Duas áreas ocupadas em Goiás enfrentaram clima de tensão nos últimos dias, durante o período da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, conhecida como Abril Vermelho. No município de Vila Boa de Goiás, a 365 quilômetros de Goiânia, mil famílias, capitaneadas pelo MST do Distrito Federal e Entorno, ocuparam uma área de 8 mil hectares de uma usina de álcool da Companhia Bioenergética Brasileira (CBB) na segunda-feira (15).

Um dos coordenadores do movimento, Marco Antônio Baratto (Marcão) disse que o MST buscou informações sobre a área junto à Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e constatou dívidas de R$ 300 milhões para a União. Ocupando 15 viaturas, as forças de segurança de Goiás foram para a área e levaram lideranças do MST para a delegacia.

À frente da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás, o coronel PM Renato Brum informou ao POPULAR que em Vila Boa as forças de segurança agiram rapidamente porque ele tinha sido informado pelo serviço de inteligência que a invasão ocorreria. “Não há necessidade de mandado judicial quando há um estado de flagrância e foi o que ocorreu lá. As pessoas estavam esbulhando a terra, mas não houve uso da força.” Conforme o secretário, havia 50 pessoas na área e 40 deixaram o local “de forma tranquila”. As demais foram encaminhadas para a delegacia, em Formosa. “Mantive contato o tempo todo com o Ministério da Justiça informando a situação. A terra não passou para o governo federal porque está em fase de adjudicação.”

Cláudia Farinha, superintendente do Incra do Entorno, esteve na delegacia em Formosa. Ela disse ao POPULAR que há no órgão uma solicitação do MST para que a área da usina seja integrada ao programa de reforma agrária. “O Incra solicitou ao cartório de Vila Boa de Goiás certidões relativas à área para conhecer a real situação. Depois disso vamos encaminhar para a Procuradoria Geral da Fazenda pedindo a adjudicação do imóvel para ser incorporado ao Programa de reforma agrária.” Cláudia salientou que recebeu do MST uma certidão de inteiro teor que mostra o volume de dívidas. “Se essa situação for comprovada, vamos vistoriar a usina e disponibilizar a terra para a reforma agrária. Existe uma democracia em curso, os trabalhadores têm autonomia e legitimidade para fazer as reivindicações. O direito à terra é constitucional.”

Segundo Marcão, mesmo com o processo de adjudicação em andamento na esfera federal, o proprietário arrendou a usina para fazendeiros vizinhos, por isso ela continua em operação. As famílias não ficaram na terra. Em ônibus e caminhões providenciados por fazendeiros elas foram levadas para os vários municípios de onde saíram, como Vila Boa de Goiás, Planaltina de Goiás, Formosa, Luziânia, Flores de Goiás e também Distrito Federal.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/58-familias-precisam-deixar-faixa-de-dominio-na-go-338-entre-planalmira-e-pirenopolis-1.3126313">58 famílias precisam deixar faixa de domínio na GO-338 entre Planalmira e Pirenópolis</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/reintegrac-o-total-do-morro-da-serrinha-sofre-novo-atraso-1.3117435">Reintegração total do Morro da Serrinha sofre novo atraso</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/saiba-como-se-formou-ilha-particular-a-venda-por-r-10-milh-es-em-goias-1.3117864">Saiba como se formou ilha particular à venda por R$ 10 milhões em Goiás</a></div>

Outra área monitorada por agentes das forças de segurança do estado está em Itaberaí, a 100 quilômetros de Goiânia. Policiais militares e civis tentaram retirar 300 famílias de uma terra, mas a ação não teve sucesso. A coordenação do MST em Goiás afirma que não havia mandado judicial para a retirada. Segundo o movimento, o grupo arrendou cinco hectares da terra do proprietário para montar um acampamento provisório enquanto aguarda deliberações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para assentamentos. “Há um contrato com o proprietário, registrado em cartório. As famílias estão legalizadas”, afirmou Gilvan Rodrigues. Segundo ele, os policiais tentaram pressionar o dono da terra a desfazer o contrato.

A ouvidoria do Incra nacional foi acionada e está acompanhando a situação, mas as famílias permaneceram na área.

