Uma fila de automóveis que somava um quilômetro de extensão se formou no lado esquerdo da pista no sentido Sul-Norte da Marginal Botafogo na manhã de ontem, entre o semáforo com a Rua 67, no Centro, e a ponte da Avenida Anhanguera. Todos os veículos com destino à região comercial da Rua 44, que ainda compreende a Avenida do Contorno e outras nove ruas. O final de ano aumenta a movimentação no local e com o grande número de clientes, cresce também o número de vendedores, acirrando a disputa de vendas entre lojistas e os ambulantes.Neste ano, a situação se tornou uma briga formal, que envolveu as autoridades municipais, os ambulantes e a Associação Empresarial da Rua 44 (AER44), já que entre janeiro e setembro deste ano houve uma diminuição da fiscalização. Com o final do ano, iniciou-se a Operação Boas Compras, com participação da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Polícia Militar (PM), Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec) e Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação (Seplanh), essa última responsável pela fiscalização no local.Dois meses depois de iniciada, lojistas da região e feirantes da Feira Hippie, que acontece em frente à Rua 44 aos finais de semana, não estão completamente satisfeitos. “Até melhorou bastante, mas os ambulantes ainda estão por aí. Eles veem os fiscais e correm, mas logo voltam”, afirma um vendedor, que prefere não se identificar. O presidente da AER44, Jairo Gomes, estima que o serviço está em 70%. As falhas, na visão dele, é a falta de fiscais fora dos horários comerciais, especialmente entre às 5 e 8 horas e após às 18 horas.Neste períodos, segundo os comerciantes, os ambulantes tomam conta das ruas e chegam a fechar as vias para os automóveis. A preferência é pela própria Rua 44, entre a Avenida Independência e a Avenida Oeste, além da Rua José Sinimbu Filho, onde fica a passarela construída pelo complexo Mega Moda. “Antes também ocorria deles virem no horário do almoço, quando era a troca de turno dos fiscais, mas isso resolveu de quinta a domingo. Segunda, terça e quarta ainda não tem essa fiscalização”, conta Gomes.Ainda assim, não é raro encontrar ambulantes nas calçadas da região da 44, mas misturados a vendedores que trabalham nas lojas das galerias que ficam oferecendo as mercadorias a quem passa. Ao mesmo tempo, lojistas também ocupam o espaço que seria dos pedestres com produtos e manequins, dificultando ainda mais a mobilidade urbana de quem caminha pelas ruas no local. Na manhã de ontem, a reportagem constatou 43 pessoas expondo, oferecendo e vendendo roupas, acessórios e aparelhos celulares, entre quem parecia ser ambulante ou funcionários das lojas.Enquanto isso, uma equipe de fiscais da Prefeitura e a GCM estava na esquina da Rua 44 com a Rua 67-A, junto a uma Kombi cheia de produtos apreendidos pelo trabalho do dia. Segundo os fiscais, que preferiram não ser identificados, a maioria dos comerciantes irregulares atuam mesmo no período em que não há equipes no local. “Nossa estrutura é muito pequena, não tem como ficar 24 horas por aqui, mas parece que vão ampliar o horário para até às 19 horas, todos os dias”, disse um fiscal.ReduçãoNo decorrer do dia, a quantidade de autuações diminui. “São poucos que têm coragem de manter a venda ali, com as sacolas e oferecendo as roupas, aí diminui as apreensões de produtos, mas ainda tem uns que insistem”, conta o servidor. Nas ruas entre as duas avenidas que formam a região é mais comum ver ambulantes, especialmente aqueles que vendem produtos diferente das roupas e que ajudam os clientes, como os carrinhos e as sacolas para que se carregue uma maior quantidade de produtos, próprio dos atacadistas.