com.br/cidades/mp-go-pede-intervenc-o-do-estado-na-area-da-saude-de-goiania-1.3207484" target="_blank">intervenção</a> do Estado na Saúde pública da capital. “Uma medida grave, como último remédio que a Constituição e as leis colocam para garantir o direito à vida e à saúde”, explicou o procurador-geral de Justiça de Goiás, Cyro Terra Peres.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

Apesar da gravidade, a medida sem precedentes foi vista como natural e até com um certo alívio pela população que acompanhava apreensiva a rotina de problemas nas unidades de saúde. Assuntos amplamente noticiados pela editoria Vida Urbana ao longo do ano, a crise nas maternidades, a <a href="http://opopular.com.br/cidades/rotina-de-filas-e-superlotac-o-nos-cais-de-goiania-1.3208501" target="_blank">falta de insumos básicos e medicamentos em </a><a href="https://opopular.com.br/cidades/rotina-de-filas-e-superlotac-o-nos-cais-de-goiania-1.3208501" target="_blank">Cais </a>e UPAs, o lixo acumulado porque os funcionários da limpeza das unidades estavam sem receber salários, a falta de combustível para ambulâncias, além dos constantes anúncios de paralisação de médicos e enfermeiros se intensificaram no segundo semestre. O auge da crise ocorreu entre novembro e o início de dezembro, quando os pacientes <a href="http://opopular.com.br/cidades/media-de-solicitac-es-de-uti-em-goiania-cai-de-24-para-5-1.3209853" target="_blank">começaram a morrer à espera de </a><a href="https://opopular.com.br/cidades/media-de-solicitac-es-de-uti-em-goiania-cai-de-24-para-5-1.3209853" target="_blank">UTI</a>. Pelo menos quatro pessoas perderam a vida enquanto aguardavam leitos de terapia intensiva.

<div attr-cid="policy:1.3202867" attr-version="policy:1.3202867:1732464499" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3202867" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3202867', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3202867">Pacientes morrem à espera de UTI em Goiânia (1.3202867)</a></div>

Cerca de uma semana antes da solicitação, três integrantes da cúpula da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), entre eles o ex-secretário municipal de Saúde, <a href="https://opopular.com.br/cidades/ex-secretario-de-saude-assinou-convenio-de-forma-definitiva-e-determinou-repasse-a-associac-o-apos-retornar-ao-cargo-1.3211166" target="_blank">Wilson Pollara</a>, haviam sido presos em uma operação do Ministério Público (leia abaixo). A secretária substituta, <a href="https://opopular.com.br/cidades/secretaria-por-7-dias-cynara-mathias-fala-em-total-desorganizac-o-na-saude-de-goiania-1.3207653" target="_blank">Cynara Mathias</a>, e seus auxiliares renunciaram em sete dias diante da situação de calamidade. No lugar dela assumiu <a href="https://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-goiania-pede-exonerac-o-do-cargo-1.3210789" target="_blank">Pedro Guilherme Gioia</a>, que até iniciou um cronograma de pagamentos, mas, para dificultar ainda mais, as contas da pasta foram alvo de um bloqueio judicial.

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<a href="https://opopular.com.br/cidades/sem-ter-para-onde-ir-pacientes-se-tornam-dilema-para-a-saude-publica-1.3204274" target="_blank">Sem ter para onde ir, pacientes se tornam dilema para a saúde pública</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/idosa-aguarda-leito-ha-15-dias-em-goiania-1.3203380" target="_blank">Idosa aguarda leito há 15 dias em Goiânia</a> 
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<div attr-cid="policy:1.3215341" attr-version="policy:1.3215341:1735652740" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3215341" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3215341', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3215341">WEBSTORIES 2024 RETRO (1.3215341)</a></div>

Com o objetivo de implementar medidas emergenciais para restabelecer os serviços essenciais de saúde, o MP entrou com a solicitação no dia 6 de dezembro. Três dias depois, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) atendeu o pedido e <a href="http://opopular.com.br/cidades/justica-desbloqueia-r-57-milh-es-para-sms-pagar-credores-1.3211825" target="_blank">determinou a intervenção do Estado</a> na gestão da saúde pública municipal, em caráter liminar e vigência até 31 de dezembro.

