<div attr-cid="policy:1.355626" attr-version="policy:1.355626" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.355626" data-onecms-type="image" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.355626', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.355626">Imagem (1.355626)</a></div>O prefeito da cidade de Goiás, Aderson Liberato Gouvea (PT), afirma que a tendência é de que o município não realize as festas de carnaval neste ano. A cidade enfrenta um aumento do número de casos de Covid-19 nas últimas semanas. “A persistir a situação que está, fica praticamente inviável. A gente só vai realizar se tiver uma redução drástica”, disse Aderson.Embora a maioria dos casos não tenha desenvolvido quadro grave, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) avalia que, no momento atual, não há condições sanitárias para realização do evento. Na próxima semana, a pasta realiza novas reuniões sobre o assunto que podem levar a uma decisão oficial.“É uma pena porque nosso carnaval é tão tradicional, a cidade ganha com carnaval, comércio ganha, a questão turística ganha, mas a gente tem de realizar com segurança”, lamenta o prefeito.PirenópolisA prefeitura de Pirenópolis disse que não há decisão sobre o carnaval. “Iremos agir conforme a orientação da secretaria municipal de Saúde, que está traçando projeções acerca da situação pandêmica para avaliar a viabilidade de ter ou não carnaval”.Caldas NovasO município de Caldas Novas também informou que ainda não tem parecer oficial, mas que estuda os números da pandemia e realiza avaliação criteriosa sobre o tema.A Secretaria de Estado da Saúde (SES) foi procurada a respeito de uma possível recomendação estadual, e até o fechamento desta matéria não enviou resposta.

"Tendência é de não realizar o carnaval", diz prefeito da cidade de Goiás

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Vídeo: Águas de São João

Webstories - Conheça água em Goiás famosa pela lenda de curar

Águas de São João

<div attr-cid="policy:1.3281703" attr-version="policy:1.3281703:1751021259" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3281703" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3281703', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3281703">Vídeo: Águas de São João (1.3281703)</a></div>

Ciência e religião se unem aos arredores da lenda de cura daqueles que bebem de uma fonte hídrica, em Águas de São João, um distrito da cidade de Goiás, no centro do estado. A nascente, de águas cristalinas e termais, carrega consigo várias histórias de milagres relatadas pela população desde 1910 e quase se tornou uma estância hidromineral, um tipo de pousada para banhos medicinais, projeto do Governo de Goiás, em 1958.&nbsp;

Em busca de desvendar essa lenda, a reportagem do O POPULAR ouviu a população do distrito e da cidade de Goiás. Durante essa busca, antigos moradores da região afirmam ser testemunhas vivas de vários milagres oriundos da água.

Em entrevista ao POPULAR, o fazendeiro João Maria Belchior, que tem uma propriedade rural a poucos quilômetros da fonte, contou já ter presenciado várias curas no local, que hoje conta com estrutura para que as pessoas consigam pegar da água e banheiros para banhos medicinais. Conforme João Maria, não é difícil ver pessoas com galões para armazenar a água, alguns inclusive que vêm de outras partes do país e que vão até o local em busca de cura.&nbsp;

<div attr-cid="policy:1.3281922" attr-version="policy:1.3281922:1751043840" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3281922" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3281922', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3281922">Webstories - Conheça água em Goiás famosa pela lenda de curar (1.3281922)</a></div>

O fazendeiro conta que o histórico de cura vai além da geração dele e que ouvia dos pais, que foram para o município na década de 60, diversas histórias de cura.&nbsp;

<cite>Água faz milagre demais, viu… tem relato que vai além dos meus antepassados, tem a minha mãe que foi curada de pedra nos rins. Então, é uma água muito milagrosa. Eu, sempre que passo por lá,&nbsp; pego, tomo e banho”, contou o fazendeiro.</cite>

<img attr-cid="policy:1.3281324" attr-version="policy:1.3281324:1750950923" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3281324/Proporção para foto do site (7).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Fonte atrai pessoas de vários lugares em busca de cura (Divulgação/ Semad )

Marlene da Silva, de 64 anos, dona de uma pousada na cidade de Goiás, também disse ter sido curada pela água. Ao POPULAR, ela contou que tinha problemas estomacais e sentia dores. Porém, após um tratamento com a água, o milagre aconteceu. Desde então, todos os dias ela vai até a bica buscar água, item indispensável no dia a dia dela.

