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Apuração

Os municípios goianos de Davinópolis e Ceres estão entre as 20 cidades brasileiras que terão emendas impositivas investigadas pela Polícia Federal (PF) por supostas irregularidades. A determinação é do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de ação que tramita na corte há quatro anos sobre o cumprimento das normas constitucionais na aplicação destes recursos.

A decisão de Dino tem como base relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU), em que foram selecionados 20 entes federados que receberam os maiores valores em emendas impositivas, do tipo transferência especial (também conhecida como “pix”), em 2024, entre aquelas que não tinham planos de trabalho cadastrados até 13 de fevereiro de 2025. A amostra considera 44 planos de trabalho, que correspondem a R$ 72 milhões.

No caso de Davinópolis, a decisão abrange três emendas, que somam R$ 4,6 milhões. Uma, de R$ 500 mil, tem como objeto a ampliação de sistema de videomonitoramento e foi destinada pela deputada federal Magda Mofatto (PRD). Outros R$ 120 mil foram indicados por Jeferson Rodrigues (Republicanos) para ampliar a rede de fibra óptica.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/empresas-de-servidor-da-prefeitura-de-goiania-levaram-57-do-valor-de-cinco-emendas-impositivas-1.3347781" target="_self">Empresas de servidor da prefeitura de Goiânia levaram 57% do valor de cinco emendas impositivas</a> 
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Outra emenda de R$ 4 milhões foi destinada por Glaustin da Fokus (Podemos) com amplo objeto, como locação de máquinas e equipamentos; compra de imóvel; construção de pontes e mata-burros; instalação de esgoto; construção de centro de eventos e muro de cemitério; construção e reforma de moradia; instalação de postes de concreto com rede de iluminação pública; e construção de banheiros no centro de eventos.

Na análise das emendas de Davinópolis, a CGU apontou evidência de sobreposição de contratação e incidência de sobrepreço na locação de máquinas e veículos pesados. O órgão federal também afirmou que o município apresentou os planos de trabalho para aplicação das emendas extemporaneamente e de forma incompleta.

A auditoria apontou ainda a aplicação dos recursos em desconformidade com as ações e finalidade do órgão federal concedente, ausência de fiscalização da execução contratual, ausência de relatórios de gestão e precariedade em formalidades relacionadas à estruturação dos processos administrativos em geral.

Prefeita de Davinópolis, Vanusa Bento (Podemos) informou, em nota, que as emendas mencionadas são referentes à gestão anterior. A prefeita destacou que, em seu mandato, não foram recebidos ou aplicados recursos destas indicações.

Segundo Vanusa, no período de transição, foi informado que parte desta verba foi utilizada no custeio da máquina pública pela administração, em conformidade com as normas vigentes da época. A prefeita disse que a gestão está à disposição para colaborar com as investigações.

<h2>Infraestrutura</h2>

Em Ceres, foram analisadas duas emendas que somam R$ 1,1 milhão. A primeira, de R$ 800 mil, foi destinada pelo senador Jorge Kajuru (PSB), para reforma da Praça Cívica da cidade. A segunda, de R$ 300 mil, é indicação do deputado federal José Nelto (UB), e tem como objeto a construção de uma ponte e obras de drenagem urbana.

A CGU também concluiu que os planos de trabalho das emendas de Ceres foram apresentados extemporaneamente e que não foram encaminhados relatórios de gestão. O prefeito de Ceres, Edmário Barbosa (UB), afirmou que recebeu a informação sobre a apuração com surpresa, mas com tranquilidade.

O gestor disse que os R$ 800 mil destinados à obra na praça foram aplicados e a intervenção foi finalizada, com prestação de contas em andamento ao Ministério das Cidades. Quanto aos R$ 300 mil, o prefeito explicou que o valor está sendo aplicado na construção de uma ponte ligando a cidade ao Povoado do Sapé e outra parte na canalização de um córrego. Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito afirmou que os recursos estão sendo aplicados com seriedade.

