A Universidade Federal de Goiás (UFG) tem o objetivo de que todas as vagas ofertadas para o ano inicial dos cursos da instituição sejam ocupadas para o ano letivo de 2023. Em 2022, a universidade atingiu 85% de ocupação das vagas disponíveis, um número que é maior que a média nacional, registrada em 75% segundo a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima. No entanto, ela acredita ser possível melhorar esse índice, sobretudo com as premissas de que há pessoas precisando de vagas universitárias e elas existirem na instituição. Admite-se até mesmo a criação de um edital suplementar para a ocupação das vagas para além do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).O Sisu é o modelo de ingresso nas universidades federais a partir das notas obtidas pelos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado em 2022. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), as inscrições para o Sisu 2023 têm início no dia 16 de fevereiro, se estendendo até o dia 24 do mesmo mês e com a previsão de resultado final no dia 28. Há ainda a realização de lista de espera dos alunos. A previsão da UFG é a realização de até três chamadas de ingressantes a partir do Sisu e se ainda assim não houver a ocupação das 4.414 vagas que serão ofertadas, a própria universidade fará uma seleção.Leia também: - Goiano é aprovado em Harvard e planeja criar fundo de investimentos para empreendedores negros- Instituições federais de ensino retomam aulas- Candidato branco desiste de tomar posse em vaga de cotista na UFGSegundo a reitora, haverá uma realização de um edital complementar com critérios da própria UFG mas a partir das notas do Enem, podendo ser aceitas a realização das provas desde 2009. “O Enem é uma prova reconhecida, auditada, tem seus critérios, não há questionamento sobre ela. Temos o interesse de usar as notas dele”, enfatiza Angelita ao reforçar que se trata do ingresso de estudantes para o ano inicial dos cursos. Isso porque a entrada de alunos no decorrer da graduação se dá por processos diferentes. “Queremos garantir 100% de ocupação do primeiro ano. Depois disso já depende de outras coisas, como o abandono, é outro problema”, diz.Angelita reforça ser este um esforço que precisa ser feito pela universidade, mas é necessário também dar condições para a permanência dos estudantes. Para tal, ela relata a necessidade de ter salas e laboratórios bem equipados e um orçamento garantido. “Precisamos deixar de sermos reféns do déficit orçamentário”, garante. Sobre isso, a reitora explica que a UFG precisa ter o orçamento definido e que seja cumprido pelo governo federal, ou seja, sem que ocorra cortes e bloqueios ao longo do ano, como tem sido praxe do governo federal desde 2016 e que se tornou mais enfático nos últimos anos.Em 2022, o orçamento da universidade foi de R$ 63 milhões, já que houve um corte de R$ 7,8 milhões ainda no primeiro semestre e depois um bloqueio orçamentário na ordem de R$ 2,4 milhões. Deste último valor, no entanto, o MEC ainda repassou os recursos que já estavam empenhados. Em dezembro, havia a expectativa de que o corte inicial poderia ser revertido e ainda ter uma suplementação de recursos, mas houve veto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).OrçamentoA estimativa da administração da universidade é que o ano de 2022 tenha fechado com um déficit de R$ 14 milhões, que é o valor estimado de despesas com fornecedores por três meses. “Nós já começamos o ano de 2022 com esse déficit, já tinha esse passivo e então o valor já era insuficiente e ainda veio esse corte”, lembra Angelita. Ela explica ainda que em maio houve o retorno das atividades presenciais, após a redução das medidas sanitárias para o combate da pandemia da Covid-19, o que aumentou as despesas da instituição, sendo necessária a realização de mais cortes de gastos. Para esse ano, ainda não há a definição de qual será o orçamento da UFG.A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023 tem até o dia 22 de janeiro para ser sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e só haverá a sinalização deste valor nesta data. No entanto, Angelita conta que esteve na posse do novo ministro do MEC, Camilo Santana, momento no qual ele discursou sobre as duas prioridades do governo. A primeira é a alfabetização das crianças na idade correta e a segunda é a melhora do orçamento das universidades e institutos federais, até mesmo como um modelo de melhoria da educação de forma geral para o País. Neste sentido, a expectativa da reitora é que a UFG tenha o dobro do orçamento deste ano, ou seja, cerca de R$ 120 milhões.“Se não vier isso, que é o nosso objetivo e o que entendemos ser o necessário para a universidade, torcemos para vir pelo menos o orçamento com a suplementação do valor do déficit, para não ficar com o passivo”, informa Angelita. Ela explica que a UFG usou bem a expansão da estrutura universitária que ocorreu durante os anos 2000 e início da década de 2010, mas que é necessário não deixar perder isso. É preciso resolver os problemas antes que eles piorem a ponto de criar um “déficit estrutural”. A UFG precisa de um investimento de R$ 6 milhões atualmente para a prevenção de incêndio, além de reformas em auditórios, como da Faculdade de Direito, e laboratórios, com aquisição de novos equipamentos.O ano letivo de 2023 se inicia na UFG em abril, com a finalização do semestre em agosto, após um recesso em julho de uma semana. O segundo semestre deve ser iniciado em setembro deste ano e deve seguir até o começo de janeiro. As datas ainda não foram definidas, pois falta a aprovação do Conselho Universitário (Consuni), mas a previsão é que ainda não seja possível adequar totalmente o calendário, que foi modificado em razão da pandemia da Covid-19. A normalização deve ocorrer no ano letivo de 2024.