<cite>Várias pessoas que eu já presenciei, uma delas o ano passado, foram curadas. Eu tinha uma gastrite e, ao fazer uso da água, eu melhorei. Hoje eu já não tenho nada, fui curada. Quando eu tinha problema de estômago, eu tomava ela e o efeito [contra a dor] era na mesma hora, um remédio não era assim, mas a água era só tomar. O banho dela, nessa época que é seco mesmo, você pode ir com a pele desidratada, que ela fica hidratada, é incrível!”, contou Marlene.&nbsp;&nbsp;</cite>

Ainda segundo Marlene, não é apenas a água que cura, mas o barro que ela forma ao redor da bica também faz milagres. Neste caso, ele tem eficácia em tratamentos de doenças de pele, como alergias e câncer, segundo a moradora, que disse ter visto e ouvido relatos de pessoas que foram curadas dessas doenças.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/conheca-as-belezas-e-riquezas-naturais-da-serra-de-caldas-que-chamaram-atenc-o-da-nasa-1.3279129" target="_blank">Conheça as belezas e riquezas naturais da Serra de Caldas que chamaram atenção da Nasa</a> 
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<h2>Festa de São João Bastista&nbsp;</h2>

Com isso, centenas de pessoas voltam em devoção à São João Batista, padroeiro do distrito. Conforme Fernanda Augusta Dutra, membro da associação de moradores do distrito,&nbsp;nesta época do ano, são feitas filas para conseguir pegar um pouco da água. Além disso, ao longo de todo o&nbsp; mês de julho, são realizadas celebrações em louvor a São João Batista e suas águas milagrosas. Porém, a festa oficial acontece entre os dias 11 e 20. Neste período, além das novenas, a programação da festa conta com cavalgadas, leilões, bingos, baile e quadrilha.&nbsp;

Fato curioso é que apenas nesse evento é permitido acender fogueiras no local - e em pontos pré-determinados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

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Igreja de São João Batista, no distrito de Águas de São João (Divulgação/ Semad)

<h2>Descoberta e suas teorias</h2>

A descoberta de Águas de São João ainda é uma incógnita. O que se sabe, até então, é que ocorreu entre 1920 e 1930. Segundo a Semad, há ao menos três teorias. A primeira delas é a do frei viajante.

Nela, acredita-se que o frei descobriu que brotava de uma pedreira, uma “água cristalina, rodeada por uma lama sulfurosa, amassada pela frequência do gado do entorno, que no auge do período mais quente do ano, tinha um excelente aspecto. O que o fez crer que a água tinha poder medicinal”, contaram a superintendente de Unidades de Conservação, Zilma Maia e o gerente das Unidades de Conservação Caio César Neves Sousa.&nbsp;

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Os responsáveis pela unidade ainda relataram que a segunda teoria é de que, um fazendeiro que morava nos arredores sofria com lepra e, por conta da doença, foi isolado por amigo e familiares. Neste período, incomodado por moscas e coceira em sua pele, ele teria rolado na lama ao redor da nascente. Depois, ele teria retornado curado e contado a todos sobre o milagre.&nbsp;

As teorias poderiam até parar por aí, mas ainda surgiu uma outra. Neste, um viajante teria abandonado um cavalo ferido ali na região. Algum tempo depois, o homem teria voltado ao local e o animal estava totalmente recuperado.&nbsp;

<h2>Estudos</h2>

Por outro lado, de acordo com o geógrafo da Universidade Federal de Goiás (UFG), Dallys Dantas, que estuda a região, registros apontam que a água já era conhecida por fazendeiros da região em 1910.&nbsp;

<cite>A água já era conhecida por algumas pessoas, não de maneira que a tornasse um atrativo turístico, era pelos fazendeiros, peões que habitavam ali a região. Aí a partir da década de 1920, mais precisamente na década de 1930, é que ela toma uma dimensão maior”, detalhou.</cite>

Ele ainda explica, que a fonte hídrica ganhou notoriedade anos após um artigo do historiador e jornalista Marechal Eduardo Sócrates, publicado em 1934. Na época, a revista A Informação Goyana, que era editada na ex-capital federal, Rio de Janeiro, publicou o artigo Águas Sulfurosas em Goyaz, contando sobre as águas de São João e relata as teorias lembradas pela Semad. À época o distrito não existia, era a fazenda denominada São João da Gurita.