Sobre Itaberaí, o coronel Renato Brum explicou que não chegou a passar o caso para o governador Ronaldo Caiado porque apenas uma viatura da PM foi ao local e constatou que havia um acordo do dono da terra com o MST. “Jogam muita coisa na conta do governador. Quando o proprietário explicou que tem interesse em negociar com o Incra e por isso fez o contrato, mandei retirar a viatura porque não considero uma invasão, uma situação bem diferente do que houve em Vila Boa.”

O titular da SSP afirmou que a inteligência continua agindo e, caso haja novos casos de esbulho possessório, as forças de segurança vão agir de pronto. “Se for posse antiga, nós vamos agir através da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça.”

Memória&nbsp;

A Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária (Abril Vermelho), criada pelo MST, ocorre todos os anos no mês de abril para lembrar os 21 trabalhadores rurais assassinados em 1996 pela polícia militar do Pará. O fato ficou conhecido como o Massacre de Eldorado do Carajás. Em 2024, o MST anunciou 24 ocupações de terra em 11 estados, incluindo as duas de Goiás.

Tensão em áreas ocupadas em Goiás

Cidades

Cidades - título

Assine - Offers Target - 2

Matéria - Cidades

Reforma agrária

Energia elétrica

A Equatorial Goiás descumpriu, em 2024, o limite de duração das quedas de energia elétrica em 107 de 147 conjuntos de unidades consumidoras - 72% dos locais que atende no estado. Já a frequência máxima de interrupções no serviço foi desrespeitada em 76. Os limites foram estipulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e divulgados no site do órgão federal. A distribuidora argumentou que superou as metas firmadas em plano com a Aneel.

Na análise por duração das quedas, o caso mais grave foi registrado no conjunto Britânia, em que os consumidores passaram, em média, 62,2 horas no escuro ao longo do ano passado, quando o limite era de 23 horas. Além da cidade que leva o mesmo nome, o conjunto também atende parte dos consumidores de Aruanã, Itapirapuã, Jussara, Matrinchã, Montes Claros e Santa Fé de Goiás, municípios localizados no Noroeste do estado.

A frequência de interrupções também foi maior em um conjunto da região Noroeste, o Matrinchã (formado por parte dos municípios de Araguapaz, Aruanã, Britânia, Faina, Goiás, Itapirapuã e Jussara, além de Matrinchã). Os moradores enfrentaram, em média, 26,98 quedas de energia em 2024. O limite era de 12.

Já os melhores resultados de duração e frequência de quedas foram registrados no Ferroviário S2, que atende parte das unidades consumidoras de Goiânia. Neste conjunto, os imóveis passaram, em média, por 0,88 horas sem energia e 0,56 quedas. Os limites estipulados pela Aneel eram de até sete horas sem o serviço e cinco interrupções.

Os cinco conjuntos que registraram os melhores indicadores de período sem energia atendem Goiânia. Na lista, o 5º lugar é do Atlântico S1, que além de imóveis da capital, também engloba bairros de Aparecida de Goiânia. No recorte por frequência de queda, os cinco melhores resultados estão apenas em Goiânia.

Os conjuntos de unidades consumidoras são agrupamentos aprovados pela Aneel. Cada conjunto pode ter imóveis localizados em um ou mais municípios. A cidade de Britânia, por exemplo, está dividida em quatro conjuntos diferentes. Até 2023, os dados da Aneel mostravam a divisão de Goiás entre 156 destes grupos. Para 2024, existem dados publicados referentes a 147. Até o fechamento desta edição, a agência não havia respondido sobre a diferença entre os números.

Meta cumprida

A Equatorial afirmou, em nota, que os dados demonstram a superação de metas firmadas em plano com a Aneel, que estipulou a quantidade de agrupamentos que devem estar dentro do limite regulatório entre 2024 e 2028. De acordo com a distribuidora, a meta para o ano passado era de 27 conjuntos no limite do DEC (duração) e 52 no limite do FEC (frequência). Com isso, a empresa superou o objetivo em 48% e 36%, respectivamente.

A Equatorial destacou que, de forma geral, o DEC teve, em 2024, redução de 10,2 horas na análise do cliente e 5,7 horas na visão regulatória. Já o FEC diminuiu 5,5 vezes na percepção dos clientes e 3,6 vezes na avaliação regulatória. Estes números, segundo a empresa, a posicionam dentro dos limites estabelecidos pela Aneel. “Essa performance representa os melhores índices de continuidade já registrados na história da concessão”, destacou a distribuidora.

