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VÍDEO: Formanda percorre caminho de beca

<div attr-cid="policy:1.3355630" attr-version="policy:1.3355630:1767125475" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3355630" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3355630', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3355630">VÍDEO: Formanda percorre caminho de beca (1.3355630)</a></div>

Vestida de beca e carregando a promessa feita ainda no início da faculdade, Darilene Rocha de Carvalho, 29 anos, viajou mais de 35 horas de ônibus de Goiânia até Fortaleza dos Nogueiras (MA) para reencontrar os pais e agradecer por nunca ter desistido dos estudos. A chegada no último sábado (27) terminou em lágrimas e silêncio emocionado na pequena casa onde ela cresceu.

Natural do Maranhão, Darilene conta ao POPULAR que deixou a cidade natal aos 15 anos para morar em Goiânia, onde concluiu os estudos e iniciou a vida profissional. Hoje, trabalha como assessora na Goiás Previdência e mora na capital, mas carrega a história construída na zona rural do interior maranhense.

Ela se formou em Direito pela Faculdade Unievangélica, campus Senador Canedo, e decidiu que a conquista precisava ser compartilhada com quem esteve ao lado desde o começo. O trajeto, no entanto, foi longo e cheio de imprevistos.

<cite>O percurso durou mais ou menos umas 34, 35 horas de viagem, porque o ônibus estragou, teve troca de ônibus… foi um rolo e confusão, mas foi esse horário mesmo”, conta.</cite>

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O trecho final da viagem, cerca de três quilômetros a pé até a casa dos pais, foi o mais simbólico (Reprodução / Instagram Darilene Carvalho)

<h2>A promessa</h2>

Ainda no início do curso, diante das dificuldades enfrentadas pela família e das incertezas sobre o futuro, Darilene fez uma promessa: se conseguisse concluir a faculdade, colocaria a beca e caminharia até a casa dos pais para agradecer.

“Eu tinha muito medo de não conseguir formar, eu tinha muito medo de acontecer algo comigo, com os meus pais aqui, porque a situação aqui é bem complicada. A gente já sofreu até algumas ameaças, por passar por alguns lados da fazenda. Então, é bem difícil”, desabafou.

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O trecho final da viagem, cerca de três quilômetros a pé, foi o mais simbólico. Sem estrada, a família precisou levar alimentação nas costas e acompanhar crianças pelo percurso.

<cite>A gente gastou mais ou menos uma hora e meia, porque veio com peso nas costas. Como não tem acesso de estrada, a gente tinha que trazer alimentação. Foi bem animado, uma hora e meia, uma hora e quarenta mais ou menos subindo a estrada”, relembra Darilene.</cite>

Ao vestir a beca e iniciar o caminho, ela diz que entendeu o significado da conquista e que com a chegada, os pais ficaram sem palavras.

<cite>Desde a hora que eu coloquei a beca no percurso de 3 km, eu já me senti muito feliz e falei: eu venci. Os meus pais ficaram sem palavras. Minha mãe só elogiou: ‘Meu Deus, ficou bonito isso’. O meu pai só ficou calado… ele só chorava, o bichinho”, conta ainda emocionada.</cite>

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Darilene conta que deixou a cidade natal aos 15 anos para morar em Goiânia (Reprodução / Darilene Carvalho)

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<h2>Dificuldades e fé no caminho</h2>

Criada na zona rural, Darilene cresceu sem energia elétrica regular e sem estrada de acesso. Hoje, ela estima que ao menos cinco famílias vizinhas enfrentam situação semelhante.

Para tentar resolver o problema, ela procurou ajuda institucional:

“Eu acionei o Ministério Público da cidade de Grajaú, que responde pela comarca. Mas o processo sempre é muito lento, nunca tem resposta. É muito complicado lidar assim, sem ter dinheiro e condições”, afirma em entrevista ao POPULAR.

Em meio às incertezas, até alternativas improváveis passaram pela cabeça.

“Eu até me inscrevi pro BBB [Big Brother Brasil]. Falei: ‘Meu Deus, vou me inscrever. Vai que eu passo e consigo mudar essa situação’. Mas foi bem diferente”, conta animada.

Sem condições financeiras de arcar com as mensalidades, Darilene conta que recebeu ajuda para custear o curso.

<cite>Eu falei que tinha um sonho de fazer Direito, mas não tinha condição naquele momento. O ex-prefeito de Formosa da Serra Negra, Neocosta, foi um instrumento de Deus na minha vida. Ele mandou eu fazer a inscrição, o vestibular, que ele ia financiar. Por quatro anos ele pagou minha faculdade. Tenho eterna gratidão por isso”, conta Darilene com emoção e gratidão nas palavras.</cite>

Para ela, chegar ao diploma, mesmo com tantas barreiras, tem um significado especial. A bacharel pretende atuar em áreas ligadas às realidades que conhece de perto.

“Quero trabalhar com direito agrário, previdência. Gosto muito da área tributária e de sucessões também”, conta.

Quando pensa na adolescente que deixou o Maranhão aos 15 anos, Darilene resume a própria trajetória:

<cite>Eu falaria: ‘Você venceu. Conseguiu uma parte daquilo que tanto sonhava. Agora vão começar outros desafios, e você consegue muito mais’”, afirma.</cite>