A partir do dia 2 de abril, os usuários do sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia (RMG) vão poder, ao pagar apenas uma tarifa, utilizar mais de uma linha de ônibus por até 2h30 sem a necessidade de realizar a integração nos terminais. Em maio, os trabalhadores que recebem vale transporte de suas empresas poderão fazer até oito embarques diários. Essas mudanças foram aprovadas na primeira reunião da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) e serão as primeiras no que vem sendo chamado de nova Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC), em que o passageiro terá mais opções para escolher como utilizar o serviço.Além desses produtos tarifários, haverá outros cinco. O conceito utilizado é da mobilidade como serviço (MaaS, da sigla em inglês para Mobility as a Service) e se baseia na oferta de produtos que possam agregar um maior número de usuários ao sistema, ao permitir integração com outros modais e outras modalidades de uso além do pagamento simples da tarifa a cada embarque. O presidente da CDTC, secretário-geral da Governadoria de Goiás, Adriano da Rocha Lima, explica que a primeira deliberação do colegiado trata de inovações para a RMTC.A mudança que virá a partir do dia 2 de abril se refere ao Bilhete Único. O serviço é semelhante ao que ocorreu em 2013, quando foi implantado o Ganha Tempo. Na época, porém, neste mesmo período era permitido o uso de apenas duas linhas. Segundo a apresentação feita pela Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), desta vez não haverá limite de viagens nesses 150 minutos. O Bilhete Único vai funcionar diretamente no Cartão Fácil, que é o tipo mais comum entre os passageiros da região metropolitana, e não vai ser preciso que o usuário realize qualquer cadastro.Rocha Lima aponta que as estimativas da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), que passa a ser a secretaria-executiva da CDTC, é que a mudança vai gerar uma redução no tempo de viagem do passageiro em até 50 minutos, já que não será preciso o uso dos terminais de integração, que também tendem a ficar mais vazios. O entendimento dos técnicos é que os terminais são um gargalo, visto que promovem o ajuntamento de passageiros e a lotação dos veículos.Vice-presidente da CDTC e secretário do Escritório de Prioridades Estratégicas (EPE) da Prefeitura, Arthur Bernardes, lembra que o bilhete único foi uma promessa de campanha da chapa de Maguito Vilela e Rogério Cruz para a Prefeitura de Goiânia. “Estamos retomando uma promessa que foi feita e por isso será o primeiro produto desse novo modelo para o transporte coletivo da região metropolitana”, detalha.MensalDepois da implantação do bilhete único, a RMTC deve passar a oferecer o Cartão Assinatura, em maio. A previsão da CMTC, segundo o presidente Tarcísio Abreu, é que os sete produtos tarifários aprovados na primeira reunião da CDTC ocorrida nesta sexta-feira (25) sejam implantados mensalmente durante este ano. Ainda não há um cronograma das próximas inaugurações, o que só deve ser estabelecido em março.Sobre o Cartão Assinatura, a modalidade é semelhante ao atual Vale Transporte, que é pago pelas empresas aos seus funcionários. Hoje em dia, os empregadores pagam o valor das passagens exatas para que os trabalhadores possam ir e voltar de casa ao local do serviço.Com a nova modalidade, será possível que as empresas façam uma assinatura de passagens para cada empregado que será válida por 30 dias. Nesse tempo, o usuário poderá realizar até oito embarques diários. Além de ir e voltar do trabalho, será possível realizar outras viagens. A diferença é que, atualmente, o uso do vale transporte fora do trabalho é configurado como desvio de funcionalidade por parte do trabalhador.A CDTC também aprovou o Cartão Pós-Pago, em que o usuário poderá utilizar o serviço da RMTC sem pagar a tarifa antecipadamente. Ao final do mês, será emitida uma fatura do quanto foi utilizado para proceder o pagamento. Mas não há previsão para quando será a implantação, pois o mesmo deverá funcionar a partir de um novo aplicativo que está sendo desenvolvido pelos técnicos. Subsídio será debatido depoisA reunião da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) que estabeleceu o novo formato do colegiado e da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), ainda não definiu sobre a instituição de um subsídio para o sistema. O assunto chegou a ser