A empresa também argumentou que o Desempenho Global de Continuidade (DGC) reforça a melhoria em relação a 2023. O DGC compara o desempenho real com as metas estabelecidas para cada distribuidora. Em 2023, a Equatorial registrou índice de 1,66. Em 2024, o número caiu para 1,19 (quanto menor, melhor o resultado). A empresa ressaltou que o indicador tem como base as características da área de concessão, com suas particularidades e dificuldades.

A companhia afirmou que, em dois anos de atuação em Goiás, investiu mais de R$ 4 bilhões, ampliou e modernizou 203 subestações e entregou seis novas. Além disso, foram entregues sete novas linhas de distribuição de alta tensão e outras seis foram modernizadas.

Desafios

O POPULAR mostrou que, embora tenha registrado melhoras no desempenho global, a Equatorial Goiás ainda é uma das piores distribuidoras de energia do Brasil. A empresa ficou em penúltimo lugar no ranking da Aneel, publicado no início deste mês (com indicadores de 2024), entre 31 empresas de grande porte.

A advogada especialista em energia e negócios do setor elétrico Thawane Larissa Silva explica que a qualidade do serviço melhorou devido aos investimentos da distribuidora, mas também com o fôlego proporcionado por obras bancadas pelo setor privado. Thawane destaca que, depois de 20 anos sem ações estruturantes, é normal que as melhorias ocorram de forma gradativa.

Neste cenário, as reclamações do setor produtivo quanto à qualidade do serviço continuam. Lideranças que representam empresários do agronegócio estiveram com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), nesta semana para tratar sobre o assunto.

O presidente da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado (Adial Goiás), Edwal Portilho, o Tchequinho, também afirma que houve melhoras pontuais no serviço, mas avalia que a falta de perspectiva de ampliação da oferta de energia elétrica continua sendo um dos principais desafios para o crescimento do estado. Segundo Tchequinho, há informação de empresas ligadas à Adial que têm interesse em aumentar a capacidade de produção, mas não conseguem por causa da falta de energia.

A estimativa, segundo o presidente, é de que o estado precisa de investimentos imediatos na ordem de R$ 4,5 bilhões. Há discussão sobre uso de superávit do Fundo de Estabilização Econômica (FEG), a ser criado pelo governo estadual, em obras estruturantes ligadas ao setor.

<div attr-cid="policy:1.3254172" attr-version="policy:1.3254172:1745025119" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3254172" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3254172', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3254172">Energia elétrica (1.3254172)</a></div>

Queda de energia supera limite de duração em 72% do estado

Economia

Economia - título

Matéria - Economia

Sem serviço

No último dia de 2024, um motociclista colidiu com um carro no final da manhã daquela terça-feira no cruzamento da Avenida Portugal com a Rua João de Abreu, no Setor Oeste, em Goiânia e morreu ainda no local. Uma semana antes, durante uma forte chuva, um motociclista de 47 anos perdeu o controle da moto, caiu na Avenida Perimetral Norte e foi <a href="https://opopular.com.br/cidades/acidente-entre-duas-carretas-e-tres-carros-mata-motorista-na-go-436-1.3249476#error=login_required&amp;state=ac679687-3312-43a4-8778-564f1e40e619" target="_blank">atropelado por um caminhão</a> e não resistiu. No ano passado, a cada dois dias em Goiás, três motociclistas ou passageiros de motos perderam a vida nas vias do Estado ou em decorrência de sinistros de trânsito, quando foram registrados 1.775 vítimas fatais do trânsito, sendo 589 que estavam em motos, de acordo com os registros de óbitos da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), dentro do Programa Vida no Trânsito (PVT).

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" style="color: rgb(0, 85, 128); outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

Para se ter uma ideia, há 20 anos, em 2005, o número de óbitos de motociclistas em Goiás era um quinto do total. Naquele ano, a SES-GO, de acordo com o sistema Datasus do Ministério da Saúde, registrou 1.612 óbitos no trânsito do Estado, sendo 324 vítimas fatais ocupantes de motocicletas. O aumento proporcional dos acidentes em duas décadas se deu ao mesmo tempo em que tivemos uma redução na proporção da quantidade de motocicletas no Estado. Em 2005 eram 1.444.165 veículos, sendo 308.259 motos, sendo 21,34%. Já neste ano, os números são de 4.880.873 veículos no Estado, com 904.389 motos, uma relação de 18,32%.