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Entrada da Unidade de Conservação (Divulgação/ Semad )

<h2>Propriedades da água:&nbsp;</h2>

Mesmo que não se tenha um marco exato de como nascente foi descoberta, a fama rapidamente se espalhou, fazendo que em 1958, o governador do estado Mauro Borges Teixeira, tentasse instalar uma espécie de pousada na região com banhos medicinais. Ainda na época, o governo solicitou estudos que apontaram, que de fato, a água da região era “especial”.&nbsp;

<cite>O próprio Governo de Goiás, chegou aqui na década de 60 para implantar esse hotel, com intuito de explorar esse uso medicinal da água, mas o projeto não avançou. Mas não se sabe a razão, talvez seja a baixa vazão da mina para bancar esse empreendimento”, explicou Caio Sousa.&nbsp;</cite>

Conforme o estudo, feito pelo laboratório de Produção Mineral do Ministério da Agricultura, no dia 15 de janeiro daquele ano, a água sai da fonte com temperatura de 26.8ºC. Além disso, ela tem componentes como minerais, enxofre, carbonato e bicarbonato de sódio e sulfato de sódio. O que, segundo a Semad, deixa o cheiro e o sabor dela acentuado.&nbsp;

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Gráfica na época, a pedido do governo de Goiás, fez um ilustração para mostrar as propriedades da água, onde seria o hotel de banhos medicinais (Divulgação/ Semad)

O gerente ainda explicou que, a águas nunca foi comercializada. A ilustração semelhante a um&nbsp;rótulo de produto não passou de uma ação do governo na época, na tentativa de viabilizar a construção do hotel de banhos medicinais. Sousa ainda afirmou que, até então, não foram feitos estudos para fins medicinais, apenas de composição química. Assim, ainda não há comprovação de que a água tenha elementos eficazes no combate de doenças, mas isso não abala a fé dos moradores e visitantes da região.

<cite>Lá é um lugar lindo. Independente da lenda da água, o lugar parece mágico”, disse Zilma.</cite>

Mesmo assim, com a fama se espalhando várias famílias se mudaram para região com objetivo de frequentar a nascente. Ao redor do bebedouro formou-se, então, o povoado de Águas de São João. O distrito homônimo foi criado em 1968, com a implantação de uma estação telegráfica, uma escola e uma rodovia.

Segundo Dantas, a nomeação do distrito tem relação com o nome da fazenda que ficava no local, além da influência religiosa, que na época era marcante na região. 
 
"Então, essa questão do São João é muito forte na nossa região. E aí, o distrito e, consequentemente, a água, herdaram essa tradição religiosa", detalhou.&nbsp;

Nos anos 2000, o local passou a integrar a Área de Relevante Interesse Ecológico Águas de São João (Arie Águas de São João), que tem um total de 24,91 hectares. Segundo a Semad, nos limites dela, “é proibida a instalação de atividade de exploração mineral que possam causar alterações na quantidade e na qualidade das águas sulfurosas; o exercício de atividade que prejudique ou impeça a regeneração das plantas nativas; ações que ofereçam riscos à sobrevivência das espécies da biota nativa existente no local; colheita de produtos naturais, quando a mesma colocar em risco a conservação ou o equilíbrio homeostático dos ecossistemas da Arie”, detalha a Semad.

<h2>Acesso a água</h2>

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Bica por onde as pessoas pegam a água (Divulgação/ Semad )

Mesmo assim, a fama da água milagrosa, inclusive com “testemunhos” atuais de supostas curas, continua. Além do bebedouro, o local conta também com banheiros, onde as pessoas podem fazer o banho com a água. O acesso à água é aberto ao público em geral e segundo a Semad, passa por reformas para melhorar a capacidade de receber os turistas.&nbsp;

Conforme a Semad, são investidos mais de R$ 1 milhão, que deve ser usado em uma melhor estruturação dos banheiros para banhos medicinais, reformar a estrutura da bica e outras revitalizações.