debatido em uma deliberação que contava com a criação de duas tarifas para a região metropolitana de Goiânia, mas houve pedido de vistas sobre ela por dois integrantes em razão de não haver ainda o valor exato a ser pago. Uma das tarifas é a parte do usuário, que seria mantida no valor de R$ 4,30, que é a mesma desde 2019. A outra, chamada de tarifa de remuneração, vai ser calculada pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) e se refere ao preço a ser pago para as concessionárias e será maior que a tarifa do usuário. Em 2021, o cálculo é de que ela chegaria a R$ 7,02. A diferença vai ser paga em subsídio pelo Estado (41,2%), Goiânia (41,2%), Aparecida de Goiânia (9,4%) e Senador Canedo (8,2%).No entanto, como o cálculo ainda vai ser feito, os representantes na CDTC de Aparecida de Goiânia (Fábio Camargo, procurador-geral) e Senador Canedo (Rafael Gonzaga, secretário de Planejamento e Desenvolvimento) pediram vistas na deliberação. “As nossas dúvidas sobre esse novo sistema sempre foram duas: quais as melhorias e quanto vai custar. Eles apresentaram as melhorias e estamos de acordo. Agora nos resta saber quanto vai custar e se vamos conseguir pagar. Não podemos dar um cheque em branco”, explica Camargo. Após o cálculo, que deve ocorrer até meados de março, o assunto voltará a ser deliberado.Para a aprovação de um tema na CDTC é preciso de uma votação entre os membros e que dois terços dos integrantes sejam favoráveis, ou seja, um mínimo de seis votos. Caso não se tenha esse número, é realizada nova reunião no prazo de cinco dias para a tentativa de um consenso. Se após três reuniões consecutivas o impasse persistir, cabe ao presidente o voto de qualidade. Pela lei complementar 169 aprovada no fim de 2021, a presidência é indicada pelo Estado de Goiás e, no momento, pertence ao secretário-geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima. Até pelo modelo de votação, a instituição de subsídio no sistema metropolitano deve ocorrer, já que o Estado e a Prefeitura de Goiânia se colocaram favoráveis e ambos somam oito integrantes na CDTC. Vice-presidente da CDTC e secretário do Escritório de Prioridades Estratégicas (EPE) da Prefeitura, Arthur Bernardes reforça que a melhoria do transporte coletivo foi colocada como prioridade pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Ele afirma que ainda não se tem estabelecido um valor, mas que mesmo assim a parte do Paço Municipal está garantida. “De acordo com o que for sendo estabelecido isso vai mudando, mas é uma prioridade da Prefeitura”, garante.Rocha Lima explicou que o subsídio faz parte de uma discussão orçamentária do sistema de transporte justamente pelo impacto gerado pela crise econômica e da pandemia da Covid-19. “Não é possível manter sem os recursos, é preciso do subsídio. Em todo lugar do mundo o sistema de transporte coletivo com qualidade é mantido com o subsídio. O detalhamento desses valores vai ocorrer nas próximas semanas”, conta o presidente. Desde a aprovação da lei complementar, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo questionam o modelo de financiamento do sistema, especialmente com relação à divisão dos valores.No novo modelo do transporte coletivo, o cálculo a ser feito pela AGR é com relação à tarifa de remuneração, com base no contrato de concessão firmado em 2008, que leva em conta a diferença do valor do combustível, do salário dos motoristas, do índice de depreciação da frota e da inflação entre dezembro de 2020 e de 2021. Esses valores, multiplicados por índices específicos, são divididos pelo índice de passageiros por quilômetro. Com a nova lei, desse resultado, a CDTC determina o quanto vai ser cobrado dos usuários e o quanto vai ser dividido pelo poder público, sendo que em 2022 já está estabelecido o valor de R$ 4,30 para os usuários.Meia-tarifa depende de appUm dos produtos tarifários aprovados na reunião desta sexta-feira (25) da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) é a meia-tarifa. A ideia é que o usuário que se locomover por até 5 quilômetros (km) possa pagar apenas metade do valor tarifário, que seria atualmente R$ 2,15. No entanto, ainda não há uma data para que a medida possa começar a valer. O presidente da CDTC, Adriano da Rocha Lima explica que a modalidade vai ser implantada de duas maneiras. Uma delas é com a criação de linhas específicas cujo trajeto é de 5 km e a outra é com o uso do