O perito criminal de trânsito e membro da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Antenor Pinheiro, explica que o problema não é o número de motocicletas, mas como elas transitam nos sistemas viários das cidades. “A ausência de uma política pública rigorosa de fiscalização de trânsito justifica essa assustadora letalidade, pois as infrações de excesso de velocidade, avanço de semáforo, uso de celular e trânsito sobre calçadas são a regra prevalente dos motociclistas urbanos em geral. Se essas infrações não são coibidas, a tendência é a ocorrência de sinistros crescer, pois tecnicamente todo sinistro a ele precede uma ou mais infrações simultâneas cometidas”, esclarece.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/motociclista-morre-apos-ser-arrastada-por-enxurrada-e-ficar-presa-embaixo-de-veiculo-video-1.3252673" target="_blank">Motociclista morre após ser arrastada por enxurrada e ficar presa embaixo de veículo; vídeo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/motociclista-fica-preso-embaixo-de-carro-apos-ser-arrastado-por-enxurrada-durante-forte-chuva-em-goiania-video-1.3234779" target="_blank">Motociclista fica preso embaixo de carro após ser arrastado por enxurrada durante forte chuva em Goiânia; vídeo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/acidente-entre-duas-carretas-e-tres-carros-mata-motorista-na-go-436-1.3249476" target="_blank">Acidente entre duas carretas e três carros mata motorista na GO-436</a></div>

Diretor-executivo do Instituto Co.Urbano e membro do Mova-se Fórum de Mobilidade, Marcos Villas Boas acredita que, no geral, a frota teve aumento vegetativo, mas os óbitos dos motociclistas é um aumento exponencial. “É um meio mais barato e não tem investimento no transporte coletivo, não temos infraestrutura de corredores para os ônibus, por exemplo, e as pessoas sofrem pressão dos patrões para chegar no horário, acabam indo para as motos. Depois, é uma tragédia anunciada a partir do advento do serviço de entrega, que atinge uma massa social relevante, que são remunerados para correr o quanto puderem e fazer infrações, pois quanto mais rápido chegarem, vão conseguir outra corrida e boa avaliação”, diz ele.

Pinheiro entende que o problema imediato é nacional e “está vinculado aos fatores já mencionados, mas também associado aos tradicionais e falhos critérios de formação de condutores de motociclistas no Brasil”. O perito afirma ser preocupante os exames de prática para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Há muito se faz necessário a revisão desses processos, mas nada acontece. Também soma-se a esse drama a ‘mecânica veicular’, em especial as condições dos pneus, sistemas de freios e suspensão; e a eficácia dos capacetes, a maioria com prazos de validade vencidos e estruturas com visíveis indícios de fadiga de material. Qualquer impacto, são ejetados ou se esfarelam ao solo, e isso não é fiscalizado conforme exige a legislação.”

<h2>Início do ano</h2>

A estatística da proporção de mortes dos motociclistas permanece idêntica nos primeiros meses deste ano, em que, até março, já haviam sido registrados 53 óbitos de motociclistas ou passageiros de um total de 158 registros de todos os meios somados. Nos primeiros 15 dias deste mês, ao menos oito óbitos de motociclistas foram registrados no Estado. No último dia 6, um motociclista de 29 anos faleceu ao atingir um cavalo e, em seguida, ser atropelado por uma caminhonete, cujo motorista não prestou socorro, na GO-060, em Trindade. Dois dias depois, uma mulher de 20 anos atingiu com uma motocicleta a traseira de um caminhão na GO-080, no município de Petrolina, e morreu ainda no local.

Em Goiânia, os dados da SES-GO de mortes em decorrência de sinistros de trânsito ao final de 2024 apontam para 267 vítimas fatais, sendo 123 que estavam em cima de uma moto, ou seja, uma representatividade de 46% do total de 2024. Na capital, ocorre uma morte de motociclista ou passageiro do veículo a cada três dias e a cidade lidera a estatística no Estado.&nbsp;

Para se ter uma ideia, Goiânia possui um índice de 1.767 motociclistas mortos a cada 100 mil habitantes, enquanto que Aparecida de Goiânia tem 184 e Anápolis 139. Se levarmos em conta o índice com relação a 100 mil motos, a capital chega a 419 vítimas fatais por 100 mil veículos, enquanto Aparecida fica com 43 e Anápolis em seguida, com 29.

