Um buritizal destruído, mesmo estando em uma área de proteção permanente (APP) dos córregos Macambira e Buritis, é o cenário do interior do Parque Buritis Sebastião Júlio Aguiar, no Setor Parque Oeste Industrial, na região oeste de Goiânia. Construído em 2020, o aparelho urbano que foi uma opção para preservar a vereda de buritis, ou campo de murundus, é visto por ambientalistas e técnicos como o principal responsável pela derrocada da paisagem natural, em conjunto com as construções na vizinhança. Um incêndio ocorreu no local há um mês, com focos subterrâneos, em um terreno que deveria ser brejoso, mas está seco. Presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca), o ambientalista e especialista em planejamento urbano Gerson Neto diz que sem as obras no entorno não haveria incêndio. “Ali era um terreno alagado. Quando drenaram, o mato nasceu”, conta. “Em 2019 fizemos um grande debate para tentar evitar esse crime ambiental. Aquela, talvez, fosse a última vereda preservada que tínhamos em área urbana em Goiânia. O projeto proposto, criando um lago artificial a jusante da vereda, já era flagrantemente prejudicial para aquele ecossistema, porque a água obedece à lei da gravidade, ela escoaria para o lago.”