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Conheça água em Goiás famosa pela lenda de curar quem a toma

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ÁGUA MILAGROSA 

Escritor, filósofo, poeta, ativista indígena dos direitos humanos e ocupante da cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak é uma das maiores vozes das pautas socioambientais atualmente. Pela terceira vez, ele participa do Fica - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, na cidade de Goiás, desta vez como presidente do júri da Mostra Washington Novaes.&nbsp; Antes, Krenak participou como jurado e homenageado.&nbsp;

Em 2022, durante o 23º Fica, uma sessão especial de exibição de Adeus, Capitão, de Vincent Carelli, contava com a presença do líder indígena na plateia e, no dia seguinte, debateu o filme com seu diretor. A experiência foi tão marcante para a história do festival que a partir do ano seguinte as sessões especiais do evento foram batizadas de Filmes para Adiar o Fim do Mundo, inspirados no título de um dos livros de Krenak, Ideias para Adiar o Fim do Mundo (2020).&nbsp;

No livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”. Em entrevista ao POPULAR, Krenak relaciona a ideia à experiência imersiva de cinema que está vivendo durante o festival, somando sua visão crítica e humanista sobre a relação entre natureza, território e cultura.

Krenak, você está participando do Fica pela terceira vez. Como tem sido acompanhar a evolução do festival ao longo desses anos?

O Fica foi se consolidando como o festival internacional mais relevante voltado para a temática socioambiental. Estão amplamente presentes obras que tomam a questão dos territórios, das paisagens e da vida dos seres humanos instituindo um socioambientalismo, que vai além da ideia de meio ambiente. Há 20 anos, o festival já recepcionava curtas e longas-metragens e algumas das animações mais interessantes já produzidas que abordam as questões do planeta Terra. Hoje temos a Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais. É uma oportunidade de assistir e um lugar privilegiado para os diretores divulgarem essas obras, que muitas vezes não conseguem entrar no circuito comercial de cinema.

Como tem sido acompanhar os filmes ao longo dessa semana? Algo te marcou nessa maratona de filmes?

Desde as mostras de cinema goiano até as internacionais e de cinema indígena estão atendendo, de certa maneira, a uma curadoria que convocou obras que mostram como o corpo dos humanos está se flagelando no planeta Terra. A gente coloca fogo no Cerrado, envenena o solo do Cazaquistão, polui os rios com mercúrio. É um tipo de jornada de cinema que faz o público pensar se a gente pode continuar habitando o planeta de uma maneira tão brutal, tão predatória. Quase configura um ser humano ameaçando a vida na Terra. Então essa edição do festival é um alerta: é preciso mudar o nosso paradigma de habitar o mundo, essa ideia de progresso, de desenvolvimento sem fim, que é o que anima a ideia do capitalismo e que está sofrendo uma crítica severa na seleção dos filmes. Me senti identificado com esse momento, porque meus últimos trabalhos tratam de temas como as Ideias Para Adiar o Fim do Mundo. Esse mundo que estamos vendo se desmanchar diante dos nossos olhos, com o planeta superaquecido e com a possibilidade de eventos climáticos que a gente nem imagina. Podemos ser surpreendidos com desastres no campo que chamamos de desastres ambientais muito fora da curva. Aquelas ideias que já estavam listadas para nós como desastres a partir de experiências como tsunamis, terremotos e furacões incluem agora efeitos silenciosos.

Mesmo diante disso tudo, você acredita que estamos encontrando caminhos para adiar o fim do mundo? É importante acreditar no futuro?

A realização de um festival que convoca obras de arte que criticam o modo errado dos humanos estarem no planeta é uma expressão dessa vontade de produzir mundos, de acreditar que esse planeta é o maior tesouro que nós temos. E isso produz um efeito de esperança no nosso modo de vida, de que as próximas gerações possam ser testemunhas de alguma mudança no modo como transmitimos valores para a educação das nossas crianças e dos nossos jovens.

Pensando na sua trajetória como escritor e no contexto do Fica, que é um festival de cinema, como você enxerga o papel das artes como aliada na defesa do nosso planeta?

