Desde outubro do ano passado, o Laboratório Ideias, Prototipagem e Empreendedorismo (IPE/LAB) da Universidade Federal de Goiás está debruçada em um projeto de pesquisa de Tecnologia Assistiva (TA) preparando modelos de órteses que ampliam habilidades funcionais de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A ideia é oferecer os protótipos pela internet, sem nenhum custo, para pessoas que desejam ter maior autonomia no cotidiano e tenham acesso a impressora 3 D. Tudo começou quando a fisioterapeuta especialista em pediatria, Nathalia Ribeiro Garcia, conheceu o Ipe/Lab. Doutoranda em Ciências da Saúde na UFG, ela vislumbrou ali a possibilidade de confeccionar órteses e palmilhas em 3D, suportes que contribuem para uma vida mais autônoma. Ela ingressou no projeto e passou a testar os protótipos em seus pequenos pacientes. A educadora física Jamylla Ferreira de Melo e a Terapeuta Ocupacional Giovana Mendes, que atendem em instituições voltadas para deficientes físicos, também encamparam a iniciativa. Coordenador técnico do Ipe/Lab, Pedro Henrique Gonçalves conta que este não é um trabalho complexo e a possibilidade de contribuir dentro de um viés social aumentou quando recebeu a visita de Luciana Prudente de Carvalho Vieira, presidente da Associação de Acolhimento à Pessoa com Paralisia Cerebral e Outras Deficiências. “Ela nos fez algumas demandas específicas para a vida diária. Temos a tecnologia e o custo é baixo. Nosso planejamento é desenvolver o máximo de modelos possíveis e deixar na internet para que qualquer pessoa imprima em 3D”, diz. Luciana Prudente, à frente da entidade que reúne 189 famílias hipervulneráveis, não esconde o entusiasmo com o projeto. “Tem órtese que custa no mercado cerca de R$ 1,5 mil. Essas famílias não têm condições de comprar. Esse projeto é maravilhoso e vai ajudar muito. Meu sonho é, num futuro, trabalhar num projeto específico com o Ipe/Lab”, diz a advogada. Pedro Henrique explica que, neste momento, o processo é de validação, ou seja, de testes para que os protótipos estejam ao alcance via internet, gratuitamente. “A TA é importante para crianças com paralisia cerebral, para a qualidade de vida delas. Estou fazendo os testes e percebo que os modelos precisam ser mais personalizados porque cada criança tem um comprometimento diferente, mas estamos caminhando. O projeto tem muito futuro. Tende a crescer e ajudar muitas famílias”, diz Nathalia. Pedro Henrique explica que os retornos de alguns itens foram positivos, outros nem tanto. “A gente melhora, faz adaptações. TA é muito particular, por isso é importante as parcerias com as instituições por causa das especificidades. A terapeuta ocupacional Luma Lira da Silva também se aliou ao projeto e faz os testes na Clínica Reabilitar da Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adpego). “É um projeto muito válido. Conseguimos treinar os pacientes para que tenham uma vida mais independente, tanto na alimentação, na escrita e outras atividades diárias.” Ela relata que os pacientes levam os modelos para casa onde têm mais tempo para treinar e reconhecer a necessidade ou não de um dispositivo individualizado. “Esse projeto pode alcançar muito mais pessoas.”