No dia 10 de dezembro, o governador Ronaldo Caiado nomeou o médico emergencista <a href="https://opopular.com.br/cidades/interventor-na-saude-em-goiania-ja-se-reuniu-com-o-mp-go-1.3209427" target="_blank">Márcio de Paula Leite</a> como interventor estadual na saúde de Goiânia. Nome indicado pelo prefeito eleito Sandro Mabel (UB), o interventor entrou e saiu como incógnita.

<div attr-cid="policy:1.3208731" attr-version="policy:1.3208731:1733851517" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3208731" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3208731', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3208731">webstories (1.3208731)</a></div>

Um balanço positivo do trabalho, no entanto, foi apresentado pelo titular da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Rasível Santos, como porta-voz do Gabinete de Crise da Saúde de Goiânia. Na última quinta-feira (28), ele disse ter informado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) que a fila de espera por leitos de UTI na capital estava zerada há três dias consecutivos. Também informou que o número de pacientes que aguardam vaga em enfermaria caiu de 178 para 38. Em 30 dias, de acordo com os dados apresentados, 1.944 pacientes foram internados em leitos de enfermaria e UTI.

A mudança no cenário após a intervenção, segundo Rasível, foi resultado do trabalho conjunto entre a pasta estadual, a SMS e a comissão de transição do prefeito eleito. “Os pacientes não precisam aguardar mais de 24 horas por um leito, não tivemos mais óbito por demora na espera e nenhum caso de judicialização. Todos os casos de pedido de internação foram autorizados”, disse.

Ele destacou ainda a expansão da rede como medida que permitiu o atendimento em menos de 24 horas, <a href="http://opopular.com.br/cidades/hospital-das-clinicas-amplia-oferta-de-utis-em-goiania-1.3206413" target="_blank">como a abertura de 20 novos leitos de UTI</a> e a reativação de outros 47 no Hospital Ruy Azeredo; a disponibilização de 16 leitos no Hospital das Clínicas da UFG; e a inauguração de 40 leitos de UTI e de 55 de enfermaria no Hospital Estadual de Águas Lindas.

<h2>Prisão</h2>

Quando Wilson Pollara <a href="http://opopular.com.br/cidades/irregularidades-na-saude-causaram-divida-de-mais-de-r-120-milh-es-e-interrupc-o-de-servicos-essenciais-diz-mp-1.3203947" target="_blank">assumiu a </a><a href="https://opopular.com.br/cidades/irregularidades-na-saude-causaram-divida-de-mais-de-r-120-milh-es-e-interrupc-o-de-servicos-essenciais-diz-mp-1.3203947" target="_blank">Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia</a> (SMS), em outubro de 2023, o médico paulista que esteve no mesmo cargo na gestão de João Dória, em São Paulo, chegou como esperança de solução para as dificuldades que se apresentavam nas maternidades municipais. Mas logo no início, 2024 dava sinais que seria um ano difícil para Pollara, que terminou o mês de dezembro como foragido da polícia.&nbsp;

As expectativas começaram a ruir em março, quando ele foi afastado do cargo por determinação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). De volta à pasta, Pollara insistiu nos contratos suspeitos que levaram ao seu afastamento. Em setembro, durante a campanha eleitoral, chegou a ser anunciado pelo então candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, como seu futuro secretário de Saúde, caso ganhasse o pleito, sob a justificativa de que ele havia conseguido zerar fila de exames na capital paulista.

Enquanto isso, em Goiânia, o programa Corujão não emplacou, a crise das maternidades se agravou e o caos se instalou nas unidades de saúde. No dia 27 de novembro, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) deflagrou a <a href="https://opopular.com.br/cidades/secretario-wilson-pollara-e-levado-a-casa-do-albergado-apos-ser-preso-em-operac-o-contra-pagamentos-irregulares-na-saude-1.3203963" target="_blank">Operação Comorbidade</a>, prendendo Pollara, o secretário executivo da SMS, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro da pasta, Bruno Vianna Primo, em ação que apura pagamentos irregulares em contratos e a possível formação de uma associação criminosa na secretaria.&nbsp;

Após ter pedidos de habeas corpus e prisão domiciliar negados, o ex-secretário precisou ser socorrido a um hospital alegando fortes dores no peito. Recebeu alta no dia 5 e retornou para a Casa do Albergado, de onde saiu dois dias depois, assim como Quesede e Bruno, ao fim do prazo do pedido de prisão temporária.