Na comparação entre os rankings das cidades com os maiores números de óbitos no trânsito e aqueles apenas de motociclistas em Goiás, chama a atenção que há duas cidades do Entorno do Distrito Federal (DF), Luziânia e Águas Lindas, entre aquelas com maiores quantidades de vítimas fatais na estatística geral, mas que não aparecem na mesma relação quando computados apenas os falecimentos de pessoas com motocicletas. Neste caso, passam a integrar a lista as cidades de Goianira e Goianésia, entre aquelas com o maior número de casos de fatalidades envolvendo motociclistas.&nbsp;

<h3>BR-153 é a mais perigosa</h3>

O perímetro urbano da BR-153 em Goiânia é o local com a maior quantidade de registros de óbitos de motociclistas no trânsito. Em todo o ano de 2024, 8 pessoas morreram em uma motocicleta ao percorrer o trecho, de acordo com o relatório do Programa Vida no Trânsito (PVT), divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no início do mês.

Um dos casos ocorreu na madrugada do dia 22 de outubro, na região do Setor Conjunto Caiçara, no sentido Goiânia-Terezópolis, quando o motociclista perdeu o controle do veículo e colidiu com um poste de iluminação da rodovia. Ele chegou a receber atendimento de urgência da concessionária da via, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.

Neste ano, a situação continua perigosa. No final de janeiro, um motociclista foi a óbito ao bater em um carro e ser atropelado por um caminhão na BR-153, próximo ao Estádio Serra Dourada. Em março, o condutor de uma motocicleta, de 45 anos, colidiu com a traseira de um caminhão que estava parado na pista da rodovia no sentido Goiânia-Aparecida, na região do Setor Jardim Goiás. A SMS explica que os dados do Painel Vida no Trânsito, que faz parte do PVT, tem o objetivo de “fortalecer o processo de análise para os profissionais que desenvolvem ações de vigilância de lesões no trânsito e os dados do painel não alimentam diretamente um sistema nacional”.

“Os registros de óbitos feitos pela saúde municipal são enviados para o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do governo federal e depois enviados ao Datasus, uma vez que o SIM é um dos sistemas de informação que compõem a base de dados do Datasus. O Painel Vida no Trânsito apresenta dados mais atualizados em relação ao Datasus porque a atualização da ferramenta nacional depende do fechamento de informações sobre mortes no trânsito de todos os municípios do país”, informa a SMS.

O levantamento mostra que, depois da BR-153, a segunda via com mais ocorrências de óbitos de motociclistas é na Avenida Perimetral Norte. Em seguida aparecem as GO-020 e GO-462.

<h3>Medidas</h3>

Nos últimos anos, as gestões municipais na capital têm apontado medidas para tentar beneficiar os motociclistas no trânsito de modo a tentar impedir a disputa por espaço com os demais veículos. Entre elas estão os motoboxes, que são espaços segregados para as motos nos semáforos, a frente dos outros veículos, que permitem que os motociclistas possam sair na frente com a abertura do sinal.

Mais recentemente, a atual gestão liberou o uso dos corredores preferenciais do transporte coletivo para serem compartilhados com as motos. O perito Antenor Pinheiro entende que há medidas interessantes possíveis de mitigar o problema, mas devem estar associadas ao planejamento urbano que vise a pacificação comportamental entre os condutores dos diversos modais.

“A moderação de velocidades urbanas, por exemplo, é uma medida de eficácia comprovada. Os boxes de confinamento de motocicletas nas paradas semafóricas é uma medida de eficácia comprovada em todo o país. Mas há receio sobre as faixas exclusivas para motocicletas ou compartilhadas com os ônibus, sobretudo por razões técnicas. Primeiro que nessa ideia está inserido o estímulo ao uso deste modal (motocicleta) em detrimento dos sistemas de transportes públicos (ônibus) e de propulsão humana (bicicletas). Segundo porque onde isso tem sido praticado não tem surtido efeito, como na cidade de São Paulo. Pesquisas recentes determinaram um assustador aumento no número de mortes de motociclistas na ordem de 20% em 2024 na cidade paulistana. Não acho plausível esse conceito”, diz o especialista.