O cinema, no campo das artes, talvez seja a expressão mais popular e mais difundida que temos. Junto com a literatura, é uma janela para outros mundos. E é por isso que estou aqui, hoje, com vocês, celebrando essa edição crítica de um festival de cinema sobre a questão do clima, que está amplamente afetando a nossa vida no planeta Terra. A partir das artes, pensamos nosso modo de habitar a Terra.

O tema do festival deste ano, o Cerrado, se relaciona com a COP 30, que irá acontecer no Brasil. Ano passado, tivemos os incêndios cobrindo o céu do país com fumaça e fuligem, matando animais e vegetações. Qual a importância de se discutir a devastação dos nossos biomas?

Relacionar essa edição do Fica com a COP 30 é natural, porque o debate da conferência abrange todas as questões sobre o clima, amplamente. O festival também aborda questões diretamente relacionadas com nosso futuro comum. Como vamos habitar uma Terra calcinada, em estado constante de choque? Um filme que me impactou essa semana foi o Entre as Cinzas (filme goiano de Daniel Calil e Renato Ogata), que traz a questão do combate ao fogo pelos brigadistas voluntários e nos deixa realmente muito preocupados. Porque parece que o poder público ainda não assumiu a responsabilidade direta do monitoramento e a contenção do fogo quando ele ameaça a vida das pessoas e comunidades. Isso ainda é feito por brigadistas voluntários, que têm toda nossa solidariedade. Ficamos todos com a respiração parada na sessão, não pela quantidade de fumaça, mas pelo risco da gente continuar reproduzindo todo ano grandes queimadas. Assistimos à crise que essas queimadas causaram na vida das pessoas e os danos que esses territórios tiveram ao serem afetados pelo fogo. Como essas famílias vivem em um estado de insegurança permanente. É preciso reconhecer o poder do fogo e nós temos que aprender a conviver com ele. Precisamos descobrir, então, uma maneira de cuidar do Cerrado para que a gente não viva sobressaltado pelo risco da nossa casa ser destruída pelas queimadas.&nbsp;

Em meio às discussões mais recentes sobre as mudanças climáticas e a necessidade de se pensar soluções, muitos dos caminhos possíveis vêm sendo resgatados da sabedoria indígena e dos povos tradicionais. Como você enxerga esse resgate ancestral para pensar o futuro?

Existe atualmente um olhar curioso sobre esse acervo de conhecimento dos povos originários para resolver questões que tocam desde habitar a Terra até o cuidar do próprio corpo, da nossa saúde. Ter uma vida saudável e equilibrada no planeta. A ideia do corpo-território. Acho que essa valorização é bem vinda, só tomara que ela não tenha chegado tarde demais.&nbsp;

"É preciso mudar o nosso paradigma de habitar o mundo", alerta Ailton Krenak

FICA

No auge da <a href="https://opopular.com.br/cidades/covid-5-anos-referencia-durante-a-crise-em-goias-fluvia-amorim-relembra-momentos-dificeis-e-ressalta-legado-1.3245658" target="_blank">pandemia da Covid-19</a>, a médica infectologista Cristiana Toscano, docente do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), foi a única latino-americana convidada a integrar o Comitê Global de Experts em Imunização da Organização Mundial da Saúde (Sage/OMS), do qual tornou-se membro permanente. Cinco anos depois, ela diz ao POPULAR que o momento é de resgatar aprendizados e de fazer um balanço dos avanços e das dificuldades do período. “Esses aprendizados podem nos ajudar, como sociedade, a nos preparar e minimizar o risco e o impacto de futuras pandemias.”

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Cristiana Toscano esteve este mês em Genebra (Suíça) onde participou de reuniões da Sage/OMS para revisão das recomendações das políticas de saúde. “A questão principal é entender a importância das ações de uma instituição multilateral no contexto global de vacinação, de detecção de patógenos emergentes e de prevenção de pandemias. É preciso viabilizar a continuidade das ações da OMS.” Em janeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a saída do país da OMS. “Temos uma preocupação com a sustentabilidade de ações globais, como a erradicação da poliomielite e o controle do sarampo, mas outras fontes de financiamento devem surgir. É uma questão de reorganização”, afirma a pesquisadora.