O médico voltou a ser alvo de operação, desta vez da Polícia Civil (PC), no dia 17 de dezembro, com <a href="http://opopular.com.br/cidades/investigado-por-desvio-de-quase-r-10-milh-es-da-saude-em-goiania-quesede-aires-se-entrega-a-policia-1.3212212" target="_blank">novo mandado de prisão</a>, juntamente com Quesede Ayres, suspeitos de desviar R$ 10 milhões da Saúde municipal. Não encontrado em seu endereço em Goiânia, ele foi considerado foragido. A defesa alega que Pollara se encontra em São Paulo para tratar de um câncer no rim e realizar acompanhamento cardiológico, “pois possui doença arterial coronariana e chegou a ficar internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no dia 2 de dezembro, após ser submetido à angioplastia com implante de stent de urgência”.

<div attr-cid="policy:1.3204562" attr-version="policy:1.3204562:1732818656" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3204562" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3204562', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3204562">Cúpula da Saúde é presa após agravamento da crise (1.3204562)</a></div>

A defesa relata que informou às autoridades policiais que o ex-secretário não possui condições clínicas de interromper o acompanhamento médico. “Trata-se de um idoso de 75 anos, cujo estado de saúde é de extrema fragilidade”.&nbsp;

<h3>Surto de dengue</h3>

Um recorde triste para 2024 é o de <a href="http://opopular.com.br/cidades/dengue-avanca-em-goias-e-causa-preocupac-o-1.3210554" target="_blank">pior ano da </a><a href="https://opopular.com.br/cidades/dengue-avanca-em-goias-e-causa-preocupac-o-1.3210554" target="_blank">dengue </a>em Goiás desde o início da série histórica de registros. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), até o final de dezembro havia 316,4 mil casos, 417 óbitos confirmados e outros 56 em investigação. O pico da doença ocorreu em abril, na semana epidemiológica 16. Entre os dias 14 e 20 daquele mês, foram 23,2 mil registros. O cenário pressionou os hospitais da rede estadual, que registraram taxa de ocupação de leitos de UTI próxima de 100% em abril e maio.&nbsp;

Retrospectiva 2024: Saúde de Goiânia sofre intervenção após descontrole de crises

"Precisa custar 25% a menos para ser gerível", diz futuro secretário de Saúde de Goiânia

Entrevista Luiz Pellizzer

Dívida da Prefeitura de Goiânia com o Hospital Araújo Jorge ultrapassa R$ 55 milhões

VIEO_ARAUJO_JORGE_CRISE_1712

<img attr-cid="policy:1.3211083" attr-version="policy:1.3211083:1734441482" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3211083/OPOPULAR - Montagem de fotos e vídeo para o site - 2024-12-17T101635.181.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Hospital de Câncer Araújo Jorge (ACCG), em Goiânia (Kariny Bianca/O Popular)

Após suspender os atendimentos a novos pacientes a partir de terça-feira (17), o Hospital Araújo Jorge justificou a paralisação pela falta de repasses de mais de R$ 55 milhões, que deveriam ter sido feitos pela Prefeitura de Goiânia, responsável pelas verbas recebidas&nbsp;do Sistema Único de Saúde (SUS).&nbsp;A crise na saúde acontece em meio a uma <a href="https://opopular.com.br/cidades/nova-operac-o-na-secretaria-de-saude-de-goiania-investiga-desvio-de-r-10-milh-es-1.3211006" target="_blank">investigação de desvio de dinheiro</a> na Secretaria Municipal de Saúde (SMS).&nbsp;

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De acordo com Alexandre Meneghini, presidente da Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG), os pacientes que já estão em tratamento no hospital continuarão sendo atendidos normalmente. Já os pacientes com <a href="https://opopular.com.br/cidades/araujo-jorge-deixa-de-receber-novos-pacientes-1.3210955" target="_blank">consultas de primeira vez</a> marcadas para o dia 17 de dezembro ou após essa data devem procurar o Complexo Regulador da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia para orientações.

<cite>O paciente de primeira vez agora fica na incerteza, mas eu creio que em janeiro a gente deve voltar o atendimento normalmente, mas tudo ainda depende do que vai acontecer", afirmou o presidente.&nbsp;</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/araujo-jorge-deixa-de-receber-novos-pacientes-1.3210955" target="_blank">Araújo Jorge deixa de receber novos pacientes</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/associac-o-alvo-de-operac-o-recebeu-r-30-milh-es-da-sms-goiania-em-2024-1.3211023" target="_blank">Associação alvo de operação recebeu R$ 30 milhões da SMS Goiânia em 2024</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/nova-operac-o-na-secretaria-de-saude-de-goiania-investiga-desvio-de-r-10-milh-es-1.3211006" target="_blank">Nova operação na Secretaria de Saúde de Goiânia investiga desvio de R$ 10 milhões</a></div>

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que os recursos do SUS seguem bloqueados pela Justiça e que o interventor da saúde, Márcio de Paula Leite, aguarda o desbloqueio para que seja possível pagar o Hospital Araújo Jorge.

