O simulador online disponibilizado pela Prefeitura de Goiânia em seu site desde a noite de sexta-feira (3) para o contribuinte verificar o valor que será cobrado do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em 2022 confirma a tendência apontada pelo POPULAR após a aprovação do novo Código Tributário Municipal (CTM) no final de setembro de aumentos expressivos atingirem não apenas os imóveis residenciais mais valorizados localizados em condomínios fechados, mas também os com valor venal nas faixas intermediárias de alíquotas localizados fora da região centro-sul de Goiânia.Link para o simulador: https://www10.goiania.go.gov.br/SIPTU_Simulacao/Home.aspxBairros nobres com redução do IPTu em GoiâniaEnquanto boa parte dos imóveis residenciais localizados em bairros tradicionais e centralizados como os do Setor Bueno, do Jardim Goiás e do Setor Marista, terão redução no valor que virá no boleto do IPTU no começo do ano, quem mora em residências de classe média em bairros mais novos, como Residencial Eldorado, ou populares, como o Parque Atheneu, terão reajustes que poderão ser amortizados ao longo dos próximos anos.Isso porque para lidar com algumas resistências que surgiram na Câmara Municipal durante a tramitação do novo CTM, que mudou a fórmula de cálculo do IPTU, a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) criou um bloqueador que impede aumentos acima de 45% para o valor a ser cobrado em 2022. Todo o porcentual que ultrapassar esse índice será jogado para a cobrança dos anos posteriores, sempre respeitando o limite estipulado.De nove levantamentos feitos pelo POPULAR no simulador, seis teriam aumentos acima de 45% e a informação no site é que foi preciso usar o limitador. Só em dois casos levantados pela reportagem houve redução no IPTU, um apartamento no centro e outro em Campinas. Para o contribuinte descobrir o novo valor basta colocar o número da inscrição cadastral do imóvel que aparece no último boleto. Além dos valores de 2018 a 2021, a Prefeitura informa o de 2022 antes da mudança do CTM e o valor sem e com o limitador.Em seis destes casos são os mesmos imóveis que a Sefin, a pedido do jornal, fez uma simulação antes das alterações propostas por meio de emenda no projeto do novo CTM, quando O POPULAR mostrou que o perfil dos mais atingidos por aumento no tributo ia além dos anunciados pela secretária. Em todos estes, a simulação atual mostra um reajuste menor do que a anterior, mas mesmo assim em alguns casos ainda acima de 45%, sendo necessário acionar o limitador.Em um sobrado de três quartos e 183 metros quadrados de área construída, por exemplo, foi cobrado R$ 705,05 de IPTU em 2021. Antes das mudanças do CTM, aplicando apenas a inflação, iria para R$ 853. Porém, com o novo código, o reajuste foi de 125,83% e o imposto iria para R$ 1.592,25. Com o uso do bloqueador pela Sefin, o boleto do próximo ano terá um aumento de 45%, indo para R$ 1.135,48.Entretanto, os R$ 456,77 que não foram incluídos na cobrança de 2022 vão ser acrescentados nos boletos dos próximos anos, desde que seja sempre respeitado o limite de 45%. Essa diferença amortizada pode ser calculada por qualquer contribuinte ao consultar o simulador, bastando subtrair o IPTU 2022 “com limitador” do valor “sem limitador”.Em um dos casos, entretanto, a situação ficou pior com a versão final do novo CTM. Uma casa de 255,86 metros quadrados no Bairro Goyá, que paga atualmente R$ 1.126,64 de IPTU iria pagar R$ 2.381 caso a versão original do código fosse aprovada. Só com a inflação prevista para 2021, iria para R$ 1.251,36. Agora vai para R$ 2.668,24 sem o limitador e R$ 1.814,45 com o limitador. Ou seja, para os próximos anos a proprietária da residência já sabe que terá mais um aumento de R$ 853,77 que não foi aplicado agora.Sem informaçõesA principal mudança no novo CTM que fez o valor do IPTU aumentar significamente para muitos contribuintes é o reajuste no valor do metro quadrado da área construída do imóvel, que passou a usar como referência preços do mercado da construção civil, o Custo Unitário Básico de Construção (CUB), de julho de 2021. Antes o valor era calculado por um sistema de pontuação que variava conforma a estrutura e a qualidade da construção. Agora um sistema similar é usado como deflator, mas mesmo assim o novo valor do metro quadrado continua bem elevado para imóveis fora da região centro-sul de Goiânia.A Prefeitura não divulga dados que ajudem a mensurar o impacto com as mudanças no IPTU para o contribuinte nem para a arrecadação do município. Em outubro, O POPULAR teve acesso a documentos entregues pela Sefin a um grupo de vereadores que mostra uma previsão de redução na arrecadação com o IPTU residencial para 2022 e um aumento com o IPTU comercial.As tabelas também mostravam que 41,4% dos imóveis teriam redução no valor do boleto, mas não indicavam onde estes estavam concentrados, se em bairros nobres ou populares. Contribuintes com imóvel residencial abaixo de R$ 100 mil no valor venal e sem outras propriedades ficarão isentos, o que engloba 9,9% do total de propriedades registradas na Prefeitura.