A cientista acredita que novas epidemias e pandemias são inevitáveis. “No Brasil, vivemos em 2024 a maior epidemia de dengue do País, tivemos a introdução da Mpox, grande aumento e disseminação da febre do Oropouche e novos focos de febre amarela com aumento significativo de casos. Globalmente, temos o evento de gripe aviária H5N1, já disseminada entre mamíferos e aves, com risco real de ser transmissível entre humanos”, lembra. Cristiana Toscano reitera que, em contrapartida, há novas vacinas disponíveis e em desenvolvimento, como os imunizantes contra a dengue, contra o vírus sincicial respiratório e ainda contra a chikungunya, que deve ser licenciada em breve.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/covid-5-anos-referencia-durante-a-crise-em-goias-fluvia-amorim-relembra-momentos-dificeis-e-ressalta-legado-1.3245658" target="_blank">Covid 5 anos: referência durante a crise em Goiás, Flúvia Amorim relembra momentos difíceis e ressalta legado</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/covid-5-anos-sequelas-da-pandemia-seguem-vivas-1.3245251" target="_blank">Covid 5 anos: sequelas da pandemia seguem vivas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/post-engana-ao-afirmar-que-estudo-concluiu-que-as-vacinas-contra-a-covid-19-n-o-s-o-seguras-1.3243393" target="_blank">Post engana ao afirmar que estudo concluiu que as vacinas contra a covid-19 não são seguras</a></div>

Para a pesquisadora, a Covid-19 matou muita gente no Brasil e no mundo, “mas o número poderia ter sido muito maior se não fossem as medidas de saúde pública e os desenvolvimentos científicos que avançaram rapidamente no período”. A cientista ressalta que, para fazer frente aos desafios impostos por esses eventos, é necessário dar continuidade às estratégias e ações de monitoramento de riscos, prevenção, controle e combate a futuros eventos epidêmicos e pandemias para não reativar uma vez mais a crise sanitária. “Em um mundo globalizado, as estratégias de prevenção e controle de doenças requerem ações coordenadas e globais.” Isso significa um sistema eficiente de monitoramento, de compartilhamento de informações, equipes treinadas e disponíveis, colaboração entre países e recursos financeiros.

“Ações de prevenção, como a vacinação, evitam milhões de mortes no mundo a cada ano. No entanto, seu impacto torna-se irrelevante se as vacinas não forem epidemiologicamente adequadas às populações que atendem, não forem aceitas pelas comunidades ou não forem efetivamente distribuídas por meio de programas rotineiros ou campanhas de imunização em massa. Os programas de imunização sempre enfrentaram ameaças – desde a instabilidade política até a desinformação –, desafios que estão se tornando cada vez mais graves no cenário global atual”, enfatiza Cristiana Toscano. A docente do IPTSP/UFG vai integrar o grupo de trabalho (GT) anunciado esta semana pelo Ministério da Saúde para elaborar propostas que ampliem a capacidade do País de enfrentar emergências de saúde pública.

No ano passado, Cristiana Toscano recebeu a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz, a maior honraria na área da saúde, em reconhecimento à sua contribuição para a saúde pública brasileira. Em 2025, assumiu a coordenadoria do recém-criado Centro de Excelência em Tecnologia e Inovação em Saúde (Ceti-Saúde) da UFG. Um dos objetivos do GT do Ministério da Saúde é propor a criação de uma Agência de Inteligência em Emergências de Saúde Pública no Brasil, uma ideia defendida por vários cientistas, entre eles Cristiana Toscano. As propostas do GT serão apresentadas em relatório num prazo de 60 dias.

<img attr-cid="policy:1.3245668" attr-version="policy:1.3245668:1743036800" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3245668/Vida Urbana - gabriela duarte ufg.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Gabriela Duarte, do IQ/UFG: responsável pelos testes rápidos para a Covid-19 em Goiás ( Wesley Costa / O Popular)

<h2>Fapeg investiu em estudos sobre a Covid-19</h2>

A ciência foi a grande protagonista da pandemia da Covid-19, maior crise sanitária mundial desde a gripe espanhola em 1918, que matou de 50 milhões a 100 milhões de pessoas – o que seria 3% da população do planeta à época. Apesar das semelhanças entre as doenças, mais de cem anos depois, num mundo globalizado, estruturas acadêmicas e cientistas se mobilizaram com rapidez impressionante para conter o Sars-CoV-2 e suas variantes. Uma vacina eficaz surgiu em nove meses. As farmacêuticas Pfizer – em parceria com a BioNtech – e Moderna usaram o RNA mensageiro sintético (m-RNA), mecanismo que já era estudado. Em 2023, os criadores da fórmula, Katalin Karikó e Drew Weissman, receberam o Prêmio Nobel de Medicina.