O presidente afirma que cerca de 200 novos pacientes devem ser prejudicados com a paralisação, já que terão que adiar o início do tratamento oncológico e aguardarem uma nova data. Além disso,&nbsp;os atrasos ainda impactam na compra de insumos médicos, folha de pagamento de colaboradores e investimentos estruturais, como a substituição urgente de um acelerador linear com mais de 20 anos de uso, fundamental para os tratamentos radioterápicos.

<div attr-cid="policy:1.3211244" attr-version="policy:1.3211244:1734463984" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3211244" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3211244', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3211244">Dívida da Prefeitura de Goiânia com o Hospital Araújo Jorge ultrapassa R$ 55 milhões (1.3211244)</a></div>

<h2>Dívida acumulada</h2>

O hospital alega que a dívida se refere aos meses de setembro e outubro de 2024, além de recursos provenientes de emendas parlamentares, portarias federais e outros compromissos financeiros. Com cerca de 90% de sua receita proveniente de repasses do SUS, o&nbsp;Hospital Araújo Jorge atende&nbsp;mais de 70% dos casos de oncologia do estado de Goiás.

A direção do hospital afirma que a decisão de suspender os atendimentos de primeira consulta foi tomada após esgotadas todas as tentativas de diálogo com a atual gestão da Prefeitura de Goiânia.&nbsp;

<div attr-cid="policy:1.3211143" attr-version="policy:1.3211143:1734452779" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3211143" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3211143', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3211143">VIEO_ARAUJO_JORGE_CRISE_1712 (1.3211143)</a></div>

Dívida da Prefeitura de Goiânia com o Hospital Araújo Jorge ultrapassa R$ 55 milhões, diz hospital

ATRASO DE REPASSES

Uma nova operação da Polícia Civil investiga um desvio de aproximadamente R$ 10 milhões da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. Cinco mandados de prisão e 17 de busca e apreensão são cumpridos nesta terça-feira (17).&nbsp;Segundo a polícia, entre os alvos dos mandados de prisão temporária estão o&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-goiania-e-preso-em-operac-o-contra-pagamentos-irregulares-na-secretaria-diz-mp-1.3203904" style="font-size: 12px;" target="_blank">ex-Secretário Municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara</a>, e o ex-Secretário Executivo de Saúde, Quesede Ayres Henrique. Eles não foram localizados, portanto, são considerados foragidos.&nbsp;

<div attr-cid="policy:1.3211243" attr-version="policy:1.3211243:1734463804" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3211243" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3211243', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3211243">WEBSTORIES NOVA OPERAÇÃO SAÚDE (1.3211243)</a></div>

Pollara e Quesede já haviam sido presos em uma outra operação do Ministério Público de Goiás ocorrida no dia 27 de novembro,&nbsp;que investigava desvios na SMS.&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/cidades/ex-secretario-de-saude-de-goiania-wilson-pollara-deixa-a-pris-o-1.3207768" style="font-size: 12px;" target="_blank">Eles deixaram a prisão há dez dias</a>.

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Ao ser procurada pela reportagem a defesa de Pollara informou que que o ex-secretário está em São Paulo para começar tratamento para um câncer no rim. A defesa ainda disse que não teve acesso aos autos e irá se manifestar tão logo disponha da íntegra do processo". O POPULAR também procurou a defesa de Quesede, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.&nbsp;

Por meio de nota, a SMS de Goiânia informou que "cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos". A prefeitura também disse estar contribuindo com as investigações e que "caberá ao interventor adotar todas as medidas administrativas cabíveis conforme o andamento das investigações" (veja ambas as notas ao final do texto).