<h3>Reação</h3>

Magda disse que ficou sabendo sobre a decisão do STF pela reportagem, mas afirmou que vê a determinação com tranquilidade. A deputada disse ter segurança que as indicações foram feitas de forma regular e destacou que fará a fiscalização da aplicação do recurso em Davinópolis.

Jeferson Rodrigues afirmou que os recursos de sua emenda foram destinados com legalidade e para reforçar uma área prioritária no estado (ampliação da rede de fibra óptica). O deputado destacou que está à disposição para qualquer esclarecimento. “É fundamental ressaltar que a execução da obra e a fiscalização da prestação de serviços são de inteira responsabilidade da Prefeitura Municipal de Davinópolis, que é a gestora final do recurso federal”, disse Rodrigues.

Kajuru e José Nelto apontaram a responsabilidade da administração municipal. “Depois que envia a emenda, a responsabilidade é do prefeito”, disse Nelto, que também compartilhou o vídeo publicado por Edmário nas redes sociais.

Já Glaustin afirmou que a atual prefeita e o gestor anterior, Diogo Nunes, integram sua base. O deputado destacou a importância do recurso para o município e disse que confia “plenamente na lisura do processo e na correta aplicação dos recursos por Davinópolis”.

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<h3>Irregularidades</h3>

O relatório da CGU apontou que entre os 20 entes da amostra, “em todos os casos foram identificadas deficiências ou irregularidades, de modo que nenhum ente atendeu plenamente ao cumprimento dos requisitos dos planos de trabalho, dentre aqueles inseridos na plataforma Transferegov.br”. A plataforma mencionada é o canal oficial de formalização e acompanhamento deste tipo de repasse.

O documento também aponta que nenhum dos entes alcançou nível adequado de transparência ativa - com portais próprios na internet e relatórios de gestão - mostrando graus distintos de acessibilidade, clareza, detalhamento e completude. A CGU afirmou que a análise demonstrou necessidade de ajustes principalmente na rastreabilidade de recursos de emendas parlamentares e no detalhamento de sua aplicação.

Para Dino, o relatório evidencia que, a despeito das determinações da Corte, “remanescem irregularidades na execução dos recursos provenientes de ‘emendas PIX’ nos municípios auditados, com falhas generalizadas no cumprimento dos planos de trabalho, no atendimento às condicionantes legais e na observância dos princípios da transparência e da rastreabilidade”.

Diante disso, o ministro determinou o encaminhamento do relatório à Polícia Federal para verificar a existência de indícios de crimes. Dino explicou que, neste momento da ação, os procedimentos continuarão tramitando no STF, “a fim de evitar qualquer embaraço indevido às prerrogativas parlamentares, seguindo-se o declínio às instâncias ordinárias quando for o caso e no momento adequado”.

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STF pede investigação de emendas para cidades de Goiás

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Roupas Dayara

<img attr-cid="policy:1.3159763" attr-version="policy:1.3159763:1722443910" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3159763/download.png?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Paulo Antonio Eruelinton Bianchini é suspeito de matar Dayara Talissa Fernandes da Cruz, em Orizona (Arquivo pessoal/Daniela da Cruz)

O empresário&nbsp;Paulo Antônio&nbsp;Eruelinton&nbsp;Bianchini, acusado de <a href="https://opopular.com.br/cidades/empresario-e-preso-suspeito-pela-morte-de-mulher-que-desapareceu-apos-ser-deixada-em-rodoviaria-1.3151171" target="_self">matar a companheira&nbsp;Dayara&nbsp;Talissa&nbsp;Fernandes da Cruz&nbsp;e alegar que&nbsp;a mesma&nbsp;estaria desaparecida</a>,&nbsp;foi condenado a 17 anos de prisão em regime fechado.&nbsp;Conforme o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO),&nbsp;ele responderá pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.&nbsp;Julgamento aconteceu nesta quarta-feira (10) e foi assinado pelo&nbsp;juiz Georges&nbsp;Leonardis&nbsp;Gonçalves dos Santos.&nbsp;&nbsp;