No Estado, o movimento não foi diferente. Logo que a pandemia chegou, em 2020, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) fez uma Chamada Emergencial para buscar soluções pela ciência. Treze propostas foram aprovadas e outras três pelo Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS). Entre os estudos, dois coordenados por professoras doutoras da UFG: o que definiu o teste rápido RT-Lamp, tendo à frente Gabriela Mendes Duarte, do Instituto de Química (IQ); e o que sequenciou o genoma do vírus Sars-CoV-2 em circulação por Goiás, sob a responsabilidade de Mariana Pires de Campos Telles, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG e também da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Entre 2020 e 2024, a Fapeg financiou 27 projetos relacionados à Covid-19, superando R$ 2 milhões em investimento.

<h3>Público tem acesso a acervos digitais</h3>

As gerações futuras terão dificuldade para entender o que foi a pandemia da Covid-19. Desde que ela foi oficialmente anunciada, a OMS estima que o vírus Sars-CoV-2, causador da doença, provocou mais de 777 milhões de infecções e matou mais de 7 milhões em todo o mundo, embora especialistas acreditem que esse número possa ser muito maior. No Brasil foram mais de 700 mil mortes e em Goiás, em torno de 29 mil. O isolamento social obrigatório em razão da crise sanitária foi um golpe na saúde mental.

Em Goiás, gestores da Secretaria de Estado da Saúde elaboraram em 2022 o e-book Gestão e Inovação em Tempos de Pandemia – Um relato da experiência à frente da SES-GO, em que detalham as estratégias adotadas para enfrentar o vírus devastador, um desafio gigantesco que exigiu esforço hercúleo e rendeu uma série de aprendizados. O trabalho tem acesso público pelo link: https://goias.gov.br/saude/wp-content/uploads/sites/34/2024/01/Ebook-5-versao-atualizada.pdf.

Em nível nacional, o Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (SoU_Ciência) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) lançou este mês o Acervo da Pandemia de Covid-19, um repositório digital gratuito e aberto ao público, que reúne um extenso conjunto de materiais que, segundo a instituição, evidenciam condutas e discursos negacionistas de agentes públicos e privados durante a pandemia de covid-19 no Brasil (2020-2022). O projeto tem parceria com a Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico Brasil), com o Centro de Estudos de Direito Sanitário da Universidade de São Paulo (Cepedisa/USP), com o grupo de mídia independente Camarote da República e com o podcast Medo e Delírio em Brasília.

O SoU_Ciência é um grupo de pesquisa multidisciplinar cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sediado na Unifesp. O projeto Acervo da Pandemia contou com a participação de pesquisadores e estudantes das universidades federais de São Paulo e do Rio de Janeiro (Unifesp e UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que integram o SoU_Ciência.

A Universidade Federal de Goiás (UFG) contribui com o Acervo da Pandemia&nbsp;por ter apoiado o desenvolvimento do software livre Tainacan pelo Laboratório de Inteligência de Redes da Universidade de Brasília (UnB) utilizado no projeto. O Tainacan, que nasceu também com o suporte do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e do Instituto Brasileiro de Museus, é muito usado para a gestão e compartilhamento de acervos.