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-goiania-e-preso-em-operac-o-contra-pagamentos-irregulares-na-secretaria-diz-mp-1.3203904" target="_blank">Secretário de Saúde de Goiânia é preso em operação contra pagamentos irregulares na secretaria, diz MP</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/secretaria-de-saude-fez-pagamentos-fora-dos-canais-oficiais-para-pessoas-sem-ligac-o-com-contratos-da-prefeitura-diz-mp-1.3204452" target="_blank">Secretaria de Saúde fez pagamentos fora dos canais oficiais para pessoas sem ligação com contratos da prefeitura, diz MP</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/ex-secretario-de-saude-de-goiania-wilson-pollara-deixa-a-pris-o-1.3207768" target="_blank">Ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara deixa a prisão</a></div>

Nesta segunda etapa são alvos de mandados de prisão: <a href="https://opopular.com.br/cidades/associac-o-alvo-de-operac-o-recebeu-r-30-milh-es-da-sms-goiania-em-2024-1.3211023" target="_blank">Marcus Vinícius Brasil Lourenço, Presidente da Associação Privada sem fins lucrativos União Mais Saúde</a>, Wander de Almeida Lourenço Filho, procurador dessa associação privada, e Veriddany Abrantes de Pina, sócia-administradora da empresa de fornecimento de materiais hospitalares.

O POPULAR não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos até a última atualização deste texto.

Além deles, são alvos de busca e apreensão: Letícia Maria Isaac Carneiro, Diretora de Políticas Públicas Municipais de Saúde, Erika Cristina Vieira Oliveira Ximenes, Superintendente de Regulação, Avaliação e Controle da Secretaria Municipal de Saúde, Diogo Archanjo Fleury de Souza, Chefe da Advocacia Setorial da Secretaria Municipal de Saúde, Caroline de Castro Daud, Vice-Presidente da União Mais Saúde, Fabrício Brasil Lourenço, Conselheiro Administrativo da União Mais Saúde, Lucas Luiz de Lima Silva, Eden Gomes Rodrigues e Juliana Menara de Souza Marques, Conselheiros Científicos da Associação Privada. Mandados de buscas ainda estão sendo cumpridos nas sedes da Associação União Mais Saúde, da empresa de fornecimento de materiais hospitalares Mult Hosp Soluções Hospitalares, e na Secretaria Municipal de Saúde no Paço Municipal.

A reportagem entrou em contato com a empresa&nbsp;Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, e a Associação Privada sem fins lucrativos União Mais Saúde, para um posicionamento, por e-mail, mas até a última atualização deste texto, não obteve resposta.

Todos os alvos desta operação, segundo a Polícia Civil, são investigados por participar de um esquema de desvio de recursos públicos da área da saúde de Goiânia. A suspeita é de fraude em convênio celebrado entre a Secretaria Municipal de Saúde e uma empresa responsável pela prestação de serviços nessa área.&nbsp;

<h2>Como foi feito o desvio</h2>

Um documento que O POPULAR teve acesso revela que, no dia 19 de julho, Quesede, que exercia o cargo de Secretário Municipal de Saúde de forma interina, recebeu uma solicitação do presidente da associação privada União Mais Saúde, para a celebração de um convênio e a liberação de R$ 10 milhões. Na sequência, Quesede teria impulsionado o processo administrativo de forma totalmente irregular, “sem publicidade, cotação de preços, exigência de atestado de capacidade técnica ou observância das orientações expedidas pela Procuradoria-Geral do Município para regularização deste instrumento contratual”, detalhou a polícia.

No dia 25 de julho, apenas seis dias após ter iniciado o processo administrativo de contratação, Quesede teria ordenado e emitido uma nota de pagamento no valor de R$ 10 milhões para a associação.

Em um segundo momento, no dia 16 de agosto, Wilson Pollara, então Secretário Municipal de Saúde, após reassumir o cargo em razão da revogação de uma medida cautelar que o havia afastado, assinou o termo de Convênio, também sem seguir as recomendações técnicas exigidas pela Procuradoria do Município quanto a regularização do instrumento contratual.&nbsp;

A investigação ainda aponta que, três dias depois, Pollara teria ordenado o pagamento antecipado do valor de R$ 5 milhões à associação privada, enquanto tenha sido fixado que o convênio teria o prazo de vigência de 12 (doze) meses, tendo nesse mesmo dia (19 de agosto) a Secretaria Municipal de Saúde transferido o valor para a conta da associação privada.&nbsp;

A polícia ainda afirma que, em seguida, o restante do valor também foi repassado à associação privada por ordem de Pollara, sendo mais de R$ 3,2 milhões no dia 20 de agosto, e mais R$ 1,7 milhões dois dias depois, totalizando R$ 10 milhões, “em uma celeridade sem precedentes, sem a contraprestação de qualquer serviço pela associação privada conveniada”, destacou o documento da Polícia Civil.&nbsp;