Segundo a decisão, além do tempo de prisão em regime fechado, Paulo Antônio&nbsp;deve cumprir ainda seis meses de detenção, e 30 dias de multa.&nbsp;Outros dois réus, acusados de estarem envolvidos no crime, também foram julgados.&nbsp;

Ao POPULAR,&nbsp;advogado Divino Diogo informou que atuou apenas na fase do inquérito (veja nota na íntegra abaixo). A reportagem não conseguiu localizar a atual defesa do empresário.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/empresario-que-matou-mulher-e-fingiu-que-ela-tinha-sumido-mandou-mensagem-para-familia-se-passando-por-ela-diz-policia-1.3160155" target="_self">Empresário que matou mulher e fingiu que ela tinha sumido mandou mensagem para família se passando por ela, diz polícia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/ossada-encontrada-e-de-mulher-dada-por-desaparecida-pelo-marido-aponta-laudo-1.3155534" target="_self">Ossada encontrada é de mulher dada por desaparecida pelo marido, aponta laudo</a>&nbsp; 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/corpo-de-jovem-morta-por-empresario-que-registrou-falso-sumico-foi-enterrado-com-escavadeira-diz-policia-1.3160473" target="_self">Corpo de jovem morta por empresário que registrou falso sumiço foi enterrado com escavadeira, diz polícia</a></div>

Para o réu José Vitor Silva de Menezes, o processo foi suspenso pois ele aceitou, segundo a sentença, a proposta de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) proposta pelo Ministério Público de Goiás (MPGO).&nbsp;&nbsp;

Quanto a ré Miriam Oliveira Silva, não houve condenação ou menção a decisão de mérito no dispositivo da sentença.&nbsp;

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de José Vitor e Miriam para que pudessem se posicionar.&nbsp;&nbsp;

<h2>Entenda o caso&nbsp;</h2>

<img attr-cid="policy:1.3152435" attr-version="policy:1.3152435:1720367183" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3152435/WhatsApp Image 2024-07-07 at 12.45.00 (1).jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Local onde o corpo de Dayara Talissa Fernandes da Cruz foi encontrado. (Divulgação/Polícia Civil)

O crime aconteceu no mês de março, quando&nbsp;Dayara, de 21 anos,&nbsp;teve o <a href="https://opopular.com.br/cidades/policiais-usam-retroescavadeira-para-encontrar-ossada-de-mulher-dada-por-desaparecida-pelo-marido-video-1.3152577" target="_self">corpo enterrado em uma fazenda em Orizona</a>, na região sul de Goiás. A ossada da jovem foi encontrada no local em julho. Segundo a Polícia Civil, como o estágio de decomposição do corpo estava avançado, não foi possível determinar a causa da morte.&nbsp;

O delegado Kennet Carvalho informou que a investigação começou com o registro de desaparecimento feito pelo próprio Paulo Bianchini, 15 dias após o ocorrido. De acordo com o investigador, devido às contradições nas declarações dele, como diferentes locais onde disse ter deixado a vítima, a Polícia Civil instaurou um&nbsp;inquérito.&nbsp;

As investigações apontam que, antes do crime, houve uma <a href="https://opopular.com.br/cidades/briga-por-dinheiro-relacionamento-extraconjugal-e-ajuda-de-funcionario-entenda-como-empresario-matou-companheira-1.3160086" target="_self">briga por causa de R$ 86 mil e que o homem mantinha outro relacionamento</a>, ao qual a vítima não tinha conhecimento.

