A 440 km de Goiânia, o município de Flores de Goiás, no Nordeste do estado, é um dos 15 que tiveram de decretar estado emergência em razão das fortes chuvas que atingem a região desde o fim de dezembro. Com 17.400 mil habitantes, grande deles vivendo na zona rural, o município possui 21 assentamentos, entre eles o São Vicente, o segundo maior do Brasil, com 540 famílias que estão completamente isoladas. O prefeito Altran Avelar (DEM) calcula que o prejuízo da produção agrícola já tenha chegado a R$ 10 milhões.“Todas as equipes da prefeitura estão empenhadas nos socorros às comunidades rurais”, disse o prefeito ao POPULAR, por telefone, durante visita a algumas das localidades mais atingidas. Flores de Goiás é banhada pelo Rio Paranã que possui cinco afluentes importantes, em todos a água ultrapassou o leito. “Muitos moradores ribeirinhos tiveram as casas tomadas pelas enchentes”, afirmou Altran Avelar, que pediu nesta segunda-feira (3) que o município seja considerado em situação de emergência para que verbas federais sejam canalizadas para a localidade.Secretário de Agricultura local, Arthur de Miranda Martins visitou várias comunidades nesta terça-feira (4) e teme que a situação piore se as chuvas persistirem. “Tem muita gente isolada. Além dos 21 assentamentos, com cerca de 2.500 famílias, temos quatro comunidades rurais. Teve uma pessoa que me ligou chorando porque uma vaca leiteira desceu o rio. Tem muito bicho morrendo, como gado, galinhas e porcos. No Assentamento Castanheira uma ponte caiu porque uma barragem estourou”, detalhou o secretário.A maior preocupação de Arthur Miranda está voltada para os idosos do município que, segundo ele, estão concentrados na zona rural. “Tem muita gente gripada, precisando de medicamentos. No Assentamento Gibão, onde a energia acabou de chegar, ainda é difícil a comunicação. Se alguém precisar de ajuda, não há meio de chegar rápido.” O secretário recebeu a informação de que a filha de uma idosa teve de atravessar o rio com a água na cintura para buscar remédios para a mãe.O prefeito Altran Avelar lembrou que Flores de Goiás é um município grande, o que dificulta ainda mais o acesso. “Somos o 20º município de Goiás em área territorial, com 75% da população vivendo na roça e com estradas ruins que ficaram intransitáveis agora. Temos uma comunidade quilombola que fica a 90 km da cidade e a ponte caiu. Essas pessoas precisam muito de ajuda”. A perda da produção rural dos assentamentos, principalmente a lavoura de arroz, é estimada em R$ 10 milhões.Atoleiros prejudicam chegada de medicamentos em CavalcanteNesta terça-feira (4) Cavalcante, a mais de 200 km de Flores de Goiás, continuava assistindo moradores que permanecem isolados em razão das chuvas. Agente de saúde na comunidade quilombola Kalunga do Vão do Moleque, Martim Fernandes dos Santos conseguiu, ao lado de outras pessoas, chegar à sede do município de motocicleta. “Além dos atoleiros, os rios estão muito cheios”. Para fazer a travessia, o grupo passou com água na cintura, usando dois paus que sustentaram as motocicletas no ar. “Tenho encomenda de medicamentos. Muita gente está em situação precária”. Martim, que também tem um comércio de mantimentos no Vão do Moleque, contou que não consegue abastecer o negócio. “Tenho 49 anos e 25 como agente de saúde. Nunca vi nada parecido.”Secretária de Saúde de Cavalcante, Gessélia Batista também está muito surpresa com o volume de chuvas que o município vem recebendo. “Não me lembro de nada igual.” Ela vem lidando com a falta de medicamentos e insumos médicos para atender pessoas que apresentam sintomas gripais e problemas de saúde relacionados à falta de água potável e de higiene. O Governo de Goiás vem destinando cestas básicas para a região e anunciou um plano de contingência para atender a situação emergencial do Nordeste goiano e garantir a trafegabilidade. As ações se concentram, prioritariamente, na recuperação da erosão da GO-118, entre Alto Paraíso e Teresina de Goiás, que isolou várias localidades.