Dez leitos na Maternidade Célia Câmara serão reabertos para atendimento de pacientes com síndromes respiratórias que necessitarem de internação com isolamento em Goiânia. A medida foi tomada depois que os casos tiveram aumento, especialmente no fim de 2021 e começo deste ano. Desde 1º de dezembro, Goiânia registrou 186 solicitações de internação para tratamento de pneumonias e influenza. Entre os dias 2 e 6 de janeiro, 31 pedidos foram encaminhados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS).Considerando apenas o intervalo do dia 1º ao 6 deste ano, as unidades de saúde de Goiânia registraram 22 mil atendimentos. Cais, unidades básicas e de emergência estão todos lotados, conforme o POPULAR vem mostrando ao longo da última semana, e a preocupação, segundo o titular da SMS, Durval Pedroso, é garantir atendimento adequado.Pedroso afirma que os casos de agravamento em pessoas com influenza é bem menor do que pessoas que contraem Covid-19. E a criação dos leitos para pacientes com agravamento de gripe são separados de quem contraiu Sars-CoV-2, causador da Covid-19. Além disso, o secretário diz que a pasta está adquirindo testes de antígeno para influenza.Pedroso diz que estes leitos haviam sido desmobilizados por conta da queda dos casos de coronavírus, mas como existe o monitoramento constante, foi observada a necessidade da recriação das vagas. “Vamos manter esta parte (dos leitos para influenza) isolada e protegida para atender demanda de isolamento respiratório. Os pacientes de Covid devem ser atendidos em unidades para Covid para evitar casos de dupla infecção.”Os pacientes com agravamento de influenza usam leitos semelhantes aos de pacientes com Covid-19. Ele ainda diz que os dados mostram aumento de solicitações depois das festas de fim de ano. Os dados da SMS são separados por semanas epidemiológicas. Na semana entre os dias 1º e 11 de dezembro houve 46 pedidos e entre 12 e 18, 27 solicitações. Na contagem seguinte, entre 19 e 25 de dezembro houve 26 pedidos e entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro, 56 pedidos. Nesta última semana, até quinta-feira (6), 31 pedidos.DengueDurval Pedroso destaca que a SMS está ampliando a estrutura para atendimento de pacientes com dengue. Ele informa que desde o dia 1º de dezembro, 121 pedidos de internação para pacientes com sintomas mais graves da doença foram encaminhados para a pasta, sendo 99 da chamada dengue clássica e 22 de pacientes com dengue hemorrágica. As unidades de saúde de Campinas, Novo Horizonte e Cândida de Morais recebeu tendas ou adaptação de espaços para que pacientes possam receber hidratação e medicação em áreas separadas dos outros pacientes das unidades.Durval Pedroso acrescenta que a intenção é mobilizar oito centros de referência com cadeiras de hidratação e ampliação das equipes para aumento da capacidade de atendimento. Além disso, testes rápidos para diagnóstico de dengue também estão sendo adquiridos e implementados equipamentos para realização de hemograma em todas as unidades. Toda a ampliação de estrutura e equipe deverá estar disponível em até dez dias, segundo o titular da pasta.A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) registra atualmente, 218 leitos ocupados por pacientes que estejam com “síndrome gripal”. Desde o ano passado, foram 4,9 mil registros de internações. Já para os casos de dengue existem 892 leitos em todo estado e neste mês, desde o dia 1º, houve 25 pedidos de internação.A pasta também informa que, por conta da instabilidade do sistema do Ministério da Saúde, atacado por um hacker no fim do ano passado, os dados de síndromes gripais podem não refletir a realidade. Já os números de dengue são da própria SES-GO.Aparecida não tem internação afetadaO aumento dos casos de influenza e outras síndromes respiratórias também afeta Aparecida de Goiânia. Unidades que realizavam média de 350 atendimentos diversos por dia, têm recebido quase mil. Superintendente de regulação, avaliação e controle da Secretaria Municipal de Saúde da cidade, Luciano de Moura entende que o avanço da vacinação tem impedido casos graves de pacientes, seja por Covid-19 ou gripe. Apesar de não ter havido impacto nas internações, há grande aumento de atendimentos. “Felizmente a influenza não tem tanta gravidade quanto a Covid-19, mas ainda assim orientamos aos moradores da cidade a procurar atendimento para que recebam diagnóstico e tratamento adequados. Não é interessante que só procurem um médico quando a situação estiver grave. O ideal é buscar ajuda mesmo quando o quadro estiver no início.”Luciano de Moura ressalta que a cidade tem tentado pulverizar os atendimentos de casos de influenza para as unidades básicas de saúde para aliviar a lotação das unidades de urgência, para que estas fiquem à disposição de pacientes com outras doenças e que, de fato, precisem de atendimentos de urgência e emergência. Ele afirma que nas unidades básicas é possível passar pela consulta e realizar exames básicos para diagnóstico de dengue, por exemplo. “Outra sugestão é usar o aplicativo ou site da Prefeitura para agendar uma teleconsulta. O médico liga para o paciente e pode passar o pedido de exame ou a receita pelo WhatsApp. Se for necessário uma consulta presencial, ele já vai encaminhado.”O superintendente diz que as teleconsultas haviam sido suspensas e foram retomadas na última semana e já foi possível observar redução da sobrecarga nos postos de saúde. “Mesmo com as síndromes gripais, o ideal é seguir com o distanciamento, uso de máscaras e cuidado com os sintomas. Se for possível, procurar as UBSs ou o teleatendimento.”Moura ainda diz que este aumento era esperado para o início do ano. “As reuniões, festas e shows, além do relaxamento das regras, como uso de máscaras em locais com aglomeração propiciou este aumento de casos de síndromes gripais, além de Covid-19, por conta da variante Ômicron. Além disso, nesta época temos mais casos de dengue. Mesmo sem impacto nas internações, é uma situação que impacta no atendimento inicial. Este aumento considerável de casos de influenza acaba gerando filas demoradas para atendimento.” Ele acrescenta que os números de pedidos de internação são acompanhados diariamente, mas que ainda não houve necessidade de alteração de estratégia. Além disso, diz que pacientes com dengue estão sendo atendidos nas unidades de saúde, com suporte para hidratação e medicação.Rede privada tem mais atendimentosA Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) também reconhece aumento da demanda em Goiânia e no interior. A associação informou movimento atípico desde o fim do ano passado, com postos lotados. Segundo informações da Ahpaceg, nestes últimos dias, a movimentação tem sido maior do que a registrado no primeiro ano da pandemia. Nesta semana, um hospital da região sudoeste da capital atendeu cerca de 350 pacientes no pronto-atendimento, quase cem a mais do que o maior número de atendimentos diários já registrado na unidade.Em outro hospital associado, localizado no Setor Oeste, segundo a associação, o aumento começou em outubro com a transição de atendimentos para casos clínicos não Covid-19. Naquele mês, foi registrado um acréscimo de 6% na demanda. Em novembro, este porcentual subiu para 10% e, em dezembro, já superou 20%. Situado no Setor Bueno, outro associado registrou um crescimento de cerca de 50% na demanda de dezembro em relação a novembro, segundo a Ahpaceg.A associação também informou que a situação repete-se em outras regiões de Goiânia e no interior, como em Rio Verde. De acordo com a Ahpaceg, o reflexo deste aumento na demanda tem sido postos cheios e o aumento no tempo de espera, pois mesmo com mais médicos na equipe, os hospitais não têm conseguido manter o tempo habitual de assistência. Segundo levantamento da associação, a maior procura é de pessoas com sintomas de gripe e dengue, com casos de Covid sendo descartados por exames laboratoriais.