De&nbsp;acordo com o delegado, inicialmente, quatro homens que estavam na fazenda no dia do desaparecimento, três deles funcionários, foram ouvidos, mas todos apresentaram contradições em relação ao caso. O delegado disse que a família da vítima informou que recebeu uma mensagem de&nbsp;Dayara&nbsp;no dia 11 de março, indicando que ela estava em&nbsp;Itumbiara.&nbsp;

A&nbsp;Polícia Civil afirmou que após uma análise das mensagens revelou mudanças bruscas no estilo de escrita de&nbsp;Dayara, sugerindo que o&nbsp;<a href="https://opopular.com.br/cidades/empresario-que-matou-mulher-e-fingiu-que-ela-tinha-sumido-mandou-mensagem-para-familia-se-passando-por-ela-diz-policia-1.3160155" target="_self">empresário se passava por ela</a>. A equipe relatou que o telefone da jovem foi encontrado descartado em um córrego em Itumbiara.&nbsp;

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<h2>Ocultação do corpo&nbsp;&nbsp;</h2>

<div attr-cid="policy:1.3152580" attr-version="policy:1.3152580:1720434257" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3152580" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3152580', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3152580">Roupas Dayara (1.3152580)</a></div>

O delegado relatou que a investigação mostrou que o empresário e o funcionário indiciado estiveram em Itumbiara no dia 11 de março, embora inicialmente tivessem dito que estavam na fazenda em Orizona. Carvalho informou que após a prisão dos suspeitos, descobriu-se que Paulo Bianchini operou uma máquina agrícola após a morte da&nbsp;vítima.&nbsp;

Os&nbsp;policiais informaram que <a href="https://opopular.com.br/cidades/corpo-de-jovem-morta-por-empresario-que-registrou-falso-sumico-foi-enterrado-com-escavadeira-diz-policia-1.3160473" target="_self">buscas na fazenda revelaram o corpo enterrado</a>, e o empresário confessou a ocultação e fraude processual. O funcionário indiciado, cujo nome não foi divulgado, também confessou a participação no crime. A mulher, que não teve a identidade revelada, foi indiciada por usar, por cerca de 10 dias, e descartar o telefone de&nbsp;Dayara.&nbsp;

A Polícia Civil precisou usar uma retroescavadeira para encontrar a ossada de&nbsp;Dayara&nbsp;Talissa&nbsp;Fernandes da Cruz. Os restos mortais&nbsp;foram localizados&nbsp;em uma fazenda que fica na zona rural de Orizona no dia 6 de&nbsp;julho.&nbsp;

De acordo com o delegado Kennet Carvalho, a ossada estava enterrada a cerca de 5 metros de profundidade. Segundo o investigador, os restos mortais, encontrados no dia 6 de julho, foram recolhidos pelo Instituto Médico Legal (IML). Além da ossada, havia na "cova" alguns pertences de&nbsp;Dayara, como roupas e documentos (assista ao vídeo acima).&nbsp;

<h2>Linha do tempo&nbsp;</h2>

<ul>
	<li>Fim&nbsp;de fevereiro a 10 de março: Investigações indicaram que&nbsp;Dayara&nbsp;esteve com o companheiro na fazenda durante este período.&nbsp;</li>
	<li>10 de março: Dia estimado pela Polícia Civil como o desaparecimento de&nbsp;Dayara&nbsp;da Cruz.&nbsp;</li>
	<li>25 de março: Paulo Antônio registrou o desaparecimento de&nbsp;Dayara.&nbsp;</li>
	<li>24 de junho: A Polícia Civil tentou cumprir mandados de busca e apreensão, além do mandado de prisão do suspeito. As operações ocorreram sem sucesso em quatro cidades do interior de Goiás.&nbsp;</li>
	<li>1º de julho: Paulo Antônio se entregou e foi preso.&nbsp;</li>
	<li>6 de julho: A Polícia Civil encontrou uma ossada humana em uma fazenda, em Orizona.&nbsp;</li>
	<li>16 de julho: Laudo da perícia confirmou que a ossada encontrada enterrada na fazenda é de&nbsp;Dayara.&nbsp;</li>
</ul>

&nbsp;

Nota da íntegra do advogado Divino Diogo

O advogado Dr. Divino Diogo esclarece que advogou para Paulo Bianchin apenas na fase de inquérito policial, apresentando-o na Delegacia de Vianópolis na tarde do dia 1º de julho de 2024 no intuito de prestar esclarecimentos, colaborar com as investigações e assegurar os direitos do acusado. 
&nbsp;