Com reforma entregue há pouco mais de um ano, o Parque Municipal Areião Washington Novaes, nos limites entre os Setores Pedro Ludovico, Bela Vista e Marista, em Goiânia, vem sofrendo com a acentuação de depredações. As ações de vandalismo que incluem pichações e banheiros quebrados teriam se tornado comuns nos últimos meses após a Guarda Civil Metropolitana (GCM) desativar o posto fixo que mantinha no local.A base avançada que era instalada no parque foi desativada porque, segundo o comandante da Coordenadoria de Guarda Ambiental (CGA), Ilgon Pires, diante de baixa no efetivo da GCM, foi preciso reduzir de duas para uma as bases em parques. Após as mudanças, apenas o Parque Mutirama conta com uma unidade fixa. Apesar disso, o comandante diz que o número de rondas no Areião não diminuiu e que há esforço para eliminar as ações de vandalismo. No dia a dia, porém, as percepções dos funcionários do parque é de que a presença da guarda está fazendo falta e trazendo reflexos negativos. O supervisor do funcionamento do Areião, Igor Nascimento, que é servidor da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), diz que a maioria das depredações é atribuída a adolescentes. “Nós não vemos, mas essa é a descrição feita por quem presencia”, explica Igor. Segundo o supervisor, os vândalos estão atuando principalmente à noite, período em que a entrada no parque é proibida. A quantidade de depredações teria tido um salto nos últimos três meses, relata Igor. Durante esse período a gestão documentou quebra de janelas, danos em portas de banheiros, retirada de placas de sinalização e até a perda de um veículo usado para retirada de galhos e entulhos. “Entraram à noite, abriram a tampa do tanque de combustível e o motor e jogaram água. Está inutilizável e para arrumar é difícil”, relata Igor. Pichações Entre as ações de vândalos, as pichações chamam atenção. Em banheiros, bebedouros e até em árvores a maioria dos escritos remete a marcas ligadas ao Comando Vermelho. “CV”, “TD 2” e “cuidado com o trem” estão entre as mensagens incorporadas à paisagem do parque localizado em área nobre da capital, sendo um dos mais conhecidos e visitados da cidade. As mensagens que aludem apoio e ou participação à organização criminosa não são vistas como reais pela GCM. A Guarda, que é responsável pela segurança dos parques da capital, diz que não tem denúncias de atuação de criminosos no Areião, considerando-o um dos mais seguros da capital. O parque é vizinho do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) e do prédio da Superintendência Regional da Polícia Federal (PF), ambos no Setor Marista. “Se você observar as pichações se referem a grupos diferentes e estão escritas com a mesma tinta. Não posso afirmar, mas a gente acredita que seja só coisa de vândalos. Inclusive não temos registros de ações ocorridas dentro do parque. Às vezes temos uma ocorrência de furto, roubo, principalmente nas áreas externas, mas dentro do parque não temos denúncias”, detalha Ilgon Pires. O supervisor Igor tem a mesma percepção sobre a origem das pichações, afirmando também que elas teriam sido feitas por adolescentes que entram no parque de maneira irregular na parte da noite. “Claro que fica difícil. Nas árvores, por exemplo, para tirar as marcas só se raspar o tronco”, relata o supervisor. RondasConforme explica o comandante Ilgon, as rondas no Areião são feitas em escalas durante o dia e à noite. Nas rondas diurnas os agentes monitoram toda a área de visitação. Já à noite, com o parque fechado, o monitoramento fica restrito à área do prédio da administração. “Nos demais locais nós fazemos o patrulhamento pela área externa, observando as movimentações”, detalha o comandante. “Não houve alteração no patrulhamento em si. Era uma base avançada que servia também para os demais parques da região. A viatura que ficava lá antes ainda mantém o mesmo número de rotas. Eu acredito que com certeza quando tem posto fixo tem alguma diferença, mas as rotas nós mantemos”, acrescenta Ilgon. ReativaçãoDe acordo com o comandante, a reativação da base no Areião seria a melhor opção para reforçar a segurança do local. Apesar disso, o comandante diz que a retomada só deve acontecer após a GCM receber novos servidores. “Com o atual efetivo não temos condições de voltar, porém o prefeito já acenou sobre um concurso no ano que vem. Tendo o concurso e o comandante-geral destinar novas pessoas para a guarda ambiental, podemos retomar a base”, diz Ilgon. Maioria dos banheiros está inutilizadaA última reforma do Parque Municipal Areião Washington Novaes, entregue em outubro do ano passado, teve custo total de R$ 266,6 mil. O foco da obra foi na Vila Ambiental, local que concentra atividades de educação ambiental. Mesmo tendo sido a área que mais recebeu cuidados e ter circulação intensa de visitantes, a vila está com problemas. Na entrada do banheiro, que também está pichado, há um informativo que diz que o local está interditado para manutenção. Com dois dos três banheiros do parque interditados, visitantes e funcionários estão sem opções. É o que conta a comerciante Ivonice Francisco Cerqueira, de 50 anos. Ela tem uma banca que vende água de coco e mineral às margens da pista de caminhada na área externa do parque. “No final de semana fica uma multidão sem ter banheiro para usar”, relata Ivonice. No dia a dia, a comerciante diz que chega a ter de recorrer à mata. “Eu não posso deixar a banca sozinha. Para ir ao banheiro que está funcionando eu teria de ir ao outro lado do parque”, detalha Ivonice sobre a dificuldade.