O inverno e o tempo seco em Goiás trazem rotineiros problemas respiratórios, sobretudo entre os meses de julho e setembro. Mas em plena pandemia do coronavírus (Sars-CoV-2) e com uma parcela alta da população considerada assintomática ou apresentando apenas sintomas leves, como diferenciar uma gripe comum ou uma crise de asma, rinite ou bronquite de sintomas da Covid-19? O primeiro passo indicado pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) é a busca por teleatendimento por meio do número 0800 646 1560.Coordenadora do departamento de pneumologia da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP) e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lusmaia Damaceno Camargo explica que a baixa umidade relativa do ar prejudica o sistema respiratório. O ressecamento das secreções impede o funcionamento adequado dos mecanismos de defesa contra as infecções, além de ser irritante para o sistema respiratório. “Os sintomas mais comuns incluem tosse, cansaço para respirar, dores de cabeça, mal-estar, irritação na garganta e nos olhos e sangramento no nariz”, explica.Gerente de urgência da SMS de Goiânia, a médica Jane Domingas explica que a demanda tem sido muito alta nas unidades de saúde e que a telemedicina é uma forma de triagem feita por médicos e enfermeiros. O objetivo é orientar o paciente a se direcionar a uma unidade de saúde ou aguardar em casa. “Nesta época de baixa umidade do ar, temos de forma mais comum infecções respiratórias, mais sintomas como coriza, rouquidão, laringite. Como estamos numa pandemia e com pessoas apresentando diferentes sintomas, cada caso precisa ser avaliado”, pontua.Se houver encaminhamento para uma unidade básica de saúde (Cais, UPA ou Ciams), a avaliação envolve presença de sintomas como dor no corpo, febre ou sensação térmica de febre, tosse, nariz escorrendo. “Ainda estamos registrando muitos casos de dengue que também resultam em dor no corpo, febre e mal-estar. Febre, frequência respiratória aumentada e coriza podem ser quadro de Covid-19, por exemplo. A solicitação do exame RT-PCR acontece quando os sintomas são compatíveis e os dias de sintomas se enquadram na indicação. O pneumologista Elie Fiss, que nestes cinco meses de pandemia tem atendido de oito a dez pacientes de internação diariamente, afirma que é preciso atenção porque os casos de Covid-19 não são lineares e o paciente pode piorar rapidamente. “Em um dia a pessoa não tem nada, em outro dia, uma tosse discreta. Ainda assim, o comprometimento do pulmão pode estar acima de 25%”. Umidade vai cair a 20%A previsão é que os termômetros marquem mínimas bem abaixo do que os goianos estão acostumados para agosto. Junto do friozinho, que vai embora na segunda-feira (24), a umidade relativa do ar vai chegar a 20% de mínima nos próximos dias e não deve passar de 60% nos próximos dias. Gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim diz que o prognóstico para os próximos dias é de noites frias, com mínimas até de 3°C em Chapadão do Céu no sábado e 9°C em Aragarças. “A massa de ar polar está avançando e deve refletir nas temperaturas nesses dias. Na quinta já será possível perceber a temperatura mais amena na região sudoeste do estado, lembrando que essa massa terá maior influência na região centro-sul de Goiás.”Ele diz que Goiás tem, normalmente, temperaturas mínimas em torno dos 21°C no mês de agosto. Já as máximas ficam em torno de 35°C, como o registrado nesta terça em Goiânia, podendo chegar a 38°C em cidades como ocorreu nesta terça-feira (18) em Aragarças e São Miguel do Araguaia. Até domingo, a máxima não deve passar de 29°C na capital e na maior parte do Estado. “Mas o retorno às temperaturas habituais para a época deve ocorrer a partir de segunda. Certamente teremos dias bem quentes na próxima semana.” Crianças requerem mais atençãoDe acordo com a Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), cerca de 95% das crianças manifestam sintomas leves da Covid-19 ou nem os apresenta. Além disso, gripes e resfriados, assim como problemas respiratórios, são ainda mais comuns nesta época do ano. Isso pode favorecer a transmissão entre familiares, incluindo aqueles que têm maior risco de adoecer de forma grave. Portanto, as crianças sintomáticas devem ser adequadamente avaliadas, manter o isolamento pelo período recomendado, fazer a correta higiene das mãos e usar máscara quando houver necessidade de sair de casa, assim como os adultos. Coordenadora do departamento de pneumologia da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP) e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lusmaia Damaceno Camargo diz que é possível confundir sintomas de outros quadros com os da Covid-19. “São sintomas muito parecidos. A tosse que é um sintoma muito frequente, é comum a uma série de doenças, como: resfriado, gripe, crise de asma, pneumonia por bactérias ou a própria Covid-19. O histórico de contato com casos positivos, algumas características clínicas evidenciadas na avaliação médica ajudam a diferenciar. Porém, na maioria dos casos, apenas a realização do exame específico para a Covid-19 poderá esclarecer a causa”, completa. A pneumopediatra pontua que a dificuldade para respirar ou a respiração mais rápida, febre persistente, incapacidade de se alimentar ou vômitos são importantes sinais de alerta. “Por isso, em caso de dúvida é fundamental que a criança seja levada a um serviço de atendimento médico, para uma correta avaliação clínica”, finaliza. -Imagem (1.2104732)