<h3>Dias da semana</h3>

Segundo o painel (ver quadro na página ao lado), a maior parte das ocorrências de óbitos se dão aos finais de semana, com a maioria aos sábados, depois domingos e ainda às sextas-feiras. Os dados também mostram que metade dos óbitos ocorrem ainda no local do acidente e o restante no deslocamento ou nas unidades de saúde. Este fato é o que diferencia os dados das secretarias de Saúde com aqueles disponibilizados pelos órgãos de trânsito, em que são contabilizados apenas as mortes ainda no local. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), que detém os dados disponibilizados por todos os municípios, a pasta “tem o papel de produzir informações qualificadas que possam subsidiar as intervenções efetivas para a prevenção das mortes por acidentes de trânsito”.

A secretaria ainda estimula gestores e profissionais das unidades de saúde a realizar ações rotineiras e pontuais sobre o respeito à legislação de trânsito. “A coordenadora estadual de Vigilância de Violência e Acidentes (Viva) da Superintendência de Vigilância em Saúde da SES-GO, Maria de Fátima Rodrigues, acentua que os acidentes de trânsito representam grave problema de saúde pública devido aos altos índices de morbimortalidade. Destacamos também a expansão do Programa Vida no Trânsito (PVT) para 11 municípios goianos”, informa a SES-GO.

O PVT é um programa federal e a sua efetivação no município “possibilita a qualificação das informações e o desenho de um mapa abrangente das vias de maior risco de acidentes graves gerados a partir dos dados sobre óbitos, acrescidos das internações e atendimentos por acidentes de trânsito, assim como poderão ser realizadas ações efetivas e condizentes com a realidade de cada município para a redução de mortalidade e sinistros de trânsito”. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o PVT é uma estratégia para reduzir acidentes e mortes no trânsito.

“Com abordagem intersetorial, envolve áreas como saúde, transporte, segurança, planejamento urbano, educação e organizações não governamentais, e está alinhado às metas da ONU para a segurança viária. Municípios participantes do PVT utilizam informações de múltiplos setores, como os sistemas SIM (Mortalidade) e SIH (Hospitalares), para elaborar e manter paineis locais que orientam ações voltadas a fatores de risco e grupos vulneráveis”, esclarece o ministério. O órgão federa atua no Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e integra ações do Plano de (Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis) DANTs (2021-2030) com o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), reforçando a articulação na prevenção de sinistros no trânsito.

<h3>Regulação dos entregadores</h3>

Para o membro do Mova-Se Fórum de Mobilidade, Marcos Villas Boas, uma maneira de reduzir as mortes de motociclistas em Goiás e em Goiânia é que os municípios realizem a regulamentação do serviço de entrega por motocicletas, de modo a coibir a realização de infrações, sobretudo o excesso de velocidade. “A impunidade é muito grande. Remunerar pela velocidade, por cometer infrações é o maior problema atualmente. O aplicativo fala em entrega em 18 minutos e chega em 5. Como ele consegue isso? Cometendo infrações, e nada acontece com o entregador que faz isso”, diz.

Ele lembra que é um tema complicado, já que, a princípio, todos os envolvidos na relação comercial (empresa, entregador e cliente) se beneficiam com a alta velocidade, avanço de sinal, uso da contramão e outros, mas não se percebe o risco de participar de um sinistro de trânsito.&nbsp;“A&nbsp;regulamentação do sistema de entregas é imprescindível, com foco nas exigências obrigatórias para o transporte de cargas sobre duas rodas, dentre estas a padronização de suportes e baús acompanhada de habilitação específica. Uma das questões ainda não&nbsp;atendidas está na exigência obrigatória de assinatura de contratos que prezem o fator segurança na execução do trabalho. É preciso que o município e o Ministério Público do Trabalho exijam e fiscalizem os contratos entre entregadores e as empresas fornecedoras, pois, quando existem, a remuneração está condicionada aos prazos de entregas”, diz Antenor Pinheiro.

