Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia não irá receber mais pacientes para o tratamento da Covid-19. As duas pessoas internadas na unidade de saúde atualmente serão transferidas para que a o espaço comece a passar por intervenções para se tornar o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecap). A intenção é que as modificações comecem ainda na segunda quinzena deste mês.No início desta terça-feira (14), das cem vagas disponíveis no HCamp de Goiânia, três estavam sendo utilizadas: duas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e uma em enfermaria. Entretanto, durante a tarde, um paciente da UTI foi transferido para outra unidade de saúde. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), as outras pessoas internadas também serão transferidas, provavelmente para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT).Com a unidade de saúde completamente vazia, ela passará por um processo de desinfecção para que a estrutura do Hecap possa começar a ser montada. “Deixamos de admitir pessoas para dar início ao Hospital da Criança. Precisamos fazer uma limpeza terminal, uma desinfecção geral”, explica Ismael Alexandrino, titular da SES-GO.Depois do processo de limpeza, a unidade começará a ser adaptada para fornecer atendimento pediátrico como, por exemplo, a instalação de leitos e equipamentos especializados para o tratamento de crianças e adolescentes. A intenção é que o hospital comece a funcionar ainda na primeira semana de janeiro de 2022.Os atendimentos pediátricos que atualmente ocorrem no Hospital Materno Infantil (HMI) passarão a ser realizados no Hecap. Diversos equipamentos e aparelhos pediátricos também serão levados de uma unidade para a outra. Já o HMI será transformado no Hospital da Mulher, especializado no atendimento obstétrico e da saúde da mulher de uma forma geral.AquisiçãoO prédio onde o HCamp de Goiânia funciona é, na verdade, o Hospital do Servidor, que pertence ao Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo). A venda da unidade hospitalar para o governo estadual foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) na última segunda-feira (13).O projeto de lei que autoriza a venda passou em primeira votação. A matéria teve 24 votos favoráveis e 11 contrários. Em novembro deste ano, a coluna GIRO havia adiantado que os procedimentos burocráticos estavam em fase avançada e este foi um dos motivos para a exoneração de Alexandrino do comando do Ipasgo. A unidade está avaliada em cerca de R$ 150 milhões, e a mudança demandará investimentos na ordem de R$ 20 milhões, principalmente para a compra de equipamentos.A venda desagradou os representantes sindicais dos servidores. Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO) e outras entidades que compõem o Fórum de Defesa dos Servidores e Serviços Públicos do Estado de Goiás alegam que “um patrimônio construído totalmente com contribuições dos mais de 600 mil servidores, não deve ser entregue ao Estado”.ConversãoA desmobilização do HCamp de Goiânia faz parte de um movimento que já tem sido feito em outros hospitais estaduais de Goiás conforme as hospitalizações pela Covid-19 diminuem. O secretário estadual de Saúde já havia explicado ao POPULAR que o HCamp seria uma das últimas unidades a deixar de atender exclusivamente pacientes com a Covid-19.A desativação dos leitos já havia sido feito no Hospital Alberto Rassi (HGG), Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), além de outros hospitais. As unidades já voltaram a realizar cirurgias eletivas. A intenção do governo estadual é conseguir atender toda a demanda de procedimentos eletivos que ficou represada durante a pandemia. Ômicron não irá impedir andamento de cronogramaA circulação da variante ômicron, da Covid-19, em Goiás não irá alterar o cronograma de fechamento do Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia. No estado, dois casos de infecção pela variante foram confirmados pela prefeitura de Aparecida de Goiânia no último domingo (12).O titular da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, explica que, até o momento, não foram constatadas muitas internações ligadas à variante. “Por isso, não tem porque mobilizar uma estrutura inteira por causa dela (variante).”Na África do Sul, local onde a variante foi detectada pela primeira vez, o número de mortes pela Covid-19 não tem acompanhado o crescimento do número de casos desde que a variante foi descoberta. Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicou que ainda não é claro se a variante provoca casos mais graves da doença e que dados preliminares sugerem que a nova cepa reduz a eficácia das vacinas.Em Goiás, os casos, mortes e internações pela Covid-19 sofreram uma queda drástica. Desde o início de dezembro, a ocupação dos leitos de UTI estaduais fica entre 20% e 25%. Nesta terça-feira (14), a taxa era de 20,13%. Desde a última sexta-feira (10), quando o estado registrou 24.604 óbitos pela doença, o número não aumentou. Neste mesmo período, foram registrados somente 327 novos casos da Covid-19. Por isso, a SES-GO considera seguro fazer a desmobilização de unidades de saúde como o HCamp de Goiânia, visto que com poucos pacientes infectados com a doença, é possível, por exemplo, isolá-los dentro de outras unidades de saúde para fazer o tratamento. InfectadasNo estado, as duas mulheres infectadas com a ômicron, de e 20 anos e 46 anos, estão em isolamento e não apresentaram agravamento do quadro. Acredita-se que elas tenham se infectado durante um evento religioso que ocorreu em Goiânia no início de dezembro. Durante a reunião de uma igreja evangélica com pastores de diversos países, elas teriam tido contato com missionários vindos de Luanda, na África.O evento contou com a participação de centenas de pessoas. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital informou que está monitorando integrantes da igreja apontados como contactantes das mulheres e que já solicitou a relação dos outros participantes para prosseguir com o monitoramento como medida de vigilância. O Brasil já possui 12 casos confirmados de infecção pela variante.