Em um outro momento, a investigação revelou indícios de que o presidente da associação União Mais Saúde, após receber os R$ 10 milhões, de forma antecipada, teria desviado mais de&nbsp; R$ 6,4 milhões para a conta da empresa Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, supostamente fornecedora de materiais hospitalares, registrada em nome de Veriddany. Ela que, segundo a investigação Polícia Civil, teria se apropriado de R$ 2,6 milhões, por meio de transferências para uma conta bancária de mesma titularidade da associação União Mais Saúde, todavia, diferente daquela criada para a movimentação dos recursos do convênio celebrado com a SMS de Goiânia, bem como teria desviado R$ 875 mil em favor de seu irmão, Wander de Almeida Lourenço Filho, que, conforme a polícia, seria o procurador da União Mais Saúde.

Ainda conforme o documento, em um quarto e último momento, Veriddany, que recebeu mais de R$ 6,4 milhões da associação União Mais Saúde, “teria transferido parte desses valores para sua conta pessoal e iniciado uma sequência de transferência de saques de valores em espécie que ultrapassaram um milhão de reais, cujo destino final ainda resta-se ignorado, havendo, todavia, indícios de que parte desses valores possam ter retornado aos demais investigados”, destaca o documento.

<h2>Operação Comorbidade: Pollara e Quesede são presos</h2>

No dia 27 de novembro, no âmbito da Operação Comorbidade, o ex-secretário municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, o ex-secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Quesede Ayres Henrique, e o ex-diretor financeiro da pasta e do Fundo Municipal de Saúde, Bruno Vianna Primo, foram <a href="http://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-goiania-e-preso-em-operac-o-contra-pagamentos-irregulares-na-secretaria-diz-mp-1.3203904" target="_blank">presos em um investigação que apura o desvio de recursos e irregularidades em pagamentos da SMS</a>.

À época, o débito milionário da SMS com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) foi o protagonista da operação.&nbsp;A investigação do Ministério Público de Goiás aponta que os três teriam atuado em um esquema para <a href="https://opopular.com.br/cidades/secretaria-de-saude-fez-pagamentos-fora-dos-canais-oficiais-para-pessoas-sem-ligac-o-com-contratos-da-prefeitura-diz-mp-1.3204452" target="_blank">desviar recursos públicos em benefício deles próprios e de terceiros por meio de ingerência na gestão financeira da fundação.</a>

Inicialmente, Pollara, Quesede e Bruno ficariam presos até 1º de dezembro. Entretanto, após a Justiça acatar um pedido do MP-GO, a prisão temporária foi estendida por mais cinco dias e eles <a href="https://opopular.com.br/cidades/ex-secretario-de-saude-de-goiania-wilson-pollara-deixa-a-pris-o-1.3207768" target="_blank">foram liberados no último dia 7 de dezembro.</a>&nbsp;

&nbsp;

Notas

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

"A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos, reforçando a integridade do serviço público.&nbsp;&nbsp;

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)"

&nbsp;

Prefeitura de Goiânia

"A Prefeitura de Goiânia informa que está colaborando com as investigações da Polícia Civil de Goiás no âmbito da operação Speedy Cash.&nbsp;

A administração municipal destaca compromisso com a transparência e a lisura na gestão pública, assegurando que todas as informações e documentos solicitados serão e estão sendo fornecidos para esclarecer os fatos.&nbsp;&nbsp;

Caberá ao interventor adotar todas as medidas administrativas cabíveis conforme o andamento das investigações.

Prefeitura de Goiânia"

 
Defesa Pollara

"A defesa se manifestará oportunamente nos autos, tão logo tenha acesso à integra do processo. 
Att. Márcio M. Cunha" 
&nbsp;

NOTA DA DEFESA DE WILSON POLLARA

"A defesa de Wilson Pollara informa que seu cliente se encontra em São Paulo, desde a&nbsp; semana passada, para realizar consultas médicas e iniciar o tratamento para um câncer no rim, diagnosticado no início deste mês. A defesa informa, ainda, que não teve acesso aos autos e irá se manifestar tão logo disponha da íntegra do processo."

&nbsp;

Colaborou: Tariq Augusto e Gabriela Macêdo&nbsp;

Nova operação na Secretaria de Saúde de Goiânia investiga desvio de R$ 10 milhões

Operação Speedy Cash

O Popular