Para acessar o Acervo da Pandemia: <a href="https://acervopandemia-souciencia.unifesp.br/">https://acervopandemia-souciencia.unifesp.br/</a>

Covid 5 anos: pesquisadora da UFG diz que mais crises sanitárias mundiais virão

Saúde

Webstories

O ex-secretário de Saúde de Pires do Rio, Assis Silva Filho,&nbsp;foi condenado a pagar R$ 30 mil por danos morais coletivo por&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/cidades/alem-da-esposa-secretario-de-saude-de-pires-do-rio-tambem-furou-fila-para-receber-vacina-1.2187700" target="_blank">furar a fila da vacina contra a Covid-19 em 2021.</a> Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), a esposa dele e um casal também foram vacinados mesmo não fazendo parte do grupo prioritário. Cabe recurso da decisão.&nbsp;

<cite>Este valor atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo suficiente para compensar o dano e atender ao caráter pedagógico da medida”, diz um trecho do acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).&nbsp;</cite>

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O POPULAR entrou em contato com a defesa de Assis, por e-mail enviado às 13h25, para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/alem-da-esposa-secretario-de-saude-de-pires-do-rio-tambem-furou-fila-para-receber-vacina-1.2187700" target="_blank">Além da esposa, secretário de Saúde de Pires do Rio também furou fila para receber vacina</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/em-video-secretario-de-saude-de-pires-do-rio-pede-desculpas-apos-esposa-furar-fila-da-vacina-1.2185836" target="_blank">Em vídeo, secretário de Saúde de Pires do Rio pede desculpas após esposa furar fila da vacina</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/secretario-de-saude-de-pires-do-rio-e-afastado-pela-justica-apos-vacinar-esposa-1.2185857" target="_blank">Secretário de Saúde de Pires do Rio é afastado pela Justiça após vacinar esposa</a></div>

De acordo com a ação civil pública proposta pelo MP-GO, ao determinar as imunizações, o ex-secretário “agiu em desrespeito com os planos nacional e estadual de imunização que vigoravam naquela ocasião em razão da pandemia”.&nbsp;

Isso porque a primeira fase da vacinação no município era destinada exclusivamente aos profissionais da saúde que atuavam na linha de frente do combate à Covid-19, idosos institucionalizados e funcionários de instituições de longa permanência para idosos e nenhum dos vacinados por ordem do ex-secretário se enquadrava nestes critérios.&nbsp;

<a href="https://opopular.com.br/cidades/ex-secretario-de-pires-do-rio-pagara-r-50-mil-por-furar-fila-de-vacinac-o-1.2188924" target="_blank">O valor inicial da indenização era de R$ 50 mil, </a>mas foi reduzido no julgamento do recurso no dia 12 deste mês seguindo o voto da relatora, desembargadora Roberta Nasser Leone.

<div attr-cid="policy:1.3245200" attr-version="policy:1.3245200:1742943392" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3245200" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3245200', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3245200">Webstories (1.3245200)</a></div>

<h2>Relembre o caso&nbsp;</h2>

O caso aconteceu em janeiro de 2021 e ganhou notoriedade quando <a href="http://opopular.com.br/politica/em-video-secretario-de-saude-de-pires-do-rio-pede-desculpas-apos-esposa-furar-fila-da-vacina-1.2185836" target="_blank">Assis publicou um vídeo pedindo desculpas</a> por ter determinado a vacinação da esposa, que não fazia&nbsp; parte dos grupos prioritários conforme determinação do Ministério da Saúde.&nbsp;"Peço a [Deus], imploro a ele que aceite minhas escusas", diz ele no vídeo, ao lado da esposa. "Foi com o intuito apenas de resguardar e preservar a saúde e a vida da mulher da minha vida", completa.&nbsp;

O ex-secretário também justificou que a esposa tinha mais de 70 anos e costumava acompanhá-lo nos trabalhos de visitas que fazia às unidades de saúde do município. No entanto, as diretrizes do Ministério da Saúde não listam idosos que não estejam institucionalizados nesta primeira fase do programa de imunização.&nbsp;

<h2>Exoneração</h2>

No dia 24 de janeiro, <a href="https://opopular.com.br/politica/secretario-de-saude-de-pires-do-rio-pede-exonerac-o-apos-esposa-ser-vacinada-contra-covid-19-1.2186652" target="_blank">Assis pediu exoneração do cargo.</a> Ao pedir para sair do cargo, ele disse que a decisão era de caráter irrevogável, irretratável e de cunho pessoal. O pedido foi acatado pela então prefeita do município Cida Tomazini.

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Ex-secretário de Saúde de Pires do Rio que furou fila da vacina da Covid é condenado a pagar R$ 30 mil por danos morais

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