Chefe do Departamento de Fisiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, Rodrigo Mello Gomes, afirma que há situações ocasionadas pela limitação de recursos, como os professores terem de comprar ração para os animais usados em pesquisa, que já enfrentam há dois anos e meio, mas que, neste ano, o cenário se agravou. Um dos exemplos, cita, é que começaram a faltar também produtos de limpeza, como detergente. Ele cita que em agosto chegaram a recolher R$ 50 de cada um dos 13 professores do departamento para comprar materiais de limpeza. A mão de obra para o serviço continua a ser oferecida por empresa contratada pela faculdade, apesar dos quatro meses de atraso no pagamento. A dívida da UFG só com esse serviço soma R$ 4,4 milhões.A servidora Thatiane Abreu de Castro, médica veterinária que atua como bioterista, acrescenta que servidores fazem ‘vaquinhas’ para, quando necessário, reparar torneiras, bebedouros e caixas para manter animais do biotério do departamento. “Antes estes eventos eram esporádicos. Agora é sistemático”, pontua o professor Carlos Henrique Xavier Custódio, coordenador do Laboratório de Neurobiologia de Sistemas. Diretor do ICB, professor Gustavo Pedrino, frisa que a universidade já começou o ano com déficit. “Com os cortes ficou mais drástico.” Ele cita que o ICB tem um centro de aulas práticas com nove laboratórios e que parte do dinheiro previsto no orçamento da UFG que foi bloqueado é para comprar reagentes, insumos, para que essas aulas de graduação aconteçam. “Imagina um aluno de Medicina não ter uma aula prática de fisiologia, que é como o corpo funciona, chegando ao extremo de não ter aula de anatomia...Nós somos resilientes e nós iremos até o último minuto tentando, mas talvez em um momento nós não tenhamos formol mais para pegar um cadáver e conservá-lo”, exemplifica. No curso de Botânica, segundo ele, já faltam quatro reagentes.Há temor que, sem recursos para insumos, haja o comprometimento de aulas práticas, que só o ICB ministra para 24 cursos. “O que está em jogo é formação de profissionais. E formação de profissionais mais qualificados do Brasil, que são formados em universidade pública gratuita, inclusiva e de qualidade”.