aplicativo do sistema, que ainda está sendo desenvolvido.Pelo aplicativo, vai ser possível verificar o roteiro realizado pelo usuário a partir da geolocalização e então debitar a meia-tarifa. Rocha Lima afirma que é preciso finalizar esses estudos técnicos e a criação do aplicativo para que se inicie o uso deste novo produto. A previsão é que todas as sete novas modalidades sejam iniciadas ainda neste ano, uma a cada mês.Outro produto que vai ser lançado, ainda sem data definida, é o Cartão Família, que só poderá ser utilizado aos finais de semana. A apresentação da CDTC fala em um preço único para até cinco validações em grupo, mas este valor ainda não está definido se será o de uma tarifa (R$ 4,30) ou acima disso. Abreu afirma que todos os produtos visam a uma economia para o usuário. Ou seja, sempre será mais barato do que os cinco usos somados caso cada pessoa do passeio pagasse uma tarifa.No caso do Cartão Família, um passageiro será o titular e ele poderá cadastrar até quatro pessoas no mesmo cartão para o uso. Também não há detalhes sobre quais os critérios para estes cadastros, como se há necessidade de algum parentesco entre os escolhidos ou algum limite de idade ou se poderá ocorrer o uso do serviço com cinco pessoas amigas, por exemplo, durante os finais de semana. Este produto foi idealizado para ser usado nos dias em que a demanda do sistema metropolitano é menor, como incentivo para aumentar o número de usuários aos sábados e aos domingos. Os outros dois produtos aprovados pela CDTC se referem aos bilhetes diários e semanal. A ideia é que com um mesmo bilhete o usuário pode utilizar o sistema quantas vezes quiser dentro do período adquirido. Por exemplo, no caso do bilhete diário, por 24 horas poderá embarcar e desembarcar em quaisquer linhas sem um custo adicional, com a realização de integração fora dos terminais. Logicamente, na opção semanal, as regras são as mesmas, mas com o uso por sete dias. Ainda não há uma definição de quando esses produtos serão lançados e nem mesmo qual será o valor a ser pago a cada um deles.Frota renovada até 2025Além das deliberações aprovadas ou discutidas na primeira reunião da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), o colegiado e a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) também prometeram realizar outras modificações no sistema. Uma delas é a renovação de toda a frota das concessionárias até 2025. No Eixo Anhanguera, que é operado pela Metrobus, cujo Governo de Goiás é o maior acionista e controlador, a mudança se dará até 2023. O processo foi iniciado em meados de janeiro deste ano, quando foi apresentado um ônibus articulado 100% elétrico que iniciou os testes no Eixão. A partir de meados deste ano, a frota da Metrobus, hoje composta por 86 veículos, começará a ser trocada pelos novos ônibus, que serão todos no modelo elétrico. O presidente da CDTC, Adriano da Rocha Lima, conta ainda que haverá a ampliação da frota para 110 veículos. A renovação nas demais concessionárias ainda não está prevista e será feita pelas próprias empresas, mas a partir de uma exigência da CDTC. Rocha Lima reforça que as concessionárias não precisam concordar com as mudanças, mesmo em relação aos produtos tarifários, pois se trata do contrato firmado.Integração com outros modaisO novo sistema metropolitano de transportes coletivos, de acordo com a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), também será integrado com outros modais públicos que vierem a existir na região. Ou seja, a partir de um mesmo aplicativo, que está sendo desenvolvido e vem sendo chamado de Super App SIM 2.0, o usuário poderá utilizar e pagar outros serviços, como o do CityBus 3.0, que será sob demanda, semelhante ao CityBus 2.0. No caso, o passageiro solicitava uma van e definia o seu itinerário. A intenção é que a prática permaneça a mesma, mas tudo dentro de um mesmo sistema metropolitano.A integração também se dará com as bicicletas compartilhadas. A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) de Goiânia trabalha na realização de um edital para chamamento das empresas interessadas em operar na capital, segundo o secretário Horácio Mello, que também é membro da CDTC. O documento deve ser publicado nos próximos meses, afirma ele. A intenção é que a tecnologia a ser utilizada seja do sistema de transporte público coletivo e que se tenha estações nos terminais de ônibus.-Imagem (1.2410012)