Uma década após a inauguração, o viaduto do Conjunto Caiçara, na BR-153, em Goiânia, apresenta sinais de erosão com necessidade imediata de intervenção, conforme afirma técnico ouvido pelo POPULAR. Quem passa pelo local consegue ver a erosão iniciada próximo da calha de descida da água. O maior problema está na passarela de pedestres, que segundo o engenheiro civil Everton Schmaltz deveria ser interditada para manutenção.A estrutura foi construída pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) entre 2010 e 2011. Com orçamento de R$ 9 milhões, a obra teve atenção à passarela de pedestres. Na época, o Dnit destacou a característica de o local para transeuntes ser no mesmo nível da passagem de veículos, com a área protegida por divisória. Após a concessão da BR-153, o departamento federal diz que a estrutura é de responsabilidade da concessionária que administra a rodovia, a Triunfo Concebra. A empresa, por sua vez, afirma o contrário.Por conta de uma falha no sistema de drenagem, o volume de água das chuvas fica concentrado em apenas um ponto. Diante da grande quantidade de água, o solo começou a ceder na lateral. Acima do ponto de erosão, o piso da passarela, na junção entre a pista e a ponte, está com sinais de que está oco. “Isso acontece porque teve muita infiltração. De repente uma pessoa pode estar trafegando, aquilo romper e a pessoa cair em um buraco”, afirma Everton após avaliação presencial.O local como um todo não apresenta riscos de colapso imediato, afirma o engenheiro civil. Mesmo assim, o especialista considera a possibilidade de problemas no longo prazo caso os reparos não sejam feitos. “É necessário ter critérios mais rigorosos para que se perceba essas possibilidades. Caso (o local) se mantenha nesta condição, as próximas chuvas e o tráfego podem acentuar tudo isso. Tem de solucionar rapidamente, porque esses problemas se agravam com muita facilidade”, considera o especialista.A concessionária Triunfo Concebra diz que o local é de responsabilidade da Prefeitura de Goiânia. “Essa obra não está no termo de arrolamento”, afirma sobre o contrato de concessão. A gestão municipal nega e diz que não pode interferir na área, por ser de domínio federal. A reportagem também buscou saber se a responsabilidade seria do poder estadual. A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) também atribuiu a responsabilidade ao poder federal. Assim, até o fechamento desta reportagem, não foi possível identificar quem responde pela estrutura.Problema comumProblemas estruturais em pontes e viadutos da capital são comuns. Em 2019, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia do Estado de Goiás (Ibape-GO) fizeram um levantamento no qual se apontou que quase 80% das pontes e viadutos de Goiânia tinham problemas estruturais.“Manutenção é algo que deve ser rotineiro, não pode ter como critério ‘estragou, arruma’. Isso é um dos grandes problemas”, avalia o engenheiro Everton. O técnico aponta que a maior parte dos danos é por causa da chuva.Segundo o especialista, o poder público tem duas soluções principais para os problemas com as águas pluviais. “Casos específicos podem admitir captações e lançamentos em redes pluviais. Outra solução é revestir todos os aterros (parte inclinada) com concreto”, diz. Sobre a segunda solução, porém, o engenheiro destaca a necessidade de atenção aos impactos ambientais.“Fica muito agressivo se está em ambientes ecológicos. E normalmente estão em pontos com essas características, afinal, a maior parte é transposição de córregos. Agora, quando o concreto incorpora visualmente a viadutos e obras que estão fora dos sistemas ecológicos, torna-se a melhor solução”, sublinha. (Luiz é estagiário do GJC em convênio com a UFG)