<img attr-cid="policy:1.3254132" attr-version="policy:1.3254132:1745016798" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3254132/180425-vidt_emperigo.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" />

&nbsp;

A cada 2 dias, 3 motociclistas perdem a vida em Goiás

Violência

<img attr-cid="policy:1.3254070" attr-version="policy:1.3254070:1745008913" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3254070/carro_bate_em_muro_na_br.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Segundo bombeiros, vítima foi encontrada morta (Divulgação/PRF)

Um jovem de 28 anos morreu após perder o controle do carro que estava e bater contra um muro de uma empresa às margens da BR-060, em Abadia de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o acidente aconteceu na madrugada desta sexta-feira (18)

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

De acordo com a polícia, o motorista tentou acessar a rodovia por via marginal no sentido Abadia para a capital quando perdeu o controle do veículo. O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO) atendeu a ocorrência.&nbsp;

<cite>Chegando ao local encontramos a vítima sentada, dentro do veículo, sem sinais vitais", relataram os bombeiros.&nbsp;</cite>

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/tres-agentes-da-prf-morrem-em-acidente-durante-perseguic-o-no-rj-1.3253898">Três agentes da PRF morrem em acidente durante perseguição no RJ</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/inquerito-de-acidente-de-onibus-que-matou-6-em-2021-segue-aberto-1.3253820">Inquérito de acidente de ônibus que matou 6 em 2021 segue aberto</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/motociclista-morre-apos-bater-em-cavalo-cair-e-ser-atropelado-na-go-060-1.3249351">Motociclista morre após bater em cavalo, cair e ser atropelado na GO-060</a></div>

O Corpo de Bombeiros informou que um médico do Hospital de Abadia, que estava no local, atestou a morte do motorista. Uma equipe da Polícia Técnico-Científica (PTC) compareceu ao "local de crime" e fez uma perícia preliminar.

<cite>A princípio foi uma saída de pista seguida de colisão em um muro, não teve elementos que justificassem a saída de pista”, disse a PTC.</cite>

O POPULAR entrou em contato com a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) para obter mais informações sobre esse acidente, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.

<img attr-cid="policy:1.3254077" attr-version="policy:1.3254077:1745009132" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3254077/carro_fica_destruido_apos_bate_em_muro_na_br.png?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Carro do motorista ficou destruído (Divulgação/CBM-GO)

&nbsp;

Jovem morre após perder controle de carro e bater contra muro de empresa às margens da BR-060

ACIDENTE 

<img attr-cid="policy:1.3253907" attr-version="policy:1.3253907:1744983209" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3253907/OPOPULAR - Montagem de fotos e vídeo para o site (18).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Geraldo Nogueira Cavalcante, de 31 anos, desapareceu após sair para trabalhar, em Aparecida de Goiânia (Arquivo Pessoal/Débora Thaís)

O técnico em ar-condicionado Geraldo Nogueira Cavalcante, de 31 anos, desapareceu na sexta-feira (11), após sair para trabalhar, em Aparecida de Goiânia. A família suspeita que o sumiço esteja relacionado às dívidas acumuladas por ele com apostas online feitas no ano passado. Desde então, perceberam que ele apresentava sinais de depressão, mas nunca havia desaparecido antes.

<a href="https://www.whatsapp.com/channel/0029Va9rbSgCHDyl4gQj7A1C" style="color: rgb(0, 85, 128); font-size: 12px; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal do O POPULAR no WhatsApp</a>

Em entrevista ao POPULAR, a irmã Débora Thaís Nogueira relatou que Geraldo entrou em contato com ela por mensagem de aplicativo por volta das 14h50, pouco antes de sumir, dizendo que não estava se sentindo bem. Quando ela perguntou o motivo, ele respondeu que tudo estava difícil, mas que eram "coisas da vida".&nbsp;

<cite>Ele disse que iria na oficina ver o carro que estava em conserto, mas nem chegou a ir lá. Hoje completam sete dias que ele desapareceu. Não tivemos nenhum sinal dele", afirma a irmã.&nbsp;</cite>

Após o contato que fez com a irmã, Geraldo não voltou para casa e não foi mais visto. A família não conseguiu mais contato pelo celular dele. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil.&nbsp;

<img attr-cid="policy:1.3253911" attr-version="policy:1.3253911:1744983667" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3253911/OPOPULAR - Montagem de fotos e vídeo para o site (19).jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
A família acredita que o sumiço possa ter relação com jogos online (Arquivo pessoal/Débora Thaís)